Amigo Rogério
Algumas linhas apenas para dar-te a minha impressão dos dias passados em Moçambique. As fotos depois envio-te embora te diga desde já que não tirei muitas.
Estive em Tete a maior parte do tempo porque o grande objectivo desta minha viagem foi a visita a um grande amigo meu que vive naquela cidade desde os anos 50 onde está estabelecido e de onde já não sairá.
Depois passei 4 dias em Maputo e nada mais visitei já que a idade dele não nos permitiu grandes andanças e não era simpático da nossa parte estarmos ausentes e ele ficar em Tete.
Visitei Cahora Bassa (já conhecia) e a zona do Moatize onde vai arrancar a grande exploração de minas de carvão a cargo duma empresa brasileira (VALE).
Embora o movimento em Tete seja muito maior em todos os aspectos, a cidade permanece em muito mau estado, pois os edifícios mais antigos estão totalmente degradados e apenas algumas coisas foram reabilitadas (termo usado naquelas paragens). O Hotel Zambeze está remodelado e funciona bem, existem apenas 2 cafés com alguma qualidade na cidade e 2 restaurantes onde se come razoavelmente.
A ponte sobre o Zambeze também está a ser reparada pela Teixeira Duarte e só ficará pronta em Setembro de 2010. Até lá de 30 em 30 minutos passam carros apenas num sentido o que provoca grandes transtornos para quem tem que a utilizar.
No geral é uma cidade pobre mas que talvez com o incremento económico derivado da exploração do carvão, venha a ter algum progresso.
Maputo está bastante diferente com muito mais movimento, com muitas novas construções, bastantes restaurantes mas acontece o mesmo que atrás referi em relação a Tete. Os edifícios mais antigos (digamos do nosso tempo) estão em estado lamentável, tudo o que são ruas secundárias estão esburacadas mas a um nível inacreditável, 90% dos passeios estão destruídos, etc.
Manutenção é uma palavra que está totalmente abolida do dicionário moçambicano e isto também tem a ver com as pessoas pois pareceu-me que os níveis de exigência para as coisas mais simples é baixo. Em termos de lixo a situação é muito má.
Ao longo da marginal practicamente não existem bancos para as pessoas se sentarem (destruídos ou pura e simplesmente partidos), grandes extensões do murete que ali foi construído onde os pescadores pousavam as suas canas não existe.
A cidade é linda vista de alguma distância mas quando nos aproximamos a decepção (é minha opinião apenas) é grande.
Como eu disse a uma pessoa amiga em Maputo há os que estão em Moçambique por algum tempo e há os que realmente foram a Moçambique (foi o meu caso).
Limitarmo-nos a usufruir das coisas boas que lá existem ( e há bastantes) estar em alguns lugares paradisíacos e depois dizer que Moçambique está optimo não me parece ser uma prespectiva muito real especialmente para quem, nunca lá tendo estado, lê alguns relatos e fica com uma ideia errada do país.
No dia que regressei encontrei no Aeroporto um ex-colega meu, que também tinha estado de férias em Moçambique. Nunca lá tinha ido e foi porque tem um amigo lá a trabalhar. A opinião dele é practicamente coincidente com a minha embora tenha visitado o Tofo, Bazaruto, mas também andou pelos sítios menos atractivos do país.
Em geral a população está ainda pouco habilitada para conseguir o progresso de Moçambique. Maputo é ainda e apesar do que atrás escrevi um oásis no país.
Outro ponto incrível que constatei em Tete e Maputo: o trânsito. Simplesmente caótico. Não se respeitam as mais elementares regras do código.
Passadeiras existem apenas para enfeitar as ruas. Se passares e vier um carro és atropelado de certeza. Prioridade é do carro que primeiro entrar no cruzamento. Falar ao telemóvel e conduzir é normalíssimo até porque penso que ninguém é multado por nada.
Tete de momento está inundada de motorizadas. È normal irem 3 pessoas na mesma, capacete é adorno que não se usa muito, levar 2 crianças sentadas sem qualquer tipo de segurança é vulgar, etc.
A Polícia actua apenas em auto-stops cujo objectivo é de apenas sacar dinheiro às pessoas inventando as mais diversas anomalias nos carros.
Falando de futebol, vi 2 jogos pela TV (Costa do Sol-Liga Muçulmana e F. Beira-Desportivo Maputo) e um ao vivo (Chingale-Liga Muçulmana).
O mau estado dos relvados prejudicou a qualidade dos jogos mas para aquilo que esperava até o nível não me pareceu muito mau.
Li um artigo onde alguns treinadores estavam contra a instalação de relva sintética em alguns campos (Machava e Costa do Sol têm) porque segundo eles diziam a relva que ali foi colocada é de qualidade inferior.
Em Tete estive com o Nuro Americano (está ligado de novo ao Maxaquene) e o Miguel (adjunto do Prof. Neca na Liga Muçulmana).
Por agora fico por aqui. Depois poderei abordar outros temas que acho poderem interessar. Logo que puder envio as fotos que me parecerem mais interessantes.
Um abraço
FONTE: rogertutinegra.multiply.com
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