Thursday 24 September 2009

Professores sabotam aulas para fazer campanha da Frelimo

Em Nampula


Nampula (Canalmoz) – Estudantes de diversas escolas da província de Nampula explicam a sabotagem de aulas por parte dos seu professores, que, por sua vez, segundo alegam, foram obrigados a abandonarem o exercício de docência para engrossarem as brigadas do partido Frelimo, na campanha eleitoral em curso.
De acordo com informações na posse do Canalmoz, desde que a campanha eleitoral arrancou, parte significativa dos docentes abandonou as suas turmas, para se juntar ao partido no poder, em cumprimento de obrigações dos seus superiores hierárquicos.
Fontes que contactaram o Canalmoz, em Nampula, avançaram que “se o professor não vai à campanha (da Frelimo) é logo conotado como sendo da oposição, com a excepção se estiver a fazer o plantão criado na escola para responder a pequenas situações imediatas ou que surjam ao acaso”. Nos dois últimos dias, o Canalmoz, na cidade de Nampula, escalou algumas escolas para apurar a veracidade do que nos contavam. De facto notámos a ausência de um grande número de professores. Em muitas escolas, se não em todas, sobretudo as secundárias, os estudantes do período da manhã, que constitui o primeiro turno, largam entre as 8h30 e 9h30. Não há mais aulas. Esta situação já está a criar embaraços e preocupação nos estudantes, sobretudo, os que têm exame no presente ano, que afirmam, como um deles: “não estamos a cumprir com o programa de ensino e não sabemos o que faremos nos exames. Não existem professores na escola, porque eles estão a fazer campanha”.
Em alguns distritos, a medida é extensiva aos próprios alunos. Os que integram as fileiras da OJM, Organização da Juventude Moçambicana, uma das organizações sociais do partido Frelimo, também estão envolvidos na campanha e já não frequentam a escola. Para estes, segundo nos contaram, o partido Frelimo já lhes garantiu uma passagem de classe sem a observância dos princípios básicos para a transição de classe.
Recorde-se que nos últimos tempos a qualidade de ensino e dos formandos que o país faz tem sido alvo de fortes críticas. Com estas atitudes o que se poderá esperar mais?


(Aunício da Silva, CANALMOZ, 24/09/09)

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