Wednesday 7 March 2012

Corrupção em Moçambique sem alteração

Resultados são " catastróficos", diz dirigente do Centro de Integridade Pública

“Para algumas pessoas é importante que a lei continue como está porque ela não pune certo tipo de comportamentos que são praticados por essas pessoas”.

A corrupção em Moçambique não diminuíu nos últimos anos, indica um estudo mandado efectuar pelo governo moçambicano mas mantido no segredo até agora.
Com efeito na próxima semana o Centro de Integridade Pública deverá dar a conhecer uma comparação entre a primeira pesquisa nacional sobre governação e corrupção, efectuada em 2005, e um segundo estudo efectuado em 2010 e 2011.
O Dr Baltazar Faiel, daquele centro, disse que os resultados não são encorajadores.
“Verificamos que não há evolução,” disse Faiel que sublinhou que o governo não quis publicar os resultados por estes serem “desastrosos”.
Na Segunda-feira num debate em Maputo o Dr Fael disse que o combate à corrupção pelo estado moçambicano tem sido ineficaz devido ao estado obsoleto da legislação e a recusa do partido com maioria no parlamento em adoptar nova legislação submetida á assembleia alegando razões técnicas.
Embora em Moçambique existam leis punindo a corrupção , essas leis datam de 1886 e estao desactualizadas já que “ a corrupção ao longo dos anos foi alvo de metamorofoses em todo o mundo”.
Desde então, disse ele á Voz da América, surgiram a nível inernacional novas formas de criminalização da corrupção mas “para algumas pessoas (em Moçambique) é importante que a lei continue como está porque ela não pune certo tipo de comportamentos que são praticados por essas pessoas”.
Essas pessoas, dizem, “fazem parte de uma elite política ou elite politico-empresarial com ligações ao poder com acesso a recursos”.

João Santa Rita, Voz da América.

Escute a reportagem aqui!

Mega-projectos contribuíram abaixo de 4% para o total de receitas do Estado

Sector informal rende mais dinheiro ao Estado do que os mega-projectos. Segundo Rosério Fernandes contribuiu em 2011 com 70% da economia interna.

O presidente da Autoridade Tributária, Rosário Fernandes, deixou escorregar na Manhiça a “existência de Petróleo na Bacia do Rovuma”.

Maputo (Canalmoz) - É oficial e foi referido pelo presidente da Autoridade Tributária de Moçambique: a contribuição dos mega-projectos para as receitas fiscais do Estado cifrou-se abaixo de 4% durante o ano 2011. Até o sector informal como contribuinte do Estado situou-se muito acima dos grandes projectos que, entretanto, gozam da protecção do Governo.

Cláudio Saúte,Canalmoz. Continue lendo aqui!

Tuesday 6 March 2012

Banalização da injustiça perpetua pobreza em Moçambique


O escritor moçambicano Mia Couto alertou para uma eventual "banalização da injustiça" que pode tornar "invisível a miséria material e moral", considerando que perpetua a pobreza e paralisa a história de Moçambique.
Falando na semana passada numa aula inaugural da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade Eduardo Mondlane, intitulada "Da cegueira colectiva à aprendizagem da insensibilidade", Mia Couto citou o exemplo do transporte semi-coletivo (vulgo chapa) que "circula superlotado com dezenas de pessoas que se entrelaçam apinhadas num equilíbrio inseguro e frágil" em Maputo.
"Aquilo parece um meio de transporte. Mas não é. É um crime ambulante. É um atentado contra a dignidade, uma bomba relógio contra a vida humana. Em nenhum lado do mundo essa forma de transporte é aceitável. Quem se transporta assim são animais. Não são pessoas. Quem se transporta assim é gado. Para muitos de nós, esse atentado contra o respeito e a dignidade passou a ser vulgar", considerou.
Recentemente, as autoridades municipais da capital moçambicana, Maputo, autorizaram a circulação de viaturas de caixa aberta, sem licença para o exercício da actividade, visando responder à gritante falta de transporte que se regista nas horas de ponta.
"Achamos que é um erro. Mas aceitamos que se trata de um mal necessário dada a falta de alternativas. De tanto convivermos com o intolerável, existe um risco: aos poucos aquilo que era errado acaba por ser ´normal`. O que era uma resignação temporária passou a ser uma aceitação definitiva. Não tarda que digamos: ´nós somos assim, esta é a maneira moçambicana`. Desse modo nos aceitamos pequenos, incapazes e pouco dignos de ser respeitados", afirmou o escritor.
Mia Couto disse ainda que, nos últimos tempos, em Moçambique reina "um clima de impunidade", apelando a que se dê uma resposta de cidadania e cultura.
"Tenhamos uma resposta de cidadania, cultura, que impeça que essa gente tenha um reinado que possa fazer e desfazer, como se nós fossemos o tal gado que é transportado nas traseiras de um chapa", defendeu.
Para Mia Couto, "há muitos que olham para o país como se fosse um ´chapa`, aliás, "eles guiam o país como se guia um chapa, não obedecem leis, passam à frente, tendo carros à frente, e o povo é aquele que vai atrás e eles não conhecem e não se importam que morram" em acidentes.
"Se convertermos isso - e a lógica é esta e isso é que é o drama: é que essa gente que está a ser conduzida nos ´chapas` sabe que pode morrer, mas não deixa de andar no chapa, não deixa ela própria de mandar parar o ´chapa`. Quando isso acontecer, provavelmente, alguma coisa poderá começar a mudar", considerou o escritor.

Diário de Notícias e RM

Equipa de filme norte-americano retida 12 horas pela migração no aeroporto de Mavalane, em Maputo

Os serviços de migração do Aeroporto Internacional de Mavalane, em Maputo, retiveram durante cerca de 12 horas uma equipa de produção sul africana, composta por mais de uma centena de pessoas entre actores e técnicos, que pretende filmar em Moçambique cenas de um filme de Hollywood.
A nossa reportagem contactou o advogado desta super produção, Rodrigo Rocha, que contou-nos que cerca das 11 horas desta segunda-feira a equipa de filmagens - composta por cidadão norte-americanos, ingleses, sul africanos, e de outras origens - aterrou no aeroporto de Mavalane, num avião fretado, e depois de haverem passados pelos procedimentos de migração do Aeroporto foram chamados de volta aos serviços de migraçao do aeroporto alegadamento por possuirem vistos de entrada como turistas e sem autorização para realizar filmagens em Moçambique.
As autoridades de migração moçambicanas chegaram inclusive a reter a tripulação, do avião que trouxe esta equipa de filmagens da África do Sul, pois havia possibilidade destes profissionais da sétima arte poderem ser repatriados para o local de origem do voo.
Segundo a nossa fonte estas filmagens obedecem aos requisitos das autoridades moçambicanas existindo inclusive uma autorização do Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema (INAC) e outra do Ministério da Cultura nacionais.
Entretanto um oficial da migração no aeroporto de Mavalane, que falou na condição de anonimato, afirmou que este grupo foi retido pois os serviços de migração e o Ministério do Interior não foram informados da sua chegada nem das filmagens que pretendem realizar.
Cerca das 23 horas a equipe deixou o aeroporto de Mavalane em direcção as unidades hoteleiras da capital do país onde vão ficar instalados. Contudo ainda não tem autorização para iniciar a rodagem do filme, orçada em cerca de 1,5 milhão USD, prevista para arrancar esta Terça-feira.

A Verdade

Monday 5 March 2012

Guebuza e jovens da OJM trocam recados


Guebuza diz que os jovens não devem ser fofoqueiros

“À OJM, claro e em bom tom, dizer que não vamos tolerar aos jovens e também aos adultos intriguistas, malandros, escovinhas e criadores de mau ambiente, nem a ingerência daqueles cujas costas já se encontram gastas de tantas escovas e dizemos, deixem-nos trabalhar!”, secretário-geral da OJM, Basílio Muhate.

Terminou no último sábado o Comité Central da Organização da Juventude Moçambicana, OJM. Tratou-se de um encontro onde, pela primeira vez, na história desta organização juvenil, os jovens abandonaram diante do seu Presidente, Armando Guebuza, os discursos seguidistas e laudatórios ao chefe e tocaram em vários assuntos que preocupam a juventude, desde a necessidade de oportunidades até ao nepotismo. Guebuza ouviu mas não se calou. Disse, por seu turno, que os jovens da Frelimo precisam deixar de ser fofoqueiros e intriguistas e entregarem-se ao trabalho. Na verdade, a reunião da Matola poderá ter aberto uma nova página na forma em que os jovens da Frelimo se relacionam com as estruturas mais altas do partido e da governação. É que no passado, nunca houve tamanha coragem para confrontar directamente a quem governa. Vamos por partes.
Basílio Muhate acusou, por exemplo, os presidentes de municípios de instrumentalizarem a juventude em épocas eleitorais e depois abandoná-la. “Estão à porta as eleições, já veremos alguns dentes! Mas basta. A juventude queixa-se de que os nossos presidentes dos municípios só nos conhecem em tempos de campanha, onde tudo prometem e no fim refugiam-se na burocracia e na falta de tempo e, quando a pressão aumenta, não hesitam em mostrar actos intimidatórios e de desprezo”.
Por outro lado, Muhate disse, claramente, que o governo não está a resolver o problema da habitação para os jovens. “Por um lado, estamos satisfeitos com os esforços do governo no combate à pobreza, mas também inquieta-nos a má execução de certas políticas, como a da habitação, em que na prática é negada aos jovens a concessão de Direitos de Uso e Aproveitamento de Terras”,
Mais adiante, Muhate disse estar preocupado com o desemprego “Apesar de vermos com bons olhos os ventos de empreendedorismo, assistimos a uma estranha tendência de exclusão dos nossos jovens quadros, nacionais, em áreas do seu domínio por cidadãos estrangeiros. Vemos cozinheiros, caixas e canalizadores importados do estrangeiro. Será que não os temos cá?”, questionou, explicando que “não somos xenófobos ou racistas porque acreditamos que na vivência dos seres trocam-se experiências, mas também acreditamos que não devemos ser preteridos no que sabemos e podemos fazer”.
O secretário-geral da OJM manifestou ainda preocupação pela crescente ocorrência de casos de nepotismo e proliferação de graxistas e escovinhas no interior do partido.
“Somos contra o nepotismo e as suas variáveis formas de manifestação, exortamos assim para que as diversas oportunidades sejam distribuídas sempre na busca do equilíbrio e da justiça social no seio do povo, de modo a que não minemos e periguemos aquela que é uma das nossas riquezas: a unidade nacional”, frisou Basílio Muhate.
Num outro plano, Muhate disse “também temos os nossos desafios comportamentais, a preguiça, a fofoca, a arrogância, o consumo excessivo de drogas e bebidas alcoólicas, o fraco aproveitamento pedagógico, a criminalidade e todas as acções que atentam contra a imagem da nossa organização e do nosso partido (...) à OJM, claro e em bom tom, dizer que não vamos tolerar aos jovens e também aos adultos intriguistas, malandros, escovinhas e criadores de mau ambiente, nem a ingerência daqueles cujas costas já se encontram gastas de tantas escovas e dizemos, deixem-nos trabalhar!”, rematou o secretário-geral da OJM, Basílio Muhate.

O País

“Irina” não entra na parte continental

O CICLONE Tropical Irina, localizado ontem a sensivelmente 100 quilómetros da costa do Maputo, não irá entrar no continente, em razão do seu deslocamento para sul e interacção com uma frente fria.

Maputo, Segunda-Feira, 5 de Março de 2012:: Notícias


Em resultado desse facto, o sistema reduziu a intensidade dos ventos que atingiam ontem 75 quilómetros por hora. No sábado, o ciclone foi responsável por danos causados em infra-estruturas, principalmente sobre as casas de construção precária e cajueiros ao longo da costa de Chidenguele e distritos vizinhos.
De acordo com informações que nos foram facultadas por Sérgio Buque, do Instituto Nacional de Meteorologia, às 14.00 horas de sábado o sistema ciclónico situou-se a 75 quilómetros da costa de Chidenguele, onde os ventos chegaram a atingir 100 a 120 quilómetros por hora.
Entretanto, os seus efeitos fizeram-se sentir numa larga área incluindo na província do Maputo e Massinga, em Inhambane. As autoridades em Maputo, Gaza e Inhambane continuam a avaliar os efeitos associados ao “Irina”.
Entre Bilene e Xai-Xai os ventos chegaram a atingir entre 70 e 90 quilómetros por hora; em Maputo 60 quilómetros por hora; Massinga, em Inhambane, (entre 60 e 80 quilómetros).
A maior quantidade de precipitação (entre 150 e 200 milímetros, em 24 horas) caiu sobre o mar, na costa de Gaza. A precipitação esteve entre 20 e 70 milímetros. Em Xai-Xai foi medida a precipitação de 49 milímetros e no Maputo 27,5 milímetros.
No entanto, os efeitos do “Irina” prevalecem com a ocorrência de chuvas em regime moderado a forte (30 a 50 milímetros) até hoje nas províncias de Maputo e Gaza.
As autoridades continuam em prontidão e alertam a população para manter as medidas de precaução até a dissipação completa do ciclone.
Durante o período crítico, no sábado, as autoridades estiveram no terreno a auxiliar a população sobre as medidas a tomar. Na Estrada Nacional Número Um, o tráfego de viaturas chegou a ser interrompido, momentaneamente, devido à fraca visibilidade, retomando-se depois quando melhorou.
Em Inhambane, a passagem do “Irina” resumiu-se em ventos fortes que paralisaram a circulação de pequenas embarcações de passageiros e carga na baía de Inhambane, na sexta-feira e sábado. Desde a última quarta-feira até sábado as duas embarcações da Transmarítima de Inhambane não circulavam à noite, por razões de segurança.
Segundo a delegada do INGC em Inhambane, Bearina Trapece, a província não registou danos humanos. No distrito da Massinga reporta-se a destruição parcial do tecto de uma unidade sanitária local.

Saturday 3 March 2012

MOÇAMBIQUE/ JORNALISTAS DA “CNN” DETIDOS TEMPORARIAMENTE EM MAPUTO

Um grupo de três jornalistas da cadeia de televisão norte-americana “CNN” foi temporariamente detido pela polícia moçambicana (PRM) na manhã de hoje, no mercado Fajardo, em Maputo, durante um trabalho de reportagem sobre Moçambique.
A equipe da CNN era composta pelo produtor do programa “Inside Africa”, Aja Harris, o repórter Errol Barnet, e pelo operador de câmara, Peter Rudden.
Segundo Erik Charas, fundador do semanário de distribuição gratuita “A Verdade”, que na altura acompanhava a equipe da CNN, os jornalistas foram acusados de estar a filmar o mercado do Fajardo “sem um autorização da PRM”.
Contudo, esse argumento é descabido porque nada consta na legislação moçambicana sobre o assunto.
Aliás, a equipe de reportagem da CNN entrou legalmente no país, bem como não existe nenhuma lei em Moçambique que obrigue jornalistas (ou outras pessoas) a solicitar uma autorização policial para filmar locais públicos.
Charas afirma que tentou, em vão, explicar aos agentes da PRM afectos na 7/a Esquadra da PRM em Maputo que a hostilização de jornalistas estrangeiros poderia manchar a imagem do país a nível internacional.
Infelizmente, ao invés de escutar o conselho de Charas, os agentes da PRM disseram que tencionavam chamar um perito para analisar as imagens captadas pela equipe de reportagem da CNN.
Como consequência, o comportamento ilegal dos agentes da PRM afectos na 7/a Esquadra espalhou-se rapidamente no seio dos jornalistas moçambicanos, que por seu turno trataram imediatamente de alertar os adidos de imprensa de vários ministérios.
O escândalo acabou chegando ao Comando Geral da PRM e ao Procurador-geral da República, Augusto Paulino.
O Procurador-geral da República tratou de ordenar a libertação imediata da equipe da CNN, e ainda na 7/a Esquadra os jornalistas receberam um pedido de desculpas formulando pelo Comando Geral da PRM.
Para todos os efeitos, foram três horas de trabalho perdidas por uma decisão insensata dos agentes da PRM que, inexplicavelmente, confundiram jornalistas estrangeiros com criminosos perigosos.

(AIM)

Moçambique: Advogados querem reformas profundas na Justiça


A Ordem dos Advogados de Moçambique pretende que a polícia de investigação criminal deixe de estar subordinada ao poder político.

A Ordem dos Advogados de Moçambique exige a introdução de reformas profundas ao nível da Polícia de Investigação Criminal (PIC), por forma a dotá-la de melhore capacidade para combater de forma eficaz, a criminalidade no país.
A principal reforma defendida pelos advogados passa pela saída da PIC da subordinação política, que segundo a Ordem é condição fundamental para que tenha liberdade de exercer uma investigação mais séria e actuante em todos os sectores.
“A realidade nesta e noutras paragens demonstra que não haverá investigação criminal eficiente enquanto se mantiver a actual cadeia de comando político”, disse Gilberto Correia, Bastonário da Ordem dos Advogados, na abertura do ano judicial.
Para a Ordem dos Advogados, “a experiência demonstra que este tipo de subordinação política pode constituir um obstáculo a uma investigação criminal séria, isenta e imparcial, que vise combater eficientemente a criminalidade onde ela estiver”.
O Primeiro-ministro e todos os órgãos da administração ouviram sem promessas nem comentários a exigência da ordem.
A necessidade de uma efectiva profissionalização da Polícia de Investigação Criminal é uma exigência que vem sendo feita há bastante tempo por número considerável de instituições e agentes de administração da justiça.
Entretanto, esta proposta continua a não ser bem vista por alguns sectores governamentais e do Ministério do Interior, em particular.
Numa das mais recentes tentativas de profissionalização da PIC, foi submetido ao Parlamento nacional, o projecto de transformação deste departamento, num Serviço de Investigação Criminal.

William Mapote, VOA. Ouça a reportagem aqui!

Zona sul sob forte ameaça do “Irina” com ventos e chuvas abundantes a partir de hoje:

CHUVAS abundantes acompanhadas de ventos fortes poderão atingir um total de 27 distritos da zona sul do país de hoje até segunda-feira, com possibilidades até de causar inundações, segundo previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) anunciadas ontem, no Maputo.

Maputo, Sábado, 3 de Março de 2012:: Notícias

O mau tempo, consequência directa do ciclone tropical “Irina” de categoria 3, que se formou esta semana no Canal de Moçambique, motivou já o alerta naquele número de distritos, havendo indicações de que ainda hoje poderá atingir a zona costeira de Inhambane com ventos na ordem de 130 quilómetros horários.
De acordo com informações facultadas pelo meteorologista Sérgio Buque no decurso do Conselho Técnico de Gestão das Calamidades, reunido ontem para analisar a situação, do conjunto dos distritos mapeados, as cidades de Inhambane, Maxixe, Jangamo, Zavala, na província de Inhambane e Manjacaze e Xai-Xai, em Gaza, são as que apresentam alto risco na medida em que se encontram mais próximos do centro do ciclone. Nestas regiões, os efeitos compreenderão ventos fortes na ordem de 165 quilómetros por hora e chuvas superiores a 180 milímetros em 48 horas, o que é considerado bastante.
Os que apresentam risco médio, que se traduzirá em ventos na ordem de 70 a 90 quilómetros por hora e chuvas na ordem de 75 a 180 milímetros em 48 horas, são Inharrime, Panda e Homoíne em Inhambane e Bilene, Chókwè, Guijá e Chibuto, em Gaza e Manhiça, no Maputo.
Por último, deverão registar risco baixo os distritos de Funhalouro, Morrumbene, Massinga e Vilankulo, em Inhambane e Mabalane, Massingir e Chigubo, em Gaza e Matutuíne, Boane, Maputo, Matola, Namaacha e Moamba com ventos na ordem de 50 a 70 quilómetros por hora e chuvas entre 50 e 75 milímetros em 48 horas.
O ciclone ora na categoria 3, que pode significar grande perigo para a vida humana com a destruição de casas de construção precária em grande escala, chapas arrebatadas, destruição de culturas e derrube de árvores, evoluiu nos últimos dias no Canal de Moçambique.
Os efeitos do sistema estão a fazer-se sentir desde ontem com a ocorrência de chuvas na faixa costeira de Inhambane que deverão se propagar para alguns países da região como é o caso da África do Sul e da Suazilândia do que resultarão escoamentos através dos rios.
Rute Nhamucho, da Direcção Nacional de Águas, disse a-propósito, que se esperam inundações severas (o nível de alerta será superado), não propriamente cheias nas bacias de Incomati, Maputo, Umbeluzi e Inhanombe e Mutamba. O facto é que por estas alturas os solos estão saturados (baixa capacidade de infiltração) e as marés são altas pelo que as inundações poderão levar mais tempo.
Perante este cenário, a Unidade de Protecção Civil (UNAPROC) já está estabelecida com homens em Inhambane e Gaza para intervir de imediato em caso de necessidade.
Por seu turno, o Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE) já emitiu instruções no sentido de os pescadores não se fazerem ao mar e a navegação marítima entre Inhambane e Maxixe deve estar interrompida.
No conjunto das medidas preventivas, o director-geral do Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC), João Ribeiro, apelou para que os que pretendam viajar não se façam à estrada e instou a todas as instituições envolvidas na gestão das calamidades para agirem com maior prontidão.
Nas zonas de cimento, recomenda-se a limpeza das drenagens e esgotos, o não estacionamento de viaturas perto de aquedutos e árvores. Especialmente para os automobilistas o conselho é que devem circular em marcha moderada nos locais alagados. Para os transeuntes o aviso é no sentido de evitarem caminhar ou atravessar charcos de pé descalço.

Friday 2 March 2012

Internacionalizar e não exportar


Mais do que vender para Moçambique, as empresas portuguesas têm que se estabelecer no país promovendo emprego, receita pública e cadeia de valor. É esta a mensagem deixada pelo ministro da Planificação e Desenvolvimento e pela Câmara de Comércio Moçambique-Portugal aos empresários portugueses.
A visita a Portugal levou dois dias e a agenda foi carregada: participação no Salão Internacional do Sector Alimentar e de Bebidas – SISAB -, visita à fábrica da Sumol + Compal em Almeirin e encontro com embaixador de Moçambique em Portugal.
desta vez, a Câmara de Comércio Moçambique Portugal (CCMP) convidou o ministro da Planificação e Desenvolvimento, para reforçar a diplomacia económica. O objectivo era promover as oportunidades de negócio, com foco na criação de empresas em Moçambique, sobretudo de pequena e média dimensão.
Na óptica da CCMP, as pequenas e medias empresas são determinantes na massificação de empregos e na melhoria de vida da população.
O presidente da CCMP, Daniel David, destacou que as pequenas e médias empresas têm uma importância fundamental na economia moçambicana e devem estar na linha da frente.
As pequenas e médias empresas contribuem com 30% para o Produto Interno Bruto e impulsionam a redistribuição do rendimento nacional.
Daniel David apontou que a delegação, acompanhada pelo ministro da Planificação e Desenvolvimento, tinha em vista convidar os empresários portugueses a estabelecerem-se em Moçambique, contrariando a tendência de exportação de produtos para o país.
Aos olhos do presidente da CCMP, só com a instalação de empresas portuguesas em Moçambique é que o número de empregos e de contribuição para a receita pública poderão crescer significativamente.
Daniel David anunciou a realização de vários eventos, este ano, quer em Moçambique quer em Portugal, com vista a levar ao país mais investimento português.
Com dois anos de existência, a CCMP já organizou várias feiras e conferências, uma das quais em Lisboa, onde levou à mesa de discussão o tema “Moçambique como Porta de Entrada para mais de 250 Milhões de Consumidores”.

SISAB

A Lisboa, a CCMP levou 25 empresários de diversas áreas, maior parte dos quais distribuidores de produtos alimentares e bebidas portuguesas em Moçambique. O Salão Internacional do Sector de Alimentos e Bebidas é uma feira para descobrir novos paladares e fazer novos negócios.
Participaram no SISAB mais de 80 países e 4 000 empresas de diversos ramos. Algumas empresas, como a Sovena, Cereals, Ramirez, Fernando Barros, entre outras, já exportam para Moçambique, através da Tropigália. Aliás, o mercado moçambicano é o segundo, depois de Angola, em termos de exportação em África. Com a crise, as vendas em Portugal encolheram, mas cresceram fora, incluindo em Moçambique.
O vice-presidente da CCMP, Adolfo Correia, defende que a feira abre novas oportunidades a Moçambique, um país com uma taxa de crescimento de 7% ao ano e com uma população com poder de compra. Para Correia, a deslocação da CCMP a Portugal, juntamente com o ministro da Planificação e Desenvolvimento, reforça os objectivos do país no que diz respeito à captação do Investimento Directo Estrangeiro.

Boaventura Mucipo, O País

O crime da terceira idade

Nos dias que correm apenas o mais acéfalo dos acéfalos pode ter dúvidas de que o país prossegue, em lume brando, a sua hedionda, macabra e vergonhosa campanha de combate à população idosa do país.
Aliás, por este andar de carruagem não é necessário mais do que um par de neurónios para compreender que, além de os moçambicanos serem reduzidos a simples bestas de carga, o Governo - assim com os mais activos - está-se marimbando para um pouco mais de 267.750 idosos beneficiários do subsídio social básico pago pelo Instituto Nacional de Acção Social.
Enquanto se fala de confiança no futuro e no mítico combate à pobreza absoluta, aquela camada da população não usufrui da pensão a que tem direito, desde Novembro de 2011, alegadamente por falta de dinheiro. O valor mensal devido aos pensionistas varia entre 130 e 380 meticais, uma quantia, diga-se, irrisória.
Esta situação de atraso no pagamento das pensões deveria corar de vergonha os governantes para os quais nunca falta dinheiro para o combustível das suas viaturas compradas, por sinal, com o sacrifício do povo, e não só.
Também deveria envergonhar todos os moçambicanos que se limitam a aplaudir este Governo, sempre na expectativa de milagres que nunca acontecerão e se auto flagelam na esperança de que os seus políticos finalmente tenham compaixão deles. Mas em vão o fazem porque, os interesses empresariais, pessoais e partidários aparecem antes dos interesses da nação e do povo.
Há sensivelmente três meses os idosos estão privados dos 26 pães a que têm direito, enquanto milhões de meticais são gastos para satisfazer os caprichos dos que se consideram DONOS DO PAÍS.
Reunidos todas as terças-feiras, de persianas fechadas, fingem estar a discutir o bem-estar da nação e do povo, quando, na verdade desfrutam do conforto da cadeira, da sala climatizada e outras mordomias sumptuosas pagas com o dinheiro do erário público.
E ainda por cima aproveitam para dormir e sonhar com o ordenado no fim do mês, ao invés de se levantarem e irem ver a desgrenhada miséria em que se encontram milhares de idosos.
O Governo de turno habituou-se a ver Moçambique através de binóculos, a partir da janela dos seus apartamentos, escritórios e, mais tarde, fazem relatórios estúpidos, escondendo a realidade obscena – fabricada por eles mesmos e mais tarde vendida no exterior – em que vivem mulheres e homens da terceira idade, que conhecem o duro combate de que e? feita a vida, essas mesmas mulheres e esses mesmos homens que hoje aguardam por uma ninharia.
É mesmo necessário sacrificar o idoso para que o governo deste país possa manter os seus bons ordenados! As boas pensões vitalícias! As belas ajudas de custo, com casas e telefone incluído! Os bons e belos carros de luxo! Isto tudo com o dinheiro de todos nós e, sobretudo, com o daqueles que nos criaram com amor e carinho para hoje nos virarmos contra eles!
Aceitamos que sejam sempre os mesmos a roubar, mas não tirem dos nossos avôs. Tirem de nós, os mais novos que um dia vos dedicaremos a mesma terapia...


Editorial, A Verdade

Thursday 1 March 2012

Edifício CFM - Extracto de beleza incrustada no Índico

Às primeiras horas do dia, ainda na síntese revigorada do sono, faço-me sempre à rua com a ideia já pré-concebida de passar pela Praça dos Trabalhadores. Todos os dias deleito-me com a fragrância do edifício dos CFM e com o corre-corre das gentes embarcando e desembarcando rumo à cadência compassada da vida. Às vezes dou comigo dentro da estação mirando com incontida admiração os traços arquitectónicos daquele majestoso edifício.

Maputo, Quinta-Feira, 1 de Março de 2012:: Notícias

Gustave Eiffel dispensa linhas de apresentação. Contudo, poucos saberão que dos seus famosos traços arquitectónicos surgiu também o edifício dos Caminhos de Ferro de Moçambique. Gustave Eiffel, célebre por ser o criador de várias obras no mundo e que têm como traço comum o uso do ferro na sua execução, tem o seu nome eternizado – e projectado – pela famosa torre parisiense que leva o seu nome.
Aliás, o traço de Eiffel não se fica pelo edifício dos CFM, que, vis-a-vis à torre de Paris, é património da cidade de Maputo. Foi o francês que concebeu também a Casa de Ferro, outra preciosidade arquitectónica, implantada nas proximidades de outro ícone da cidade, o jardim botânico Tunduru e em que funciona hoje uma direcção do Ministério da Cultura.
A estação ferroviária é simples, mas de uma imponência invulgar. De encher o olho. A prestigiada revista “Newsweek” não resistiu aos encantos dos recantos da infra-estrutura e elegeu-a como a sétima mais bela do mundo. O traçado arquitectónico calculista e ousado foi tomado em consideração para bater no ranking outras referências arquitectónicas enraizadas no Primeiro Mundo, a exemplo do Hua Hin Railway Station da Tailândia e do Atocha Station de Madrid. É isso mesmo, o edifício dos CFM “bateu” de goleada” o Hua Hin Railway Station da Tailândia e do Atocha Station de Madrid!
Foi inaugurada em Março de 1910, dois anos depois do início da sua construção. Contudo, a imponência com que se lhe conhece hoje só se verificaria a partir de 1916.
Hoje, para além de estação ferroviária por onde passam milhares de passageiros e mercadorias de e para Maputo (também para os vizinhos Zimbabwe e África do Sul), é também um local de cultura. Nela, vários eventos de carácter cultural e artístico têm sido promovidos, ao mesmo tempo que a empresa que a tutela (CFM) agenda implantar nela um museu ferroviário.
Já andou por ali uma malta de Hollywood para aproveitar-se da misteriosa beleza do edifício para o filme “Diamantes de Sangue”, o que será o mesmo que dizer que o sucesso do filme tem marcas de Moçambique e dos moçambicanos.
Já alguém disse: quem a visita nunca mais se esquece da ternura e do perfume das acácias de KaMpfumu. É verdade.

Shalom

Leonel Magaia - leoabranches@yahoo.com.br

Quando se começa realmente a governar?

Nos tempos em que no país grassava a guerra civil, o êxodo da população do campo para a cidade era uma necessidade ou algo compreensível a que não se podia pôr termo porque eram vidas humanas que estavam em jogo.
As cidades e vilas moçambicanas viram-se obrigadas a receber e acolher um número de pessoas que suas infra-estruturas não conseguiam simplesmente suportar. A guerra civil terminou faz muitos anos e as autoridades governamentais pelo que se pode depreender, não desenharam nenhum plano para mobilizar as populações deslocadas a regressarem aos seus lugares de origem. Nem se quer para aliciar as pessoas manterem-se no campo.Na realidade pode-se observar que o êxodo do campo para a cidade continua embora a um ritmo diminuído. O cenário actual nas cidades moçambicanas é de sufoco e de crise. O desemprego é galopante.

Noé Nhantumbo, Canalmoz. Continue lendo aqui!

Ciclone Tropical Irina a caminho do sul de Moçambique

Uma nova tempestade tropical, denominada Irina, está neste momento activa no Canal de Moçambique e prevê-se que nos próximos dias 3 e 4 de Março possa fustigar a zona sul da costa moçambicana.
Segundo a última indicação, do serviço de alerta de tempestades (Tropical Storm Risk na designação em inglês), a tempestade está localizada aproximadamente 500 km do nordeste de Antananarivo, no Madagáscar, e dirige-se para sul do Canal de Moçambique prevendo-se que os seus efeitos sejam sentidos em terra nas próximas 48 a 72 horas, com particular incidência na zona norte da província de Maputo.

A Verdade

“É só copo… todos os dias”


Cresce consumo de álcool em Moçambique.

O consumo de bebidas alcoólicas tem estado a ganhar contornos alarmantes no nosso país. Dados facultados à nossa equipa de reportagem pelos Serviços de Psiquiatria do Hospital Central de Maputo (HCM) indicam que, pelo menos, 247 pessoas foram internadas devido a complicações causadas pelo consume excessivo do álcool.
Entretanto, o número exacto pode ser mais alto, caso se juntem dados do Hospital Psiquiátrico de Infulene, que também recebe doentes com perturbações causadas pelo consumo de bebidas, e de outras áreas, como Medicina, Cardiologia, Neurologia, entre outras que recebem doentes com complicações decorrentes do consumo de álcool, segundo deu a conhecer a médica Rosel Salomão, do HCM.
O que mais preocupa as autoridades sanitárias é o facto de a maior parte dos pacientes ser composta por jovem, e 67% dos quais do sexo masculino. Estes dados revelam, claramente, que os jovens é que mais consomem álcool no país, facto que pode ser, facilmente, testemunhada em qualquer esquina da cidade de Maputo.
A nossa equipa de reportagem escalou o bairro da Mafalala, onde encontrou muitos jovens a beber aguardente, vulgo “tontonto”, durante a manhã de um dia normal de trabalho.
Dos referidos jovens, estava Eduardo Armando, de 24 anos de idade. O mesmo não estuda, faz trabalhos domésticos esporádicos e, com o dinheiro que ganha, compra alguns mililitros de aguardente para consumir.
Outro jovem, Nelson Cossa, de 26 anos de idade, tem rotina definida: quando amanhece, dirige-se à casa da senhora Elisa Mabuangue, onde se vende “tontonto” e, na companhia dos seus comparsas, fica à espera de algum “biscate”, enquanto consome álcool.

Francisco Mandlate, O País