Monday 30 April 2012

Mas que altruísmo barato!

No passado fim-de-semana, a nossa bela Pérola do Índico doou ao seu vizinho Malawi diversos produtos, nomeadamente dois vagões de milho, um de combustível, igual número de sal de cozinha, 10 cabeças de gado, 505 sacos de arroz, 20 de açúcar, 20 caixas de óleo vegetal, e 50 de bolachas e de sardinha.
No entendimento dos DONOS DO PAÍS, o donativo destina-se a ajudar o povo malawiano nas cerimónias fúnebres do ex-estadista Bingu Wa Mutharika.
Porém, quanto a nós, resta-nos dizer que essa acção é manifestamente interesseira e hipócrita, ou seja, não passa de mais um exercício matinal de quem lava a cara depois de uma longa estação de sono. Ou por outra, trata-se de mais uma encenação teatral de um grupo de actores amadores de muito mau gosto para o povo moçambicano ver e aplaudir.
São vários os questionamentos que lançamos sobre este donativo. Um dos quais é referente ao período do mesmo: Será que tínhamos de esperar pela morte de Bingu Wa Mutharika para demonstrar este gesto de solidariedade?
Não será este donativo uma confirmação de que a nossa arrogância crassa e estupidez como país também é culpada pela crise malawiana que há muito se bate com a falta de combustível porque nós, os seus queridos vizinhos, construímos ameias tão altas impedindo-os de entrar com “comida” para a sua casa? Porque tinha que ser exactamente agora?
A história de que Wa Mutharika enquanto estadista não aceitava ajuda externa é conversa para boi dormir, pois é do conhecimento de todos os problemas logísticos havidos e do impasse que levou aquele estadista a visitar o país, acabando por sair frustrado ao aperceber-se de que o seu homólogo estava mais preocupado com os seus interesses (empresariais) pessoais em detrimento do bom relacionamento das duas nações que, por força da geografia, são unidas.
Além disso, questionamos: Que imagem o nosso país pretende transmitir com essa acção que traz água no bico, sabendo-se que todos os dias há moçambicanos a morrerem devido à ditadura da fome? Será a imagem de que somos uma nação auto-suficiente ou solidária? Não estaremos a ser altruístas? Mas duma coisa temos a certeza: o nosso Governo, além de amnésia, tem o problema de falta de auto-estima.
Enquanto os nossos dirigentes brincam a filantropos, ao invés de criar políticas agrárias eficazes, na província de Tete cerca de 35 mil pessoas estão afectadas pela fome, sobrevivendo apenas de farelo de milho, de mangas e tubérculos. De que é feito este Governo? Respondemos: de gente insensível acostumada a estender a mão para receber a caridadezinha internacional denominada ajuda externa.
Foram os produtos para o Malawi. Muito bem. O donativo levantou a nossa auto-estima visto que ouvimos proclamado o nosso nome pela sucessora de Wa Mutharika durante a cerimónia fúnebre.
Mas e então, como ficamos nós, o povo ou as cinco mil crianças que se viram privadas de sentar numa sala de aula em Nhambaua 2, província de Manica? Quantos vagões de milho e quantos sacos de arroz e feijão estão a caminho para distrair o estômago das populações?
PS: Não estamos a dizer que o Governo não devia ter tomado a decisão de se solidarizar com o povo malawiano, estamos, sim, a pedir para que este mesmo Governo se sinta, no mínimo, solidário com o seu povo.

Editorial, A Verdade

Sunday 29 April 2012

"É possível acreditar em Deus usando a razão", afirma William Lane Craig - Página 4

É possível explicar a existência de Deus apenas com a razão? Qual o papel da ciência na explicação das causas do universo?
A razão é muito mais ampla do que a ciência. A ciência é uma exploração do mundo físico e natural. A razão, por outro lado, inclui elementos como a lógica, a matemática, a metafísica, a ética, a psicologia e assim por diante. Parte da cegueira dos cientistas naturalistas, como Richard Dawkins, é que eles são culpados de algo chamado ‘cientismo’. Como se a ciência fosse a única fonte da verdade. Não acho que podemos explicar Deus na sua plenitude, mas a razão é suficiente para justificar a conclusão de que um criador transcendente do universo existe e é a fonte absoluta de bondade moral.

Por que o cristianismo deveria ser mais importante do que outras religiões que ensinam as mesmas questões fundamentais, como o amor e a caridade?
As pessoas não entendem o que é o cristianismo. É por isso que alguns ficam tão ofendidos quando se prega que Jesus é a única forma de salvação. Elas pensam que ser cristão é seguir os ensinamentos éticos de Jesus, como amar ao próximo como a si mesmo. É claro que não é preciso acreditar em Jesus para se fazer isso. Isso não é o cristianismo. O evangelho diz que somos moralmente culpados perante Deus. Espiritualmente, somos separados d’Ele. É por isso que precisamos experimentar o Seu perdão e graça. Para isso, é preciso ter um substituto que pague a pena dos nossos pecados. Jesus ofereceu a própria vida como sacrifício por nós. Ao aceitar o que ele fez em nosso nome, podemos ter o perdão de Deus e a limpeza moral. A partir disso, a nossa relação com Deus pode ser restaurada. Isso evidencia por que acreditar em Cristo é tão importante. Repudiá-lo é rejeitar a graça de Deus e permanecer espiritualmente separado d’Ele. Se você morre nessa condição você ficará eternamente separado de Deus. Outras religiões não ensinam a mesma coisa.

A crença em Deus é necessária para trazer qualidade de vida e felicidade?
 Penso que a crença em Deus ajuda, mas não é necessária. Ela pode lhe dar uma fundação para valores morais, propósito de vida e esperança para o futuro. Contudo, se você quiser viver inconsistentemente, é possível ser um ateu feliz, contanto que não se pense nas implicações do ateísmo. Em última análise, o ateísmo prega que não existem valores morais objectivos, que tudo é uma ilusão, que não há propósito e significado para a vida e que somos um subproduto do acaso.

Por que importa se acreditamos no deus do cristianismo ou na ‘mãe natureza’ se na prática as pessoas podem seguir, fundamentalmente, os mesmos ensinamentos? Deveríamos acreditar numa mentira se isso for bom para a sociedade? As pessoas devem acreditar numa falsa teoria, só por causa dos benefícios sociais?
Eu acho que não. Isso seria uma alucinação. Algumas pessoas passam a acreditar na religião por esse motivo. Já que a religião traz benefícios para a sociedade, mesmo que o indivíduo pense que ela não passa de um ‘conto de fadas’, ele passa a acreditar. Digo que não. Se você acha que a religião é um conto de fadas, não acredite. Mas se o cristianismo é a verdade — como penso que é — temos que acreditar nele independente das consequências. É o que as pessoas racionais fazem, elas acreditam na verdade. A via contrária é o pragmatismo. “Isso Funciona?", perguntam elas. "Não importa se é verdade, quero saber se funciona”. Não estou preocupado se na Suécia alguns são felizes sem acreditar em Deus ou se há alguma vantagem em acreditar n’Ele. Como filósofo, estou interessado no que é verdade e me parece que a existência desse ser transcendente que criou e projectou o universo, fonte dos valores morais, é a verdade.

Perfil

Nome: William Lane Craig

Profissão: Filósofo, teólogo e professor universitário na Universidade de Biola, Califórnia

Nascimento: 23 de agosto de 1949

Livros destacados: Apologética Contemporânea – A veracidade da Fé Cristã; Em Guarda, Defenda a fé cristã com razão e precisão;

Principal contribuição para a filosofia: Craig foi responsável por reformular o Argumento Cosmológico Kalam (variação do argumento cosmológico que defende a existência de uma primeira causa para o universo) nos seguintes termos: 1) Tudo que começa a existir tem uma causa de existência. 2) O universo começou a existir. 3) Portanto, o universo tem uma causa para a sua existência.

Informações pessoais: William Lane Craig é conhecido pelo trabalho na filosofia do tempo e na filosofia da religião, especificamente sobre a existência de Deus e na defesa do teísmo cristão. Escreveu e editou mais de 30 livros, é doutor em filosofia e teologia em universidades inglesa e alemã e desde 1996 é pesquisador e professor de filosofia na Universidade de Biola, na Califórnia. Actualmente vive em Atlanta, nos EUA, com a esposa. Craig pratica exercícios regularmente como forma de combater a APM (Atrofia Peronial Muscular) uma doença degenerativa do sistema nervoso que lhe causou atrofiamento dos nervos das mãos e pernas. Especialista em debates desde o ensino médio, o filósofo passa a maior parte do tempo a estudar.

Marco Túlio Pires, de Águas de Lindóia

RM

Recorde aqui, aqui e aqui.


A Polícia, o SISE e o STAE/CNE foram a chave da vitória do candidato da Frelimo em Inhambane

Eleições intercalares

A Polícia tomou total protagonismo nas eleições de 18 de Abril em Inhambane. Mais uma vez, a Polícia comportou-se como uma força de choque do partido Frelimo, sem cultura de Estado. Mas não foi só a Polícia.
Foram também ministros, tal o caso do ministro da Energia, Salvador Namburete, na Escola de Chamane, que usou o cargo para dar ordens à Polícia, ordens que esta cumpria com zelo tal a urgência com que aparecia, até usando carros blindados de assalto.

Editorial do Canalmoz / Canal de Moçambique. Leia aqui.

Afonso Dhlakama tem razão de manter segurança armada para garantir democracia


…tendo como pano de fundo um cenário como as eleições de Inhambane onde a coligação PRM/STAE/CNE actuou em solidariedade com a Frelimo

 No dia 19 de Abril corrente, portanto, um dia após a votação, em Inhambane, a Comissão Provincial de Eleições local publicou os resultados eleitorais, que deram vitória à Frelimo. Entre os frelimistas denotava-se a amargura de festejar-se uma vitória, em que para ela ser dada como tal, o vencedor contou com o envolvimento da coligação Comissão Nacional das Eleições (CNE), Polícia da República de Moçambique (PRM), Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), Grupos Dinamizadores (GD’s), exercendo a acção psicológica e terrorismo do estado e institucional, em parceria com a Frelimo.

Adelino Timóteo, Canlmoz. Leia aqui.

LEI ELEITORAL DEVOLVIDA ÀS CHEFIAS DAS BANCADAS PARLAMENTARES

Maputo, 19 Abr (AIM) – A Assembleia da República, o parlamento moçambicano, decidiu hoje, em plenária que as chefias das três bancadas parlamentares (Frelimo, partido no poder, Renamo, maior partido da oposição, e Movimento Democrático de Moçambique, MDM, o segundo maior partido d oposição) deverão fazer uma última tentativa para sanar as divergências que prevalecem em algumas matérias da legislação eleitoral em revisão.
Para o efeito, foi aprovada uma resolução da Comissão da Administração Pública, Poder Local e Comunicação Social, que teve apoio da Frelimo e do MDM, mas contestada pela Renamo, cujos 38 deputados presentes na sessão plenária decidiram se abster.
Durante o debate, a deputada da Renamo, Ivone Soares, falou das questões que estão no “pomo da discórdia” alegando que a “Frelimo jamais poderia ganhar uma maioria em eleições livres e baseadas numa lei transparente”.
“Nós apelamos à abstenção porque não podemos continuar a compactuar com os desmandos da Frelimo. Todos sabemos que a Frelimo colocou armadilhas no pacote eleitoral. Há assuntos divergentes que constituem questões básicas da democracia e que não podemos passar por cima deles. Temos que ponderar os consensos. Porque a Frelimo insiste em manter o artigo 85 (da lei sobre procedimentos para eleições presidenciais e legislativas) que favorece o enchimento de urnas. Todos sabemos que à partida que estão a ser criadas condições para fraude nas eleições”, referiu.
De salientar que já houve duas reuniões das chefias das três bancadas parlamentares, realizadas no distrito de Namaacha, província de Maputo, sul de Moçambique. Uma vez que estes foram incapazes de eliminar todas as divergências, paira um certo cepticismo sobre a possibilidade de se alcançar um consenso.
Os deputados da Frelimo e do MDM, Jaime Neto e Eduardo Elias, respectivamente, defendem que as chefias das bancadas devem se reunir para alcançar um consenso, uma vez que o país precisa de uma legislação moderna, eficaz e eficiente.
Os representantes das duas bancadas disseram estar optimistas quanto ao resultado da reunião das chefias das bancadas que deve acontecer antes do encerramento da presente sessão.
Ainda nesta quinta-feira, a AR decidiu que a Comissão deve apresentar os projectos da revisão da Legislação Eleitoral para serem analisados na próxima sessão ordinária, a ter lugar entre Outubro e Dezembro. Por isso, afigura-se quase impossível eleger os membros da nova Comissão Nacional de eleições (CNE) antes de Março de 2013.
A legislação moçambicana estipula que as eleições autárquicas devem realizar-se antes do período chuvoso, que inicia em Novembro.
Assim, os atrasos na aprovação da nova legislação poderão trazer constrangimentos no calendário para as eleições autárquicas de 2013.
Actualmente, as divergências entre os partidos giram em torno de seis grandes questões associadas à jurisdicionalização do contencioso eleitoral, suprimento de divergências na contagem dos votos, entrega dos cadernos de recenseamento eleitoral aos candidatos concorrentes, composição e formas de designação dos membros da Comissão Nacional de Eleições (CNE), formato e formas de recrutamento do pessoal para os quadros do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) e existência dos Directores Gerais-adjuntos no STAE.
A plenária da AR volta a reunir na próxima quarta-feira para apreciar a Conta Geral do Estado referente ao ano 2010.


(AIM)

Guebuza e Dlhakama encontram-se


E depois? Se beneficia a democracia, muito bem, mas se é só conversa a dois é outra coisa…

O país precisa de estabilidade e um encontro de alto nível entre políticos da praça, ex-beligerantes, é um facto que é uma lufada de ar fresco necessária. Espero que encontros da mesma natureza também tenham lugar ao nível do Conselho de Estado, órgão de consulta instituído para aconselhar o PR no âmbito de seu trabalho de guardião da Constituição da República de Moçambique como o mais alto magistrado da nação e local adequado para que grandes questões não se fiquem entre dois presidentes de partidos desavindos e militarizados.

Noé Nhantumbo, Canalmoz. Leia aqui.

ELEIÇÕES INTERCALARES EM NHAMBANE - MDM apela à tolerância


O MOVIMENTO Democrático de Moçambique (MDM), cujo candidato às intercalares de quarta-feira passada em Inhambane, Fernando Nhaca, foi derrotado por Benedito Guimino, da Frelimo, veio ontem a público apelar à observância do espírito de tolerância e reconciliação “para que ninguém guarde mágoa neste processo”.

Maputo, Sexta-Feira, 20 de Abril de 2012:: Notícias
Em comunicado distribuído à Imprensa, o MDM direccionou os seus “ataques” à Polícia da República de Moçambique (PRM) em Inhambane, a quem acusou de ter intimidado os eleitores.
Falou também de “detenções massivas e arbitrárias de 53 membros seus”.
Sem pormenorizar, o documento indica um alegado abuso excessivo do poder perpetrado por membros do Governo, não indicados, órgãos eleitorais e directores, também não nomeados e nem a natureza de tais abusos.
“Os grandes vencedores desta eleição intercalar de Inhambane foram a Polícia e os órgãos eleitorais que impediram aos munícipes de Inhambane de se expressarem livremente através do voto, pelo que, o MDM se distancia dos resultados”, refere.
Num outro passo, o partido liderado por Daviz Simango manifesta o seu apreço e solidariedade ao candidato, Fernando Nhaca. “Igualmente manifestamos o nosso apreço ao grande empenho e entrega dos jovens e mulheres de Inhambane à causa do MDM, os quais mostraram ser a verdadeira esperança para a cidade de Inhambane”.

CNE DESPARTIDARIZADA AINDA UMA MIRAGEM

A possibilidade de Moçambique ter uma Comissão Nacional de Eleições (CNE) despartidarizada ou maioritariamente composta pela sociedade civil pode cair por terra se não houver qualquer alteração às duas propostas existentes neste momento sobre a composição deste órgão, no âmbito da revisão do pacote eleitoral.
A Frelimo, partido no poder no país, recuou na sua posição defendida em Março último numa conferência sobre a legislação eleitoral organizada pelo Centro de Estudos de Democracia e Desenvolvimento, advogando uma CNE despartidarizada, composta apenas por organizações da sociedade civil.
Na ocasião, a Frelimo defendia a constituição de um CNE com sete membros, todos provenientes da sociedade civil, respondendo, desta feita, a uma recomendação dos diversos grupos de observadores eleitorais sobre a necessidade deste órgão ser despartidarizado, pequeno e profissionalizado.
De salientar que esta era a posição defendida pela Comissão Política da Frelimo, contrariando a defendida pela bancada parlamentar desta formação política na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, que era a favor de uma composição da CNE de 13 membros, dos quais cinco indicados pelos partidos políticos (Frelimo e Renamo, maior partido da oposição) e os restantes oito provenientes da sociedade civil.
Segundo a informação sobre a revisão da legislação eleitoral apresentada hoje na sessão plenária da AR, pelo Presidente da Comissão da Administração Pública, Poder local e Comunicação Social, Alfredo Gamito, uma nova proposta da Frelimo defende uma CNE composta por 13 membros, dos quais oito oriundos dos partidos políticos com assento parlamentar e cinco seleccionados pela sociedade civil.
A outra proposta, vinda da Renamo, é a favor de uma CNE com 17 membros, dos quais 12 provenientes dos partidos políticos com assento parlamentar, dois oriundos dos partidos sem assento no parlamento e três seleccionados pela plataforma da sociedade civil.
De salientar que no início da revisão do pacote eleitoral a Renamo apresentou uma proposta de uma CNE composta por 21 membros, um número que baixou para 17 membros no decurso dos debates.
De acordo com a informação, a proposta da Frelimo defende que os oito membros oriundos dos partidos políticos com assento parlamentar deverão ser indicados segundo a aplicação conjugada dos princípios de proporcionalidade e representação, enquanto que a Renamo advoga uma indicação segundo o princípio de paridade.
Assim, segundo a proposta da Frelimo, a CNE deverá ser composta por cinco membros da Frelimo, dois da Renamo e um do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), segunda maior força da oposição no país e com assentos na AR.
Enquanto isso, tendo em conta a proposta da Renamo, a CNE deverá ser composta por quatro membros de cada um dos três partidos representados no parlamento.
Estas propostas vêm deitar terra todas as possibilidades de se ter uma CNE despartidarizada ou maioritariamente composta por membros da sociedade civil.
Por outro lado representa um recuo em relação à situação actual, em que, dos 13 membros que compõem a CNE, oito são da sociedade civil e cinco dos partidos políticos.
Estas mudanças visam acomodar o MDM, segundo reconheceu Gamito, defendendo que não há qualquer recuo em relação a proposta inicialmente apresentada pelo partido Frelimo.
“Não há qualquer recuo, visto que os números propostos pela Frelimo não estão longe da composição que temos actualmente e, nós, vamos ultrapassar os 13 membros, isso é muito importante”, defendeu gamito, acrescentando que “este assunto não está encerrado. A nós interessa ter um debate muito mais profundo sobre a matéria. Mas é preciso compreender que a participação dos partidos políticos na CNE possibilita a consolidação e desenvolvimento dos partidos políticos ao nível local”.
O argumento para a CNE ter mais membros dos partidos políticos que da sociedade civil é de que no cenário político actual e nas condições concretas de desenvolvimento da sociedade moçambicana evidenciam a inexistência de condições políticas e sócio-culturais para que a organização, direcção, supervisão, administração e gestão dos processos eleitorais sejam endossados em exclusividade à sociedade civil.
“É neste contexto que, nos recentes debates e nas audições públicas à sociedade civil e política em torno da revisão e harmonização da legislação eleitoral, ficou mais que evidenciado o facto de que a sociedade política moçambicana, fortemente representada nos debates provinciais pelos partidos políticos, instrumentos fundamentais para a participação democrática dos cidadãos na governação do país, não está total e suficientemente preparada para se dotar de uma CNE completamente despartidarizada”, explicou.
Gamito acrescentou que “a sociedade civil moçambicana não está preparada para gerir os processos eleitorais. Esta foi uma constatação clara. De mil participantes nas audições públicas, falaram 300, isso é preocupante”.
O relatório de um estudo sobre as contribuições a revisão da legislação inserido no âmbito do projecto “Reforma da Legislação Eleitoral Moçambicana”, conduzido por um grupo de consultores e co-financiado pela União Europeia, o CEDE e o Centro de Pesquisa Konrad Adenauer (CEPKA –UCM), defende uma CNE composta por cinco a sete membros, para que seja menos onerosa.
A proposta refere que as operações eleitorais no distrito ou cidade e província poderiam ser efectuadas pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), deixando assim de existir as comissões eleitorais desses níveis.

(AIM)

Guimino ganha eleições com a abstenção a atingir mais de 70 %

Polícia tornou as eleições uma batalha campal contra os delegados e logísticos do MDM. Fez 53 detenções.

Vitória da polícia

Advogado Custódio Duma detido

Duma promete processar TVM

Matias Guente, Canalmoz. Leia aqui.

Benedito Guimino presidente eleito de Inhambane


Eleições intercalares em Inhambane.

Hoje, o STAE a nível da província de Inhambane procede, às 15h00, à divulgação dos resultados parciais que deverão confirmar Guimino como edil eleito de Inhambane.
O candidato da Frelimo, Benedito Guimino, é virtual vencedor das eleições intercalares em Inhambane. Dados de contagem paralela de organizações da sociedade civil indicam que Guimino conquistou cerca 80% dos votos depositados nas urnas em eleição com pouco mais de 60% de abstenções. Por seu turno, os dados da contagem paralela da Frelimo são: Guimino 12 640 (78.4%) votos; e Fernando Nhaca (MDM) 3 476 (21.6%) votos. A abstenção foi de 26 459 votos (61%). Finalmente, os dados do STAE, referentes a 50 mesas (faltava contabilizar apenas quatro mesas até ao fecho desta edição) dão vantagem ao candidato da Frelimo, com 11 383 votos, contra 3 237 de Nhaca.
Apesar da grande distância que separa os dois candidatos, o Movimento Democrático de Moçambique, MDM, veio na noite de ontem, através do seu secretário-geral, Luís Boavida, afirmar que se “distancia” dos resultados na medida em que os mesmos se deviam à “acção da polícia, que intimidou os eleitores e deteve os delegados de candidatura do MDM”. Ou seja, o MDM não vai reconhecer os resultados que forem divulgados pelos órgãos eleitorais e pondera impugna-los junto do Conselho Constitucional.
O MDM saudou, no entanto, os jovens de Inhambane pela “coragem e determinação” demonstrada durante o processo eleitoral e, por isso, os mesmos foram proclamados por Luís Boavida como sendo o “futuro” da democracia no país e Inhambane em particular.
Por seu turno, a Frelimo, através do seu porta-voz, Edson Macuacua, disse que os resultados reflectem a vontade dos eleitores de Inhambane. A Frelimo saudou também a forma “cívica” como decorreu o processo eleitoral. A Frelimo distanciou-se das alegações de instrumentalização das forças de lei e de ordem para “intimidar os eleitores e os delegados de candidatura” do MDM.
O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), na voz da sua directora provincial, Rosa Macausse, distanciou-se das acusações do MDM e disse que o processo correu bem dentro das assembleias de voto e que qualquer agitação fora desse espaço “não era responsabilidade do STAE”. Hoje, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral a nível da província de Inhambane procede, às 15h00, à divulgação dos resultados parciais que deverão confirmar Guimino como edil eleito de Inhambane.
Entretanto, se esses resultados (80% para Guimino e 21.6% para Nhaca) forem confirmados, a oposição consegue reduzir em 8% a força dos candidatos da Frelimo, em relação às anteriores eleições autárquicas.

O País

Chegou o dia da decisão

Eleições intercalares em Inhambane.

Os munícipes de Inhambane devem escolher hoje o seu representante para este ano e início do próximo. A eleição conta apenas com observadores nacionais num total de 135.
Guimino ou Nhaca... a urna é que dirá!
É hoje, a partir das 07h00, que Inhambane deverá decidir sobre o próximo presidente do Conselho Municipal.
Numa eleição há bastante esperada, os residentes da “Terra de Boa Gente” têm, finalmente, a decisão na ponta dos dedos.
A eleição de Inhambane tem a particularidade de não ser observada por nenhuma organização estrangeira, quebrando, assim, a tradição das anteriores eleições intercalares, onde dos 326 observadores acreditados para acompanhar a justeza e transparência do escrutínio, 22 eram estrangeiros.
Se nas últimas eleições intercalares Quelimane movimentava 210; Cuamba 64 e, por fim, Pemba, 30, as intercalares de Inhambane são assistidas apenas por organizações da sociedade civil radicadas no país, num total de 135 observadores, conforme dados a que o “O País” teve acesso ontem.
Nem mesmo a tradicionalista União Europeia (UE), desta vez, se lembrou de vir a Moçambique.
Apesar do seu potencial turístico, este facto poderá explicar a pouca “guerra” que existe por Inhambane, se comparado, por exemplo, com Quelimane e Pemba, nas últimas eleições.

Observadores confirmados
O Fórum Provincial de Observação Eleitoral, composto por Organizações Não-Governamentais que operam em Inhambane, acreditou 17 observadores locais; o Observatório Eleitoral, com sede em Maputo, levou a Inhambane 55 observadores; e os restantes são jovens do Parlamento Juvenil, encabeçados pelo seu presidente, Salomão Muchanga.


Tudo a postos


Para garantir uma eleição tranquila, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) alocou, aos 23 bairros do município de Inhambane, 54 mesas de votos que foram instaladas nas escolas primárias e secundárias, com excepção de uma que se vai localizar no campismo da Praia de Tofo.
Em termos da mão-de-obra, foram contratados 270 membros das mesas de voto que vão dirigir o momento mais solene da votação.

Sérgio Banze e Francisco Mandlate, O País

O conluio entre Frelimo e uma certa comunidade internacional mina a democratização

… mas os eleitores de Inhambane podem fazer história, já no dia 18 deste mês, abrindo caminho para que a onda de mudança contamine o País daqui para a frente
Gestos e factos aparentemente simples tem sido cronicamente utilizados como meios para adulterar as leis vigentes no país.
Dos órgãos eleitorais ouve-se dizer que não será permitido o uso de meios e fundos do estado para apoiar campanhas eleitorais, mas volta e meia isso é feito à luz do dia sem que haja uma resposta adequada e correspondente por parte dos órgãos que administram a justiça no país. Tudo acaba sendo uma farsa e consequentemente um atentado à tal construção da democracia a que tantas vezes recorre uma certa comunidade internacional convencida que por estas bandas ainda não há quem se tenha apercebido da sua desonestidade intelectual e da sua hipocrisia, dada a cumplicidade que revela com quem vive de golpes eleitorais…
Certas chancelarias internacionais, principalmente aquelas cujos governos são os que mais contribuem para o Orçamento Geral do Estado moçambicano optam estrategicamente por calarem-se. Calam-se porque estão metidos em esquemas sujos julgando que sobretudo os jovens moçambicanos continuam cegos.
Quando se diz e se proclama a democratização mundial como objectivo a alcançar, em defesa da paz, estabilidade e desenvolvimento económico sustentável seria de esperar uma condenação firme e em tempo oportuno de todos os actos que contribuam para minar o ambiente democrático.
Em qualquer dos países que fazem parte do concerto das nações seria de esperar que acções proactivas fossem ou estivessem na ordem do dia para que uma real democracia exista. Mas o que se nota é que não falam porque alegadamente as normas internacionais recomendam que não se ingiram nos assuntos internos de outros estados, mas esquecem-se que os povos já se aperceberam que mesmo antes dos resultados oficiais de eleições serem publicados, muitos correm a proclamar as eleições “livres, justas e democráticas”, como se isso não fosse uma ingerência.
Não se pode ficar calado em Inhambane, em vésperas de um acto eleitoral quando o representante do PR viola descaradamente o que a lei estabelece e determina. Se o governador da província de Inhambane se dá ao luxo de passear a sua arrogância em total desrespeito à lei no que se refere à utilização de meios e fundos do Estado em tempo de campanha eleitoral isso dá a entender que assim procede porque está coberto ou protegido por instâncias superiores. E daí a colocar a Policia nas ruas para ameaçar os eleitores vai um passo que em Quelimane foi dado com todo o descaramento e nem um “assim não” se ouviu daqueles que se julgam acima de qualquer suspeita quando se atrevem a declarar apressadamente eleições “livres, justas e democráticas”.
Um governador pode ser medíocre a ponto de não possuir coeficiente de inteligência suficiente para entender o que não é lícito. Pode-se compreender que ele não tenha “background” que o habilite a agir conforme o preceituado nas leis do país, porque isso antes de mais nada reflecte até o nível de quem o nomeou. Mas existem pessoas, assessores e superiores hierárquicos habilitados e conhecedores profundos da lei que também se revelam do mesmo calibre. E todos juntos configuram objectivamente a real predisposição de quem está no poder para realmente aceitar a construção da tal democracia que constantemente se revela a retroceder mas que os hipócritas da tal comunidade internacional insistem em classificar repetidamente “em construção” enquanto agora se alambazam com as riquezas do País, fazendo-se passar por santos.
A comunicação social pública, na sua função de informar e formar preconizada na legislação que a orienta deveria ser a primeira linha de combate contra os transgressores da lei, mas isso não está sendo feito.
Falam de tudo e comentam tudo sem nunca se referirem ao que de errado e contra a lei está sendo implementado pelo governo de Inhambane.
Aquelas manifestações do STAE, criticadas por limitarem e impedirem os cidadãos de se recensearem para a próximas eleições autárquicas afinal não era obra do acaso. Todos os passos que estão sendo dados pelos diferentes actores afectos à CNE, STAE, governo provincial de Inhambane são acções concertadas e programadas ao serviço de uma candidatura.
Num total desprezo da vontade popular e dos fundamentos democráticos parece que aqueles órgãos receberam “carta branca” para tudo fazerem desde que isso garanta a “vitória” de seu candidato.
Estamos habituados a pronunciamentos que se referem a “irregularidades” e “ilícitos eleitorais de pequena monta, que não influenciam o resultado final”. Tem sido dito que a oposição só reclama mesmo quando não tem razão.
O que está sendo feito à margem das leis em Inhambane, neste período de campanha eleitoral não são actos ocasionais ou irreflectidos.
Estamos em presença de factos e material suficiente para que os órfãos competentes em matéria eleitoral já estivessem agindo e encaminhando os transgressores da lei à justiça, mas estão mudos. Conveniente e tendenciosamente mudos.
Não se pode permitir que os detentores do poder violem constantemente o que está plasmado na lei.
Quando nos referimos a chancelarias estrangeiras neste processo é porque a sua actuação ou silêncio afectam os resultados finais de qualquer eleição. Sabe-se que a posição dos agentes diplomáticos e comerciais dos países parceiros de Moçambique tem muito a ver com os interesses específicos de seus países, suas empresas e as percepções geoestratégicas e políticas de seus governos, e se apelam para a democracia, no fim do dia acabam por ser cúmplices de práticas antidemocráticas desde que as suas conveniências se mantenham satisfeitas, em suma, tirem de Moçambique o que eles próprios já não têm ou o que nos seus países não conseguem fazer.
A nossa democracia acaba por servir apenas para que haja a tal estabilidade que necessitam para não haver perturbações ao “saque”.
O que acontecerá se a liderança do município de Inhambane mudar de mãos? Todo um império construído sob fundamentos nem sempre limpos, manchado por manifestações racistas de uns quantos indivíduos, fruto muitas vezes de actos corruptos, nepotismo e violação das leis nacionais nas instituições públicas, pode correr o risco de desabar se Inhambane mudar de mãos.
Os moçambicanos estão cada vez mais atentos e começando a compreender que a sua terra está sendo utilizada para o prosseguimento de actos que evidenciam um neo-colonialismo aberrante. Uma coisa é os moçambicanos refutarem a xenofobia que nos é naturalmente odiosa, outra é verem certas práticas ofenderem.
Os “libertadores de ontem” são os mercenários de hoje no que se refere a venda da terra que dizem que libertaram.
Os “favores” e facilidades oferecidas a certos investidores estrangeiros são a via encontrada para o enriquecimento ilícito de muitos dos dirigentes do País. Com as práticas desses que se julgam com mais direitos que os outros, os moçambicanos estão a ser empurrados para os “quintais” mas desde que os tais “libertadores da pátria” se continuem a encher de dinheiro que é fruto de corrupção, nepotismo e não de trabalho, está tudo bem para eles. E para se manterem no poder enganam os moçambicanos que ainda se deixam enganar. Mas as coisas estão a mudar.
Os jovens já entenderam que se eles não lutarem por mudanças, eles é que ficarão nos “quintais”.
É deste modo que os detentores do poder, a Frelimo, desde o topo não dormem sossegados. A eleição autárquica intercalar em Inhambane está a tirar-lhes o sono porque sabem que ali pode nascer o tal futuro que eles prometeram mas não cumpriram. Em Inhambane pode nascer um novo futuro para Inhambane mas também para Moçambique.
O que está em jogo a curto prazo pode parecer o executivo de uma pacata cidade, mas, na verdade, as consequências de uma derrota estão a tirar o sono aos senhores que se habituaram a estar no poder enganando o povo ou viciando os processos eleitorais.
Nas mãos dos votantes de Inhambane não está apenas o seu futuro.
Está muito mais. O seu contributo para a mudança pode provocar um “maguluti”, uma onda enorme e é desse “tsunami popular” que os senhores que se habituaram a comer sem trabalhar, têm receio.
O resultado destas eleições em Inhambane pode mudar também Moçambique. Os pleitos futuros e a democratização do país em si podem ser favoravelmente influenciados pelos eleitores de Inhambane que vão às urnas no dia 18 de Abril.
Toda uma política económica baseada em negociatas sem transparência pode começar a ser questionada a partir de um simples acto eleitoral.
A fraqueza e debilidade financeira nacional estão sendo utilizadas como cavalos-de-batalha. De um lado os integrantes do governo moçambicano Bjustificam suas acções nefastas para a economia nacional como implementação de estratégias correspondentes ao que a globalização exige e, do outro lado, os seus parceiros aproveitam-se das facilidades incríveis que lhes são oferecidas e alimentam juntos toda a cadeia de corrupção. É corrupção e imposição transformados em política.
Em Inhambane a mudança de poder para o que tem sido a oposição irá mudar tudo. Poderá refrescar o país, que bem precisa de uma onda de nova gente.
A eleição intercalar de Inhambane tem uma importância que ultrapassa o seu espaço geográfico municipal.
As tendências e ilações que se podem tirar da actuação dos partidos são sinais do que poderá acontecer em 2013 e 2014 em que teremos eleições a nível nacional.
Os diplomatas dos países que vendem democracia mas acabam por ser os grandes fomentadores da corrupção, normalmente fecham os olhos aos “crimes” eleitorais desde que os seus interesses progridam.
As empresas que actuam em Inhambane e que tem a sua base de intervenção sustentada por relações privilegiadas com integrantes do governo não vão hesitar em responder aos pedidos de apoio que acontecem em momentos como o que se avizinha de eleições.
Falar de conluio entre a Frelimo e a comunidade internacional, especialmente dos principais contribuintes para o OGE, é falar de um facto concreto e não de uma invenção. Tanto constitui conluio oferecer a coberto de empresas que actuam em Moçambique, motorizadas e outros meios ao partido Frelimo, como o silêncio face a falcatruas e manipulação eleitoral. Consubstanciam o mesmo.
Moçambique num processo sinuoso prossegue o seu caminho para uma democratização firme de que seus cidadãos sintam e tenham orgulho.
E é nisso que os moçambicanos se devem concentrar. Controlar as urnas. Não deixarem de ir votar. É nisso que Inhambane se deve concentrar.
A democracia pode vencer a corrupção. O voto dos cidadãos pode vencer a tirania. É sabendo disso que os conluios se montam, para impedir o povo de exercer o controlo do seu próprio destino.
A actuação da Frelimo e seus representantes em Inhambane é o prenúncio de uma realidade que está rompendo o “verniz” democrático que a encobria. A fraqueza da Frelimo, o seu receio de entrar numa competição limpa, já não pode ser escondido.
Os resultados desta eleição intercalar que é já no próximo dia 18 do corrente mês, serão importantes na medida em que mais um passo for dado no caminho da democracia real e não eufemística do país.

Noé Nhantumbo, Canal de Moçambique – 11.04.2012, citado no Moçambique para todos

Candidatos confiantes na vitória nas intercalares do município de Inhambane

Os dois candidatos à presidência do município de Inhambane, sul de Moçambique, manifestaram hoje confiança na vitória, com Benedito Guimino, apoiado pela Frelimo (no poder), a apostar na "continuidade" e Fernando Nhaca, do MDM (oposição) em "resgatar a dignidade".
Benedito Guimino e Fernando Nhaca, ambos professores do ensino secundário, vão disputar na quarta-feira a presidência do município de Inhambane, sul de Moçambique, numa eleição intercalar suscitada pela morte do anterior líder do município, Lourenço Macul.
Em declarações à Lusa, o candidato da Frelimo - Frente de Libertação de Moçambique - mostrou-se confiante na vitória, evocando a recetividade do eleitorado de Inhambane com a sua mensagem de "continuidade na inovação".
"Os munícipes de Inhambane identificam-se com o meu objetivo de prosseguir a obra do falecido Lourenço Macul, porque houve muitos avanços durante a governação dele e da Frelimo", afirmou Benedito Guimino.
A expansão da rede pública de energia elétrica e de água, bem como de vias de acesso, ações iniciadas por Lourenço Macul, será uma das prioridades do mandato, adiantou o candidato da Frelimo.
Apesar de pretender continuar a herança, Benedito Guimino disse que também quer impor uma marca pessoal na governação do município de Inhambane, com duas "importantes iniciativas: "Vamos instituir o Fundo de Iniciativas Juvenis, para gerar emprego para os jovens, e o Fundo de Redução da Pobreza Urbana, para ajudar as camadas mais carenciadas a melhorar a sua condição social".
Por seu turno, o candidato do MDM - Movimento Democrático de Moçambique - prometeu reivindicar do Governo central os recursos do turismo em prol dos munícipes de Inhambane.
"O turismo deve ser o carvão de Inhambane, como o carvão é importante para Tete, porque nós não temos carvão. As receitas de turismo, das praias e das estâncias turísticas devem beneficiar também os munícipes de Inhambane", afirmou Fernando Nhaca, comparando a importância do turismo para Inhambane com o de carvão para a província de Tete, centro do país.
"Cada um se desenvolve com o que tem e Inhambane tem turismo, só que beneficia os poderosos de Maputo, que são sócios dos empreendedores estrangeiros que exploram o turismo cá", acrescentou.
Fernando Nhaca promete ter uma governação municipal mais próxima dos munícipes, colocando postos administrativos municipais nos 23 bairros da cidade de Inhambane.

Lusa

Terminou campanha eleitoral para eleição de novo edil de Inhambane; final pacífico


Terminou no princípio da noite deste domingo a campanha eleitoral dos dois candidatos à edil do Município de Inhambane. Segundo os nossos enviados especiais ruidosas e coloridas marchas encheram as ruas da cidade de Inhambane no último dia de campanha.
Guimino agendou um comício entre Muelé e Liberdade. Nhaca optou por um desfile cujo roteiro era apenas do domínio do seu partido. Motivo: certa imprensa fornece informação à Frelimo.
Depois do desaparecimento físico de Lourenço Macul, as eleições constituem um importante teste de popularidade do partido Frelimo numa província rica em potencial turístico, mas sofrendo de elevados níveis de desemprego e pobreza. Nas eleições passadas Macul venceu com 97 porcento dos votos e num contexto em que a oposição furtava-se ao contacto com os eleitores.
Desta vez foi diferente. Diferente porque o MDM, ao contrário daquilo que vinha sendo norma da Renamo, saiu à rua para pedir votos. A Frelimo, por seu turno, reagiu com uma movimento de caça ao voto mais feroz: ofereceu camisetas, chinelos, cartazes e até comida.

Ponto de partida
Até às 11horas nenhum candidato tinha saído à rua. Os membros da Frelimo começaram a concentrar-se na sua sede provincial. O roteiro já estava definido desde as primeiras horas do dia. Ou seja, o período da manhã estava reservado para que os membros fossem solicitar a bênção de Deus nas suas confissões religiosas.
Se o programa da Frelimo era de domínio público o mesmo não se pode afirmar em relação ao MDM.
Aparte um acto de violência na sede-provincial da Frelimo, a campanha foi geralmente pacífica. Ninguém informava à imprensa sobre o roteiro. Pessoas bem posicionadas na estrutura do partido disseram que se quiséssemos saber tínhamos de seguir a caravana.
Porém, depois de muita insistência conseguimos saber que o roteiro tinha como direcção a praia do Tofo. Efectivamente, o MDM fez uma passeata pelas artérias da cidade que começou por volta das 12h e estendeu-se até perto das 19h na sua sede. Guimino proferiu um comício num palco montado entre o bairro de Muelé e Liberdade.

Balanço dos candidatos
Benedito Guimino afirmou que está confiante na vitória e repisou o discurso da continuidade. Porém, esclareceu que depois de ouvir os munícipes “algumas prioridades foram redefinidas.
“Percorremos todos bairros e sentimos que os eleitores receberam a nossa mensagem. Mas mais importante: recebemos um grande contributo que são as ideias dos munícipes”, referiu.
Um pouco antes da campanha eleitoral, Guimino colocou a abertura de ruas como uma prioridade. Questionado sobre uma eventual mudança de planos em função de outras necessidades mais prementes o candidato da Frelimo foi claro: “continua uma prioridade. Não houve bairro em que os residentes não tenham pedido ruas para melhorar o acesso”. No que diz respeito aos actos de violência ocorridos na sede provincial da Frelimo, entre simpatizantes dos dois partidos concorrentes, Guimino mostrou espanto: “acho muito estranho”.
Por outro lado, deixou transparecer que os actos podem não ter sido protagonizados pelos munícipes. “Não sei se são nossos concidadãos do município de Inhambane. O que caracteriza as pessoas de Inhambane é a tolerância e a capacidade de diálogo”. Questionado sobre a possibilidade de o teor das músicas ter sido, em certa medida, o rastilho que acendeu a pólvora da violência, Guimino afirmou que estabelecer tal relação está acima da sua capacidade de análise. Porém, deixou claro que nunca falou dos outros nas suas abordagens.
“Repare que desde o princípio deste acto eu sempre falei do que vou fazer. Das minhas ideias para o município. Não tenho o hábito de elevar a minha popularidade em função do ataque ao meu oponente”.
Contudo, esclareceu que desencoraja o uso de músicas depreciativas numa campanha eleitoral, “mas nao posso dizer categoricamente que estas músicas tenham originado a violência”.

Nhaca faz balanço positivo
Fernando Nhaca faz um balanço positivo dos seus 13 dias de campanha. Até porque “a zona sul é tida como um espaço de hostil para a oposição. Por isso o balanço não só é positivo como surpreendente”.
“Depois de 13 dias concluímos que as pessoas conhecem os seus direitos e têm necessidade de mudar”.
No que diz respeito à campanha, Nhaca diz que “no computo geral foi um acto ordeiro”, com algumas excepções cujo ponto mais alto foi a violência do 12 dia na sede provincial do partido Frelimo.
“Membros da outra parte bloquearam a estrada. Isso gerou os episódios de violência que foram noticiados, tanto de um lado como do outro”. Porém, é preciso perguntar de onde vieram as pedras. Quem as colocou na sede da Frelimo e com que objectivo”, questiona.
Outro episódio que Nhaca reprovou deu-se no bairro de Mucucuni onde também ocorreram alguns actos de violência. “O secretário do bairro, tal como outros membros da Frelimo, não sabe o que é um processo democrático. Só isso explica o facto de ter tentado impedir as nossas actividades através da instrumentalização de jovens”.
Nenhum partido da oposição venceu qualquer processo eleitoral na zona sul de Moçambique. Porém, o candidato do MDM não teme e escuda-se no trabalho do seu partido. “O nosso partido arregaçou as mangas para desmistificar o conceito de que a zona sul é um feudo da Frelimo. O nosso sucesso na campanha é fruto desse trabalho”, explicou.
Na mesma linha de ideias, Nhaca empresta as suas expectativas aos munícipes de Inhambane. “A minha expectativa é a de todos citadinos. Penso que o povo quer estar no poder, o povo de Inhambane já apercebeu-se de que nos 37 anos de poder da Frelimo não houve nenhum benefício nas suas vidas. Muito pelo contrário: diminuíram” disse.

Observatório eleitoral
Abdul Karim, do Observatório Eleitoral, condenou os actos de violência do penúltimo dia de campanha, na sede provincial do partido Frelimo, envolvendo membros dos do concorrentes políticos. Contudo, referiu que o processo decorreu de forma ordeira e pacífica.
Em relação às intercalares passadas Karim disse que estas pautarem pelo civismo, ainda que tenham registado alguns episódios pouco abonatórios para o processo. Por outro lado, pensa que os partidos políticos podem formar melhor os jovens para que situações de violência não aconteçam em situações do género.

Contagem paralela
O Observatório Eleitoral vai fazer uma contagem paralela deste processo. Karim Abdul pensa que “é mais fácil trabalhar em Inhambane do que, por exemplo, em Quelimane onde a dispersão das escolas era muito grande”. Justifica: “são apenas 53 mesas de voto”.
Para o efeito, o Observatório Eleitoral vai formar, nesta terça-feira, 63 pessoas com vista a cobertura do processo. “Vamos fazer a contagem paralela e saberemos quem sairá vencedor no dia 18”.

A Verdade

Intercalares em Inhambane

Terminou a campanha e fica a incerteza em relação ao vencedor

O candidato da Frelimo Benedito Guimino não descarta “possível surpresa” mas está confiante na vitória. O candidato do MDM, Fernando Nhaca diz que o povo vai se vingar dos 37 anos de pobreza

Canalmoz. Leia aqui!
Daviz Simango diz que já está montada toda máquina de controlo de votos

E diz que “sondagens colocam o MDM e Fernando Nhaca em frente”

Canalmoz. Leia aqui!

DIÁLOGO CONSTRUTIVO: Guebuza e Dlhakama conversam em Nampula


O PRESIDENTE da República Armando Guebuza e o líder da Renamo Afonso Dlhakama reuniram-se ontem na cidade de Nampula, para dialogarem sobre vários aspectos ligados à vida política e económica do país.
No encontro, abordaram igualmente os acontecimentos do passado dia 8 de Março, em que os antigos guerrilheiros da Renamo se confrontaram com a polícia, na rua dos “sem medo”, naquela província.
No final do encontro, que durou cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos, o líder da Renamo falou a jornalistas, dizendo que a reunião girou à volta de vários assuntos de interesse para o país enumerando, sem entrar em detalhes, a politica das Forças Armadas de Moçambique, da policia e da força de intervenção rápida bem como a economia do país, particularmente os investimentos.
Dlhakama diz que não houve nenhuma solução dos pontos discutidos, mas clarificou que discutiram também sobre a maneira como os órgãos eleitorais são constituídos no país e as práticas das eleições em Moçambique.
O líder do maior partido da oposição diz que estes encontros encorajam e tranquilizam o povo moçambicano porque, segundo suas palavras, procuram a solução de vários problemas que o país enfrenta e dão a certeza que a Renamo não vai fazer a guerra.
“Especificando o ataque que a Frelimo fez à nossa sede no passado dia 8 de Março, queixei-me ao meu irmão Guebuza e ele lamentou o sucedido. Até hoje não reagimos porque não nos interessa fazer a guerra”, disse Afonso Dlhakama.
Diz que em relação aos órgãos eleitorais, “empurramos” o assunto para a Assembleia da Republica. “Eu voltei a falar lhe sobre o artigo 85 que permite o enchimento das urnas. A discrepância entre o número de votos encontrados nas urnas e os cadernos” disse.
Afonso Dlhakama diz ter ficado satisfeito com o encontro e com a flexibilidade que encontrou por parte do Presidente da República, repisando que a Renamo não mais vai fazer a guerra.
“Não marcamos a data do próximo encontro, mas trocamos números de telefone e o Presidente Guebuza se mostrou disponível a atender-me sempre que necessário. Fizemos um acordo de que pode haver outros encontros, mas sobre coisas leves podemos falar ao telefone à semelhança do que já fazia com o Presidente Chissano” disse o líder da Renamo, respondendo a uma pergunta sobre um eventual próximo encontro.
Dlhakama escusou-se a responder a uma pergunta sobre a permanência de seus ex-guerrilheiros na sede provincial do partido, situada no bairro dos poetas afirmando apenas que “isso é outra coisa”.
Este é o segundo encontro entre o Chefe do Estado e o líder da Renamo. O primeiro teve lugar a 8 de Dezembro do ano passado, igualmente na cidade de Nampula.

Carlos Coelho, Notícias

"É possível acreditar em Deus usando a razão", afirma William Lane Craig - Página 3

O sr. deposita grande parte da sua argumentação no conteúdo da Bíblia. Contudo, ela foi escrita por homens num período restrito, numa área restrita do mundo, numa língua restrita, para um grupo específico de pessoas. Que evidência se tem de que a Bíblia é a palavra de um ser sobrenatural?

A razão pela qual acreditamos na Bíblia e a sua validade é porque acreditamos em Cristo. Ele considerava as escrituras hebraicas como a palavra de Deus. Os seus ensinamentos são extensões do que é ensinado no Velho Testamento. Os ensinamentos de Jesus são direccionados à era da Igreja, que o sucederia. A questão, então, se torna a seguinte: temos boas razões para acreditar em Jesus? Ele é quem ele diz ser, a revelação de Deus? Acredito que sim. A ressurreição dos mortos, por exemplo, mostra que ele era quem afirmava.



Temos boas bases históricas. A palavra ‘prova’ pode ser enganosa porque muitos a associam com matemática. Certamente, não temos prova matemática de qualquer coisa que tenha acontecido na história do homem. Não temos provas, nesse sentido, de que Júlio César foi assassinado no senado romano, por exemplo, mas temos boas bases históricas para isso. O meu argumento é que se você considera os documentos do Novo Testamento como fontes da história antiga, — como os historiadores gregos Tácito, Heródoto ou Tucídides — o evangelho aparece como uma fonte histórica muito confiável para a vida de Jesus de Nazaré. A maioria dos historiadores do Novo Testamento concorda com os factos fundamentais que balizam a inferência sobre a ressurreição de Cristo. Coisas como a sua execução sob autoridade romana, a descoberta das tumbas vazias por um grupo de mulheres no domingo depois da crucificação e o relato de vários indivíduos e grupos sobre os aparecimentos de Jesus vivo após a sua execução. Com isso, resta-nos a seguinte pergunta: qual é a melhor explicação para essa sequência de acontecimentos? Penso que a melhor explicação é aquela que os discípulos originais deram — Deus fez Jesus renascer dos mortos. Não podemos falar de uma prova, mas podemos levantar boas bases históricas para dizer que a ressurreição é a melhor explicação para os factos. E como temos boas razões para acreditar que Cristo era quem dizia ser, portanto temos boas razões para acreditar que os seus ensinamentos eram verdade. Sendo assim, podemos ver que a Bíblia não foi criação contingente de um tempo, de um lugar e de certas pessoas, mas é a palavra de Deus para a humanidade.

O textos da Bíblia passaram por diversas revisões ao longo do tempo. Como podemos ter certeza de que as informações às quais temos acesso hoje são as mesmas escritas há 2.000 anos? Além disso, como lidar com o facto de que informações podem ser perdidas durante a tradução?


Você tem razão quanto a variedade de revisões e traduções. Por isso, é imperativo voltar às línguas originais nas quais esses textos foram escritos. Hoje, os críticos textuais comparam diferentes manuscritos antigos de modo a reconstruir o que os originais diziam. O Novo Testamento é o livro mais atestado da história antiga, seja em termos de manuscritos encontrados ou em termos de quão próximos eles estão da data original de escrita. Os textos já foram reconstruídos com 99% de precisão em relação aos originais. As incertezas que restam são trivialidades. Por exemplo, na Primeira Epístola de João, ele diz: “Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra”. Mas alguns manuscritos dizem: “Estas coisas vos escrevemos, para que o nosso gozo se cumpra”. Não temos a certeza se o texto original diz ‘vosso’ ou ‘nosso’. Isso ilustra como esse 1% de incerteza é trivial. Alguém que realmente queira entender os textos deverá aprender grego, a língua original em que o Novo Testamento foi escrito. Contudo, as pessoas também podem comprar diferentes traduções e compará-las para perceber como o texto se comporta em diferentes versões.

(continua)

RM


Existem provas que confirmem a ressurreição de Jesus?

Diário de campanha: Cruzamento pacífico dos candidatos

Falta um dia para terminar a campanha. Benedito Guimino (Frelimo) e Fernando Nhaca (MDM) estão confiantes na vitória partindo de estratégias de abordagem aos eleitores diametralmente opostas.
Não só as estratégias são diferentes, como Benedito Guimino tem contado com os préstimos dos secretários de bairro (entidades administrativas do Estado embora indicadas pelas células dos bairros do partido Frelimo) cujas residências servem para confeccionar alimentos para atrair potenciais eleitores. Ou seja, falar, primeiro, para o coração dos eleitores e, depois, agarrá-los pelo estômago.
Assim foi no bairro de Mucucuni onde residem 2002 habitantes. Guimino percorreu 20 quilómetros até ao coração do bairro para afirmar que vai “promover o desporto para os jovens”. Reiterou que o “candidato da Frelimo é o melhor”.
Portanto, “votar em Benedito Guimino é votar no desenvolvimento”, disse. O dia de Benedito Guimino começou cedo com o contacto porta-a-porta em Salela onde Guimino não só levou a sua mensagem como ofereceu chinelos às mulheres.
Depois foi ao bairro Josina Machel. Voltou a oferecer chinelos e mostrou como as pessoas devem votar.
Espanta, contudo, o facto de Guimino falar com mulheres e, diga-se, passar ao lado dos homens.

O cruzamento


No coração de Mucucuni, em frente a casa do secretário de bairro local, Guimino proferia o seu discurso quando uma caravana do MDM passou a escassos centímetros. Porém, contrariando o cenário da última sexta-feira, em que houve escaramuças de grande escala e com feridos à mistura.
O MDM esteve no mercado do bairro Josina Machel e pediu votos pregando a mensagem da alternância. A brigada que esteve com o candidato escalou a Ilha de Inhambane. Um bairro cercado pelas águas e ofuscado pela pobreza no qual Nhaca afirmou que levará energia e água canalizada ao bairro.


A Verdade

MOÇAMBIQUE/ COMISSÃO EUROPEIA REFUTA DECLARAÇÕES DE PAULO ZUCULA

Londres, 13 Abr (AIM) – A Comissão Europeia assevera que se reuniu com o embaixador moçambicano em Bruxelas, capital belga, antes de anunciar a sua decisão de 3 de Abril corrente de manter o banimento das companhias áreas moçambicanas de sobrevoar o espaço europeu.
Na edição de 9 de Abril corrente, o jornal “O Pais” cita o ministro moçambicano dos transportes e comunicações, Paulo Zucula, como tendo dito que ele desconhecia as razões que levaram a Comissão Europeia a manter Moçambique na lista dos países cujas companhias aéreas estão banidas de sobrevoar o espaço europeu.
“Estamos ainda à espera de uma notificação da União Europeia. Não conhecemos as razões, na medida em que, no ano passado, fomos banidos com base no relatório da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO). Entretanto, apesar da ICAO ter mudado de opinião, na sequência do trabalho que estamos a desenvolver, não sabemos com que base a União Europeia tomou esta decisão. Neste momento, estamos a efectuar diligências no sentido de obter mais detalhes sobre esta decisão”, disse Zucula, citado pelo “O Pais.
Contudo, a porta-voz de Siim Kallas, vice-presidente da Comissao Europeia para a área dos transportes, disse que as declarações de Zucula não reflectem a verdade.
A porta-voz, Aida Simil-Sainas, disse à AIM que “funcionários da Comissão Europeia reuniram-se com o embaixador moçambicano a 28 de Março, antes da publicação da lista actualizada das companhias aéreas banidas, para explicar a situação”.
Simil-Sainas explicou que as companhias aéreas moçambicanas continuam banidas porque “apesar de as preocupações apresentadas pela ICAO terem sido resolvidas, ainda persistem uma série de problemas de segurança identificados pela auditoria da ICAO e, até a data, não existem evidências para a resolução dos problemas referidos”
Ela vincou que “o caso das companhias áreas moçambicanas não foi considerado na última reunião do Comité da Segurança Área, em Março, razão pela qual não foi enviada nenhuma carta formal às autoridades moçambicanas”.
Prosseguindo, Simil-Sainas disse que “este assunto foi abordado durante uma reunião com o embaixador moçambicano, tendo sido acordadas certas acções que, se forem sanadas de uma forma satisfatória, poderão levar as autoridades moçambicanas a serem convidadas para apresentá-las ao Comité da Segurança Área em Novembro de 2012”.
As companhias áreas moçambicanas foram inicialmente banidas em Abril de 2011, devido “a sérias deficiências que exigiam uma acção decisiva”.
Estas deficiências afectam apenas Instituto de Aviação Civil de Moçambique, não sendo extensivas às Linhas Aéreas de Mocambique (LAM), ou qualquer outra companhia aérea que opera no país.
Refira-se que a maioria das companhias aéreas moçambicanas apenas operam em rotas domésticas e na região da África Austral, não tendo manifestado interesse em voar para a Europa.
A LAM e’ a única excepção que espera retomar a rota Maputo-Lisboa, após a aquisição de uma aeronave para efectuar voos intercontinentais.
Actualmente, a rota e’ explorada pela companhia aérea portuguesa TAP, num sistema de code-share com a LAM.

(AIM)

INTERCALARES EM INHAMBANE - Termina amanhã campanha eleitoral

TERMINA amanhã, oficialmente, na cidade de Inhambane, a campanha eleitoral rumo ao escrutínio intercalar para a escolha do presidente do Conselho Municipal, em substituição de Lourenço Macul, falecido em Dezembro passado, vítima de doença.

Maputo, Sábado, 14 de Abril de 2012:: NotíciasDois concorrentes se apresentam para esta corrida: Benedito Guimino, do partido Frelimo e Fernando Nhaca, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Ambos, apoiados pelos respectivos partidos, encontram-se desde o passado dia 3 a palmilhar a cidade difundindo os seus programas em maratonas que visam sobretudo a conquista do voto que lhes possibilite a eleição ao cargo na próxima quarta-feira, dia 18. Guimino reitera que em caso de vitória vai dar prosseguimento as acções que vinham sendo desenvolvidas pelo falecido presidente, nomeadamente a busca de melhores condicões para a vida dos munícipes. Nhaca para além do emprego, sobretudo para as camadas jovens, explorando as potencialidades turísticas do município promete mudanças substanciais no estilo de governação estando cada vez mais próximo do cidadão. Assim, tanto Guimino quanto Nhaca tem nos dias de hoje e amanhã os momentos derradeiros ou seja as últimas oportunidades de convencer os eleitorado a confiar nos seus manifestos. Isto porque a 18 de Abril sairá um vencedor da corrida enquanto que ao outro ficará apenas o registo nos seus currículos de um dia ter sido candidato àquela cargo. É assim em democracia.

Cahora Bassa é vossa

Como povo, gostaríamos de cantar, dançar, exultar ou soltar brados de júbilo pelo facto de Moçambique ter passado a deter 92.5 porcento do capital social da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). Gostaríamos de estufar o peito e cantar “vivas e hossanas” aos quatro ventos e, porque não, agradecer aos nossos sábios, clarividente$ e iluminado$ lídere$ por tamanha oferta.
Como povo, também gostaríamos de rebentar garrafas de champanhe e gritarmos, em uníssono e sem que a voz nos trema “Cahora Bassa é nossa”. Mas, como povo, temos consciência de que aceitar veemente que a “Cahora Bassa é nossa” seria continuar com a dura missão de carregar nas costas um Governo despesista.
Seria continuar a autoflagelação para garantir as obscenas mordomias de um punhado de gente cujo sentido de economia é esbanjar e ampliar o seu património económico pessoal à custa do erário público. Em palavras sucintas, seria fazer a felicidade dos que nos roubam e nos conduzem ao abismo.
Dizem-nos, naquele tom de falsa intimidade e indiferentes à opinião pública, que “Cahora Bassa é nossa”, mas não nos dizem quantas escolas, estradas e hospitais serão construídos com a reversão da HCB para o Estado moçambicano.
Ninguém nos diz quantas localidades, vilas, postos administrativos e distritos poderão ver as suas ruas iluminadas. Ninguém explica ao zé-povinho cravado na Polana Caniço, em Maputo, ou Namicopo, em Nampula, se essa transferência significa melhoria de qualidade ou o fim das constantes oscilações da corrente eléctrica.
Não nos dizem se isso significa o fim do drama de ter os bens alimentícios estragados e electrodomésticos danificados porque faltou corrente eléctrica durante a semana inteira ou porque a mesma chegou às nossas casas com uma intensidade desmedida.
Dizem-nos que “Cahora Bassa é nossa”, mas não nos explicam se significa o fim da ditadura imposta pela empresa Electricidade de Moçambique e tampouco falam sobre a quantidade de lágrimas e suor que o povo terá de verter para pagar a dívida que vocês contraíram!
Mas, pelo andar da carruagem, já deu para perceber que nesse milionário negócio o ónus dos moçambicanos, grande parte condenada à miséria e à intempérie, é continuar a contribuir para que nunca falte combustível na viatura, ajudas de custos e regalias a tempo e horas do ministro, PCA e director disto e daquilo, além de garantir que eles continuem a levar uma vida principesca.
Dizem-nos pomposamente que “Cahora Bassa é nossa” mas ninguém de direito apareceu em público ainda a explicar aos cidadãos de todo o país o que é que essa expressão significa para as suas reles vidas...
O povo ainda não sabe o que mudou nele com a reversão da hidroeléctrica para o Estado moçambicano. Apenas sabe que há murmúrios informais dizendo que é apenas uma vitória política acoplada em retribuições financeiras a um grupo restrito de pessoas, embrulhadas em discursos falaciosos que encobrem interesses muito bem identificados e do exclusivo domínio de uma dúzia de indivíduos.
Há uma deliberada e estranha omissão dos detalhes em volta de tal reversão, particularmente quanto à forma como foi (e ainda é ou continuará a ser) paga. Estamos fartos do desprezo, da sonegação de informação e da manipulação com que este Governo nos tem brindado, como povo.
Nunca sabemos o que pagamos pelas mentiras e pelas demagogias dos que colocamos no poder para velarem pelos nossos interesses. Os nossos impostos não podem continuar a pagar impávida e serenamente esses insultos à nossa inteligência colectiva, por parte de um e outro pinóquio de fato e gravata.
Há uma corja de indivíduos que beneficia dessas nuvens de imprecisões, meias-verdades e retóricas coloridas de substância nenhuma, que no fim das contas só nos tem endividado e empobrecido mais, à custa de ambiguidades que lucram por dentro desses incestos promíscuos entre a política e os negócios chorudos dos “donos de Moçambique”. O povo tem de saber clara e indubitavelmente de quem é Cahora Bassa!
Há trevas enormes de dúvidas em torno disto tudo. Afinal quando é que a hidroeléctrica há-de ser nossa?! Porque, bem vistas as coisas, Cahora Bassa é MUITO VO$$A.

PS: Há uma nítida constatação de que Guebuza não disse toda a verdade, quando há anos disse que “Cahora Bassa é nossa”. Houve uma colossal dose de populismo, somada à repugnante mentira e uma postura irresponsável em relação à ética e à moral dele, como Chefe de Estado, e do povo moçambicano, como aquele a quem ele deve satisfações.
Ao se ter dirigido aos moçambicanos com tamanha obscenidade, nos termos largamente difundidos em que usou e antes de o processo de reversão se consumar completamente, Guebuza revelou estar à frente dos bois e parece ter dado um sinal inequívoco de que podemos estar a ser governados de modo improvisado e pernicioso.
Esse “modelo” de governação é extremamente grave para o nosso destino como povo, se se deixar institucionalizar.

Editorial, A Verdade

Respostas do Governo provocam sentimentos diferentes nas bancadas


Enquanto Renamo e MDM criticaram o que chamam de “falta de acção do governo” para melhorar a vida dos moçambicanos, a Frelimo elogiou o que considera “acções visíveis na melhoria da qualidadede vida do povo”.

O governo voltou ontem à Assembleia da República para responder às perguntas de insistência dos deputados, na sessão dedicada às informações do executivo. Os mega-projectos, a fraca qualidade de ensino, o roubo de medicamentos nos hospitais públicos e as fragilidades do fornecimento de energia eléctrica foram as questões que vieram ao centro do debate.
A oposição criticou as acções do Governo e acusou-o de nada fazer para melhorar a vida dos moçambicanos.
“Moçambique é um país riquíssimo em recursos naturais, mas, por causa da fraca qualidade de ensino, não temos técnicos nacionais ou pessoas que sabem lidar com esses recursos para produzirem riqueza e estes mesmos recursos são geridos por estrangeiros, perante o olhar impávido do Governo. Isto é uma forma de aumentar a pobreza”, defendeu a deputada da Renamo, Anastácia Xavier.
Para o MDM, saber sobre o por quê das fraquezas no fornecimento de energia eléctrica é uma questão fundamental para os moçambicanos.
“Nós dizemos todos os dias que a HCB é nossa, mas ainda não estamos a ver os resultados. A qualidade que se fornece ao país é de fraca qualidade e o preço muito alto. A explicação do ministro da energia sobre o assunto não satisfaz a ninguém”, afirmou Alcinda da Conceição, deputada do MDM.

André Manhice, O País

SECTOR DA SAÚDE CONFRONTADO COM O ROUBO DE MEDICAMENTOS

MAPUTO, 12 ABR (AIM) – O Ministro moçambicano da Saúde, Alexandre Manguele, queixou-se do facto de o sector ser assolado por roubo de medicamentos.
“O abastecimento de medicamentos no Serviço Nacional da Saúde (SNS) constitui grande desafio. Nesta conformidade, o sector da saúde é confrontado com inúmeros casos de roubo de medicamentos em quase toda a cadeia de suprimento”, afirmou Manguele, falando hoje, em Maputo, no parlamento moçambicano (AR), no último dia reservado a sessão de perguntas ao Governo.
Para o Ministro, esta realidade tem reduzido sobremaneira os esforços que o executivo está a empreender nesta área, com ajuda dos seus parceiros de desenvolvimento.
Depois de lançar um apelo a todos os segmentos da sociedade para denunciarem os mentores deste mal, Manguele disse que a área da saúde em coordenação com outros sectores estão já a implementar programas que visam desencorajar o roubo e venda de medicamentos.
Quanto a uma pergunta dos deputados indicando a ocorrência de casos de incumprimento de horário do trabalho e de elevado tempo de espera para o atendimento de utentes, o Ministro da Saúde respondeu que o SNS tem vindo a tomar medidas que culminaram com a expulsão e demissão de funcionários.
Em 2011, segundo o Ministro, foram expulsos do SNS 66 funcionários e demitidos outros 65 por prática de actos que contrariam a deontologia e a ética profissionais.
“Perante vossas excelências, reafirmamos a nossa disponibilidade de continuarmos vigilantes e implacáveis contra comportamentos que põe em causa o trabalho de mais de 35 mil funcionários do Sistema Nacional da Saúde”, disse Alexandre Manguele.
Paralelamente, Manguele anunciou que em 2011 foram colocados 1.822 profissionais de saúde, tendo em conta as necessidades de pessoal. O maior número de técnicos foi colocado nas províncias da Zambézia e Sofala, no Centro, Inhambane, Sul, e Nampula, parte Norte do país.
“Assim, acreditamos que estes profissionais vão contribuir para a redução do tempo de espera dos nossos concidadãos nas diferentes unidades sanitárias moçambicanas”, afirmou.

(AIM)

Pancadaria entre brigadas da Frelimo e do MDM na "terra da boa gente


Fernando Nhaca,o professor que é candidato do MDM à presidência da Câmara Municipal de Inhambane
Fernando Nhaca, desdramatiza o incidente, dizendo que é uma coisa normal, que não lhe tira sono
Incidentes marcam a campanha eleitoral para a presidência da câmara municipal na cidade moçambicana de Inhambane. Simpatizantes dos candidatos da Frelimo e do MDM envolveram-se, na quinta-feira, em confrontações físicas.
De acordo com um porta-voz do MDM, "a brigada de campanha do MDM, que se deslocou a Mucucuni para uma operação de porta-a-porta, foi retida pelo grupo de choque da Frelimo que os seguiu".
Segundo aquela versão, o secretário da Frelimo do bairro de Mucucuni "exigiu que os elementos da brigada do MDM apresentassem os respectivos bilhetes de Identidade e credenciais que os autorizavam a fazer campanha" naquele local.
Após uma troca de insultos entre elementos da Frelimo e do MDM, os ânimos exaltaram-se, o que originou cenas de pancadaria.
Mas,o candidato do MDM, Fernando Nhaca, desdramatiza o incidente, dizendo que é uma coisa normal que não lhe tira sono.Nhaca está preocupado com a transmissão da sua mensagem aos eleitores sobre a necessidade de mudanças na chamada "terra de boa gente".
Para Nhaca, o cruzamento das equipas de campanha eleitoral registado esta semana é uma simples coincidência, porque o MDM nunca planificou andar atrás dos seus adversários da Frelimo na campanha de caça ao voto.
A Frelimo também diz que a campanha decorre normalmente e considera que a troca de mimos entre os membros e simpatizantes dos dois partidos não é preocupação.
A Polícia e a Comissão Nacional de Eleições ainda não receberam queixas formais nesta campanha eleitoral em Inhambane.
Os eleitores vão escolher o Presidente do município da chamada cidade da terra de boa gente na próxima quarta-feira, para substituir ao malogrado Lourenço Macul .

Simião Pongoane, VOA. Escute aqui.

Crescimento do MDM deixa nervoso o governador Itai Meque

Na Provincia da Zambézia
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) está a acumular membros e simpatizantes na província da Zambézia, e as pessoas usam bandeiras do partido para manifestar o seu afecto com esta força política. Nas casas, lojas e outros locais andam hasteadas bandeiras do MDM e isso está deixar nervoso o governador da província, Francisco Itai Meque. Antes de vencer a eleição para edil da capital da Zambézia este cenário não se via em Quelimane.

Aunício da Silva, Canalmoz. Leia aqui.

Turismo vira centro da campanha eleitoral em Inhambane


Nhaca diz que munícipes devem beneficiar das receitas do sector

Benedito Guimino visitou a Ilha de Inhambane, local, potencialmente turístico, mas onde só residem dificuldades. Lá pediu voto para melhorar a situação dos residentes da zona.
O candidato do MDM à presidência do Município de Inhambane, Fernando Nhaca, diz ser altura de o município e os respectivos cidadãos tirarem benefícios do facto de aquela cidade ser detentora das melhores praias do país e, por essa razão, atrair milhares de turistas idos de todos os cantos do mundo.
No entanto, na hora de tirar dividendo, nenhum residente de Inhambane vê o que é feito das receitas arrecadadas da actividade.
Por isso, como sua primeira acção, diz Nhaca que vai procurar saber para onde vai o dinheiro proveniente do turismo e, se for necessário, os operadores turísticos terão de pagar taxas ao município pela sua actividade.
Fernando Nhaca diz ainda que pretende negociar com os operadores para que seja obrigatório que eles empreguem jovens oriundos daquela cidade nas suas instâncias turísticas e assim reduzir o alto índice de desemprego.
O candidato do MDM mostrou sua indignação no bairro Chembeze onde efectuou campanha durante o dia de ontem. O referido bairro é dos mais pobres de Inhambane e com crónicos problemas de desordenamento urbano, tendo por isso, prometido ordenar o bairro quando for presidente do município.
Na ocasião, o candidato do MDM queixou-se do facto de a empresa Electricidade de Moçambique estar a levar a cabo novas ligações de energia eléctrica nalguns bairro de Inhambane. Nhaca diz que o momento não é oportuno porque a acção pode influenciar o sentido de voto para o seu adversário da Frelimo e, por isso, entende que aquela empresa está a fazer campanha eleitoral.

Francisco Mandlate, O País

Lisboa e Maputo encerram dossier Cahora Bassa

O presidente moçambicano e o primeiro-ministro português assinaram pessoalmente o protocolo da cedência das acções remanescentes.
Moçambique e Portugal fecharam em Maputo o dossier Cahora Bassa, o empreendimento hidroeléctrico construído na década de 70 por Portugal em Moçambique.
O presidente moçambicano Armando Guebuza e o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, assinaram pessoalmente o protocolo da cedência das acções remanescentes do estado luso para o estado moçambicano.
São 15% que tinham ficado depois da primeira alienação ocorrida em 2005.
O presidente Armando Guebuza considera que o encerramento do caso Cahora Bassa é um orgulho que aproxima cada vez mais os dois países.
Armando Guebuza afirmou que “o protocolo que acabamos de assinar, e que encerra em definitivo o dossier Cahora Bassa, se reveste de grande importância política e económica, pois reforça a nossa gestão soberana sobre este estratégico empreendimento e oferece uma multiplicidade de oportunidades para o desenvolvimento nacional e regional e para o reforço das relações entre Moçambique e Portugal”.
Para o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, o protocolo rubricado coloca o ponto final numa matéria de grande interesse para Moçambique, e que já não fica nada do passado que possa dificultar o relacionamento entre os dois países.
Segundo Pedro Passos Coelho, “foi possível, após a cimeira bilateral, chegar a um entendimento que é a todos os títulos importante, porque nós somos duas nações amigas que temos crescido em conjunto e não gostamos de olhar para o futuro, pensando sempre que trazemos alguma coisa do passado para resolver.Era importante que tivéssemos uma oportunidade para que de forma satisfatória encerrássemos este assunto. E é o que aconteceu hoje”.
Mas os dois dirigentes não revelaram os montantes envolvidos no negócio sabendo se apenas que agora Moçambique recebe os 7,5% dos 15% que tinham ficado em 2005 e que até 2014 o país vai passar a controlar 100 por cento da barragem de Cahora Bassa.
Duas empresas são mencionadas no processo: Companhia Eléctrica do Zambeze, do lado e Moçambique, e a Rede Eléctrica Nacional, de Portugal.
A assinatura do memorando marcou o ponto mais alto da visita de trabalho de dois dias do chefe do governo português a Moçambique.

Simeão Pongoane, VOA. Escute aqui.

Continua a festa com meios e fundos do Estado em Inhambane

Campanha eleitoral do partido Frelimo
O uso de meios e fundos do Estado na campanha eleitoral do partido Frelimo, no município de Inhambane, atingiu o seu expoente máximo nestas “intercalares”, no passado sábado, dia 7 de Abril, data consagrada à “Mulher Moçambicana”. A cúpula do partido Frelimo, formada na sua maioria por alguns funcionários públicos da cidade de Inhambane e outros “importados” do vizinho município da Maxixe, desfilou pela cidade em viaturas das direcções provinciais, cobertas de bandeiras e panfletos da campanha da seu candidato Benedito Guimino.

Luciano da Conceição,Canalmoz. Continue lendo aqui!

"É possível acreditar em Deus usando a razão", afirma William Lane Craig - 2

Alguns cientistas argumentam que o livre-arbítrio não existe. Se esse for o caso, as pessoas poderiam ser julgadas por Deus?Não, elas não poderiam. Acredito que esses autores estão errados. É difícil entender como a concepção do determinismo pode ser racional. Se acreditarmos que tudo é determinado, então até a crença no determinismo foi determinada. Nesse contexto, não se chega a essa conclusão por reflexão racional. Ela seria tão natural e inevitável como um dente que nasce ou uma árvore que dá galhos. Penso que o determinismo, racionalmente, não passa de absurdo. Não é possível acreditar racionalmente nele. Portanto, a atitude racional é negá-lo e acreditar que existe o livre-arbítrio.

O senhor defende no seu site uma passagem do Velho Testamento em que Deus ordena a destruição da cidade de Canaã, inclusive autorizando o genocídio, argumentando que os inocentes mortos nesse massacre seriam salvos pela graça divina. Esse não é um argumento perigosamente próximo daqueles usados por terroristas motivados pela religião?A teoria ética desses terroristas não está errada. Isso, contudo, não quer dizer que eles estão certos. O problema é a crença deles no deus errado. O verdadeiro Deus não ordena actos terroristas e, portanto, eles estariam a cometer uma atrocidade moral. Quero dizer que se Deus decide tirar a vida de uma pessoa inocente, especialmente uma criança, a Sua graça se estende a ela.

Se o terrorista é cristão o acto terrorista motivado pela religião é justificável, por ele acreditar no Deus ‘certo’?Não é suficiente acreditar no deus certo. É preciso garantir que os comandos divinos estão a ser correctamente interpretados. Não acho que Deus dê esse tipo de comando hoje em dia. Os casos do Velho Testamento, como a conquista de Canaã, não representam a vontade normal de Deus.

O sr. está a querer dizer que Deus também está sujeito a variações de humor? Não é plausível esperar que pelo menos Ele seja consistente?Penso que Deus pode fazer excepções aos comandos morais que dá. O principal exemplo no Velho Testamento é a ordem que ele dá a Abraão para sacrificar o seu filho Isac. Se Abraão tivesse feito isso por iniciativa própria, isso seria uma abominação. O deus do Velho Testamento condena o sacrifício infantil. Essa foi uma das razões que o levou a ordenar a destruição das nações pagãs ao redor de Israel. Elas estavam a sacrificar crianças aos seus deuses. E, no entanto, Deus dá essa ordem extraordinária a Abraão: sacrificar o próprio filho Isac. Isso serviu para verificar a obediência e a sua fé. Mas isso é a excepção que prova a regra. Não é a forma normal com que Deus conduz os assuntos humanos. Mas porque Deus é Deus, Ele tem a possibilidade de abrir excepções em alguns casos extremos, como esse.

O sr. disse que não é suficiente ter o deus certo, é preciso fazer a interpretação correcta dos comandos divinos. Como garantir que a sua interpretação é objectivamente correcta?As coisas que digo são baseadas no que Deus nos deu a conhecer sobre si mesmo e em preceitos registados na Bíblia, que é a palavra d’Ele. Refiro-me a determinações sobre a vida humana, como “não matarás”. Deus condena o sacrifício de crianças, O seu desejo é que amemos uns ao outros. Essa é a Sua moral geral. Seria apenas em casos excepcionalmente extremos, como o de Abraão e Isac, que Deus mudaria isso. Se eu achar que Deus me comandou a fazer algo que é contra o Seu desejo moral geral, revelado na escritura, o mais provável é que eu tenha entendido errado. Temos a revelação do desejo moral de Deus e é assim que devemos nos comportar.

(continua)

RM

Moçambique: Alteração na política de vistos não é dirigida a Portugal

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Balói, assegurou este sábado que a alteração na política de vistos do Governo moçambicano não é dirigida a Portugal.
"Não é uma política dirigida a Portugal isso posso assegurar", afirmou o chefe da diplomacia moçambicana, sem dar mais explicações.
Oldemiro Balói falava à Lusa no final de um encontro em Díli, Timor-Leste, onde iniciou este sábado uma visita oficial de quatro dias para analisar a cooperação entre os dois países.
Questionado se Moçambique está a controlar a atribuição de vistos por causa do aumento do fluxo migratório, o chefe da diplomacia moçambicana explicou que no país não existe uma política migratória dirigida.
“O fenómeno da imigração é abordado de uma forma geral. Há vinda de somalis, etíopes, temos refugiados, mas também temos muitos imigrantes ilegais, uns ficam em Moçambique e outros que passam para a África do Sul. Isto é que nos preocupa. As nossas fronteiras são muito porosas. Acontece que Portugal nem entra pela fronteira terrestre", explicou, salientando que não é uma política dirigida a Portugal.
No passado mês de Março, a embaixada de Moçambique em Lisboa disse ter alterado as circunstâncias na atribuição de vistos devido à necessidade de "controlar fronteiras e fluxos migratórios".
Durante a sua estada em Díli, Oldemiro Balói tem previstos encontros com o seu homólogo timorense, Zacarias da Costa, com o presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, e com o vice-primeiro-ministro, José Luís Guterres.
O programa da visita, que termina na próxima quarta-feira, inclui um encontro com a ministra das Finanças, Emília Pires, e visitas a monumentos de Díli, bem como às futuras instalações da sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na capital timorense.

(RM/Lusa)

"É possível acreditar em Deus usando a razão", afirma William Lane Craig


Craig: "Sem Deus, não é possível explicar a existência de valores e deveres morais objectivos"
O filósofo e teólogo defende o cristianismo, a ressurreição de Jesus e a veracidade da Bíblia a partir de construção lógica e racional, e destaca-se em debates com pensadores ateus
Quando o escritor britânico Christopher Hitchens, um dos maiores defensores do ateísmo, travou um longo debate nos Estados Unidos, em abril de 2009, com o filósofo e teólogo William Lane Craig sobre a existência de Deus, os seus colegas ateus ficaram tensos. Momentos antes de subir ao palco, Hitchens — que morreu em dezembro de 2011 aos 62 anos — falou a jornalistas sobre a expectativa de enfrentar Craig.
"Posso dizer que os meus colegas ateus o levam bem a sério", disse. "Ele é considerado um adversário muito duro, rigoroso, culto e formidável", continuou. "Normalmente as pessoas não me dizem 'boa sorte' ou 'não nos decepcione' antes de um debate — mas hoje, é o tipo de coisa que estão a dizer-me". Difícil saber se houve um vencedor do debate. O certo é que Craig destaca-se pela elegância com que apresenta os seus argumentos, mesmo quando submetido ao fogo cerrado.
O teólogo evangélico é considerado um dos maiores defensores da doutrina cristã na actualidade. Craig, que vive em Atlanta (EUA) com a esposa, sustenta que a existência de Deus e a ressurreição de Jesus, por exemplo, não são apenas questões de fé, mas passíveis de prova lógica e racional. No seu currículo de debates estão o famoso químico e autor britânico Peter Atkins e o neurocientista americano Sam Harris. Basta uma rápida procura no Youtube para encontrar uma vastidão de debates travados entre Craig e diversos estudiosos. Richard Dawkins, um dos maiores críticos do teísmo, ainda se recusa a discutir com Craig sobre a existência de Deus.
Em artigo publicado no jornal inglês The Guardian, Dawkins afirma que Craig faz apologia ao genocídio, por defender passagens da Bíblia que justificam a morte de homens, mulheres e crianças por meio de ordens divinas. "Vocês apertariam a mão de um homem que escreve esse tipo de coisa? Vocês compartilhariam o mesmo palco que ele? Eu não, eu me recuso", escreveu. Na entrevista abaixo, Craig fala sobre o assunto.

Por que deveríamos acreditar em Deus?

Porque os argumentos e evidências que apontam para a Sua existência são mais plausíveis do que aqueles que apontam para a negação. Vários argumentos dão força à ideia de que Deus existe. Ele é a melhor explicação para a existência de tudo a partir de um momento no passado finito, e também para o ajuste preciso do universo, levando ao surgimento de vida inteligente. Deus também é a melhor explicação para a existência de deveres e valores morais objectivos no mundo. Com isso, quero dizer valores e deveres que existem independentemente da opinião humana.

Se Deus é bondade e justiça, por que ele não criou um universo perfeito onde todas as pessoas vivem felizes?Acho que esse é o desejo de Deus. É o que a Bíblia ensina. O facto de que o desejo de Deus não é realizado implica que os seres humanos possuem livre-arbítrio. Não concordo com os teólogos que dizem que Deus determina quem é salvo ou não. Parece-me que os próprios humanos determinam isso. A única razão pela qual algumas pessoas não são salvas é porque elas próprias rejeitam livremente a vontade de Deus de salvá-las.

RM