Como povo, gostaríamos de cantar, dançar, exultar ou soltar brados de júbilo pelo facto de Moçambique ter passado a deter 92.5 porcento do capital social da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). Gostaríamos de estufar o peito e cantar “vivas e hossanas” aos quatro ventos e, porque não, agradecer aos nossos sábios, clarividente$ e iluminado$ lídere$ por tamanha oferta.
Como povo, também gostaríamos de rebentar garrafas de champanhe e gritarmos, em uníssono e sem que a voz nos trema “Cahora Bassa é nossa”. Mas, como povo, temos consciência de que aceitar veemente que a “Cahora Bassa é nossa” seria continuar com a dura missão de carregar nas costas um Governo despesista.
Seria continuar a autoflagelação para garantir as obscenas mordomias de um punhado de gente cujo sentido de economia é esbanjar e ampliar o seu património económico pessoal à custa do erário público. Em palavras sucintas, seria fazer a felicidade dos que nos roubam e nos conduzem ao abismo.
Dizem-nos, naquele tom de falsa intimidade e indiferentes à opinião pública, que “Cahora Bassa é nossa”, mas não nos dizem quantas escolas, estradas e hospitais serão construídos com a reversão da HCB para o Estado moçambicano.
Ninguém nos diz quantas localidades, vilas, postos administrativos e distritos poderão ver as suas ruas iluminadas. Ninguém explica ao zé-povinho cravado na Polana Caniço, em Maputo, ou Namicopo, em Nampula, se essa transferência significa melhoria de qualidade ou o fim das constantes oscilações da corrente eléctrica.
Não nos dizem se isso significa o fim do drama de ter os bens alimentícios estragados e electrodomésticos danificados porque faltou corrente eléctrica durante a semana inteira ou porque a mesma chegou às nossas casas com uma intensidade desmedida.
Dizem-nos que “Cahora Bassa é nossa”, mas não nos explicam se significa o fim da ditadura imposta pela empresa Electricidade de Moçambique e tampouco falam sobre a quantidade de lágrimas e suor que o povo terá de verter para pagar a dívida que vocês contraíram!
Mas, pelo andar da carruagem, já deu para perceber que nesse milionário negócio o ónus dos moçambicanos, grande parte condenada à miséria e à intempérie, é continuar a contribuir para que nunca falte combustível na viatura, ajudas de custos e regalias a tempo e horas do ministro, PCA e director disto e daquilo, além de garantir que eles continuem a levar uma vida principesca.
Dizem-nos pomposamente que “Cahora Bassa é nossa” mas ninguém de direito apareceu em público ainda a explicar aos cidadãos de todo o país o que é que essa expressão significa para as suas reles vidas...
O povo ainda não sabe o que mudou nele com a reversão da hidroeléctrica para o Estado moçambicano. Apenas sabe que há murmúrios informais dizendo que é apenas uma vitória política acoplada em retribuições financeiras a um grupo restrito de pessoas, embrulhadas em discursos falaciosos que encobrem interesses muito bem identificados e do exclusivo domínio de uma dúzia de indivíduos.
Há uma deliberada e estranha omissão dos detalhes em volta de tal reversão, particularmente quanto à forma como foi (e ainda é ou continuará a ser) paga. Estamos fartos do desprezo, da sonegação de informação e da manipulação com que este Governo nos tem brindado, como povo.
Nunca sabemos o que pagamos pelas mentiras e pelas demagogias dos que colocamos no poder para velarem pelos nossos interesses. Os nossos impostos não podem continuar a pagar impávida e serenamente esses insultos à nossa inteligência colectiva, por parte de um e outro pinóquio de fato e gravata.
Há uma corja de indivíduos que beneficia dessas nuvens de imprecisões, meias-verdades e retóricas coloridas de substância nenhuma, que no fim das contas só nos tem endividado e empobrecido mais, à custa de ambiguidades que lucram por dentro desses incestos promíscuos entre a política e os negócios chorudos dos “donos de Moçambique”. O povo tem de saber clara e indubitavelmente de quem é Cahora Bassa!
Há trevas enormes de dúvidas em torno disto tudo. Afinal quando é que a hidroeléctrica há-de ser nossa?! Porque, bem vistas as coisas, Cahora Bassa é MUITO VO$$A.
PS: Há uma nítida constatação de que Guebuza não disse toda a verdade, quando há anos disse que “Cahora Bassa é nossa”. Houve uma colossal dose de populismo, somada à repugnante mentira e uma postura irresponsável em relação à ética e à moral dele, como Chefe de Estado, e do povo moçambicano, como aquele a quem ele deve satisfações.
Ao se ter dirigido aos moçambicanos com tamanha obscenidade, nos termos largamente difundidos em que usou e antes de o processo de reversão se consumar completamente, Guebuza revelou estar à frente dos bois e parece ter dado um sinal inequívoco de que podemos estar a ser governados de modo improvisado e pernicioso.
Esse “modelo” de governação é extremamente grave para o nosso destino como povo, se se deixar institucionalizar.
Editorial, A Verdade
Como povo, também gostaríamos de rebentar garrafas de champanhe e gritarmos, em uníssono e sem que a voz nos trema “Cahora Bassa é nossa”. Mas, como povo, temos consciência de que aceitar veemente que a “Cahora Bassa é nossa” seria continuar com a dura missão de carregar nas costas um Governo despesista.
Seria continuar a autoflagelação para garantir as obscenas mordomias de um punhado de gente cujo sentido de economia é esbanjar e ampliar o seu património económico pessoal à custa do erário público. Em palavras sucintas, seria fazer a felicidade dos que nos roubam e nos conduzem ao abismo.
Dizem-nos, naquele tom de falsa intimidade e indiferentes à opinião pública, que “Cahora Bassa é nossa”, mas não nos dizem quantas escolas, estradas e hospitais serão construídos com a reversão da HCB para o Estado moçambicano.
Ninguém nos diz quantas localidades, vilas, postos administrativos e distritos poderão ver as suas ruas iluminadas. Ninguém explica ao zé-povinho cravado na Polana Caniço, em Maputo, ou Namicopo, em Nampula, se essa transferência significa melhoria de qualidade ou o fim das constantes oscilações da corrente eléctrica.
Não nos dizem se isso significa o fim do drama de ter os bens alimentícios estragados e electrodomésticos danificados porque faltou corrente eléctrica durante a semana inteira ou porque a mesma chegou às nossas casas com uma intensidade desmedida.
Dizem-nos que “Cahora Bassa é nossa”, mas não nos explicam se significa o fim da ditadura imposta pela empresa Electricidade de Moçambique e tampouco falam sobre a quantidade de lágrimas e suor que o povo terá de verter para pagar a dívida que vocês contraíram!
Mas, pelo andar da carruagem, já deu para perceber que nesse milionário negócio o ónus dos moçambicanos, grande parte condenada à miséria e à intempérie, é continuar a contribuir para que nunca falte combustível na viatura, ajudas de custos e regalias a tempo e horas do ministro, PCA e director disto e daquilo, além de garantir que eles continuem a levar uma vida principesca.
Dizem-nos pomposamente que “Cahora Bassa é nossa” mas ninguém de direito apareceu em público ainda a explicar aos cidadãos de todo o país o que é que essa expressão significa para as suas reles vidas...
O povo ainda não sabe o que mudou nele com a reversão da hidroeléctrica para o Estado moçambicano. Apenas sabe que há murmúrios informais dizendo que é apenas uma vitória política acoplada em retribuições financeiras a um grupo restrito de pessoas, embrulhadas em discursos falaciosos que encobrem interesses muito bem identificados e do exclusivo domínio de uma dúzia de indivíduos.
Há uma deliberada e estranha omissão dos detalhes em volta de tal reversão, particularmente quanto à forma como foi (e ainda é ou continuará a ser) paga. Estamos fartos do desprezo, da sonegação de informação e da manipulação com que este Governo nos tem brindado, como povo.
Nunca sabemos o que pagamos pelas mentiras e pelas demagogias dos que colocamos no poder para velarem pelos nossos interesses. Os nossos impostos não podem continuar a pagar impávida e serenamente esses insultos à nossa inteligência colectiva, por parte de um e outro pinóquio de fato e gravata.
Há uma corja de indivíduos que beneficia dessas nuvens de imprecisões, meias-verdades e retóricas coloridas de substância nenhuma, que no fim das contas só nos tem endividado e empobrecido mais, à custa de ambiguidades que lucram por dentro desses incestos promíscuos entre a política e os negócios chorudos dos “donos de Moçambique”. O povo tem de saber clara e indubitavelmente de quem é Cahora Bassa!
Há trevas enormes de dúvidas em torno disto tudo. Afinal quando é que a hidroeléctrica há-de ser nossa?! Porque, bem vistas as coisas, Cahora Bassa é MUITO VO$$A.
PS: Há uma nítida constatação de que Guebuza não disse toda a verdade, quando há anos disse que “Cahora Bassa é nossa”. Houve uma colossal dose de populismo, somada à repugnante mentira e uma postura irresponsável em relação à ética e à moral dele, como Chefe de Estado, e do povo moçambicano, como aquele a quem ele deve satisfações.
Ao se ter dirigido aos moçambicanos com tamanha obscenidade, nos termos largamente difundidos em que usou e antes de o processo de reversão se consumar completamente, Guebuza revelou estar à frente dos bois e parece ter dado um sinal inequívoco de que podemos estar a ser governados de modo improvisado e pernicioso.
Esse “modelo” de governação é extremamente grave para o nosso destino como povo, se se deixar institucionalizar.
Editorial, A Verdade
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