De um total de nove detidos desde quinta-feira pelas autoridades moçambicanas, esta é a segunda pessoa próxima do antigo chefe de Estado a ver decretada a prisão preventiva, depois de Inês Moiane, que foi secretária pessoal do antigo chefe de Estado.
Ndambi entende que a sua detenção tem motivações políticas, num ano eleitoral em que a Frelimo tem que apresentar resultados, refere a imprensa moçambicana, que cita o seu advogado, Alexandre Chivale.
"Se o objectivo é sacrificar a família Guebuza por causa das eleições, que eu [Ndambi Guebuza] seja o último da família a ser sacrificado", disse Chivale, citando as palavras do seu cliente durante o interrogatório.
Moçambique tem eleições gerais marcadas para 15 de Outubro.
Entre os nove detidos até hoje, apenas a Elias Moaine, sobrinho da secretária pessoal do antigo chefe de Estado, foi concedida a liberdade, mediante uma caução de um milhão de meticais (cerca de 14 mil euros).
Estão em prisão preventiva António do Rosário, administrador-delegado das três empresas públicas no centro do escândalo (Ematum, Proindicus e MAM); Gregório Leão, ex-director do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), a "secreta" moçambicana; Bruno Tandade, operativo daquele serviço de informações; Inês Moiane, secretária pessoal de Armando Guebuza - Presidente da República quando o Estado avalizou secretamente os empréstimos -, e Teófilo Nhangumele, alegado promotor junto de Moçambique da ideia de criar as empresas e contratar o financiamento.
Além destes cinco, detidos na quinta-feira, estão também em prisão preventiva Sérgio Namburete e Sidónio Sitoe, presos na sexta-feira no âmbito da investigação moçambicana aos empréstimos contraídos secretamente entre 2013 e 2014, durante o mandato presidencial de Guebuza, no valor de 2,2 mil milhões de dólares.
Estas são as primeiras detenções feitas pela justiça moçambicana após três anos e meio de investigação e aconteceram depois de a justiça norte-americana ter mandando prender Manuel Chang, antigo ministro das Finanças de Moçambique, detido a 29 de Dezembro quando viajava na África do Sul, onde aguarda por extradição - também disputada por Moçambique.
A acusação norte-americana contém correspondência e documentos que a levam a concluir que três empresas públicas moçambicanas de pesca e segurança marítima terão servido para um esquema de corrupção e branqueamento de capitais com vista ao enriquecimento de vários suspeitos, passando por contas bancárias dos EUA.
Fontes ligadas ao processo em Moçambique admitem que novas detenções aconteçam nos próximos dias, dentro da lista de 18 arguidos revelada pela justiça moçambicana em Janeiro, ao mesmo tempo que decorre a apreensão de vários bens.