Saturday 30 April 2011

PARTIDOS DE OPOSIÇÃO OU UM EUFEMISMO DE POSIÇÃO POLÍTICA?

“Bloco construtivo” ou antes “bloco divisionista”?

Ao serviço de quem?

Claramente que os partidos políticos extra-parlamentares que se congregam no chamado "bloco da oposição construtiva" não estão fazendo o jogo democrático pois na sua acção deixam transparecer a forte ideia de alinhamento puro e simples com o que governo preconiza e acaba realizando. Não que oposição e posição se definam pura e unicamente em jogo de obstrução dos planos e acções recíprocos. Acusar o "bloco da oposição construtiva* de seguidismo e alinhamento é substanciado pelo seu discurso e práticas. Escancaradamente e de maneira insidiosa cada vez mais se conclui que o "bloco da oposição construtiva" é um cavalo plantado para atrapalhar o jogo democrático e favorecer os posicionamentos do partido no poder. Não é por acaso que um dos seus integrantes foi nomeado membro do Conselho de Administração dos TFM de Maputo. Os factos revelam que alguns dos partidos integrantes daquele bloco representam autênticas extensões das organizações de massas do partido no poder na medida que sua acção objectiva se resume a elogiar o governo do dia sem nunca aparecer com sugestões críticas fundamentadas quanto a resolução dos grandes problemas nacionais. Falam de tudo mas infelizmente jamais aparecem a tratar dos dossiers com algum significado e influência para o país. São como tambores furados que repetem os elogios dos deputados parlamentares do partido no poder no Parlamento.
Os moçambicanos não podem continuar a sofrer só porque algumas "individualidades" acham por bem fazer política de "encher barrigas". Ê vergonhoso que os partidos de dito "bloco construtivo" não se pronunciem sobre as sonecas dos "ilustres" no Parlamento e que volta e meia venham a público dizer que tudo está bem e sendo bem conduzido. Quem não tem vergonha nem senso de alinhar com mentiras camufladas de verdades está prestando um mau serviço ao país.
Aceitar a troco não sei de quê calar-se e apolar uma política que está corroendo o país é uma atitude censurável e de denunciar.
Para que a democracia tenha a oportunidade de vingar em Moçambique é preciso que os políticos se situem e passem a comportar-se como tal. Ê tempo de dizer basta a todo o esquema de fabrico de partidos ditos da oposição quando afinal são criações artificiais para subverter o jogo democrático genuíno.
Mas só uma sociedade civil activa e dinâmica é que pode através de seu posicionamento firme e informado bater-se democraticamente contra esta proliferação de partidinhos sem espinha nem estrutura. Minam os esforços de democratizar o país quando se consomem recursos públicos alimentando factores de clivagem e erosão politica.
As contas que os mentores de algo como os blocos de oposição construtiva fazem são os resultados eleitorais. Todo e qualquer voto contra qualquer opositor sério e credível é voto ganho. Se isso custa alimentar o ego de um "mendigo político1' que se pague pois até é relativamente barato aliciar e comprar o voto de esfomeados. Quantos vira-casacas não aparecem sempre que é tempo de eleições? Quantos são apresentados em público como grande conquista dos serviços de mobilização de partido A ou B?
Agora que surge o partido no poder procurando montar um esquema para perpetuar uma figura no poder numa manobra semelhante a que Vladimir Putin fez na Rússia não se ouve nenhum membro do Bloco da Oposição Construtiva falando. Quando a SPI ganha concursos públicos como a da terceira operadora de telefonia móvel mesmo apresentando a pior proposta todos os “construtivos” estão no silêncio. Afinal o que realmente querem construir?
O silêncio cúmplice e o jogo da "vista grossa” têm arruinado economias e países. A demagogia contagiante e criminosa tem acelerado e feito crescer o contingente dos pobres em Moçambique ao mesmo tempo que uma ínfima se apossa do país e se serve de seus recursos como se tratasse de sua propriedade privada.
Joga-se uma cartada extremamente importante nos momentos actuais em Moçambique onde todos são chamados a fazer tudo o que esteja ao seu alcance para reverter a tendência de monopolização da acção política nacional. Quem hoje fala em nome de Estado nunca diz que este se confunde com partido Frelimo e tudo o que o governo faz está em perfeita sintonia com as orientações da Comissão Política das Frelimo e não com as tais leis que dizem existir.
As trapalhadas e golpes a lei que se cometem em órgãos como a PGR só podem acontecer quando a administração da justiça está condicionada e fortemente influenciada por agendas políticas.
Aos poucos os condutores ou protagonistas políticos que governam o país estão empurrando o país para uma situação que vivemos antes, de
guerra civil aberta. Aqueles que dizem que a Renamo não razão ou que está equivocada esquecem-se muito rapidamente do passado recente. O diziam na altura sobre os "bandidos armados"? Que os eliminariam numa semana? Que eram fantoches e agentes do imperialismo e dos racistas? Que não tinham dignidade e não tinham apoio popular? Amanhã o que dirão quando a sua teimosia resultar na deflagração de novo conflito? E os nossos "construtivos” que dizem ou o se lhes oferece dizer?

Noé Nhantumbo, DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 27.04.2011, citado no Moçambique para todos

Friday 29 April 2011

EDITORIAL: Assim se vai cavando o fosso

As disparidades entre o discurso oficial e a prática nunca foram tão acentuadas como nos últimos tempos. Se por um lado o chefe de Estado, nas suas presidências abertas, fala constantemente ao povo na necessidade de se trabalhar arduamente para se sair do buraco que é a pobreza absoluta, na necessidade de se poupar, na necessidade de se cortar com os subsídios porque o país não pode criar dependentes sine die, já outras figuras deste mesmo Estado optam por uma conduta de ostentação que fere a dignidade do povo, principalmente se esse povo pertence a um dos países mais pobres do mundo, como é o nosso caso.
É certo que as desigualdades socioeconómicas chocam em qualquer parte do mundo. Mas ver um Porche, último modelo, cruzar as ruas de Tóquio, de Nova Iorque ou de Amesterdão, choca muito menos do que ver o mesmo automóvel em Maputo, Luanda ou Malabo. A nossa sensibilidade, por tudo o que nos rodeia, tem, inevitavelmente, de ser diferente. Porque no primeiro conjunto de cidades que referi ninguém vive com um dólar por dia como vivem milhões nas outras três. E este é o grande argumento para a não ostentação num país como Moçambique.
Conheço uma estrangeira que quando vai à padaria compra sempre o dobro dos pães de que necessita porque no caminho não consegue dizer não quando crianças e mulheres lhe imploram, apontando para o estômago, um pedaço de pão, porque desde que acordaram ainda não meteram nada na boca. “Durante muito tempo cheguei a casa com metade dos pães de que precisava. Depois comecei a comprar o dobro”, confessoume ela com um sorriso misto de resignação e satisfação.
E o que sente este povo a quem os governantes pedem a toda a hora sacrifícios quando lê em grandes parangonas na imprensa que o antigo número dois do Estado, repito número dois do Estado, o agora deputado Eduardo Mulémbwè, recebeu da Assembleia da República, da casa do povo, do dinheiro do povo, um milhão e duzentos mil meticais para, imaginem, mobilar a sua casa pessoal? Tudo feito à revelia da lei porque não cabe à AR mobilar as casas pessoais dos presidentes cessantes.
No processo, ilícito diga-se, a verba foi aprovada por unanimidade na Comissão Permanente e pelo meio tivemos um Pilatos chamado Verónica Macamo, presidente daquele órgão de soberania e a segunda figura na hierarquia do Estado. Verónica que, pela elevada quantia em questão, preferiu passar a batata quente para a Comissão Permanente, de modo a evitar “envolver-se em problemas”, conforme revelou à imprensa.
Dada a unanimidade do voto, só posso inferir que a batata, para esses senhores da Comissão, estava bem fria. Mas qualquer dia poderá ficar mesmo em brasa e queimar muitas mãos quando o povo, aquele dos 2500 meticais ao qual foi dado esta semana umas migalhas com o aumento do salário mínimo, tomar consciência do nível de vida de uns e de outros. Nessa altura, sinceramente, não queria estar na pele dos que agora mandam.

Escrito por João Vaz de Almada, A Verdade

Estamos no fio da navalha!

Está cada vez mais claro que vivemos um momento extremamente difícil sem perspectivas de solução por mais voltas que se dê aos discursos.

A FRELIMO hoje está a revelar-se uma clara barreira a que Moçambique se desenvolva e a que os moçambicanos de uma forma geral possam beneficiar das riquezas do seu País. Um punhado apoderou-se do Estado, converteu a ideia de Estado servidor em Estado todo poderoso, dos privilégios, e julgando que nasceu iluminado pelos espíritos, anda por ai cantando e rindo sem se aperceber do risco que começa a correr.

(Editorial do Canalmoz / Canal de Moçambique). Continue lendo aqui!


Thursday 28 April 2011

PGR diz que falta lei para punir corruptos

Augusto Paulino foi lamentar-se à Assembleia da República

“Os fundos e bens do Estado estão entregues à sua sorte”

O Procurador-Geral da República, Augusto Paulino, foi à Assembleia da República lamentar-se. Compete-lhe ser o guardião da legalidade mas foi ao Parlamento lamentar-se em vez de anunciar factos. Foi lá dizer que “os fundos e bens do Estado estão entregues à sua sorte”, o que afinal é corrente saber-se e até se fala disso à boca cheia por todo o País.

MDM reage ao informe do PGR

Corruptos andam à solta
– considera José de Sousa, porta-voz da bancada

A bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) considera que o informe anual do estado geral da justiça que o Procurador-Geral da República (PGR) prestou ontem à Assembleia da República é um sinal inequívoco de que ainda não encontrou o caminho certo para a solução dos problemas dos corruptos e dos corruptores.

RENAMO reage ao informe de Augusto Paulino

PGR defraudou os moçambicanos
– diz porta-voz da bancada Arnaldo Chalaua

“Estamos numa época em que há tráfico de pessoas, imigração ilegal, em que os infractores são conhecidos. Mas o PGR não trouxe nomes destas pessoas. Não podemos falar das coisas aereamente. Temos que indicar as pessoas e os processos em causa. Isto é o que os moçambicanos querem ouvir”, Arnaldo Chalaua, porta-voz da bancada da Renamo
A bancada parlamentar da Renamo considera que o Procurador-Geral da República, Augusto Paulino, “vaiou os moçambicanos ao não trazer a verdadeira radiografia da situação da justiça em Moçambique”.

CANALMOZ, 28/04/11. Leia aqui.

Wednesday 27 April 2011

O pensamento de Arlindo Oliveira

Ora, quando se trata de um conflito político, sempre, tem sido hábito dos mentores e protagonistas do lado oposto ao conflito arranjar-se bodes expiatórios, procurar-se um culpado que não exista, embora um ditado popular dê conta de que a culpa nunca morreu solteiro.
O mundo não atingiu o seu estanque, as pessoas sempre têm novos horizontes, nova visão e outra forma renovada de entender como os governantes exercem o seu poder. Quem engana os outros não pode pensar que o fará, eternamente. Os dias nunca serão iguais, cada pessoa é um mundo diferente!

Arlindo Oliveira, no Notícias

Maputo ultima preparativos para a Feira do Livro: 27 expositores, lançamento de 14 livros e homenagem a Nordine e Malangatana


De 29 de Abril a 1 de Maio a capital moçambicana acolhe a segunda edição da Grande Feira do Livro de Maputo. Um certame que deverá contar com a presença de 27 expositores e ficará, ainda, marcado pelo lançamento de 14 livros.
De 29 de Abril a 1 de Maio o Jardim do Parque dos Continuadores, em Maputo, vai acolher a segunda edição da Grande Feira do Livro de Maputo. Trata-se de uma iniciativa conjunta do Conselho Municipal de Maputo e do grupo Culturando, movimento constituído pelos Centros Culturais e missões diplomáticas em Moçambique, e tem como principais objetivos comemorar o Dia Mundial do Livro, promover o gosto pela leitura e estimular e facilitar o acesso à aquisição de livros.
Da programação da segunda edição da Grande Feira do Livro de Maputo, destaca-se uma homenagem que vai ser prestada aos poetas Amin Nordine e Malangatana.
Estão confirmadas as presenças de 27 expositores no certame, bem como o lançamento de 14 livros. Além disso, espaço haverá para conversas e sessões de autógrafos com autores como Carlos Serra, Calane da Silva, Jafete Matsimbe, João Paulo Borges Coelho, Hipólito Sengulane, Lina Magaia, Marcelino Dingano, Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosa.
A II Grande Feira do Livro de Maputo vai contar, também, com a presença do escritor e investigador belga Guido Convents e do ilustrador da Guiné Equatorial Ramón Esono.

RM

Tuesday 26 April 2011

Estabilidade económica de Moçambique é falsa


Grande entrevista com o Professor Dr. João Mosca

“A nossa economia vive acima das suas capacidades”

“Doadores querem fazer propaganda com o falso sucesso de Moçambique”

“Os corruptos não investem esse dinheiro no sector produtivo.”

“O Estado não pode ser da Frelimo. A Frelimo não é o povo, o povo não é a Frelimo.”

“A produção em Moçambique era melhor nos anos da guerra.”

“11 ministros da agricultura em 32 anos revela instabilidade.”
“Só se lembram do povo quando há eleições”

“Não há nada que nos possa garantir que não haverá mais revoltas populares.”

“A elite não está interessada em sair da dependência, porque beneficia com isso”

“Recursos naturais beneficiam a minorias”

Governantes viajam na classe executiva, doadores viajam na classe económica.


(Entrevista conduzida por Borges Nhamirre, com Fotos de Sérgio Ribé)

CANALMOZ, 12/04/11. Leia aqui.

Monday 25 April 2011

AS BATALHAS POLÍTICAS DO PRESENTE EM MOÇAMBIQUE

Egos e elites atrapalhando os cenários…

Muitos dos políticos no activo e mesmo alguns que se dizem da reforma ou que lá deveriam estar manifestam-se preocupados com o rumo dos acontecimentos no país. Mas o que se pode constatar é uma tendência perigosa de recusa ou relutância em abordar abertamente tais assuntos ou acontecimentos. Existe uma indisfarçável postura de "avestruz”. Os problemas são negligenciados, sua importância ignorada e suas consequências constantemente desprezadas. Para o cúmulo de tudo alguns quadrantes de atrevem e arrogam o direito de mentir descaradamente e afirmar que o "Estado da Nação” é bom.

Se tal estado da nação fosse de facto bom não andariam estas pessoas preocupadas com a possibilidade de eclosão de manifestações em reivindicação da solução de problemas que milhares de pessoas sentem na carne todos os dias. As marchas de solidariedade e paz organizadas apressadamente, as proclamações do PR nos comícios de sua presidência aberta, tudo mostra que afinal a "mentira tem pernas curtas”. Não se pode entender de que solidariedade está falando certa gente quando todos os dias milhares de mendigos, idosos, deficientes visuais e de outra índole percorrem as ruas das cidades e vilas moçambicanas a busca de sustento ou de migalhas para subsistir mais um dia. Se um governo não consegue estabelecer um sistema de segurança social capaz de satisfazer as necessidades actuais dos cidadãos que deveriam ser assistidos por tal sistema está efectivamente falhando nas suas obrigações.

Quando milhares de crianças estudam debato de árvores e sem carteiras não se pode falar de sucesso. Quando os medicamentos estão fora de prazo e os hospitais com rotura de stocks de modo cíclico as coisas não estão bem. Se a policia viola constantemente os direitos humanos impunemente não se pode falar de estado de direito funcional. Se na agricultura e outras actividades económicas o cenário é crise e escassez crónica de produção nacional alguma coisa está falhando. Se nas indústrias extractivas se entrega de bandeja os recursos nacionais as corporações internacionais em nome de supostos Incentivos ao Investimento estrangeiro elimina-se uma fonte de recursos para financiamento do Orçamento Geral do Estado e aprofunda-se a dependência para com os parceiros internacionais.

Foi a inobservância dos preceitos básicos da boa-governação, a apetência para o lucro fácil e ilícito, a promoção da imunidade como forma de actuação na área judicial, o nepotismo, o sistema das cunhas e dos favores políticos, as nomeações fundamentadas em confiança política desnaturada que criaram as condições para o empobrecimento generalizado dos moçambicanos. Que não se continue a mentir atirando as culpas de tudo à guerra civil. Uma cultura de elogio tácito e cúmplice a tudo o que as lideranças afirmam aliena os cidadãos e envenena mentes de uma juventude que aparece inactiva e pobre de ideias. Há urna coerção efectiva de ideias e do debate político com vista a assegurar a manutenção do status quo.

Grande parte do tempo disponível no Parlamento é utilizado como plataforma de elogios a lideranças políticas e para recriminação dos opositores. Os deputados repetidamente nãos e cansam de vir a público e apresentar visões distorcidas da realidade moçambicana. Preferem discursar e elogiar suas chefias do que estudar e apresentar soluções para os problemas vividos pelos moçambicanos.
É este ambiente turvo e estagnado que corrói o país e mina activamente as suas possibilidades de desenvolvimento. Quem ignora os factos ou faz de conta que eles não existem acaba por pagar uma factura pesada.

Convenientemente observa-se um movimento na direcção da deturpação da história e seu açambarcamento por um grupo restrito de pessoas. Só o que elas alegadamente fizeram é que tem importância. Mais ninguém fez coisa alguma em Moçambique senão eles. E quando assim agem os políticos isso só constitui matéria-prima para o fabrico de conflitos que desabam em crises multiformes. É preciso que se lance uma mensagem permanente de alerta aos políticos para que não ignorem os sinais dos tempos e que comecem a pensar com a cabeça e não com as suas "panças”. Moçambique tem o seu ritmo próprio de desenvolvimento e as dinâmicas específicas como qualquer outro país. O que se está advogando como sendo como causas da pobreza abjecta em que subsistem os moçambicanos e enganador é uma autêntica diversão para se evitar abordar os problemas reais.

“Pó que não varre não desaparece” diz a sabedoria popular.

Ilusionismo politico foi tentado em outros países e mesmo entre nós durante muitos anos pretendia-se proclamar a existência de desenvolvimento através resoluções administrativas e politicas.
Ingenuamente alguns pretendiam que erradicar o tribalismo ou o racismo ou ainda a prostituição era uma questão de organizar um comício e dizer "Abaixo isto ou aquilo”. Os níveis de prostituição nunca foram tão altos como nos dias de hoje em Moçambique. A existência de tribalismo ultrapassa os discursos sobre a "Unidade Nacional”. É preciso liderança política cada vez mais clarividente e comprometida com os interesses nacionais e dos moçambicanos. Esta liderança tem de ser algo visível e comprovada através de acções e posicionamentos no campo real. Os mercenários e caçadores de vantagens tem de ver a sua actuação coarctada para bem da materialização dos anseios e aspirações legitimas dos moçambicanos.

Noé Nhantumbo, DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 22.04.2011, citado no Moçambique para todos

O 25 de Abril em Portugal

Sunday 24 April 2011

Cartoon pascal de Zapiro


Coisas que acreditavas quando eras jovem e ingénuo:
(Coelhinhos com ovos e as promessas do ANC)

Mail & Guardian

Páscoa tardia é culpa da Lua


Este ano vivemos uma Páscoa invulgarmente tardia porque houve uma Lua cheia antes do equinócio da Primavera. Ora o que têm a ver o equinócio, a Lua e a Páscoa?
Em primeiro lugar, o equinócio da Primavera é o dia em que a Terra, na sua movimentação de 365 dias à volta do Sol, se alinha com ele de uma forma que o dia tem as mesmas horas de luz e de escuridão.
Esse movimento altera a inclinação dos raios solares em relação à Terra e as novas estações do ano começam, Primavera no hemisfério Norte e Outono no hemisfério Sul.
Ora, a Páscoa, que marca a ressurreição de Cristo e que é festejada na maior parte do mundo como um feriado católico, foi marcada em função da astronomia.
Quando em 325 d.C. um grupo de bispos cristãos de todo o mundo se juntou para definir os cânones e dogmas fundadores da Igreja Católica, ficou decidido que a ressurreição de Jesus Cristo deveria festejar-se no primeiro domingo depois da Lua Cheia que sobe no céu a seguir ao equinócio da Primavera.
Este ano, houve uma Lua Cheia a 19 de Março, ou seja, imediatamente antes do equinócio de dia 20 desse mês. Assim, a celebração da Páscoa atrasou-se até à Lua Cheia seguinte, que só chegou no início desta semana, a 16 de Abril.

por Catarina Costa e Palma, Sol

U2online@sol.pt

Saturday 23 April 2011

Moçambique vence a Tanzania na inauguração do novo Estádio


Num encontro de futebol terminado há momentos, integrado nos festejos da inauguração do Estádio Nacional do Zimpeto, arredores de Maputo, Moçambique derrotou a Tanzania por 2-0.
O jogador Jerry pasa à História como o primeiro marcador no novo Estádio.

Foto: A Verdade

Protestos na Síria


Uma organização de Direitos Humanos afirmou que dois dias de protestos na Síria já causaram 120 mortos.
A Organização Nacional para os Direitos Humanos divulgou que 112 pessoas foram mortas na Sexta e pelo menos 8 hoje, Sábado. Mais de 300 pessoas foram mortas durante as cinco semanas de protestos.




Confira aqui!




ADENDA: Entretanto, o Presidente do Iémen, Ali Abdullah Saleh, após semanas de protestos, concordou em abandonar o Poder dentro de 30 dias.




Leia aqui e aqui!

Vaidade política que deu em falso

Ninguém sabe porque motivos, mas a verdade manda dizer que os governantes africanos são mesmo casmurros. Não se convencem de que os tempos são outros, que estes mudaram. Quando a população dá por findo um determinado regime, aliás, quando os cidadãos desse país querem pôr ponto final a vida de alguém, tudo fazem para que isso seja possível.
O que me parece incrível e inacreditável é que esses líderes que caiem na esparrela que eles próprios armam, não entendem que a sua dinastia chegou ao seu termo, chegou ao fim, que é preciso adoptar outro sistema para garantir a sobrevivência. Aqui, vejo-me obrigado, mais uma vez, a ter que repetir tantas vezes que o poder político para os africanos tem um sabor especial.
Por aquilo que se nos deixa entender, é que os líderes políticos africanos quando ascendem ao poder, nunca se assoaram a um guardanapo, ou seja, nunca aprenderam nenhuma lição. Ninguém quer ceder, assim, de bandeja, o poder,...

Penso que os dirigentes políticos africanos deviam ter lições já bem estudadas. Muita coisa surge pelo mundo fora, que poderia servir de exemplo para nós os africanos, contudo, nada. A gente deposita plena confiança no nosso povo, esquecendo de que este povo, quando se rebela, muda tudo para o avesso.
Quem diria que a Tunísia faria a reviravolta que protagonizou? Quem diria que os egípcios haviam de mandar passear o seu líder daquele jeito? É preciso que os líderes políticos africanos entendam que as pessoas não têm uma paciência elástica, que tudo tem os seus limites".

Arlindo Lopes, no Notícias. Confira aqui.

Friday 22 April 2011

Cristãos celebram hoje Sexta-feira Santa


Milhões de cristãos espalhados um pouco por todo o mundo recordam, esta sexta-feira, a morte de Jesus Cristo, data que convencionalmente é conhecida como “sexta-feira Santa”. Na verdade, trata-se de um dia em que os cristãos lembram o julgamento, paixão, crucificação, morte e sepultura de Jesus Cristo.
Esta data, de acordo com a Bíblia Sagrada, terá sido instituída após a morte de Cristo, o messias salvador. Não se sabe ao certo a verdadeira data, mas algumas escrituras indicam que o messias teria sido morto no ano 33.

O País



--------------------------


DESEJO A TODOS UMA PÁSCOA FELIZ!


José

“Polvos” e “Lulas” mesmo com tentáculos não possuem músculo com absoluta eficácia

“Pseudo-marchas” de inspiração duvidosa adiam mas não eliminam manifestações…

Hoje o país encontra-se numa encruzilhada e quem deveria oferecer liderança e visão estratégica encontra-se mergulhado numa teia político-empresarial que já não lhe resta tempo para pensar nem trabalhar no sentido de cumprir com as promessas eleitorais. Verifica-se uma desorientação geral.

É evidente o esforço titânico que certos quadrantes político-governamentais estão fazendo para ‘lavar’ a imagem do regime e do governo. O exercício permanente de relações públicas e seus tentáculos na comunicação social tem as baterias apontadas para esse mesmo objectivo.


Noé Nhantumbo no Canalmoz. Continue lendo aqui.

Moçambique: Renamo e Frelimo de candeias às avessas

Está instalada uma verdadeira guerra de nervos entre a Frelimo e a Renamo em Moçambique depois do colapso do diálogo entre os dois principais partidos políticos.

Está instalada uma verdadeira guerra de nervos entre a Frelimo e a Renamo em Moçambique depois do colapso do diálogo entre os dois principais partidos políticos.
O diálogo fora solicitado pela Renamo para discutir assuntos relacionados com a despartidarização das instituições do Estado, incluindo a Polícia e as Forças Armadas. Mas depois de algumas rondas, a delegação da Renamo achou que a sua contraparte estava a brincar e decidiu romper com a conversa e anunciar manifestações contra a alegada arrogância da Frelimo. O facto foi anunciado por Meque Braz, porta-voz da equipa da Renamo.
Meque Braz disse que “a Renamo tem armas, mas vai realizar manifestações pacíficas”. Segundo Meque se a Frelimo usar a Polícia de Intervenção Rápida ou de Choque vai ter resposta à medida do seu peso.
Para a Frelimo, a atitude da Renamo é absurda. O partido no poder considera que foi apanhado de surpresa pela decisão de abandonar o diálogo. Mas segundo Edson Macuacua, porta-voz da Frelimo, as portas para o diálogo ainda estão abertas.
“Estamos surpreendidos por este anúncio. A Frelimo é um partido sempre aberto ao diálogo, porque acredita que a alternativa ao diálogo é o próprio diálogo e a alternativa à paz é a paz” – disse Edson Macuácua, Secretário do Comité Central da Frelimo para Mobilização e Propaganda.
A Frelimo explica que a Renamo pode abrir células do partido nas instituições do Estado, porque a lei não a impede.
Entretanto, o jornal “Zambeze” reporta na sua edição desta semana que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, dá prazo até 30 de Maio próximo para se resolver tudo o que o maior partido da oposição exige.
Segundo o jornal, Afonso Dhlakama promete uso da força para fazer valer as posições do seu partido.
Os religiosos multiplicam apelos à paz e ao diálogo.

Simião Pongoane, Voz da América

Thursday 21 April 2011

Prostituição política, golpe dos “serviços de inteligência” ou continuação de um percurso?

Crescimento envolve crise, demissões e admissões…

Movimento Democrático de Moçambique experimenta sua primeira grande crise?

Terão razão os que dizem que a formação do MDM foi um momento ímpar na história política de Moçambique recente. Uma conjugação de factos propiciou o surgimento de um partido para onde confluíram muitas pessoas provenientes de outros partidos como a Renamo e a Frelimo.

Se os dissidentes da Renamo depressa tomaram precedência e se catapultaram para posições de relevo no MDM isso afigura-se como normal considerando a própria origem do MDM. Foi a recusa de uma ordem da liderança da Renamo para que Daviz Simango abandonasse a corrida eleitoral para o Município da Beira que provocou uma rebelião na Beira que acabou por criar condições para formação do MDM. Rapidamente se congregaram vontades e posições que levaram a constituir em tempo recorde uma plataforma eleitoral independente. Daqui para o surgimento de um partido foram poucos passos necessários.

Também rapidamente este novo partido se organizou e estendeu a sua existência para todo o território nacional. Uma acção política desta natureza tem suas consequências e nada é rectilíneo.

Se alguém algum dia pensou que seria tudo um mar de rosas depressa os factos se encarregaram de demonstrar o contrário.

Dos saídos da Renamo alguns já tinham um passado de discordância com o presidente daquela formação política e a sua aderência ao MDM era de esperar.

Muitos dos que eram membros da Frelimo mesmo sem dar ma cara, acabaram votando pelo MDM nas eleições passadas se tomarmos como base o que se diz nos bastidores. Não foi a famosa disciplina partidária que conseguiu acorrentar “camaradas”.

A anunciada demissão de Ismael Mussa do cargo de secretário-geral do MDM é um fenómeno político normal que pode ter consequências graves ou ligeiras segundo a forma como vier a ser gerida pela liderança do MDM. Quais são as razões reais que levaram Mussa a demitir-se?

Qual foi a razão que o levou a integrar-se no MDM? Porque saiu da Frelimo para a Renamo?

Dos seus pronunciamentos à imprensa a propósito da sua demissão de SG do MDM pode-se compreender que alguma animosidade existe nas hostes daquele partido sobretudo no que se refere a gestão de dossiers administrativo-financeiros.

Aventam-se hipóteses de que alguns segmentos do partido não estão satisfeitos com nomeações para cargos no seio do partido e existe oposição aberta a uma suposta ala intelectual no MDM. É difícil saber com objectividade o que na realidade está acontecendo.

Mas seria demasiada inocência da nossa parte se ignorássemos que em Moçambique muitos intelectuais pensam com a “barriga” e que está comprovado por factos que eles são bastante susceptíveis a acções coordenadas de aliciamento político protagonizadas pelos serviços de inteligência de diferentes quadrantes.

Quem não se lembra de líderes de partidos da oposição participarem em congressos do partido no poder e contribuírem monetariamente para a sua realização?

Quem não se recorda de que um líder da oposição até chegou a dançar na sede do Comité Central da Frelimo por ocasião da “retumbante” vitória nas eleições passadas?

Olhar para a decisão de Mussa correr e informar aos mídias que estava demissionário é um exercício complicado sobretudo porque carecemos de elementos para fundamentar qualquer coisa que possamos dizer.

Quando alguém aventava a hipótese de que o MDM estava e está fortemente infiltrado por agentes de subversão provenientes da Frelimo e da Renamo pode estar a fazer uma simples constatação de algo que não sofre ou que dificilmente pode sofrer qualquer contestação.

O jogo da manipulação e do engodo, ludibriar e subverter não é novo entre nós. Há já muito tempo que se recorre ao golpe baixo e ao aliciamento de membros de outras formações políticas através de promessas de moageiras, veículos, dinheiro vivo e outros. Muitos cargos de chefia são obtidos ou assegurados através de alinhamentos e filiação em partido político. A permanência em cargos públicos ou o simples exercício de uma profissão no Aparelho de Estado é frequentemente condicionado a aceitação de membro do “partido”. Esta é a realidade que afecta todos os segmentos políticos e de políticos do país.

Resistir a avalanche de “ofertas” envenenadas constitui um acto de coragem e coerência política.

A maioria dos sujeitos ao aliciamento não resiste. Sucumbem aos bens matériais envolvidos e acabam criando crises nos partidos de proveniência. Isto constitui material muito apreciável em períodos eleitorais e é utilizado em toda a sua plenitude pela comunicação social afecta ao regime do dia.

É preciso perceber que nada acontece por acaso nos meandros políticos embora alguns dos factos ou ocorrência possam dever-se à compreensão dos fenómenos por parte dos protagonistas. Podem influir para que algo aconteça sem ter a ideia da dimensão ou consequência plena de seus actos.

Julgo que terá havido falta de diálogo estratégico entre as partes envolvidas na gestão da crise no MDM despoletada pelo pedido de demissão de seu secretário-geral Ismael Mussa.

Não é de bom-tom nem é saudável que um partido em construção e consolidação sofra uma crise desta dimensão. Não se deve sobrestimar os efeitos de um pedido de demissão qualquer que seja mas também não se deve entrar pela via da facilitação ou subestimação.

Enquanto não houver crescimento do entendimento político, desenvolvimento de uma plataforma ideológica e filosófica que una os membros de diferentes partidospolíticos o país continuará sujeito ao improviso, aos golpes de “agentes de inteligência”, ao mercantilismo político e à corrosão que a pobreza exerce na vida dos partidos políticos que não possuem membros que paguem quotas.

Os mercenários que abundam na praça política são agentes disponíveis para prestar serviços a quem pague mais. A percepção dos problemas políticos do país e o seu tratamento apropriado muitas vezes supera a capacidade de nossos políticos escolherem entre o mais importante para seus partidos e para o país.

Desinteligências aparentemente graves não poucas vezes resultam da maneira como os políticos organizam a gestão dos assuntos financeiros de seus partidos. Não tem sido a questão da ideologia que afasta uns a atrai outros.

Se alguma tinta vai correr na comunicação social moçambicana sobre a demissão de Ismael Mussa isso virá de quadrantes que sempre se posicionaram contra o seu surgimento e afirmação na arena política moçambicana.

Dirão uns que a crise se instalou e outros se regozijarão com a crise. Mas saber realmente que a crise se instalou ou que de facto se trata de algo merecedor dessa denominação só os tempos mais próximos é que dirão.

Os votos dos moçambicanos e a maioria dos moçambicanos está longe de ser intelectual e a importância da intelectualidade nacional embora seja de tomar em conta pouco significado tem nas contas eleitorais finais.

É de acreditar que ao invés de cerrarem fileiras e lutarem pela realização de um projecto político viável alguns moçambicanos com presença nos espaços políticos dos partidos da oposição optem por jogadas fratricidas e nesse sentido qualquer demissão de membros tem consequências negativas. Tem sido a fragmentação da oposição e a ausência de um sentimento e estratégias que transcendam os meros objectivos imediatos de poder deste ou daquele líder que tem condenado a oposição e levado a derrotas eleitorais justas ou engendradas nos meandros do sistema de administração eleitoral do país.

Muitas das manifestações dos políticos que se dizem da oposição são por vezes orientadas por interesses e agendas que pouco tem a ver com os reais interesses dos cidadãos e nesse sentido há que dizer que os acontecimentos recentes são parte de um processo permanente de depuração de fileiras.

De certos quadrantes políticos moçambicanos vamos ouvir que o MDM não tem pernas para andar e que a sua decomposição está para breve. Esse seria o desejo dos que negam a alternância democrática no poder. Julgo que os tempos dirão quem afinal tinha razão no seio do MDM.

Desde a sua filiação que Ismael Mussa se terá dado conta como eram as coisas e como era feita a administração e gestão dos assuntos de seu partido. Terá esgotado os mecanismos internos para enfrentar e colocar os seus pontos de vista em relação aos assuntos que constituíam motivo de divergência? Ou terá esperado pela ocasião oportuna para se manifestar publicamente e desta forma pressionar os órgãos do partido a alterarem práticas e procedimentos? Ou será algo muito mais profundo e que faz parte de uma estratégia de longo prazo definida em algum centro de estudos estratégicos de natureza desconhecida?

É preciso analisar, estudar, interpretar e extrair conclusões sobre os factos que ocorrem na arena política. Uma das maneiras de olhar para a questão é perguntar “a quem no fim serve a demissão de Mussa?” Quem perde com ela?..

Noé Nhantumbo, Canal de Moçambique – 20.04.2011

Violência não resolve problema do custo de vida: Guebuza

As autoridades moçambicanas estão a adoptar medidas e a introduzir na praxis do Governo alterações que pela sua natureza e intensidade são interpretadas em meios locais habilitados como destinando-se a descomprimir o clima interno e, adicionalmente, a prevenir a eclosão de manifestações sociais de protesto.

A saber:

– Medidas de alcance económico-social visando mitigar a pobreza.

– Anúncio de abertura de conversações com a RENAMO.

– Reorientação da linha do discurso oficial, agora mais complacente.

O cenário da ocorrência de manifestações de protesto, que as autoridades não subestimam, é baseado em factores como a “existência de precedentes” (os protestos de 2008 e 2010, provavelmente os primeiros registados em toda a África) e a acuidade que o fenómeno adquiriu por reflexo de um “ambiente externo mais propício”.

A mudança de linguagem (forma e conteúdo) é notória nos governantes em geral, mas em especial no Presidente da República, Armando Emílio Guebuza. No uso que agora faz da palavra, independentemente de ser em comícios (presidências abertas) ou declarações de circunstância, são flagrantes mudanças como as seguintes:

– Abandono do emprego de termos severos, como “preguiçosos” “ou “pobres de espírito”, antes usados para recriminar comportamentos individuais ou colectivos da população; substituição dos mesmos por antónimos de exaltação, tais como “povo laborioso” ou “povo rico em pensamentos”.

– Exortações à “não violência”, secundadas por chamadas de atenção tais como “a violência não resolve os problemas do povo”; identificação enfática do povo moçambicano como pacífico; advertências construtivas, como a de que a luta contra a pobreza requer paciência; “a riqueza não se alcança de um dia para o outro”.

A Rádio Moçambique lançou recentemente uma campanha em que participam figuras destacadas da sociedade, incluindo religiosos; as mensagens respectivas consubstanciam apelos à não violência, “porque a violência gera a violência e provoca destruições e mortes”.

Na própria política externa, nomeadamente na sua componente africana, também foram assinaladas atitudes consideradas “sintomáticas”: maior distanciamento em relação ao regime de Robert Mugabe; não acolhimento de sugestões de Angola, fins de 2010, para um apoio à posição de Laurent Gbagbo na crise na Costa do Marfim.

As medidas do Governo apresentadas como destinando- se a mitigar a pobreza aparentam, pela sua incoerência, ter sido delineadas sob pressão política da necessidade de anunciar algo susceptível de iludir descontentamentos; menos de os atenuar ou resolver. Contradições consideradas reveladoras:

– O limite de 2000,00 Mt de vencimento mensal fixado para atribuição da cesta básica foi logo a seguir elevado para 2500,00 Mt.

– A intenção de pôr termo aos subsídios aos transportadores para passar a contemplar os transportados, incluindo a criação do sistema de “passes”, terá efeitos supostamente ilusórios; o sector é dominado pelos privados (chapistas), pouco sensíveis à ideia da criação dos “passes” (buscam lucros e julgam que não lhes compete fazer esforço filantrópico ou social).

– É aleatória a estimativa de 1,8 milhão de pobres em todo o território, beneficiários nominais das medidas de apoio. Entre as reservas à eficácia das medidas avulta a de que as mesmas, em princípio, beneficiarão indivíduos integrados no sector formal da economia, que têm um emprego, pelo qual são remunerados.

A maioria da população, em especial a camada em que a pobreza incide, vive da economia clandestina e/ou não tem ocupação. As anteriores vagas de agitação social foram em larga escala desencadeadas e animadas por desempregados, aos quais se juntaram, em minoria, empregados para tal mobilizados. A população desocupada, por pressão de noções como a de que nada tem a perder, é um foco potencial de agitação mais apetente que os empregados.

As negociações (oficialmente tidas como diálogo) FRELIMO/RENAMO, em teoria sobre aspectos da implementação do AGP, representaram uma iniciativa das autoridades; o fito inferido é o de acomodar melhor Afonso Dhlakama e algumas outras figuras dirigentes da RENAMO – o que se justificaria em razão de factores como os seguintes:

– Rarefazer o campo da oposição em nome do princípio da coesão nacional.

– Garantir aos dirigentes da RENAMO níveis de vida equivalentes aos actuais (ou a sua melhoria), independentemente do que for a evolução do quadro político-partidário.

O AGP apresenta na sua aplicação insuficiências que reverteram em prejuízo da RENAMO. P ex, na composição orgânica das forças de defesa e segurança de Moçambique, designadamente SISE e PRM, nunca chegou a ser estabelecido o regime de paridade; o efectivo oriundo das fileiras da RENAMO é muito menor que o previsto.

No passado, a RENAMO reclamou a correcção da anomalia, mas nunca foi ouvida, apesar de até certa altura dispor de força militar e política como elementos de pressão. Agora está debilitada e desorganizada. O regime receia, porém, aquilo que é considerado ser ainda o carisma de Dhlakama e de alguns dos seus antigos comandantes.

Também se prevê que a moderação a que as autoridades estão a sujeitar as suas políticas venha a ter efeitos no recém-lançado processo de revisão constitucional. A FRELIMO, que o promoveu, nunca anunciou os termos e limites do mesmo. A especulação de que o objectivo seria a introdução de um terceiro mandato presidencial parece, porém, ter perdido sentido. O cenário de um terceiro mandato seria agora mais contraditório que antes e por essa razão passível de se transformar num foco de tensões.

Por outro lado, argumenta- se que a FRELIMO, apesar de dispor de 2/3 dos votos necessários para aprovar a revisão, procurará que o resultado final seja consensual; não unilateral. O grupo parlamentar da RENAMO tem instruções da direcção do partido para se opor ao processo de revisão, numa atitude justificada pelo facto de não haver conhecimento do que se pretende rever. Não se prevê, porém, que tal posição se mantenha inalterada, em especial devido a particularidades especiais do momento.

A revisão constitucional, que deverá custar cerca de 20 milhões de Mt ficará a cargo de uma comissão parlamentar que prevê integrar (21 membros, sendo 16 da FRELIMO, 4 da RENAMO e 1 do MDM). A sua presidência foi confiada a Eduardo Mulémbwè e Manuel Tomé, dois dirigentes da FRELIMO e deputados da AR. O MDM, de Daviz Simango, votou contra a criação da comissão de revisão constitucional invocando argumentos como falta de clareza das intenções da FRELIMO e exorbitância dos custos de funcionamento da mesma. Acabou, porém, por nomear o representante que lhe foi atribuído, Eduardo Elias.

Escrito por Correio da Manhã/Africa Monitor Intelligence, citado em A Verdade

Renamo promete manifestações a 24 de Abril


O partido Renamo ameaça fazer uma manifestação pacífica a partir do dia 24 de Abril, como forma de demonstrar o seu desapontamento com a falta de consenso nas conversações em curso entre a Frelimo e a Renamo.
As alegadas manifestações deverão ter como epicentro a cidade da Beira e alastrarem-se para todo o país.
Esse posicionamento foi anunciado em conferência de imprensa na sede do partido Renamo, na cidade de Maputo.
Falando na ocasião, o porta-voz das negociações do lado da Renamo, Meque Brás, disse que a Frelimo nunca aceitou “ouvir” as queixas dos outros partidos, daí ser necessário que seja ensinada pela força.
Brás disse ainda que essa “revolta popular” vai ser legal, pois o partido vai seguir todos os trâmites legais. Todavia, quer estas manifestações sejam ou não autorizadas, o partido vai avançar na mesma.


O País

Tuesday 19 April 2011

“Já não partilhava dos mesmos princípios com o presidente Daviz Simango”


– afirma Ismael Mussa, justificando a sua demissão do cargo de secretário-geral do partido

Fontes seguras do partido disseram ao Canalmoz que na tarde de ontem João Colaço (Chefe do Departamento de Estudos e Projectos) também se demitiu.

Maputo (Canalmoz) – Ismael Mussa apresentou ontem a demissão formal do cargo de secretário-geral (SG) do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e justificou o abandono precoce do cargo alegando que a “crise que se instalou” tornou “as relações entre o SG e o presidente do partido, Daviz Simango”, difíceis. “Já não eram das melhores”. Segundo o próprio Ismael Mussa, ele já não se comunicava verbalmente com o presidente do partido.

A crise que se arrastava há já bastante tempo atingiu o clímax quando um grupo de membros do MDM, constituído por Ismael Mussa, o SG demissionário, Dionísio Quelhas, João Colaço, Abel Guita, Henriques Tembe e Marcelo Cardoso, escreveu uma carta alertando para um alegado ambiente infernal que se vivia dentro do partido.

Refere ainda Ismael Mussa que Daviz Simango recebeu a carta e preferiu reenviá-la aos restantes quadros para que emitissem o seu parecer em relação aos pontos levantados pelos subscritores. Entretanto, segundo a mesma fonte a carta foi parar à imprensa e a tensão interna passou a ser pública.

Na referida carta a que o Canalmoz teve acesso, aquele grupo de quadros mostrava-se preocupado, entre outros pontos, com alegada “gestão autocrática do partido por parte de Daviz Simango”, uma alegada “grande influência da família Simango e a marginalização da figura do SG”.

Só que Ismael Mussa não esperou pela resposta à carta por parte de Daviz Simango. Decidiu antes (e com a carta a ser abordada na imprensa) pedir renunciar ao cargo de SG, alegando ao que chamou de “falta de ambiente” para continuar como SG.

Ao Canalmoz, Mussa disse que vai abandonar o cargo porque “a dada altura verifiquei que os princípios e as estratégias que defendo são divergentes com o que o presidente defende para o bem do partido. As estratégias para o sucesso do partido que o presidente defende são diferentes das minhas”.

E para o bem do partido, segundo disse, decidiu colocar o cargo à disposição. “Nós como pessoas estamos de passagem e as instituições permanecem, e é neste espírito que penso que o presidente pode escolher outra pessoa melhor que eu, e que pode trazer sucessos ao partido”.

Sobre a carta, Mussa disse que é da opinião que o presidente tinha de reunir as pessoas que interessava ouvir no processo e “dar uma resposta à carta, e não espalhar a carta, o que possibilitou a perca de controlo em relação à mesma”.

Há questões que Mussa preferiu não falar como são os alegados casos da importação de viaturas que gozaram de isenções fiscais em nome do partido e do Plano Estratégico, mas que, segundo fontes identificadas, teriam beneficiado a um empresário nacional que se dedica à venda de viaturas na praça que, por sinal, é um ex-deputado do partido Frelimo.

Entretanto, ainda não começou a se falar do provável substituto de Ismael Mussa.

O desenvolvimento deste caso, com mais pessoas envolvidas, estará nas bancas na edição de amanhã do semanário Canal de Moçambique.

(Matias Guente, Canalmoz)

Sunday 17 April 2011

Salvar a pátria andando em contramão

O Governo continua a caçar áreas onde possa efectuar cortes no sentido de reduzir as despesas públicas em nome da austeridade. Esta semana, os membros da Comissão Permanente da Assembleia da República decidiram solidarizar-se com o Governo, dispensando a aquisição e importação de viaturas - Mercedes Benz - a que têm direito, por força do regimento da Assembleia da República. O valor orçamentado para o efeito passa a reforçar o orçamento do governo central.

Dizemos, há muito, que devíamos renunciar aos jogos africanos e usar esse dinheiro para outras despesas públicas. Quando sugerimos essas ideias, chamam-nos anti-patriotas. Hoje, somos chamados a salvar a pátria. Não me vai espantar que o Governo, sob sugestão e assessoria do bilderberg FMI, invente novos impostos para o cidadão, em nome de salvação de pátria. E, tal como dizia Henrique Monteiro, colunista do “Expresso”, um semanário português, “nós lá vamos salvar o Estado, pagando mais. Embora todos percebamos que salvar o Estado é acabar com o desperdício, o despesismo, a inutilidade que grassa no Estado. Numa palavra, cortar despesa e não – como mais uma vez é feito – aumentar as receitas à nossa custa”.

Enquanto somos chamados a salvar a pátria por via da austeridade, a inflação não nos perdoa e, consequentemente, o custo de vida agrava-se exponencialmente. Quando pedimos ao governo que tome medidas para nos salvar do sufoco a que estamos sujeitos, os nossos governantes respondem-nos com a retirada do único balão de oxigénio que nos permitia respirar em nome da contenção de despesas públicas. Quer dizer, o Governo está a fazer o contrário do que lhe pedimos.

Enquanto ao nível das nossas famílias aumentamos as medidas de austeridade, devido à inflação, os nossos governantes gastam o dinheiro que nos retiram através de impostos em presidências abertas anuais, nas quais os populares apresentam os mesmos problemas: conflitos de terra, exclusões do orçamento dos “sete milhões”, o chefe de quarteirão ou secretário de bairro que arrancou esposa de um mineiro, entre outros.

Quando referimos que as presidências abertas são inúteis e improdutivas, respondem-nos com discursos violentos de que somos apóstolos de desgraça; quando dizemos que os problemas que são apresentados ao Chefe do Estado devem ser apresentados aos chefe do posto administrativo ou de localidade, aos administrador distrital ou mesmo ao governador provincial, respondem-nos que “esses andam a pré-fabricar discursos que nem convencem a eles que os elaboraram”. Isto leva-nos a concluir que o Chefe do Estado não confia nos governadores provinciais que ele mesmo escolheu e nomeou. De igual modo, os governadores não confiam nos administradores que estão a eles subordinados. Uma cadeia de desconfianças.

Pede-nos que salvemos a pátria do afundanço, numa altura em que mais de 30% do minguante salário do moçambicano é consumido directa e indirectamente por uma pilha de impostos, tais como IVA, IRPC, IRPS, taxas de rádio e de lixo(...). Isto é, em tudo o que compramos, do salário e outros rendimentos, há sempre presente 17% de um senhor chamado IVA; no mesmo salário há sempre presente mais de 3% de um senhor chamado IRPS; em toda a quantidade de energia que o pobre cidadão adquire para o consumo há, também, sempre presentes os senhores IVA, Taxa de Lixo e Taxa de Rádio; Se vives num prédio, há um senhor que se dá pelo nome de IPA; se vai levantar o mesmo salário no banco, há sempre presentes os senhores taxas por cada levantamento; todos querem o mesmo salariozinho. Se tentas fazer biscates, há um senhor chamado IRPC à espera dos 20%, além dos restantes senhores predadores.

Nesta cadeia, o cidadão é a presa fácil. É espécie de uma ovelha no meio de hienas, leões, lobos, leopardos, abutres, entre outros predadores, todos famintos. Sacrificam o pobre cidadão para dar lufadas de ar fresco aos mega-projectos. Deixam de taxar os bancos que apresentam lucros fabulosos anualmente e taxam quem não consegue sobreviver com o salário, o que me levar a acreditar que este país não é para ser habitado por pobres, mas por ricos, com os seus mega-projectos isentos de impostos.

“Qualquer alusão à situação crítica das finanças públicas ou ao nível insuportável que a fiscalidade atingiu junto da imensa minoria que paga a imensa maioria dos impostos é vista como uma ofensa de lesa-majestade: aos ‘direitos adquiridos’, ao Estado social, à Constituição de Abril e aos ‘pais espirituais’ deste iminente colapso nacional”, dizia Miguel Sousa Tavares, outro colunista do “Expresso”.

O que me intriga é que o Governo sabe onde deve efectuar cortes, se quiser salvar a pátria. Com certeza que não é ao cidadão. Sabe que deve reduzir as despesas públicas, através de eliminação de alguns dos 28 ministérios, a curto e médio prazos; das centenas de direcções nacionais; dos 128 secretariados permanentes distritais; dos 11 secretariados provinciais; e banir as assembleias provinciais a médio prazo.

Sabe, igualmente, que deve travar o processo em curso da nova divisão administrativa, que irá culminar com o surgimento de mais de três dezenas de novos distritos, requerendo, para o efeito, a nomeação de um novo aparelho administrativo a nível desses distritos, desde administradores, directores, chefes de postos administrativos e de localidades, secretários permanentes ... e renegociar os mega-projectos, além de reduzir a ociosidade da mão-de obra na função pública.

Lazaro Mabunda, O Pais

Friday 15 April 2011

Afinal o “Guru” da diplomacia Moçambicana enganou-se quanto ao AGP?

Os factos falam por si… A deserção de um major da Renamo significa que esta possui um exército?

Beira (Canalmoz) - Um país normal só tem um exército e uma polícia. A noticia da deserção noticiada há dias de um comandante militar da Renamo em Maríngwe e sua apresentação ao governo indicia o que todos sabem há já muito tempo. Há dossiers relacionados com o Acordo Geral de Paz de Roma que não estão concluídos.

Noe Nhantumbo, no Canalmoz. Continue lendo aqui.

Thursday 14 April 2011

Haja medidas exemplares na FIR

A FORÇA de Intervenção Rápida (FIR) actuou de forma brutal e chocante, semana passada, contra os trabalhadores da empresa G4S em greve, na cidade do Maputo, facto que continua no topo das críticas da sociedade moçambicana. É que, na verdade, ninguém não ficou chocado, irritado e escandalizado com a tamanha barbaridade, com aquele uso excessivo da força por parte dos elementos da FIR, que segundo informações veiculadas pelos órgãos de comunicação social, um dos trabalhadores espancados perdeu a vida.

Mouzinho de Albuquerque

Maputo, Quinta-Feira, 14 de Abril de 2011:: Notícias

Continue lendo aqui.

Município da Beira conclui sedes de bairro

Usurpadas pela Frelimo com o “patrocínio” do tribunal

Sete novas sedes estão praticamente prontas


Maputo (Canalmoz) – O Conselho Municipal da Beira (CMB) ficou privado das suas 14 sedes de bairro quando o Tribunal Provincial Judicial de Sofala (TPJS), em aliança com o partido Frelimo, em Novembro de 2010, num golpe de mestre e fraudulento, executou os edifícios municipais e entregou-os ao partido no poder, a Frelimo. O TPJS e o partido Frelimo atiraram ao relento, à chuva e ao sol serviços essenciais do CMB. Ao invés de ficar a lamentar banhado de lágrimas, o CMB arregaçou as mangas, mobilizou apoios e começou a construir sete sedes, contando com o trabalho de voluntários, homens e mulheres, de maneira alternada, entre a machamba, vendas em mercados e obras.

As obras estão na sua fase final e os serviços que funcionavam debaixo de acácias e de varandas de pessoas de boa vontade voltarão ao estado normal. O martírio dos funcionários do CMB e a vergonha que o partido dominante está a sujeitar o Estado, está a chegar ao fim.

Como no monopartidarismo...

No tempo em que a Frelimo era considerado partido da vanguarda da aliança operário-camponesa, tudo era da Frelimo, até o próprio povo. Tudo que fosse do Estado era da Frelimo – estradas, pontes, rios, montanhas, edifícios públicos, os tribunais, a polícia, etc. Esta linha de pensamento monolítico, que persiste em algumas pessoas, embora trajando togas dos pés à cabeça, levou-lhes a concluir que as sedes de bairro, na cidade da Beira, edifícios onde devem funcionar os serviços básicos administrativos do Conselho Municipal da Beira, reclamadas pelo partido Frelimo, fossem do seu chamado “glorioso partido de vanguarda”.

Frelimo piscando...

Pela primeira vez no País, os serviços públicos funcionam ao relento e isso acontece em plena segunda maior cidade do País. As declarações para efeitos diversos, procuradas pelo povo beirense, foram passadas ao relento devido à ganância de manter o Estado sob o seu controlo. Para o caso da Beira, é luta, é para demonstrar que os gestores da cidade são uns incompetentes, provocando assim a revolta popular que poderia desaguar, nas próximas eleições, na escolha de outra força e de outros gestores. A Frelimo pisca para a direita e vira para esquerda ou vice-versa, na tentativa de conquistar o coração dos beirenses, zangados pelo estado de abandono em que a cidade esteve votada desde a Independência Nacional, em 1975.

Frelimo sobrepõe-se ao Estado

A oposição popular à usurpação do bem comum foi desmantelada pela intervenção policial. Analisando a gravidade da situação, os dirigentes municipais concluírem que para se evitar um derramamento de sangue, deveriam deixar que o partido Frelimo ficasse com os edifícios em disputa. Os militantes da Frelimo envoltos de togas, dificilmente entenderam as provas materiais apresentadas em sede de julgamento, pois o desejo de beneficiarem o seu partido sobrepunha-se à lei e à sua consciência profissional. Os interesses particulares voltaram, desta vez, a falar mais alto e sobrepuseram-se aos da maioria do povo. Ignoraram as provas e mandaram passear as queixas do réu, prontamente, remetidas ao Tribunal Administrativo e ao Conselho Superior da Magistratura Judicial.

As sedes usurpadas andam às moscas

As 14 sedes usurpadas pela Frelimo estão, hoje, às moscas. Ninguém trabalha nelas. Ninguém vai lá ter. Logo a seguir à usurpação, somente agentes da Polícia destacados para efeitos de protecção, esfomeados e quase abandonados, eram vistos naqueles edifícios. Falando, sob anonimato, por razões óbvias, agentes da Polícia destacados para guarnecer as sedes encaixadas pela Frelimo, queixavam-se de terem sido abandonados à sua sorte e repudiavam o facto de terem sido postos ao serviço de um partido político, contrariando a doutrina corrente segundo a qual a polícia está ao serviço da sociedade e não se sujeita, de forma alguma, aos interesses particulares de um partido, grupos económicos, pessoais ou de qualquer outra índole.

A quem pertencem as sedes noutros municípios?

O problema da Beira tornou-se conhecido porque a cidade está sob a gestão de outra força que não a Frelimo. Noutras cidades não há barulho porque tudo está com os “camaradas”. Quando a oposição, se ainda tiver força, chamar a si a administração de outros municípios, a luta para tirar as sedes de bairro das garras da Frelimo, vai ser uma batalha campal. Não faltarão ameaças, a polícia será movimentada para amedrontar as populações, dizia um respeitado académico. A fonte acrescentou que apenas o povo decidido poderá acantonar a Frelimo, porque, na sua visão, os partidos não estão a trabalhar o suficiente para desalojar a Frelimo. Perdem tempo a digladiarem-se ao invés de trabalharem a sério para conquistarem o poder.

“A humilhação vai acabar”- dizem

Os munícipes dos Pioneiros, Manga-Mascarenhas, Munhava-Maraza, Inhamízua, Vila Massane, Macurungo e Mangaloforte poderão voltar a ser assistidos em novos edifícios construídos de raiz com o seu esforço e de amigos também. “A humilhação vai terminar”, comentam, radiantes, munícipes do Chiveve quando vêem as novas sedes que estão quase concluídas.

(Edwin Hounnou, Canalmoz)

Wednesday 13 April 2011

O perigo de nomes de religiões no nosso futebol

“Se hoje o Governo permitiu que fossem criadas equipas como Liga e Atlético Muçulmanos, amanhã irá inevitavelmente permitir que surjam equipas como IURD FC, Liga Católica de Moçambique, Atlético Mundial do Poder de Deus de Moçambique”.

Este não é um tema para reflectir num espaço tão pequeno como este, pela dimensão sentimental e polémica que representa. Os clubes visados não podem analisar este artigo como um ataque a eles. Muito pelo contrário, procuro alertar para a possibilidade de este fenómeno vir a criar chama onde não devia existir. Se há algo que deve ser respeitado no mundo é a religião e as pessoas que a professam. A religião é mais do que uma paixão, amor. É, na verdade, uma loucura, um delírio. É mais do que gasolina sobre palha seca. Para o religioso nacionalista ou fanático, a morte, em nome de Deus, é um caminho para a salvação. Quer dizer, a morte é algo que não se deve temer, sobretudo, quando está em jogo o interesse supremo da religião.

Nos últimos tempos tem surgido, no nosso futebol, clubes com nomes religiosos. O Governo não tem esboçado qualquer tipo de reacção, no mínimo, um alerta. Creio que todos têm medo de tocar neste assunto. Mas é sério. Com o surgimento de novas ceitas religiosas, o nosso país poderá, caso continue a trazer religiões para o futebol, um dia, tornar-se num campo de batalhas religiosas. Não estou a insinuar, mas a alertar. O que acontece hoje na Nigéria, entre muçulmanos e cristãos, na Irlanda, entre católicos e protestantes, no Sudão, nos Estados Unidos, entre outros países, é-nos alheio hoje, mas amanhã poder ser um problema também nosso, caso continuemos a encubar situações desta natureza. Se hoje o Governo permitiu que fossem criadas equipas como Liga e Atlético Muçulmanos, amanhã irá inevitavelmente permitir que surjam equipas como IURD FC, Liga Católica de Moçambique, Atlético Mundial do Poder de Deus de Moçambique, entre outros, ostentando nomes religiosos, mesmo reconhecendo que religião é algo tão sagrado que se deve evitar levar para o desporto de massas, sobretudo num país multireligioso. Trata-se de religiões que movimentam milhares e milhares de crentes, entre moderados, nacionalistas e fanáticos. No dia que essas equipas se encontrarem, não se vai assistir outra coisa senão a um jogo de manifestações religiosas. Da pesquisa que tentei fazer, concluí que somos os únicos na região, senão no mundo (não sei), com equipas que ostentam nomes religiosos.

O que acontece, noutros países, é que há clubes que são apoiados por entidades ligadas à religião, o que é diferente de adoptar o nome de uma religião para uma equipa de futebol. Não se pode levar nomes de religiões para o futebol. Hoje, pode ser pacífico, mas não acredito que amanhã o seja. Aliás, A FIFA passou a proibir manifestações religiosas nos campos de futebol, sobretudo as escritas que os atletas mostravam sempre que celebrassem um golo. Os contestatários que levaram a Fifa a tomar esta decisão alegaram que “Com centenas de jogadores africanos, vários países europeus temem que a falta de uma punição por parte da Fifa abra caminho para extremismos religiosos e que o comportamento dos brasileiros – no jogo com a Dinamarca em 2002, em que depois do golo todos foram juntar-se num lugar e fazer uma oração prolongada – seja repetido por muçulmanos que estão em vários clubes da Europa. Tanto a Fifa quanto os europeus concordam que não querem que o futebol se transforme num palco para disputas religiosas, um tema sensível em várias partes do mundo”. Jim Stjerne Hansen, director da Associação Dinamarquesa de Futebol, disse, na altura, que “A religião não tem lugar no futebol” e que “oração promovida pelos brasileiros em campo foi exagerada”. “Misturar religião e desporto daquela maneira foi quase criar um evento religioso em si. Da mesma forma que não podemos deixar a política entrar no futebol, a religião também precisa de ficar fora”.

Num passado recente, nos Estados Unidos da América, foi interdito um torneio de futebol organizado por um jovem de 18 anos, justamente porque as equipas que deviam participar no evento ostentavam nomes religiosos. Igualmente, duas equipas de basquetebol foram obrigadas, em 1997, a mudar de nomes por terem adoptado designações religiosa e de balas (bullets), respectivamente. A admissão de equipas com nomes religiosas poderá criar condições para a emergência de nacionalismos religiosos a partir do futebol. O que poderá acontecer, no futuro, é as equipas unirem-se mais em nome da religião do que de adeptos de futebol. Aliás, na sua carta-denúncia de corrupção desportiva, Arnaldo Salvado revela que “Dias após o jogo e em contacto com o mesmo vice-presidente do Atlético Muçulmano, este disse-me que não iriam fazer a referida conferência de imprensa pois preferiam não entrar em outras guerras, antes preferindo concentrar-se na luta pela fuga à despromoção. Disse ainda que os mais altos dirigentes do clube achavam que deveria haver um sigilo e um encobrimento do caso visto ambos clubes pertencerem a uma mesma comunidade religiosa”. A ser verdade, isto já é sintomático. Igualmente, gostava de analisar, um dia, o perfil dos patrocinadores desses clubes para tirar algumas ilações.

A entrada da religião no futebol é uma ameaça muito séria ao nosso desporto. Se hoje as temos no futebol, amanhã as teremos no básquete e noutras modalidades. Esta situação deve ser levada em consideração pelas nossas autoridades. Com a religião não se pode brincar, tal como não se pode com as convicções. Nietzsche dizia que “as convicções são piores inimigas da verdade do que as mentiras, porque quem mente sabe que está mentindo, mas quem está convicto não se dá conta do seu engano” e que “o indivíduo fanático ocupa o lugar de escravo diante do senhor absoluto, que pode ser uma divindade, um líder mundano, uma causa suprema ou uma fé cega”.


Lázaro Mabunda, O Pais

Friday 8 April 2011

O Governo continua a brincar com o fogo

O governo do presidente Armando Guebuza, meses, anos depois de ter havido quem não se cansasse de avisar que as suas políticas anunciadas iriam levar-nos para o abismo fatal, não quis ouvir ninguém. Como sempre foi, insistiu em continuar autista! Como sempre foi, insistiu na sua habitual arrogância. Agora apareceu-nos, a semana passada, a surpreender com mais um pacote de medidas do Conselho de Ministros que coube ao ministro do Planeamento e Desenvolvimento anunciar e justificar ainda que com a boca cheia de incertezas e imprecisões, próprio de quem já não sabe o que fazer.

Editorial do Canalmoz/Canal de Moçambique. Continue lendo aqui.

EDITORIAL: Um Governo Pai Natal

Diz um milenar ditado chinês, e nisto os chineses são exímios e sábios, que não se deve dar peixe a um pobre mas antes ensiná-lo a pescar, pois assim poderá apanhar muitos peixes e nunca mais terá fome.


Pois o nosso Governo, que ultimamente tem abraçado tanto as directivas chinesas, bem podia seguir este ensinamento com séculos, direi mesmo milénios, de confi rmação de bons resultados, ou não estivesse no conhecimento a grande riqueza dos povos. Se não fosse essa constante vontade de aprender o Japão, só para dar um exemplo, não seria o país que hoje é: a terceira maior economia do mundo e um dos países mais ricos deste mesmo mundo apesar de não possuir qualquer riqueza natural, que outros possuem e tanto desperdiçam.


Vem isto tudo a propósito da introdução, nos próximos tempos - fala-se em Junho - da tal cesta básica - cabaz composto por pão, açúcar, peixe de 2ª categoria, óleo alimentar e feijão - que deverá abranger perto de 1,8 milhão de pessoas em todo o país.


Ouço isto e pasmo, especialmente depois de ler em grandes parangonas na imprensa o ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, defender que o país não pode mais viver de subsídios, numa referência clara à subvenção às gasolineiras e às panifi cadoras a que nos últimos tempos temos assistido.


Talvez seja eu que esteja a ver mal as coisas mas esta esmola em forma de cabaz de primeira necessidade não vai criar 1,8 milhão de dependentes? Parece-me bem que sim. Dá-se de um lado para se tirar do outro, tapando-se, uma vez mais, o sol com a peneira.


O grande argumento para a tomada desta medida é que o Governo andava a sustentar, tanto no combustível como no pão, indiscriminadamente ricos e pobres, colocando-os no mesmo patamar. Ou seja: pagava o justo (pobre) pelo pecador (rico). Muitos ricos compravam pão e enchiam o depósito de gasolina para ir gingar para a Marginal com o dinheiro do Governo. E isso, aos olhos do Governo, era uma tremenda e inqualifi cável injustiça, como se toda a vida tivéssemos sido súbditos do rei Salomão.


Igualmente, os critérios de atribuição da cesta, se não são falaciosos logo à partida, são-no na prática. Supostamente as cestas irão ser atribuídas a quem possui um vencimento mensal igual ou inferior a 2 mil meticais. Vejamos: quem, neste momento, aufere um salário de 2200 meticais já não tem direito à “esmola” governamental.


Imaginem as pessoas que estão naquela faixa entre os 3 mil e os 3,5 mil. Seguramente que irão, de conluio com a patrão, informar que têm um salário de 1800 ou 2 mil para terem direito à cesta. Imaginem os contratos de trabalho que irão ser feitos à pressa para estarem ao abrigo da cesta. Se calhar, quando derem por ela, não será 1,8 milhão de pedintes mas o dobro.


Será que ao dar estes ‘peixes’ - não se está a ensinar ninguém a pescar - o Governo irá poupar em relação aos gastos actuais? É uma questão de tirar o lápis da orelha e fazer as contas, porque estes cálculos estão ao alcance de qualquer merceeiro. Outro busílis: será possível organizar toda esta logística de uma forma satisfatória, que benefi cie mesmo quem necessita? Tomando como exemplo as inspecções automóveis e os cartões de registo dos telemóveis, processos aparentemente bem mais simples, tudo leva a crer que não.


Pode ser que me engane muito mas parece que já estou a ver os produtos das cestas expostos nos dumbanengues, a preços bem longe dos bolsos dos necessitados aos quais se destinavam. Parece também que já estou a ver os automóveis dos camaradas a fazer as vezes das renas do Pai Natal, distribuindo mensalmente os cabazes pelos seus militantes, dando corpo à máxima: ‘O Natal é quando um homem quiser.’


Escrito por Helder Xavier, A Verdade

Thursday 7 April 2011

Frelimo vai rever unilateralmente a Constituição

Renamo e MDM opuseram-se ontem em definitivo

A oposição no Parlamento disse, em definitivo, “não” à revisão da constituição. O sigilo no conteúdo da revisão, por parte da Frelimo, é a razão deste posicionamento.
A bancada parlamentar da Frelimo vai rever de forma unilateral a Constituição da República. A Renamo e o MDM votaram, ontem, contra a eleição da direcção da comissão “ad-hoc” para as mexidas na Lei-mãe.
Mesmo contra a vontade da oposição, a bancada da Frelimo avança com o nome de Eduardo Mulémbwè, antigo presidente da Assembleia da República (AR) e Manuel Tomé, chefe da bancada da Frelimo na legislatura passada.
Enquanto a perdiz defende que a revisão é inoportuna e dispendiosa, o MDM diz que não se pode aprovar uma direcção sem que se conheça o conteúdo que a Frelimo pretende alterar. O resultado da votação já era fácil de adivinhar, já que desde o início deste legislatura, quando Margarida Talapa anunciou a vontade de se rever a constituição, a Renamo sempre questionou: “rever o quê?
O MDM, a prior, tentou aliar-se à Frelimo, indicando o deputado e jurista Eduardo Elias para acrescentar a lista dos 17 membros sugeridos pela Frelimo, mas agora, viu-se isolado e decidiu “pular fora”. A Renamo, com direito a eleger quatro membros, desde o início foi peremptória: “não vamos eleger ninguém, a menos que a bancada da Frelimo nos diga o que pretende rever”. Mesmo com a posicionamento da oposição, a Frelimo diz que a composição da comissão “ad-hoc” é irreversível. Ou seja, o partido no poder vai, na mesma, rever a constituição. O partido no poder disse ainda que a oposição, de livre e espontânea vontade, está a excluir-se deste processo.
Em termos de conteúdo, a Frelimo sempre defendeu que a revisão não será de fundo nem por referendo, única forma de “mexer” a fundo com os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. “É uma revisão para aperfeiçoamento e modernização da Lei-mãe”, defende-se. Entretanto, diversos círculos de opinião, em diversos debates sugeriram o aumento ou a diminuição do número dos deputados, a extensão da duração dos mandatos presidenciais de cinco para sete anos. Alguns avançaram com a suposta recandidatura ao terceiro mandato do actual Presidente da República, entre outras coisas.

O País - 07.04.2011

Monday 4 April 2011

França controla aeroporto


Ouattara nega envolvimento das suas forças no massacre de mais de mil pessoas na região ocidental da Costa do Marfim

Tropas francesas assumiram ontem o controlo do aeroporto de Abidjan, na Costa do Marfim, onde prosseguem os combates entre as tropas de Laurent Gbagbo e as forças leais ao presidente eleito Alassane Ouattara .

O contingente francês, que na semana passada tomou posições na cidade para proteger os cidadãos estrangeiros, foi reforçado com mais 300 homens, numa altura em que Paris admite retirar os seus cidadãos se a situação se agravar. Entretanto, Ouattara negou o envolvimento das suas forças em acções de limpeza étnica na região de Duekoue, onde mais de mil pessoas foram mortas nos últimos dias, segundo a Cruz Vermelha.

Correio da Manhã

Líbia: Filhos de Kadhafi defendem democracia constitucional que inclui retirada do pai do poder -- imprensa

Nova Iorque, 04 abr (Lusa) -- Dois filhos do líder líbio, Muammar Kadhafi, propõem uma transição para a Líbia no sentido de uma democracia constitucional que inclui a retirada do seu pai do poder, escreve hoje o New York Times.

Citando um diplomata e um responsável líbio que não se quiseram identificar, a edição de hoje do New York Times refere que a transição política na Líbia deverá ser dirigida por um dos filhos de Kadhafi, Seif al-Islam el-Kadhafi.

O jornal não refere, porém, se Kadhafi, 68 anos, aprova esta proposta dos filhos Seif e Saadi el-Kadhafi, mas uma fonte próxima do processo citada por aquele diário disse que o líder líbio parece concordar com aquela.


Expresso

FACIM-2011 decorrerá nas tendas em Marracuene

A 47ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), que terá lugar em Marracuene, província do Maputo, de 29 de Agosto a 4 de Setembro de 2011, vai acontecer em tendas gigantes encomendados da China, uma vez que não foi possível construir infra-estruturas definitivas para o efeito no novo espaço.

Maputo, Segunda-Feira, 4 de Abril de 2011:: Notícias

O presidente do Conselho de Administração da instituição organizadora da feira, o Instituto para a Promoção de Exportações (IPEX), João Macaringue, é citado pelo jornal Diário de Moçambique como tendo dito que no total serão erguidas sete tendas. Sabe-se que a nova FACIM, em Marracuene, vai ser erguida num espaço de cerca de 20 hectares que, futuramente, compreenderá um centro de exposições, hotel, banco, casas para funcionários, parque de estacionamento e outros serviços afins.

Sunday 3 April 2011

Red Card for Mugabe


Angry SADC leaders warn Zimbabwean president to play the game or else face an Egypt-style revolt


Southern African Development Community (SADC) leaders this week cornered President Robert Mugabe at a stormy summit in Livingstone, Zambia, over resurgent political repression and violence, leaving him shaken and angry.
Fed up by Mugabe's hide and seek tactics in Zimbabwe's political crisis, regional leaders escalated pressure on the 87-year-old leader to immediately reform to avert a catastrophic collapse of the inclusive government.
With signs that Mugabe is losing his grip on power and the military said to be running the country's affairs, the SADC Troika on politics, defence and security on Thursday agreed to pressurise Mugabe to stop the arbitrary arrest, intimidation and torture of opponents.

Sunday Times. Continue lendo aqui.

Saturday 2 April 2011

Mais uma pândega vai no adro

Inesperadamente, o Parlamento adiou a aprovação da resolução sobre a criação da Comissão ad-hoc incumbida de rever a Constituição da República. Mas pouco importa a sua protelação, até porque os moçambicanos já estão habituados a esse tipo de teatro protagonizado por actores amadores de muito mau gosto de sempre. Aliás, aqui o problema é outro.

Diante de tal situação, a de adiamento, é indiscutível: o Parlamento moçambicano é exemplo mais bem acabado de um parque de diversões – mais do que a Disneylândia –, além de um sentido de economia de esbanjamento e exibicionismo desenfreado à custa do cadavérico dinheiro público.

A preparação da revisão da lei-mãe prossegue em silêncio – e em segredo. E abrirá um rombo de 20 milhões de meticais nas contas públicas para o pagamento de subsídios (mas que forma mais cínica de dizer comissões!) aos membros da Comissão e para a realização de seminários nos quais tais doutos senhores irão afogar-se em sucessivos e massificados almoços regados com vinho e whisky dos mais caros que há no mercado.

As três equipas cravadas na Assembleia da República movimentam-se, qual orquestra em que cada instrumentista toca uma música diferente, para defender os interesses dos seus partidos políticos – na sua maioria, não explicado -, ao invés de resguardarem os legítimos interesses de um povo que é forçado a viver à intempérie na fatídica ilusão de que os seus “doutos” representantes - os mesmos que regularmente se comportam quais símios quando esbarram em um cacho de bananas - cuidarão do seu destino.

De um lado, está a turma dos “camaradas” que, com aquele ar de meros empregados públicos cientificamente preparados para produzir um documento, escrito em um idioma parecido com o português para aldrabar incautos, pregam fervorosamente a necessidade da revisão da Constituição. E não falam nos aspectos que se pretendem alterar. Mas todo mundo – pelo menos todo o ser humano em seu juízo e que não escamoteia a realidade - sabe que o fim último é acomodar os interesses do chefe-economicamente-todo-poderoso, também conhecido por Presidente da República.

Este grupo, na sua habitual chatice congénita, continua a demonstrar desprezo absoluto por alguns princípios básicos da democracia, valendo-se da maioria absoluta parlamentar. Prossegue indiferente ao eleitor, ao povo e à opinião pública.

No meio, temos uma espécie de “bobos da corte”. Desconhecem o que se pretende mudar na Constituição, mas não abdicaram de indicar um deputado. Aliás, em busca de holofotes, exigiram explicação sobre a revisão, mas como é sabido – por aquele saber de experiência feito – a turma dos “camaradas” tem alergia a qualquer tipo de esclarecimento e, por essa razão, faz ouvidos moucos, quando não, vem com conversa para boi dormir.

Do outro lado, encontra-se a turma dos “odientos” que tem o (péssimo) hábito de jogar tudo na sua vingança, além de fingir que é oposição - e eu também finjo que acredito. Mas, desta vez, eles têm um motivo legítimo para as suas demonstrações recorrentes de ódio. Recusam-se a embarcar, qual bestas de carga, na trapaça habilmente orquestrada pelos “camaradas” - ou não fossem, estes, políticos profissionais que medram à custa do subdesenvolvimento espiritual e cultural de um povo ensinado a dizer “viva”.

E o final desta novela é previsível: protagonistas e figurantes a darem beijinhos uns aos outros por gastarem muita energia – leia-se dinheiro – para algo que não irá beneficiar em nada o povo! Alguém interrompe essa marcha de divertimento?

Publicad0 por Shirangano

Friday 1 April 2011

Oposição defende que novas medidas só agravam custo de vida

Renamo e MDM criticam novas medidas de austeridade

Para as bancadas da oposição, “o executivo deve, quanto antes, rever as novas medidas, antes que o país entre num desastre total”.
Os dois partidos da oposição com assentos na Assembleia da República criticam as novas medidas do Governo para minimizar o custo de vida no país, anunciadas última terça-feira, depois da sessão do Conselho de Ministros.

Os mesmos defendem que as novas políticas, que substituem as 34 medidas de austeridade anunciadas a 7 de Setembro de 2010, são um desastre total e que só vão agravar uma situação cada vez pior do país e de grande parte dos moçambicanos, muitos dos quais desempregados. Aliás, a classe dos desempregados não está contemplada na referida cesta básica aprovada pelo executivo de Armando Guebuza.

“Ficámos surpreendidos e apreciámos de forma negativa estas novas medidas, porque, desta vez, ficou mais do que claro que as políticas do Governo não se enquadram, nem resolvem os problemas do povo”, defendeu Arnaldo Chalaua, porta-voz da bancada da Renamo, acrescentando que “ao nosso ver, as novas medidas só vão piorar cada vez mais a situação e vão deixar muitos moçambicanos a viverem na penúria. Temos de olhar, também, para os desempregados. Afinal, quais as políticas para os mesmos neste momento de crise?”, questionou.

pelo mesmo diapasão alinha a bancada do MDM, defendendo que as medidas até podiam minimizar a crise, mas, ao que tudo indica, agora, vai-se adoptar os preços reais do pão e do combustível, por se ter retirado o subsídio. “As medidas anunciadas pelo Governo são até difíceis de entender. Elas vêm resolver apenas o problema daqueles que recebem menos de 2 mil meticais, mas esqueceram-se que muita gente dependia do subsídio ao pão, para além do preço do combustível que vai subir drasticamente”, considerou José de Sousa, porta-voz do MDM.

Neste sentido, a oposição considera as novas políticas um desastre, por isso, chega mesmo a atribuir um certificado de incompetência ao executivo. “É uma política errada. O que o governo está a fazer é aparecer para se pensar que faz alguma coisa, quando na verdade não faz nada. Este é um Governo que toma as decisões sobre o joelho”, disse Chalaua, rematando que “com estas medidas, podemos dizer que o país vai conhecer momentos difíceis, de catástrofe total, porque os moçambicanos estão atentos e vão manifestar-se por melhores condições, tal como acontece em muitos países africanos e na África do sul”.

Desta feita, a oposição propõe que o Governo se reúna de emergência e reveja, o quanto antes, as suas novas medidas.

Subsídios

Quanto à questão do subsídio, as duas bancadas criticaram o facto de o executivo pensar que isto é uma solução viável, e que um país pode sobreviver subsidiando todos os produtos cujos preços são agravados a nível internacional.

O País

CC conclui haver desvios

O CONSELHO Constitucional (CC), baseando-se em factos indiciariamente provados e documentados no relatório de inquérito, concluiu que o presidente demissionário Luís Mondlane praticou crimes de desvio de fundos que dão lugar a responsabilidade criminal e disciplinar.

Notícias. Leia mais aqui.

Um presente envenenado

O Governo continua a revelar-se insensível em relação à situação miserável em que, nos últimos tempos, os moçambicanos são obrigados a viver. Diariamente, o custo de vida agrava-se e, consequentemente, o poder de compra vai-se deteriorando. O Governo não perde a oportunidade de mostrar ao país a sua contínua falta de bom senso.

O Executivo acostumou-se a falar de confiança no futuro e no mítico combate à pobreza absoluta e o povo a aplaudir projecções, alucinações ou discursos cheios de frases feitas na expectativa de milagres vindos de quem se serve do Estado para ampliar a sua riqueza para lá do obsceno. E pouco (ou quase nada) foi feito para aumentar a produção de alimentos ou dinamizar a economia de um país que anda alegremente aos papéis e à volta do umbigo.

Numa altura em que a conjuntura internacional está longe de melhorar, o que irá trazer situações adversas para o país, o Governo decidiu cortar o subsídio ao combustível e ao trigo - leia-se pão - além de introduzir o passe de transporte público para os trabalhadores e estudantes, e uma cesta básica para os mais necessitados na suposta tentativa de atenuar o custo de vida. Agora é que vamos mesmo comer o pão – ironia esta de se falar em pão – que o diabo (Governo) amassou.

Diga-se, as novas medidas mais não representam do que uma marosca, ou seja, “conversa para boi dormir”. São medidas tomadas por quem vive no conforto de um Mercedes, e de persianas fechadas à realidade de um povo que, todos os dias, se autofl agela para ter pão e água na mesa.

Estas providências são, sem dúvida, mais um “Atestado de Estupidez” passado a um povo por um Governo incoerente e inconsistente que adora posar de pai – qual mártir – diante das câmaras de TV com o ar mais cândido do mundo.

Não há dúvidas que estas novas medidas, que nem ao diabo lembram, foram habilmente concebidas para apenas benefi ciar uma minoria, os funcionários públicos ou sujeitos que dispõem de um emprego formal, marginalizando, assim, grande parte da população moçambicana, sobretudo a que (sobre)vive da actividade informal.

Senão vejamos: a tal dita cesta básica – composta por cereais, pão, peixe de 2ª, óleo alimentar e feijão – é destinada apenas aos indivíduos que têm remuneração igual ou inferior a dois mil meticais. É sabido que o sector com o menor salário mínimo é o agrícola, o que signifi ca que grande parte dos trabalhadores, tanto os do sector formal como os do informal, que auferem a remuneração básica nacional, será excluída.

Pelo andar da carruagem, fica claro que os próximos tempos serão de choros e ranger de dentes para os moçambicanos que auferem acima de 2 mil meticais e para os que não têm emprego neste ou naquele ministério ou em qualquer outra instituição pública, uma vez que o preço do combustível, do transporte, do pão e outros bens de primeira necessidade voltará a subir.

As novas disposições do Governo, aparentemente para benefi ciar as camadas mais vulneráveis, constituem um presente envenenado para um povo que anda distraído com deprimentes espectáculos de futebóis ou em células partidárias propositadamente criadas para domesticar os moçambicanos.


Helder Xavier, A Verdade