– afirma Ismael Mussa, justificando a sua demissão do cargo de secretário-geral do partido
Fontes seguras do partido disseram ao Canalmoz que na tarde de ontem João Colaço (Chefe do Departamento de Estudos e Projectos) também se demitiu.
Maputo (Canalmoz) – Ismael Mussa apresentou ontem a demissão formal do cargo de secretário-geral (SG) do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e justificou o abandono precoce do cargo alegando que a “crise que se instalou” tornou “as relações entre o SG e o presidente do partido, Daviz Simango”, difíceis. “Já não eram das melhores”. Segundo o próprio Ismael Mussa, ele já não se comunicava verbalmente com o presidente do partido.
A crise que se arrastava há já bastante tempo atingiu o clímax quando um grupo de membros do MDM, constituído por Ismael Mussa, o SG demissionário, Dionísio Quelhas, João Colaço, Abel Guita, Henriques Tembe e Marcelo Cardoso, escreveu uma carta alertando para um alegado ambiente infernal que se vivia dentro do partido.
Refere ainda Ismael Mussa que Daviz Simango recebeu a carta e preferiu reenviá-la aos restantes quadros para que emitissem o seu parecer em relação aos pontos levantados pelos subscritores. Entretanto, segundo a mesma fonte a carta foi parar à imprensa e a tensão interna passou a ser pública.
Na referida carta a que o Canalmoz teve acesso, aquele grupo de quadros mostrava-se preocupado, entre outros pontos, com alegada “gestão autocrática do partido por parte de Daviz Simango”, uma alegada “grande influência da família Simango e a marginalização da figura do SG”.
Só que Ismael Mussa não esperou pela resposta à carta por parte de Daviz Simango. Decidiu antes (e com a carta a ser abordada na imprensa) pedir renunciar ao cargo de SG, alegando ao que chamou de “falta de ambiente” para continuar como SG.
Ao Canalmoz, Mussa disse que vai abandonar o cargo porque “a dada altura verifiquei que os princípios e as estratégias que defendo são divergentes com o que o presidente defende para o bem do partido. As estratégias para o sucesso do partido que o presidente defende são diferentes das minhas”.
E para o bem do partido, segundo disse, decidiu colocar o cargo à disposição. “Nós como pessoas estamos de passagem e as instituições permanecem, e é neste espírito que penso que o presidente pode escolher outra pessoa melhor que eu, e que pode trazer sucessos ao partido”.
Sobre a carta, Mussa disse que é da opinião que o presidente tinha de reunir as pessoas que interessava ouvir no processo e “dar uma resposta à carta, e não espalhar a carta, o que possibilitou a perca de controlo em relação à mesma”.
Há questões que Mussa preferiu não falar como são os alegados casos da importação de viaturas que gozaram de isenções fiscais em nome do partido e do Plano Estratégico, mas que, segundo fontes identificadas, teriam beneficiado a um empresário nacional que se dedica à venda de viaturas na praça que, por sinal, é um ex-deputado do partido Frelimo.
Entretanto, ainda não começou a se falar do provável substituto de Ismael Mussa.
O desenvolvimento deste caso, com mais pessoas envolvidas, estará nas bancas na edição de amanhã do semanário Canal de Moçambique.
(Matias Guente, Canalmoz)
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