Monday 5 March 2012

Guebuza e jovens da OJM trocam recados


Guebuza diz que os jovens não devem ser fofoqueiros

“À OJM, claro e em bom tom, dizer que não vamos tolerar aos jovens e também aos adultos intriguistas, malandros, escovinhas e criadores de mau ambiente, nem a ingerência daqueles cujas costas já se encontram gastas de tantas escovas e dizemos, deixem-nos trabalhar!”, secretário-geral da OJM, Basílio Muhate.

Terminou no último sábado o Comité Central da Organização da Juventude Moçambicana, OJM. Tratou-se de um encontro onde, pela primeira vez, na história desta organização juvenil, os jovens abandonaram diante do seu Presidente, Armando Guebuza, os discursos seguidistas e laudatórios ao chefe e tocaram em vários assuntos que preocupam a juventude, desde a necessidade de oportunidades até ao nepotismo. Guebuza ouviu mas não se calou. Disse, por seu turno, que os jovens da Frelimo precisam deixar de ser fofoqueiros e intriguistas e entregarem-se ao trabalho. Na verdade, a reunião da Matola poderá ter aberto uma nova página na forma em que os jovens da Frelimo se relacionam com as estruturas mais altas do partido e da governação. É que no passado, nunca houve tamanha coragem para confrontar directamente a quem governa. Vamos por partes.
Basílio Muhate acusou, por exemplo, os presidentes de municípios de instrumentalizarem a juventude em épocas eleitorais e depois abandoná-la. “Estão à porta as eleições, já veremos alguns dentes! Mas basta. A juventude queixa-se de que os nossos presidentes dos municípios só nos conhecem em tempos de campanha, onde tudo prometem e no fim refugiam-se na burocracia e na falta de tempo e, quando a pressão aumenta, não hesitam em mostrar actos intimidatórios e de desprezo”.
Por outro lado, Muhate disse, claramente, que o governo não está a resolver o problema da habitação para os jovens. “Por um lado, estamos satisfeitos com os esforços do governo no combate à pobreza, mas também inquieta-nos a má execução de certas políticas, como a da habitação, em que na prática é negada aos jovens a concessão de Direitos de Uso e Aproveitamento de Terras”,
Mais adiante, Muhate disse estar preocupado com o desemprego “Apesar de vermos com bons olhos os ventos de empreendedorismo, assistimos a uma estranha tendência de exclusão dos nossos jovens quadros, nacionais, em áreas do seu domínio por cidadãos estrangeiros. Vemos cozinheiros, caixas e canalizadores importados do estrangeiro. Será que não os temos cá?”, questionou, explicando que “não somos xenófobos ou racistas porque acreditamos que na vivência dos seres trocam-se experiências, mas também acreditamos que não devemos ser preteridos no que sabemos e podemos fazer”.
O secretário-geral da OJM manifestou ainda preocupação pela crescente ocorrência de casos de nepotismo e proliferação de graxistas e escovinhas no interior do partido.
“Somos contra o nepotismo e as suas variáveis formas de manifestação, exortamos assim para que as diversas oportunidades sejam distribuídas sempre na busca do equilíbrio e da justiça social no seio do povo, de modo a que não minemos e periguemos aquela que é uma das nossas riquezas: a unidade nacional”, frisou Basílio Muhate.
Num outro plano, Muhate disse “também temos os nossos desafios comportamentais, a preguiça, a fofoca, a arrogância, o consumo excessivo de drogas e bebidas alcoólicas, o fraco aproveitamento pedagógico, a criminalidade e todas as acções que atentam contra a imagem da nossa organização e do nosso partido (...) à OJM, claro e em bom tom, dizer que não vamos tolerar aos jovens e também aos adultos intriguistas, malandros, escovinhas e criadores de mau ambiente, nem a ingerência daqueles cujas costas já se encontram gastas de tantas escovas e dizemos, deixem-nos trabalhar!”, rematou o secretário-geral da OJM, Basílio Muhate.

O País

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