Monday 21 September 2009

Na cidade de Maputo Frelimo inviabiliza campanha do MDM



Maputo (Canalmoz) – O partido no poder, Frelimo, inviabilizou, último sábado, a campanha eleitoral do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), ao ordenar seus simpatizantes e membros, acompanhados de crianças, a ocuparem o campo da Mafalala, local para onde estava agendado um showmício do movimento liderado por Daviz Simango, no qual iria actuar o músico rapper Azagaia. O facto criou muita confusão no local, com os membros da Frelimo a não quererem saber se o MDM estava ou não autorizado pelas entidades competentes para ocupar o espaço. Mas o facto é que o partido de Daviz Simango tinha o devido documento com o carimbo do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, que autorizava aquele partido a ocupar aquele espaço no sábado, dia 19 de Setembro, e os membros da Frelimo cuja maioria eram crianças, não tinham nenhum documento de autorização. Um documento apresentado pelo MDM, datado em 17 de Setembro de 2009, prova que a direcção do Distrito Municipal número 3 autorizava aquele partido a ocupar o campo no dia 19. Falando à nossa reportagem, o chefe da brigada do MDM, Ismael Mussá, lamentou o que estava a acontecer, tendo dito que aquilo era mais uma prova do que tem vindo a ser a postura do partido Frelimo, nessa campanha. “Nós pedimos e temos o documento que autoriza o MDM a fazer o comício neste campo. Não entendemos porque a Frelimo mandou os seus simpatizantes para este local, pois na sua agenda não estavam previstas actividades neste campo”, afirmou Ismael Mussá.

Falta de ética e medo

Mussá caracterizou a atitude da Frelimo como sendo de “falta de ética e maturidade em política”, factos associados ao “medo” que o partido no poder tem do movimento liderado por Daviz Simango. “Há que ter ética e maturidade em política, as atitudes da Frelimo são simplesmente infantis, e mostra a falta de maturidade e ética em política”, disse Mussá. Ele instou ainda as autoridades competentes a tomarem uma posição sobre casos do género, pois segundo afirmou, as actividades do seu partido estão sendo sabotadas em todo o país e as autoridades competentes nada estão a fazer.

Polícia favorece a Frelimo

Dada a confusão no local, com alguns membros e simpatizantes, mas sobretudo crianças empunhando cartazes e bandeiras da Frelimo e a entoarem cânticos, zombando o partido de Daviz Simango e seus apoiantes, a Polícia da República de Moçambique, PRM, mostrou-se indiferente, limitando-se a assistir ao que estava a acontecer.
O chefe da brigada do MDM, a nível da cidade, Ismael Mussá mostrou a um suposto chefe da brigada da polícia que estava no local, os documentos que autorizavam o MDM a ocupar o espaço, mas este nada fez. Aliás aconselhou o MDM a mudar do espaço ignorando por completo a legalidade e pondo-se ao serviço do partido Frelimo. “Epah como podem ver o espaço já está ocupado, nada podemos fazer. Os membros da Frelimo chegaram primeiro” disse aquele agente da lei e ordem. Ismael Mussá voltou a mostrar os documentos que comprovavam o direito que o seu partido tinha para ocupar o espaço, mas mesmo assim a polícia manteve-se impávida e serena ignorando a legalidade.
A entidade emissora da autorização pelo DU nr.3 é dirigida por quem foi nomeado pelo Partido Frelimo. O presidente do município é aliás da Frelimo.
Questionamos ao referido chefe do efectivo da PRM, porque razão estava a permitir que a Frelimo ocupasse o campo mesmo sabendo que este não tinha a devida autorização documentada. Este voltou a nos dar a mesma resposta que tinha dado aos membros do MDM. “Eu já disse aos membros (do MDM) que nada podemos fazer porque o espaço já está ocupado. O ideal é que os membros do MDM procurem outro espaço que não esteja ocupado para fazer o seu comício hoje, e no dia em que o campo não estiver ocupado podem voltar para ocupar o campo” disse.

Secretário do bairro em trapalhices

Ainda sem consenso sobre quem iria ocupar o campo e com a polícia de “mãos atadas” sem nada fazer para resolver o assunto, procurámos o secretário do bairro da Mafalala, José Daniel, para que pudéssemos colher a opinião deste relativamente ao facto. Dado curioso é que este começou primeiro por reproduzir as palavras do membro da PRM com o qual teríamos falado antes. “A Frelimo chegou em primeiro no local, nada se pode fazer agora. A Frelimo está a fazer o seu trabalho, por isso deixem-nos trabalhar.
Fizemos saber ao referido secretário que o MDM tinha a autorização documentada do Conselho Municipal da cidade de Maputo para ocupar o campo, e este reagiu nos seguintes termos “Eu não tenho conhecimento do que o senhor jornalista está a falar. Eu não recebi nenhum documento do Conselho Municipal autorizando o MDM a ocupar o campo da Mafalala. Por isso eu nada posso fazer por eles”.
Entretanto, questionamos ao secretário se a Frelimo tinha a autorização para ocupar o campo. Este respondeu-se nos seguintes termos: “O partido Frelimo submeteu uma carta as estruturas do bairro para ocupar este espaço por isso eles estão aqui a fazer a sua campanha”. Insistimos para que o secretário nos confirmasse se aquilo que estava a falar correspondia à verdade. Este garantiu que a informação que estava a prestar ao nosso jornal “é a mais pura verdade”.


Afinal o secretário estava a mentir

Em seguida pedimos que o senhor José Daniel nos mostrasse os documentos por ele referidos, que autorizavam o Partido Frelimo a ocupar o espaço naquela tarde de sábado. De repente o secretário mudou de semblante. Questionou depois a nossa equipa de reportagem qual a razão do nosso interesse em ver o documento. “Porquê você quer o documento? Em que te interessa ver o documento?” – questionou, tendo acrescentado: “A verdade é essa que eu estou a dizer. A Frelimo pediu autorização e foi autorizada. O documento está no meu Gabinete e eu não sou abrigado a lhe mostrar e ponto final”, sentenciou o secretário. Insistimos para que o secretário provasse o que estava a dizer, mas este definitivamente negou mostrar o referido documento.

Frelimo sem documento de autorização

A Frelimo que era chefiada por uma senhora cujo o nome não conseguimos apurar. Não apresentou nenhum documento que autorizava o Partido Frelimo a ocupar o local, limitando-se a dizer que chegaram primeiro ao local e que assim tinham o direito de estar ali até quando quisessem.

( Matias Guente, Canalmoz, 21/09/09 )

NOTA: É inaceitável que a Frelimo se preste a este tipo de jogo baixo.

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