Saturday, 30 August 2014

Que a campanha seja ordeira


VOLTO a insistir no ditado popular que diz que se não amas o povo, se apenas te queres servir dele para “subir” na vida, em nome da honestidade que deves aos seus concidadãos, deixa a política, dedica-te a outras tarefas em que podes ser útil, porque se insistires podes comprometer a liberdade, sobretudo a democracia que é igualmente a razão de ser do orgulho de um povo.
Nunca sejas, por sua convicção, “moleque” político onde quer que estejas, porque na realidade a política é para os que amam o povo, respeitando-o e ajudando-o a libertar-se das algemas opressoras do medo, libertar-se da corrupção, pobreza absoluta, regionalismo, tribalismo e outros males que em nada contribuem para a construção e consolidação dessa democracia.
Vem isto a propósito do arranque, no próximo domingo, da campanha eleitoral para o escrutínio aprazado para o dia 15 de Outubro do ano em curso, que todos esperamos que ela decorra de forma ordeira e pacífica, conferindo assim o sentido verdadeiro da festa da democracia no nosso país.
Penso que não há palavras novas para se dizer sobre a violência que se tem assistido em tempos de “caça” ao voto, senão repetirmos todos os apelos que temos feito aqui, na perspectiva de, mais uma vez, essa campanha seja transformada efectivamente num momento de festa, cidadania e reforço da unidade nacional.
Não seria do nosso gosto que a campanha fosse feita através da manipulação do eleitorado e das distorções de factos no terreno. Que a ninguém possa convir a desviar os eleitores do essencial, e o essencial neste caso é tudo contra a violência que os membros e simpatizantes dos partidos políticos protagonizam.
Vandalismos como os que temos sido dados a observar, servem única e simplesmente para manchar as eleições. Por outro lado, numa eleição como a que vai acontecer no dia 15 de Outubro próximo, espera-se uma campanha muito movimentada, mas que não contribua mais para aumentar, como se tem registado em tempos eleitorais no país, uma abstenção, antes pelo contrário para uma maior e mais esclarecida participação de milhares de eleitores moçambicanos já inscritos pelos órgãos competentes.
Temos grandes partidos políticos, nomeadamente FRELIMO, RENAMO e MDM, que em algum momento convivem mal, o que não dignifica a nossa jovem democracia. Num país como o nosso, em cuja vida política e os estereótipos ainda “reinam”, a tentação de aliviar as frustrações políticas sobre quem não responde ou aguenta num determinado partido, torna-se necessária a tomada de atitudes patrióticas, para que não haja manipulação das nossas consciências.
E porque continuamos e continuaremos absolutamente convencidos de que a forma mais eficaz de prevenir e combater as escaramuças político-partidárias no nosso país, é a educação dos membros e simpatizantes dos partidos políticos para que eles façam campanhas eleitorais de forma civilizada. Uma educação feita a partir dos que são líderes, que, nalgumas vezes, é que incitam as escaramuças.
A democracia não se consolida ou nunca teremos um processo democrático com qualidade que desejamos, enquanto pensarmos que para tal são necessárias em tempos de campanhas eleitorais pedras para arremessar contra os compatriotas, ou proferir insultos, praticar agressões físicas, desrespeitar os nossos adversários, etc. Porém, esperamos que desta vez isso não venha a acontecer, até porque vamos realizar a campanha e respectiva votação com clima de paz, na sequência do fim das hostilidades militares entre o Governo e a RENAMO.


Mouzinho de Albuquerque

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