Monday 18 August 2014

Dhlakama minimiza Lei de Amnistia e culpa governo pela demora na assinatura de acordo

      
Tensão político-militar



O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, desvalorizou, este sábado, a Lei de Amnistia, aprovada semana finda em sessão parlamentar e promulgada pelo Chefe de Estado, Armando Guebuza.  Dhlakama, que falava ao “O País” no passado sábado, via telefone, a partir das matas  de Gorongosa, defende que a lei beneficia em primeiro lugar o governo e de forma particular o Presidente da República, Armando Guebuza.
“É um erro pensar que a Renamo é o beneficiário da Lei de Amnistia que já foi promulgada pelo Presidente Armando Guebuza. Eu sei que muitos moçambicanos pensam que o governo, ao propor a Lei de Amnistia, pretendia essencialmente perdoar a Renamo. Isso não é verdade. Na minha análise política, esta lei vai ajudar, em primeiro lugar, os elementos do governo e, de forma particular, o Presidente da República, que nos últimos tempos violaram sistematicamente a Constituição da República e os acordos de Roma, ao atacar, por exemplo, os seguranças da Renamo e expulsar das fileiras das Forças de Defesa e Segurança os elementos da Renamo sem justa causa, até sermos obrigados a responder a estes ataques em Abril do ano passado, em Muxúnguè”.
Contudo, Afonso Dhlakama mostrou-se muito satisfeito com a Lei de Amnistia, porque, segundo disse, esta lei beneficia de forma geral  todos os moçambicanos. “É preciso notar que nós, a Renamo e eu Afonso Dhlakama, não ficaremos eternamente na oposição. Nas eleições de outubro próximo, poderemos sair vitoriosos e formar um governo.  Garanto que usaremos esta lei. Portanto, a frelimo pode ficar à vontade, que não perseguiremos ninguém”, referiu.
Encontro com Guebuza
Dhlakama desconfia da “boa vontade” do governo ao criar condições para a sua ida à capital do país, no sentido de se encontrar com o Presidente da República. O líder da Renamo acha que, neste momento, ainda não há segurança para a sua saída das matas e defende que o cessar-fogo seja anunciado pelas duas delegações, hoje, no Centro de Conferências Joaquim Chissano. “Eu não preciso que alguém crie logística para vir buscar-me. Desconfio muito desta aparente boa-fé do governo. Para mim, este gesto do governo de alugar helicóptero para me transportar para Maputo  é suspeito”, disse.
“Eu, Afonso Dhlakama, com os meus 60 anos de idade, inteligente como sou, jamais aceitaria este gesto. Quando chegar a altura, usarei meios próprios para me deslocar para qualquer ponto do país”, realçou.
Por outro lado, Dhlakama culpa o governo por ainda não se ter assinado o cessar- fogo. “A proposta da Renamo é que os mesmos chefes das delegações devem assinar a declaração de cessar-fogo. É claro que inicialmente todas as pessoas pensavam que seria eu e o Presidente da República, mas por razões de segurança não posso circular pelo país, sob o risco de ser abatido por alguém de má-fé. A lei de Amnistia não pode atrapalhar as pessoas. Ela significa perdoar os crimes praticados num certo período. Mas podem abater-me e incluir este crime neste período. Esta lei não impede que um malandro atire contra o helicóptero do Dhlakama”, frisou.
Entretanto, o líder da Renamo mostra-se optimista quanto ao fim das hostilidades ainda esta semana. “A minha saída das matas para retornar normalmente  a vida política e o início da campanha eleitoral está dependente do cessar-fogo e eu acredito que tudo ficará resolvido esta semana”, concluiu.



O País

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