Dhlakama assegura que vai provar ao país
e ao mundo que tem total controlo das suas forças
- Falando via telefone para jornalistas,
Dhlakama mostrou-se satisfeito com o cessar- fogo assinado na noite de domingo,
mas pede colaboração e boa fé do PR
- Considerando que, pela primeira vez, o voto
sera efectivamente controlado à luz da nova lei eleitoral, Dhlakama diz que os
vencedores devem e serão felicitados na hora
O Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, reagiu
na manhã desta segunda-feira à assinatura do cessar-fogo, concretizado quando
eram 21 horas e 30 minutos de domingo, por José Pacheco, em representação do
Presidente da República e por Saimone Macuiana, representante do presidente da
Renamo.
“Farei de tudo para mostrar, internamente e ao
nível internacional, o tipo de homem que sou e não vou violar a declaração de
cessar-fogo, a menos que sejamos atacados”, disse Dhlakama, passando claramente
uma imagem de quem tem o controlo sobre os seus homens,
apesar de algumas vozes falarem de um “líder enfraquecido” e uma Renamo com
vários commandos.
Em relação ao comando dos seus homens, Dhlakama
não poderia ter sido mais claro: “Estou satisfeito pelo que
conseguimos, apesar de ter demorado.
Mandei ontem e hoje (domingo e segunda ) parar
com os ataques em todas as unidades, o mesmo que fiz em 1992 em que, a partir
de Roma, mandei todos os comandantes para pararem de disparar”– disse, o líder
da Renamo.
Neste contexto, acrescentou Dhlakama, “apelo ao
Presidente da República para mandar parar com os ataques por parte
das FDS (Forças de Defesa e Segurança), de modo a evitar qualquer incidente”,
pediu o candidato natural à Ponta Vermelha pela Renamo.
Falando via telefone a partir da “parte incerta”
para pouco mais de duas dezenas de jornalistas em Maputo, Afonso Dhlakama,
classificou a assinatura do acordo como um marco importante na história do
país, na medida em que “abre um novo ciclo político, social e económico do país
porque”.
No entender do presidente da Renamo, o
cessar-fogo assinado e declarado “vai ajudar a eliminar a exclusão social,
assim como a libertar os funcionários públicos da filiação obrigatória ao
partido no poder”.
Aliás, Dhlakama considera que, desde domingo,
Moçambique passou ser “uma República” porque “possui FDS republicanas,
apartidárias, que obedecem à Constituição da República e não aos ditames do
partido no poder”.
A necessidade de forças apartidárias que
respondem somente aos ditames da
Constituição e demais leis foi um dos principais
pontos que a Renamolevava para a discussão no diálogo político, mais
concretamente na abordagem da questão do ponto dois: Forças de Defesa e
Segurança. Por isso mesmo, num dos documentos já assinados pelas partes está
claramente expresso que em caso de derrotada eleitoral do partido no poder e da
vitória da oposição, a Frelimo não deve usar as FDS para possível golpe de
Estado. Ficou claro também que as FDS, incluindo o SISE,
não devem em nenhuma circunstância, fazer parte de reuniões de
qualquer partido político em Moçambique.
Estas exigências, segundo a Renamo, têm uma
motivação. A Renamo sempre considerou que as Forças de Defesa e
Segurança estiveram sempre ao serviço do partido no poder, a Frelimo.
Aliás, a imprensa interceptou nas eleições
intercalares da cidade de Quelimane, um documento oficial e de circulação
restrita do Comando Provincial da PRM na Zambézia, em que a PRM literalmente
explicava-se à Frelimo sobre as reais razões que concorreram para que o
candidato da Frelimo saísse derrotado, a favor do candidato do MDM.
No mesmo documento, a Polícia praticamente pedia
desculpas à Frelimo por não ter feito a sua parte no sentido de
garantir vitória à Frelimo e seu candidato.
Na teleconferência, Dhlakama também assegurou
que vai encontrar-se com o Presidente da República. Entretanto, não
soube dizer se será depois ou antes das eleições.
Não sinto ódio
Dhlakama lembrou que “escapei à morte no dia 21
de Outubro de 2013 e
fomos feitos de escravos”, mas “não sinto ódio e
nem rancor do Governo”,
salientou Dhlakama considerando que o acordo não
reflecte qualquer vitória e nem derrota de nenhum dos envolvidos, mas “vitória
da nação porque vai diminuir as assimetrias regionais”, frisou.
O Presidente da
Renamo disse não ter sido sua intenção trazer, novamente, a guerra ao país, mas
recorda que foi à luz do conflito e do diálogo que “já temos uma lei eleitoral
que permite cada partido ter um observador, de modo a não se verificar os
enchimentos de votos nas urnas, como vinha acontecendo”.
Quem ganhar será felicitado
“Quem ganhar será parabenizado (felicitado),
independentemente do partido”, declarou Dhlakama, agradecendo, igualmente, os
jornalistas nacionais e internacionais por terem reportado,
segundo ele, “ da melhor forma possível o problema”.
Apesar da assinatura dos acordos, Dhlakama pede
para que os mesmos sejam “aprovados pela Assembleia da República”,
de modo a ganharem um
cunho efectivamente legal.
Em relação à campanha eleitoral, Dhlakama espera
que “não haja sabotage e nem vandalismo” dos materiais de qualquer força
política e pede a população de Gaza a “mudar de comportamento” porque sempre
que o seu partido sai à rua naquela província é apedrejado. Sem especificar as
datas nem o local, disse que “muito brevemente” estará de volta à vida pública,
o que implica a saída da “parte incerta” onde se encontra.
(Abílio Maolela, Mediafax)
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