E parceiros externos do regime no seu devido lugar
Insistir e repetir quantas vezes seja necessário, até que de facto aconteça, é a principal tarefa dos moçambicanos neste momento.
Não se pode ir a eleições com o quadro de segurança alterado ou sujeito à obediência ao que um dos concorrentes deseja ver como resultado.
Sem um reconhecimento tácito e concreto de que as forças de defesa e segurança devem abandonar funções que têm executado, servirem de instrumento para garantir vitórias eleitorais, não haverá eleições justas, livre e transparentes.
É ilusório e um atentado contra a democracia a utilização inconstitucional de tais forças para fins eminentemente políticos.
As linhas de contacto ou de comunicação para a transmissão de instruções devem ser cortadas por acção política do executivo, através de directivas específicas emanadas da Presidência da República.
Este assunto é de importância para a garantia de um processo limpo e credível que sossegue a nação e dê credibilidade aos resultados eleitorais.
Outro aspecto que importa realçar, na esteira de ‘pronunciamentos’ oficiais de alguns quadrantes regionais, é a necessidade de cortar todas as tentativas de ingerência nos assuntos internos de Moçambique.
O que o ANC ou a ZANU pensem dos seus “camaradas” moçambicanos deve ser mantido entre eles e não partilhado com Moçambique, pois este país não é província sul-africana ou zimbabweana. Os convénios de cooperação que tenham assinado não vinculam o povo moçambicano.
Exige-se, em nome dos interesses nacionais, que o ministro de Negócios Estrangeiros de Moçambique esclareça esses países que Moçambique não aceita nem admite ingerência nos seus assuntos e que as eleições de Outubro são moçambicanas. Não somos um parceiro júnior que precise de ser assessorado nos seus processos políticos internos.
É preciso olhar com desconfiança toda vaga informativa que dá a entender que os países vizinhos estão com este ou aquele candidato.
É crime eleitoral utilizar as embaixadas moçambicanas no estrangeiro como células do partido Frelimo.
Cabe à CNE desencorajar e punir este tipo de procedimento de maneira concreta.
Política sem acções concretas transforma-se em demagogia indigesta.
O desejo de eleições limpas e livres de suspeições é um processo que deve ser perseguido todos os dias com acções de aprimoramento da máquina no respeito completo pela legislação aprovada.
Não queremos, mais uma vez, ver o país sufocado por procedimentos políticos que se traduzem em sujeitar cidadãos e partidos políticos a “factos consumados”, orquestrados no âmbito de uma ampla estratégia de manutenção do poder por todos os meios disponíveis.
Deve-se denunciar práticas como o abuso dos meios do Estado para fins políticos agora e não amanhã.
Acções proactivas são uma das características de políticos com a agenda nacional na boca e na mão.
Charlatães e agentes provocadores de partidos políticos, brigadas de choque e outras com outros nomes, não devem ser toleradas, porque são promotoras da instabilidade e da ameaça a um voto pacífico no país. Concorrem negativamente para a estabilização e a paz.
Outra questão que merece atenção especial é a necessidade de se conhecerem os cadernos eleitorais em tempo útil. Saber quantos moçambicanos votarão na diáspora revela-se urgente e crítico para se evitar o enchimento de urnas e outras artimanhas concebidas para alterar a vontade popular.
O tempo é de trabalho sério e abnegado em prole de um Moçambique democrático.
Aqueles moçambicanos com funções no âmbito das campanhas político-eleitorais, dos diferentes partidos da posição e da oposição devem entender que, antes dos seus partidos, existe o país e o seu povo.
Nada vale mais do que os moçambicanos.
O vosso patriotismo está acima de instruções ilícitas que possam receber das vossas hierarquias.
O vosso comportamento e integridade serão avaliados pelos moçambicanos com lupas e binóculos.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
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