Aproveitar os ventos da PAZ e cimentar a nossa moçambicanidade
Não nos podemos cansar de divulgar e promover a PAZ. Cabe a todos proteger este bem precioso dos ataques provenientes de hostes que não se sentem confortados com esta realidade.
O belicismo enquanto ciência de governação falhou, pois, contra toda uma avalanche que intoxicava mentes e vontades, triunfou a razão, e a família moçambicana tem uma oportunidade renovada de reconciliar-se.
Esgotados os argumentos de alguns intelectuais e porta-vozes de correntes que se sentiam seguras de que os políticos os escutariam e que as recompensas não tardariam, eis que somos confrontados com uma revolta positiva.
Não se deve ter receio de dizer que muitas das afirmações que queriam reduzir o diálogo a legalismos estreitos e sem fundamentos navegavam na crista da onda de “famintos”. Não que não tenham o pão básico todos os dias, mas porque almejavam mordomias e regalias ministeriais e cargos de embaixadores.
Numa situação de instabilidade e empregabilidade comprometida, a via escolhida por alguns dos que se dizem proprietários únicos do saber é vender “peixe podre” e “banha-da-cobra” para os seus aconselhados.
Numa corrida para acompanhar o consumo das altas elites do país, dos empresários de sucesso, vimos compatriotas enveredarem pela mais abjecta “escovice”. Autênticos limpadores de fraldas, cantando hinos e hossanas para quem não passa de simples humano como todos nós afinal.
Agora que a razão se impôs e que os moçambicanos se abraçam e festejam o alcance de um acordo político estruturante de uma nova forma de fazer política e de governar, é relevante que de todos os quadrantes partam sinais de seriedade e de responsabilidade.
Só o debate aberto e com um mínimo de sinceridade e honestidade é que irá provocar e promover aquela verdadeira paz pela qual todos dizemos ansiar.
Baixemos as armas e tiremos os dedos dos gatilhos, e que as canetas e a nossa inteligência sejam colocadas ao serviço deste país que nos une.
Deverá sair de nós, enquanto cidadãos de pleno direito deste país, toda e qualquer solução dos inúmeros problemas que temos.
Desde uma imigração asfixiante e desordenada, acarretando riscos efectivos para a segurança e soberania nacionais, até abordagens urgentes no domínio da economia e finanças públicas, cada um deve ser capaz de se colocar à disposição do país.
Há “dossiers” muito importantes que não foram tocados no Centro de Conferências “Joaquim Chissano”. As equipas de negociadores, e mesmo o próprio Governo e a Renamo, já demonstraram, ao longo dos anos, que não possuem os conhecimentos, experiência e arcaboiço intelectual para lidar com complexos assuntos relacionados com a estruturação da exploração dos recursos minerais e energéticos do país. A Lei de Terras está desfasada da realidade e favorece o açambarcamento por indivíduos próximos do poder, excluindo a larga maioria deste recurso vital. Se houve serenidade e abertura para alcançar consensos na esfera política e de defesa e segurança, precisa ser compreendido que, sem a resolução dos assuntos relativos às questões económicas e à despartidarização do Estado, não será possível cultivar e irrigar a paz duramente conquistada pelos moçambicanos.
É a isto que se quer e é desejável que os moçambicanos dediquem todas as suas competências.
Os partidos políticos, os negociadores, o Governo são obrigados, por realismo nos procedimentos, a escutar os cidadãos. Técnicos de reconhecido mérito existem, mas a maioria vegetando e lamentando-se pelas esquinas. Gente que deveria ser ouvida é preterida por interesses claramente “estomacais” e de manutenção do poder.
Moçambique e os seus cidadãos devem ser realistas e compreenderem que a advocacia do realismo pode acelerar desenvolvimentos concretos da agenda nacional. E a agenda nacional, algo dinâmico e complexo de realizar, requer a participação dos todos.
Chegou o fim da era em que se cultivaram adjectivos perniciosos para a tolerância e a inclusão. Sou dos que crêem que este Moçambique é viável e com tudo para dar certo.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
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