Wednesday, 1 September 2010

Sem problemas de xenofobia violenta, mas com estereótipos sobre estrangeiros

Em Moçambique não há indícios de xenofobia activa, mas existe o sentimento de desigualdade social em relação aos estrangeiros, situação que pode levar a actos de violência, se for sistemática, indica um estudo da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
A conclusão é publicada no livro “A construção social do outro: perspectivas cruzadas sobre estrangeiros em Moçambique”, apresentado hoje, em Maputo, da autoria de investigadores da Unidade de Diagnóstico Social do Centro de Estudos Africanos da UEM, dirigida pelo sociólogo moçambicano Carlos Serra.
A pesquisa foi feita em cinco cidades do país, em 2009, um ano depois dos ataques xenófobos na África do Sul, que resultaram na morte de 18 moçambicanos e levaram à fuga de mais de 35 mil de cidadãos nacionais daquele país.
O objectivo era explorar e perceber as atitudes dos moçambicanos em relação aos estrangeiros.
“Não encontrámos indícios de xenofobia activa (como a que aconteceu em África do Sul), mas encontrámos alguns problemas sobre os quais devemos reflectir”, explicou Carlos Serra, preferindo antes falar de “xenofobia passiva”.
Porém, salientou, esta pode tornar-se activa “se certas condições sociais forem sistemáticas”.
Apesar de considerar que “não é nada de anormal o que se passa em Moçambique”, país que tende a ser acolhedor em relação aos estrangeiros, o sociólogo alertou para alguns estereótipos.
Para Carlos Serra, o problema central reside na “percepção populacional sobre as desigualdades sociais” que, embora não sejam reais, as pessoas tomam como “verdadeiras”.
O problema acontece com estrangeiros de todas as nacionalidades, inclusive “dentro da própria raça”, acrescentou o sociólogo. A atitude está muitas vezes relacionada com o facto de as pessoas acharem que os estrangeiros são mais ricos e vêm retirar oportunidades de trabalho aos habitantes nacionais, como referiu uma das jovens inquiridas.

Notícias Lusófonas

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