Thursday, 2 September 2010

Manifestações em Moçambique contra o elevado custo de vida

Maputo está um caos! Moçambique está em crise.
Hoje, entraram em vigor em todo o país novos preços da água e luz. A estes reajustamentos seguem o aumento do preço dos combustíveis em 25%, material de construção e produtos alimentares básicos no nosso país, como o arroz, o pão e a farinha.
Aquando da subida de preços previamente referida no país, que ocorreu hoje dia 1 de Setembro de 2010 em Moçambique, ouvia-se lá e cá ao longo da semana, que por questões de segurança, o melhor era ficar por casa, riscar o dia do calendário ou sair á rua e desafiar o poder. Tanto foi, que por volta das 8 da manhã, instaurou-se a confusão e o pânico pelas ruas da cidade, especificamente nos referenciais pontos de entrada e saída de Maputo. O que de começo pareceu uma manifestação leve e comportada, logo mais se converteu num cenário caótico, em que, entre violência e despreparamento, policiais e cidadãos se combatiam freneticamente, tal primitividade, lembrando filme de guerra, ou se não uma guerra. Guerra essa, que acabou chegando á cidade da Matola, que se situa nos arredores de Maputo, ainda nem 10 da manhã marcavam os relógios e á cidade da Beira e de Nampula antes do almoço. A Estrada Nacional Número 1 – EN1-, a principal do país, esteve bloqueada em vários pontos. A circulação na EN4, que liga a cidade capital à África do Sul e Suazilândia, está restrita. Isto porque os manifestantes montaram barricadas nas estradas, lançaram pedras contra a polícia e viaturas e queimaram pneus. Não deu nem duas horas de protesto, iniciaram-se os roubos, o vandalismo, tendo sido várias lojas, armazéns e bancos vandalizados, e assaltados.
A policia moçambicana, profissionalmente despreparada, reprimiu com violência: pelo menos duas crianças foram mortas inocentemente e, apesar de faltarem números oficiais, há relatos de seis mortos e 42 feridos. Quanto ao resto da cidade, encontra-se deserta, sendo que, só os hospitais estão de serviço, mesmo que com número reduzido de funcionários.
Errado? O certo é não ceder razão a ninguém pela forma que o processo está ocorrendo, mas que de partida, o povo está com fome, está ! e os preços são hilariantes para quem recebe ordenados miseráveis, são! Em Moçambique, tem havido um grande aumento de custo de vida. Só em Julho passado, a inflação chegou aos 16,1%, devido a uma galopante subida dos preços dos produtos básicos. A população mais pobre de Moçambique, que já vive em condições muito difíceis, é a mais duramente atingida por estes aumentos. De relembrar que o povo Moçambicano ativo, vive de mais ou menos, o equivalente a 65 dólares americanos por mês, sendo esse o ordenado mínimo. Isso, quando sequer é cumprido e respeitado, ou sabiamente reclamado pelo trabalhador. O restante vive abaixo desse valor, sendo elevado o número de pessoas que vivem abaixo do equivalente a 1 dólar americano por dia. Essas mesmas pessoas, que não têm acesso a uma boa educação, a saúde pública, a segurança, á habitação, nem aos sectores básicos de qualquer individuo. Essas mesmas pessoas que vão dormir constantemente com fome, elas e seus 7 membros familiares.
De longe, toda a falta de civismo da parte da população e a crise social que está havendo, parte de um ponto de partida, como um ciclo vicioso, tudo vem lá de cima...há que ter controlo sobre o país, se se quer governar. Há que manter a ordem, implementar condições e um equilíbrio econômico e sustentável. Há essencialmente que prestar o exemplo.
O analista Ismael Issá esteve presente em direto no programa Balanço Geral do canal Miramar e desafiou sem papos-na-língua" temos de deixar de perconceito com os projetos da epoca colonial, tudo bem que foram criados pelo nosso adversario, mas ha que agarrar e dar lhes continuidade se sao dos poucos que nos podem dar algum sustento e estabilidade" " chega desse excesso de puxa-saquismo a pessoas incompetentes só por ser conveniente e de agrado""nao existem sindicatos na funcao publica e da policia, como na vizinha africa do sul - não existem caras representativas no governo e na populacao para que possa existir uma manifestacao civilizada, e os que existem tem medo e sao intimidados e nao confiam" " é inadmissivel que mocambique ainda se sustente pelos impostos da funcao publica que nao tem o que comer" " O IVA esta a ser taxado incorretamente ou ilegalmente 4 vezes sobre o custo do combustivel" " para que que gastamos milhoes de dolares com a plantacao de jetrofa em Mocambique? nao fizemos proveito, e temos milhares de hectares de plantacoes de trigo e milho abandonados desde a epoca de Samora Machel"
Referindo os media, é impressionante o tanto de violência gratuita, sem censura ou sequer prévio aviso, que se esbanja nos canais moçambicanos de televisão em direto. Digamos que depois de ver imagens da cidade a arder durante o dia inteiro, o cidadão ainda tem de levar, se bem que desnecessariamente, com a imagem das tais 2 crianças mortas pela polícia com as cabeças estilhaçadas no chão em volta de uma mancha de sangue. Isso porque, o ministro do interior afirmou que não existiam balas de fogo, mas sim apenas de borracha, sendo utilizadas contra a população.
Aí levanta-se a questão, será que o governo está realmente importado com o seu país, será que toda esta selvageria adiantará de alguma coisa? Já custou no mínimo, a vida de duas crianças inocentes. O que mais, até sexta-feira, enquanto uns ficam em casa trancados ouvindo os gritos e tiros dos outros que gritam e são alvejados lá fora, vai custar?
Que sexta-feira, acabe santa. Só resta esperar mais uns dias, pelo fim desta guerrilha entre a esperança e a corrupção.


Maria Quadros, em www.khurula.blogspot.com

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