Thursday 16 September 2010

Custo de vida: organizações condenam uso da força nas manifestações


As organizações moçambicanas da sociedade civil condenaram hoje o uso da força pela Polícia (PRM) durante as manifestações violentas de 1 e 2 de Setembro que culminaram a morte de 13 pessoas e mais de 150 feridos.
Esta crítica é do Observatório Eleitoral (OE), um bloco que congrega diversas organizações moçambicanas, que hoje manteve um encontro com o Presidente da República, Armando Guebuza, para reflectir sobre estas manifestações registadas nas cidades de Maputo e Matola e que também tiveram uma réplica na Beira, Chimoio e Tete.
Em comunicado de imprensa, o OE afirma que a PRM podia ter evitado as últimas manifestações, uma vez ter tido informação prévia sobre a sua realização, facto comprovado pela aparição pública do porta-voz do Comando-geral da corporação no dia 31 de Agosto a declarar que “não haveria nenhuma manifestação”.
“No entender do OE, esta atitude das autoridades da lei e ordem, ao invés de acalmar os ânimos, eventualmente pode ter surtido um efeito contrário, de atiçar a vontade resoluta dos manifestantes de se fazerem à rua.”, afiram o comunicado de imprensa, acrescentando que o “exacerbamento de posições, por parte da Polícia e dos manifestantes, saldou-se na perda de vidas humanas, incluindo de um menor de apenas 11 anos de idade”.
O OE diz encorajar todas as forças vivas da sociedade para adoptarem formas mais eficazes de educação e formação de crianças e jovens de modo a interessarem-se por boas coisas e menos vulneráveis a actos de maldade.
Estas preocupações constam da agenda do encontro entre os representantes do OE com o estadista moçambicano realizado na Presidência da República no princípio da tarde de hoje.
Falando a jornalistas após a audiência, o porta-voz do OE, o sheik Abdul Carimo Sau, disse que, no encontro com o Presidente da República, a organização procurou saber sobre a abordagem do Governo no âmbito do combate a pobreza urbana e sobre o que se espera depois de Dezembro, quando terminar o prazo das medidas radicais de carácter fiscal e financeiro tomadas pelo Governo no sentido de reduzir o custo de vida.
Sobre a pobreza urbana, Guebuza falou das estratégias em curso na abordagem da pobreza urbana no país. Esta temática foi debatida e melhorada na recente reunião dos 43 municípios do país realizada na província nortenha de Nampula.
No tocante ao prazo das medidas fiscais e financeiras tomadas para reduzir o custo de vida das populações, Guebuza disse que tal também constitui preocupação do Governo, dai estar agora a reflectir sobre estas decisões, auscultando diversas sensibilidades da sociedade.
“O Presidente da República apresentou uma mensagem de muita esperança de que a situação do país irá melhorar e é necessário eliminar o défice de comunicação existente entre o governo e sociedade pensante com as populações. É preciso que se crie mecanismo de comunicação mais eficiente para que todos estejam incluídos neste processo de desenvolvimento”, disse o sheik.

(RM/AIM)

2 comments:

Anonymous said...

Eu só acredito quando vir com os meus dois olhos.
O governo só faz promessas falsas e diz um sem fim de baboseiras.
Maria Helena

JOSÉ said...

Sem dúvida, mas pelo menos estão avisados!