O economista moçambicano João Mosca considera que a situação económica de Moçambique é "muito crítica" e diz que o país é "dos mais corruptos do mundo".
Economista e professor, doutorado em Economia Agrária e Sociologia Rural, João Mosca comentava à Agência Lusa os recentes conflitos em Maputo, resultantes de protestos populares pelo agravamento do custo de vida, e a decisão do Governo de subsidiar produtos básicos, entre eles o pão, e congelar aumentos nos salários dos políticos.
"No contexto em que foi tomada, não havia margem para outra decisão do Governo", mas "medidas que deviam ter sido tomadas não foram" e o Executivo "não sabe o que fazer", disse.
A decisão de subsidiar os produtos "foi política" e o Governo moçambicano, no entender do economista, não sabe que reflexos terá no Orçamento do Estado nem que consequências terá na economia.
João Mosca deu o exemplo do pão, que o Estado terá de financiar com cerca de 400 mil dólares por dia, sem ter esses recursos.
E quanto à contenção da despesa, congelando por exemplo os aumentos de políticos, disse João Mosca que não é "completamente verdade", porque há suspensão de aumentos mas mantém-se a atual situação e por isso "não tem efeitos práticos".
No entender do responsável, "a situação é muito crítica economicamente" em Moçambique, onde "o volume de subsídios é imenso", onde o Estado está endividado, e onde o Governo "viveu muito à custa de uma suposta estabilidade que já se sabia que não existia".
"A economia moçambicana há muitos anos que de estabilidade tem muito pouco" e há "estudos internos que demonstram que a estabilidade é injetada de recursos que a economia não cria", disse João Mosca, acrescentando que os subsídios vão agravar o défice publico, a dívida pública e a pressão sobre o metical.
"Na Agricultura, a produtividade é hoje igual ou inferior à de há 40 anos, a produção alimentar por habitante é 40 por cento menos do que há 40 anos. E não são números meus, são do Governo", acusou o economista, para quem não se pode atribuir as culpas à guerra civil, porque "já passaram 16 anos e a produtividade continua igual".
Ainda segundo João Mosca, "o discurso que dá ideia de que Moçambique é um país das maravilhas não é verdadeiro e não é sustentado". "Já falo nisto há três ou quatro anos", assegurou.
Na semana passada, confrontos entre população e polícia, nas cidades de Maputo e Matola, provocaram 18 mortos, segundo fontes clínicas contactadas pela Lusa, ainda que o Governo só reconheça 14 mortes.
A população protestava contra o aumento dos preços da água, luz e pão. Na terça feira, o Governo suspendeu os aumentos e congelou os preços, prometendo que iria subsidiar, nomeadamente as panificadoras, que aumentaram o preço do pão devido ao aumento também do preço da farinha.
Economista e professor, doutorado em Economia Agrária e Sociologia Rural, João Mosca comentava à Agência Lusa os recentes conflitos em Maputo, resultantes de protestos populares pelo agravamento do custo de vida, e a decisão do Governo de subsidiar produtos básicos, entre eles o pão, e congelar aumentos nos salários dos políticos.
"No contexto em que foi tomada, não havia margem para outra decisão do Governo", mas "medidas que deviam ter sido tomadas não foram" e o Executivo "não sabe o que fazer", disse.
A decisão de subsidiar os produtos "foi política" e o Governo moçambicano, no entender do economista, não sabe que reflexos terá no Orçamento do Estado nem que consequências terá na economia.
João Mosca deu o exemplo do pão, que o Estado terá de financiar com cerca de 400 mil dólares por dia, sem ter esses recursos.
E quanto à contenção da despesa, congelando por exemplo os aumentos de políticos, disse João Mosca que não é "completamente verdade", porque há suspensão de aumentos mas mantém-se a atual situação e por isso "não tem efeitos práticos".
No entender do responsável, "a situação é muito crítica economicamente" em Moçambique, onde "o volume de subsídios é imenso", onde o Estado está endividado, e onde o Governo "viveu muito à custa de uma suposta estabilidade que já se sabia que não existia".
"A economia moçambicana há muitos anos que de estabilidade tem muito pouco" e há "estudos internos que demonstram que a estabilidade é injetada de recursos que a economia não cria", disse João Mosca, acrescentando que os subsídios vão agravar o défice publico, a dívida pública e a pressão sobre o metical.
"Na Agricultura, a produtividade é hoje igual ou inferior à de há 40 anos, a produção alimentar por habitante é 40 por cento menos do que há 40 anos. E não são números meus, são do Governo", acusou o economista, para quem não se pode atribuir as culpas à guerra civil, porque "já passaram 16 anos e a produtividade continua igual".
Ainda segundo João Mosca, "o discurso que dá ideia de que Moçambique é um país das maravilhas não é verdadeiro e não é sustentado". "Já falo nisto há três ou quatro anos", assegurou.
Na semana passada, confrontos entre população e polícia, nas cidades de Maputo e Matola, provocaram 18 mortos, segundo fontes clínicas contactadas pela Lusa, ainda que o Governo só reconheça 14 mortes.
A população protestava contra o aumento dos preços da água, luz e pão. Na terça feira, o Governo suspendeu os aumentos e congelou os preços, prometendo que iria subsidiar, nomeadamente as panificadoras, que aumentaram o preço do pão devido ao aumento também do preço da farinha.
FP.
LUSA – 09.09.2010, citado no Moçambique para todos.
NOTA DO JOSÉ = Pontos a reter na memória: a situação é crítica, o País é dos mais corruptos do Mundo e a produtividade é igual ou inferior à do tempo colonial. Neste contexto, como enquadrar o discurso triunfalista de alguns políticos?
1 comment:
Olá sou Felipe Gomes.
Gostei muito das ressalvas de João Mosca quanto a corrupção e a real situação economica no país.
Vejo que as maioria das pessoas no país não se mobiblizam para mudar a situação política, a falta de conhecimento sobre o assunto e falta de recursos para e oportunidades de se expressar com certeza influenciam muito. A minha pergunta é:
Vocês acham que a difusão da lingua Portuguesa poderia ajudar a mudar a situação? Com pessoas mais aptas e confiantes uma vez que possam se expressar bem em português? Pergunto isto devido ao grande número de pessoas que nunca tiveram o português como língua primária, nem mesmo secundária muitas vezes.
Obrigado!
Felipe Gomes
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