No dia 21 de Agosto de 2009, a FRELIMO, partido no poder desde que Moçambique se tornou independente, considerou solenemente que "a corrupção desapareceu" das instituições do Estado em Moçambique, como resultado da campanha que empreendeu contra o fenómeno.
A FRELIMO esquece-se que, neste momento, Estado e FRELIMO são – infelizmente para os moçambicanos – uma e a mesma coisa. Além disso, com afirmações deste género está a tentar passar um atestado de menoridade e de estupidez ao povo que, todos os dias, comprova que a corrupção nas instituições do Estado é pão nosso (deles) de todos os dias.
O suborno aos funcionários públicos tem sido apontado por organizações nacionais e internacionais como um dos maiores flagelos do Estado moçambicano, entre muitos outros, entre quase todos os países africanos.
O então porta-voz da FRELIMO, Edson Macuácuá, apontou "a transparência" no sector público como uma das conquistas dos últimos anos, quando falava aos jornalistas, então à margem da IV sessão do Comité Central do partido, que decorreu na Matola, a cerca de 20 quilómetros de Maputo.
"A corrupção desapareceu do sector público em Moçambique. Os cidadãos já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos na saúde e na educação", sublinhou Edson Macuácuá.
Numa coisa, reconheço, Edson Macuácuá tem razão. Os moçambicanos “já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos”. E não são pressionados porque já entendem o suborno como algo tão natural como respirar e, além disso, nem dinheiro têm para o pão...
O porta-voz do partido disse ainda que os últimos cinco anos de governo da FRELIMO imprimiram a descentralização e desconcentração das atribuições dos órgãos centrais do Estado para os órgãos locais, permitindo a apropriação pelas comunidades do processo de combate à pobreza.
"A governação dos últimos anos assentou na ampla participação dos cidadãos. Essa metodologia gerou ganhos no combate à pobreza absoluta no país", afirmou Edson Macuácuá.
Também é verdade. Os poucos que têm milhões continuam a ter mais milhões, os milhões que têm pouco continuam a ter cada vez menos.
Registe-se, entretanto, que mesmo com a eventualidade de o país albergar três campos de treino para terroristas (nas províncias de Tete e Nampula), da Al-Qaida e da Al-Shabaab, como foi noticiada pelo jornal sul-africano Sunday Times, com base num relatório entregue pela Fundação NEFA ao Congresso norte-americano, a FRELIMO continua a ter bons amigos em todo o lado.
Apesar de o director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro norte-americano (OFAC) ter garantido hoje ter “evidências suficientes” do envolvimento do empresário moçambicano Momade Bachir Sulemane no narcotráfico, empresário que é considerado o mecenas da FRELIMO, esta continua a ter bons amigos em todo o lado.
Mas, apesar dessas amizades que se estendem do Partido Socialista de Portugal ao MPLA de Angola, parece que algo vai mal, muito mal, no reino de Armando Guebuza.
Orlando Castro, Jornalista, Notícias Lusófonas, 02.09.2010
orlando.s.castro@gmail.com
A FRELIMO esquece-se que, neste momento, Estado e FRELIMO são – infelizmente para os moçambicanos – uma e a mesma coisa. Além disso, com afirmações deste género está a tentar passar um atestado de menoridade e de estupidez ao povo que, todos os dias, comprova que a corrupção nas instituições do Estado é pão nosso (deles) de todos os dias.
O suborno aos funcionários públicos tem sido apontado por organizações nacionais e internacionais como um dos maiores flagelos do Estado moçambicano, entre muitos outros, entre quase todos os países africanos.
O então porta-voz da FRELIMO, Edson Macuácuá, apontou "a transparência" no sector público como uma das conquistas dos últimos anos, quando falava aos jornalistas, então à margem da IV sessão do Comité Central do partido, que decorreu na Matola, a cerca de 20 quilómetros de Maputo.
"A corrupção desapareceu do sector público em Moçambique. Os cidadãos já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos na saúde e na educação", sublinhou Edson Macuácuá.
Numa coisa, reconheço, Edson Macuácuá tem razão. Os moçambicanos “já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos”. E não são pressionados porque já entendem o suborno como algo tão natural como respirar e, além disso, nem dinheiro têm para o pão...
O porta-voz do partido disse ainda que os últimos cinco anos de governo da FRELIMO imprimiram a descentralização e desconcentração das atribuições dos órgãos centrais do Estado para os órgãos locais, permitindo a apropriação pelas comunidades do processo de combate à pobreza.
"A governação dos últimos anos assentou na ampla participação dos cidadãos. Essa metodologia gerou ganhos no combate à pobreza absoluta no país", afirmou Edson Macuácuá.
Também é verdade. Os poucos que têm milhões continuam a ter mais milhões, os milhões que têm pouco continuam a ter cada vez menos.
Registe-se, entretanto, que mesmo com a eventualidade de o país albergar três campos de treino para terroristas (nas províncias de Tete e Nampula), da Al-Qaida e da Al-Shabaab, como foi noticiada pelo jornal sul-africano Sunday Times, com base num relatório entregue pela Fundação NEFA ao Congresso norte-americano, a FRELIMO continua a ter bons amigos em todo o lado.
Apesar de o director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro norte-americano (OFAC) ter garantido hoje ter “evidências suficientes” do envolvimento do empresário moçambicano Momade Bachir Sulemane no narcotráfico, empresário que é considerado o mecenas da FRELIMO, esta continua a ter bons amigos em todo o lado.
Mas, apesar dessas amizades que se estendem do Partido Socialista de Portugal ao MPLA de Angola, parece que algo vai mal, muito mal, no reino de Armando Guebuza.
Orlando Castro, Jornalista, Notícias Lusófonas, 02.09.2010
orlando.s.castro@gmail.com
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