Saturado do sufoco da vida, os moçambicanos, melhor dizendo, os residentes de Maputo cidade e província organizaram-se, via sms e acertos boca a boca, para uma manifestação de repúdio contra os novos preços de electricidade e água, que formalmente entraram esta quarta-feira em vigor, paralisando a capital do país e seus arredores.
Como era de esperar, a PRM, que sempre fala de falta de meios para acudir necessidades do quotidiano do povo, esteve à altura para reprimir os manifestantes, disparando largamente balas de metralhadoras de assalto, algumas das quais mataram várias pessoas, e outras de borracha que, inclusivamente, atingiram um jornalista, para além de fumegar a torto e a direito tudo o que fosse sítio à mão com gás lacrimogénio, atingindo até simples utentes da via pública.
Para não variar, o ministro do Interior, José Pacheco, com aquele ar arrogante e prepotente que lhe é peculiar, fez a “nobre” aparição via tv para rotular os que estavam na rua se manifestando de “minoria de bandidos” prometendo persegui-los, capturá-los e puni-los.
Espantosamente, parece que alguns dirigentes da FRELIMO (de hoje) quando já distantes dos centros decisórios evidenciam alguma sensibilidade. Perante o drama que eclodiu esta quarta-feira, o coronel Sérgio Vieira admitiu haver défice de diálogo entre governantes e , governados.
Entre os diversos analistas que desfilaram nos principais canais de tv nacionais, houve quem reclamasse os rostos dos que estariam a dirigir a revolta. Preocupação justa, mas impossível de satisfazer nos dias que correm em Moçambique, onde, apesar de a lei-mãe nominalmente abrir espaço à realização de manifestações, na prática tal é proibido e reprimido violentamente.
Ai de quem se afirmar disposto a liderar uma manifestação: “manobras militares” na sua residência são executadas pela Força de Intervenção Rápida (FIR). Que o digam Afonso Dhlakama e Hermínio dos Santos, que levaram à letra o preceituado na Constituição e viram as suas casas cercadas por forças militares fortemente armadas e no caso de Dos Santos detido, julgado e, porque ainda há gente algo miolada, absolvido.
Ruiu o país fictício do “maravilhoso povo moçambicano”.
Caiu-se na real e o descamisado saiu à rua, mau grado com a sua iniciativa manchada por arruaceiros que pilharam e destruíram propriedade de inocentes construída a elevado custo.
É altura de se resgatar a partilha de sacrifício e de recursos entre os governados e governantes e parar com a acumulação de tudo nas mãos de meia dúzia de famílias que controlam tudo o que é negócio em Moçambique e apelidam os restantes de “pobres de espírito”.
Caso contrário, Moçambique caminhará de revolta em revolta, até ao afundanço final.
Em 2008 foi o 5 de Fevereiro. Este 2010 é o 1 de Setembro, alguém continuará a não querer tirar ilações e a apelidar os que nada têm de “bandidos” e “pobres de espírito”?
Como era de esperar, a PRM, que sempre fala de falta de meios para acudir necessidades do quotidiano do povo, esteve à altura para reprimir os manifestantes, disparando largamente balas de metralhadoras de assalto, algumas das quais mataram várias pessoas, e outras de borracha que, inclusivamente, atingiram um jornalista, para além de fumegar a torto e a direito tudo o que fosse sítio à mão com gás lacrimogénio, atingindo até simples utentes da via pública.
Para não variar, o ministro do Interior, José Pacheco, com aquele ar arrogante e prepotente que lhe é peculiar, fez a “nobre” aparição via tv para rotular os que estavam na rua se manifestando de “minoria de bandidos” prometendo persegui-los, capturá-los e puni-los.
Espantosamente, parece que alguns dirigentes da FRELIMO (de hoje) quando já distantes dos centros decisórios evidenciam alguma sensibilidade. Perante o drama que eclodiu esta quarta-feira, o coronel Sérgio Vieira admitiu haver défice de diálogo entre governantes e , governados.
Entre os diversos analistas que desfilaram nos principais canais de tv nacionais, houve quem reclamasse os rostos dos que estariam a dirigir a revolta. Preocupação justa, mas impossível de satisfazer nos dias que correm em Moçambique, onde, apesar de a lei-mãe nominalmente abrir espaço à realização de manifestações, na prática tal é proibido e reprimido violentamente.
Ai de quem se afirmar disposto a liderar uma manifestação: “manobras militares” na sua residência são executadas pela Força de Intervenção Rápida (FIR). Que o digam Afonso Dhlakama e Hermínio dos Santos, que levaram à letra o preceituado na Constituição e viram as suas casas cercadas por forças militares fortemente armadas e no caso de Dos Santos detido, julgado e, porque ainda há gente algo miolada, absolvido.
Ruiu o país fictício do “maravilhoso povo moçambicano”.
Caiu-se na real e o descamisado saiu à rua, mau grado com a sua iniciativa manchada por arruaceiros que pilharam e destruíram propriedade de inocentes construída a elevado custo.
É altura de se resgatar a partilha de sacrifício e de recursos entre os governados e governantes e parar com a acumulação de tudo nas mãos de meia dúzia de famílias que controlam tudo o que é negócio em Moçambique e apelidam os restantes de “pobres de espírito”.
Caso contrário, Moçambique caminhará de revolta em revolta, até ao afundanço final.
Em 2008 foi o 5 de Fevereiro. Este 2010 é o 1 de Setembro, alguém continuará a não querer tirar ilações e a apelidar os que nada têm de “bandidos” e “pobres de espírito”?
Editorial do Correio da Manhã (Maputo), no Diário de um Sociólogo
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