Monday 6 September 2010

Gastos em helicópteros por Guebuza devem ser repensados

– afirma Lutero Simango, chefe da bancada do MDM, na Assembleia da República

“Presidências abertas”

Maputo (Canalmoz) – Os gastos do erário público com aluguer de helicópteros para suportar as “presidências abertas” do chefe do Estado ainda vão dar de falar. E já há quem diga que é hora de mostrar a tabela dos gastos para se poder ver quanto dinheiro o Estado drena para as “presidências abertas” de Armando Guebuza, que para além de ser o chefe de Estado é também presidente do Partido Frelimo. O chefe da bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na Assembleia da República (AR), é dessa opinião.
Lutero Simango diz que estamos numa altura em que é preciso conter os gastos “desnecessários” e investir o erário público em programas que se traduzam em desenvolvimento. Na sua opinião, existem despesas que o executivo devia evitar, porque, segundo suas palavras, a máquina executiva custa muito dinheiro ao Estado.
Para aquele parlamentar, não se poder falar de “apertar cintos” perante os gastos do executivo. “O discurso de aperto de cintos é incoerente, quando analisamos os gastos desnecessários do executivo”, diz.
Se “apertar cintos” significa conter despesas – refere Simango – é momento de se pensar melhor, na forma como o executivo se comporta perante um orçamento que é financiado em mais de 50 porcento pela comunidade internacional. “A par de outros gastos, a questão dos helicópteros é muito séria. É preciso que o Governo mostre quanto tem vindo a gastar em aluguer de helicópteros, em cada operação de “presidência aberta”.
Recorde-se que a Renamo já veio também a público manifestar a sua indignação com os gastos de helicópteros alugados para levar o chefe do Estado nas “presidências abertas”. Aliás, o debate, na opinião pública, é o mesmo: as “presidências abertas” estão a gastar muito dinheiro.
“Qual é o gasto que os helicópteros fazem? Será que não é possível fazer uma viagem de 50 a 100 quilómetros de carro? É preciso fazermos um balanço. É preciso rever o que a máquina governativa em si gasta, em termos de salários, regalias e subsídios, e em função disso vermos aonde devem ser apertados os cintos”, recomenda Lutero Simango.

Discurso do aumento de produção

Tal como muitos, Lutero Simango não encontra explicações para o facto de o discurso oficial apontar para a falta de produção como o problema principal da pobreza. Ele alega não haver acções por parte do Governo com o sentido de estimular a referida produção.
“Na passada primeira sessão sempre chamámos à atenção para o facto de o discurso estar desenquadrado com a realidade. Dissemos que a agricultura não se faz nos Gabinetes, mas, sim, no campo, com programas ajustados à realidade e não com base em filosofias”.
Lutero Simango diz também que é preciso que se decida com muita urgência sobre a produção local, pois o país não pode continuar a importar arroz e os demais produtos de necessidade básica, de forma sistemática. “O país tem capacidade interna de resolver o deficit dos produtos básicos para alimentação. Se resolvermos o problema da produção, no tocante aos produtos de necessidade básica, estaremos a resolver a questão do custo de vida”, diz.
Não se explica, na opinião deste nosso interlocutor, dizer que o nosso problema é da produção, com produtos a apodrecerem por falta de escoamento, problema ligado a falta de vias de acesso. Sabemos que em Tete estão a apodrecer toneladas e mais toneladas de batata, por falta de capacidade de escoamento do produto por parte dos camponeses. Sabemos que temos muitas zonas que são verdadeiros potenciais de produção agrícola, mas não há capacidade de produção. “O que nós precisamos é uma decisão política virada ao interesse comum e não de filosofias”, concluiu o chefe da bancada do MDM na Assembleia da República.

(Matias Guente, CANALMOZ)

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