A violência em Maputo explica-se pelo abandono a que o povo está entregue e o autismo em que vive a elite política. Os moçambicanos aceitam o poder instituído. Aceitam que ele coma mais do que todos. Mas não aceitam que coma sozinho.
Como em 2008, Maputo explodiu em violência. Dez mortos. A miséria explica. A dúvida permanente em relação ao mais elementar que a sobrevivência exige também explica. Se nada é previsível não há ordem possível. E se o abandono é total e as elites políticas não garantem o mínimo dos mínimos não há autoridade que mereça ser respeitada.
Como explica o antropólogo Paulo Granjo , conhecedor da realidade moçambicana, o contrato social ali em vigor sustenta-se "em dois pilares aparentemente contraditórios, mas que deverão estar minimamente equilibrados: pressupõem, por um lado, que só em casos extremos deverá ser posto em causa o poder instituído; mas pressupõem, também e em contrapartida, que quem ocupe esse poder tem a obrigação de salvaguardar um mínimo de bem-estar e de dignidade das pessoas que governa". Melhor ainda: o poder "pode (e tem o direito de) "comer mais", mas não de "comer sozinho" e à custa da fome dos outros" .
Apesar de longe da pornografia angolana, a elite politica moçambicana não é apenas corrupta. É gananciosa na sua corrupção. E esta ganância é o maior dos pecados das elites nascidas dos movimentos de libertação. Não é a guerra, que talvez fosse inevitável. Não é a fragilidade das suas democracias, a moverem-se em terreno hostil e com uma história de colonialismo contra si. É aquilo que dependia destes líderes: ao menos garantirem o mínimo dos mínimos. E pelo menos por isso só eles podem ser responsabilizados.
Perante um aumento preço de muitos produtos essenciais e do pão em cerca de vinte por cento, um responsável políticos teve o desplante de propor que os moçambicanos comessem mais batata doce. Qual Maria Antonieta, esta elite aristocrática que já se disse socialista vive completamente alheada do ansiedade quotidiana do seu povo. Não se limita a enriquecer à sua custa. Não se limita a roubar. O povo pura e simplesmente não existe para eles.
Esta explosões de violência, sem destinatário claro nem caminho, é o grito desesperado de um País entregue à sua sorte. A verdade é que a maioria dos líderes africanos soube libertar os seus povos. Mas depois esqueceram-se deles.
Como em 2008, Maputo explodiu em violência. Dez mortos. A miséria explica. A dúvida permanente em relação ao mais elementar que a sobrevivência exige também explica. Se nada é previsível não há ordem possível. E se o abandono é total e as elites políticas não garantem o mínimo dos mínimos não há autoridade que mereça ser respeitada.
Como explica o antropólogo Paulo Granjo , conhecedor da realidade moçambicana, o contrato social ali em vigor sustenta-se "em dois pilares aparentemente contraditórios, mas que deverão estar minimamente equilibrados: pressupõem, por um lado, que só em casos extremos deverá ser posto em causa o poder instituído; mas pressupõem, também e em contrapartida, que quem ocupe esse poder tem a obrigação de salvaguardar um mínimo de bem-estar e de dignidade das pessoas que governa". Melhor ainda: o poder "pode (e tem o direito de) "comer mais", mas não de "comer sozinho" e à custa da fome dos outros" .
Apesar de longe da pornografia angolana, a elite politica moçambicana não é apenas corrupta. É gananciosa na sua corrupção. E esta ganância é o maior dos pecados das elites nascidas dos movimentos de libertação. Não é a guerra, que talvez fosse inevitável. Não é a fragilidade das suas democracias, a moverem-se em terreno hostil e com uma história de colonialismo contra si. É aquilo que dependia destes líderes: ao menos garantirem o mínimo dos mínimos. E pelo menos por isso só eles podem ser responsabilizados.
Perante um aumento preço de muitos produtos essenciais e do pão em cerca de vinte por cento, um responsável políticos teve o desplante de propor que os moçambicanos comessem mais batata doce. Qual Maria Antonieta, esta elite aristocrática que já se disse socialista vive completamente alheada do ansiedade quotidiana do seu povo. Não se limita a enriquecer à sua custa. Não se limita a roubar. O povo pura e simplesmente não existe para eles.
Esta explosões de violência, sem destinatário claro nem caminho, é o grito desesperado de um País entregue à sua sorte. A verdade é que a maioria dos líderes africanos soube libertar os seus povos. Mas depois esqueceram-se deles.
Daniel Oliveira (www.arrastao.org) no Expresso (Portugal)
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