Friday, 22 May 2009

Vergonha policial



A polícia de Songo, província de Tete, prendeu um grupo de cidadãos estrangeiros, desde 20 de Abril passado, acusando-o de tentar sabotar a barragem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, HCB, compara-se com as Milícias Populares de triste memória, que, de forma invariável, perturbavam a vida de pacatos cidadãos, no tempo do partido de vanguarda que, em tudo, viam fantasmas a destruírem a revolução da aliança operário-camponesa.
Até podia ser tolerável que as Milícias Populares ou Grupos de Vigilância agissem da maneira como o faziam, pois, não tinham, em general, qualquer tipo de formação. Porém, decorridos 34 anos após a Independência Nacional, é inaceitável que a polícia volte aos métodos de prender para investigar ou fazer pronunciamentos antes de investigar.
Não é salutar acusar de tentativa de sabotagem da HCB a gente que, pelos dados disponíveis, persegue fins pacíficos. Só um poderia lançar à albufeira, de dia, supostas substâncias químicas corrosivas ao ferro e betão, alterando a composição de milhões de hectolitros de água. Só um esquizofrénico em estado avançado de demência, poderia criar um site, na Internet, onde se identifica e descreve seus objectivos.
Indiciar indivíduos de perigosos, apenas, porque a viatura que os transporta tem GRPS, é uma ignorância monstruosa. Até um telefone cellular modesto, de um adolescente de uma família média moçambicana, pode estar incorporado GRPS, sem que isso represente algo de extraordinário. Não saber é mau, mais grave ainda, saber pouco é um veneno.
Uma criança, que nunca tinha ouvido falar de Milícia Popular ou Grupos de Vigilância, perguntou-me que era isso. Disse-lhe, pesando bem as palavras, que são pessoas com aparência de polícia, mas, não o são. Não tem formação específica relevante, nem educação aceitável, que parece que seja o caso em apreço.
Nenhum inimigo, por muito estúpido que seja, traça a rota da sua marcha e o coloca ao alcance do público. Nem a nossa PRM - bastante infiltrada por agentes do mal - poderia se denunciar de tal forma. A polícia anda em destino nem direcção esclarecida. Com os extravagantes de Songo, há motives mais que suficientes para o povo levar as mãos à cabeça, gritando de desespero.
Quem, alguma vez, andou na tropa sabe que um ataque eficiente tem que conter o factor surpresa e sigilo, ausentes neste caso. A polícia não deve brincar com o povo, a fingir que trabalha. Que conte outra estória porque esta não convence. O PCA da HCB diz que a central funciona normalmente e não havia sido informado sobre a suposta tentativa de sabotagem. Isto é uma autêntica diversão!
A vergonha vai restar para o ministro do Interior que persiste em manter polícias arrogantes, incompetentes que atropelam os princípios elementares da sua profissional. Isso não dignifica a Polícia nem ao País. Se José Pacheco não se envergonha deste tipo de polícia, nós, cidadãos anónimos de Moçambique, nos envergonhamos, bsatente.

( Edwin Hounnou, A Tribuna Fax, 19/05/09 )

3 comments:

Unknown said...

Só uma pequena correcção : acho que se trata de GPS e não GRPS

JOSÉ said...

Obrigado pela correcção, parece que sao mesmo coisas diferentes.

Anonymous said...

A atitude da policia so demonstra o que de podre vai no governo da Frelimo. Sempre governaram o pais abusando do poder e da autoridade e intimidando quem nao lhes 'lambesse as botas'. O governo nada vai fazer contra a policia de Songo, pois tambem pactua com os arrogantes e abusadores do poder. Sao farinha do mesmo saco. Maria Helena