Monday, 11 May 2009

Rádio Moçambique é partidária!


No dia 23 de Abril de 2009, a Rádio Moçambique, RM, interrompeu a transmissão da sessão da Assembleia da República, AR, virando as suas antennas para a reunião dos Antigos Combatentes, que decorria, na Escola Central da Frelimo, na Matola, onde o presidente da Frelimo, Armando Guebuza, exortava os seus associados para garantirem a vitória da Frelimo, nas próximas eleições – presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais - de 28 de Outubro do ano em curso.

O som, apenas, foi devolvido à AR depois da intervenção de Guebuza. Na AR decorriam os trabalhos de um órgão de soberania e na Matola, era, só e somente só, uma associação partidária que desenhava estratégias de como pensa ganhar as eleições. Para os cidadãos, o que é mais importante, afinal, ouvir: a discussão do interesse público ou discursos de seminários de capacitação e workshops
do partido no poder?

Querendo, a Frelimo pode ter sua radiotelevisão. Os gastos astronómicos que faz nas suas sessões, como foi a recente VII Conferência de Quadros, calculados, por baixo, em mais 17 milhões de meticais, facultam-lhe uma estação radiotelevisiva só para si. Assim, deixaria de impedir o público de acompanhar os debates da AR. Tem magnatas que compram cachimbos por um milhão de meticais, depois, os devolve ao vendedor. Tem garotos parladores que se destacam por proferir impropérios na AR.

Os centros decisores dos órgãos públicos de informação, ainda, padecem do monopartidarismo exacerbado, engraxando o poder, na expectative de obter ganhos materiais imediatos. A maturidade política, aparentemente, atingida pela Frelimo, tornase difícil entender que continue a interferir nas políticas editoriais dos media públicos. Alguns davam o benefício da dúvida à Frelimo de que já não se mete em redacções para ditar ou indicar prioridades.

Os órgãos públicos de informação são pertenças do Estado. A RM e a TVM vivem dos impostos dos cidadãos e não das quotizações do partido governamental. A RM e a TVM não têm, por nada, que virar departamentos de propaganda do partido no governo. A RM já havia ultrapassada tal prática, ainda, no tempo da administração de Manuel Veterano. Agora, parece que tudo voltou à estaca zero, o que é bastante lamentável.

Há informações segundo as quais, repórteres e locutores da RM tinham sido proibidos pela direcção editorial, de proferir a palavra “Renamo”, a 04 de Outubro de 2008, nas transmissões das celebrações do Dia da Paz, em alusão ao Acordo Geral da Paz, que pôs fim a guerra que opunha as forças governamentais às da guerrilha da Renamo. Este é um erro grave.

É contra a corrente da História tentar excluir a Renamo. É contra a lógica natural dos acontecimentos. A Renamo foi uma das signatárias dos acordos de paz. Goste-se ou não, ela participou da pacificação e democratização do País. Esta é a nossa História.

Por: Edwin Hounnou , em A Tribuna Fax de 05/05/09

2 comments:

Anonymous said...

Ha comentario a tecer a tamanha afronta? E tempo dos Mocambicanos abrirem os olhos, pois o pior cego e mesmo o que nao quer ver a frente do seu nariz, e votar num partido democratico e credivel. Maria Helena

JOSÉ said...

Mais um exemplo de um servico publico sendo usado descaradamente pela Frelimo!