Vi esta semana um anúncio com um número notável de professores-doutores e phdês alinhados para falarem na próxima conferência de cultura, à partida, um resultado notável do pós-independência.
Mas como o nosso país é feito de contrastes logo me veio à cabeça o estrambólico caso dos guerreiros orgónicos que querem mandar boas vibrações para o vale do Zambeze, tão fustigado nos últimos anos por catástrofes naturais e outras não tão naturais.
O meu cínico pensamento leva-me a pensar que com tão profuso número de phdês, já deveria ter havido um grupo de iluminados que tivesse feito uma pesquisa na internet e tirasse a pratos limpos quem são os lunáticos que, com umas centenas de cones de polyester pretendem livrar o país de maus olhados.
Eventualmente é um problema de polícia. Os phdês não têm particular apetência para se dedicar à investigação científica na área do crime, o que é mau e deixa o país menos preparado para enfrentar a chacota internacional.
Contudo, o problema poderá nem ser uma questão do saber acumulado por phdês. Uma inteligência mediana, poderá concluir sem grandes problemas, que, em Tete, sem grandes margens de dúvida, o maior pólo de conhecimento e sofisticação científica está concentrado na empresa que produz energia eléctrica a partir da barragem que, na versão securitária, poderia estar a ser alvo de uma sabotagem.
O bom senso, antes da capacidade acumulada dos phdês, sugeriria que à HCB(Hidroeléctrica de Cahora Bassa) fosse pedido auxílio para se conseguirem encontrar as respostas que a polícia procura há 23 dias.
O que me leva a um enorme cepticismo sobre a verborreia de títulos com que o modismo do momento assalta as nossas vidas cheias de dúvidas e lacunas de conhecimento.
E as minhas dúvidas não se circunscrevem aos mistérios das “bombas orgónicas”. A academia tem vivido uma persistente turbulência nos últimos meses. Tomando como base que os doutores em filosofia gravitam em torno da academia, é lícito ter a expectativa que estas pessoas de vestes prolixas, pomposas (e pouco africanas, dirão os puristas), questionassem os propósitos de planos e reformas curriculares. Umas quantas excepções não trazem a honra à ostentação de tantos títulos.
Um confrade, numa recente tertúlia de livres pensadores, argumentava de forma simples e directa, a aparente ausência de massa crítica entre todos estes titulados. “Enquanto eles não tiverem assegurado para casa um saco de arroz, para eles e para a sua família, esquece as críticas e os posicionamentos”. Será possivelmente o saco de arroz que justifica o trabalho assalariado de muitos phdês, não na academia mas nas ongês, compilando relatórios e outros misteres menores que bem poderiam ser feitos por outra classe profissional. É apenas uma pista. Como é outra pista virar as prioridades do ensino para a parte mais alargada da pirâmide.
Muitos corolários poderiam ser extraídos do drama do mistério de orgónio e o saber de que formalmente estão investidos todas as massas cinzentas que queimaram os neurónios no exterior para beneficiar o país do seu conhecimento.
Mas enquanto estivermos terrivelmente obcecados por títulos académicos, pelas siglas prefixas com que enfeitamos os nomes de família em folhas de papel com timbres oficiais, nem o orgónio, nem a revolução verde vão ter respostas tão cedo.
A internet não serve apenas para o trote lunático dos guerreiros etéricos. Há muito boa gente que ali contratualizou vistosos diplomas de ciências avulsas a partir de um cheque em moeda convertível.
Mas como o nosso país é feito de contrastes logo me veio à cabeça o estrambólico caso dos guerreiros orgónicos que querem mandar boas vibrações para o vale do Zambeze, tão fustigado nos últimos anos por catástrofes naturais e outras não tão naturais.
O meu cínico pensamento leva-me a pensar que com tão profuso número de phdês, já deveria ter havido um grupo de iluminados que tivesse feito uma pesquisa na internet e tirasse a pratos limpos quem são os lunáticos que, com umas centenas de cones de polyester pretendem livrar o país de maus olhados.
Eventualmente é um problema de polícia. Os phdês não têm particular apetência para se dedicar à investigação científica na área do crime, o que é mau e deixa o país menos preparado para enfrentar a chacota internacional.
Contudo, o problema poderá nem ser uma questão do saber acumulado por phdês. Uma inteligência mediana, poderá concluir sem grandes problemas, que, em Tete, sem grandes margens de dúvida, o maior pólo de conhecimento e sofisticação científica está concentrado na empresa que produz energia eléctrica a partir da barragem que, na versão securitária, poderia estar a ser alvo de uma sabotagem.
O bom senso, antes da capacidade acumulada dos phdês, sugeriria que à HCB(Hidroeléctrica de Cahora Bassa) fosse pedido auxílio para se conseguirem encontrar as respostas que a polícia procura há 23 dias.
O que me leva a um enorme cepticismo sobre a verborreia de títulos com que o modismo do momento assalta as nossas vidas cheias de dúvidas e lacunas de conhecimento.
E as minhas dúvidas não se circunscrevem aos mistérios das “bombas orgónicas”. A academia tem vivido uma persistente turbulência nos últimos meses. Tomando como base que os doutores em filosofia gravitam em torno da academia, é lícito ter a expectativa que estas pessoas de vestes prolixas, pomposas (e pouco africanas, dirão os puristas), questionassem os propósitos de planos e reformas curriculares. Umas quantas excepções não trazem a honra à ostentação de tantos títulos.
Um confrade, numa recente tertúlia de livres pensadores, argumentava de forma simples e directa, a aparente ausência de massa crítica entre todos estes titulados. “Enquanto eles não tiverem assegurado para casa um saco de arroz, para eles e para a sua família, esquece as críticas e os posicionamentos”. Será possivelmente o saco de arroz que justifica o trabalho assalariado de muitos phdês, não na academia mas nas ongês, compilando relatórios e outros misteres menores que bem poderiam ser feitos por outra classe profissional. É apenas uma pista. Como é outra pista virar as prioridades do ensino para a parte mais alargada da pirâmide.
Muitos corolários poderiam ser extraídos do drama do mistério de orgónio e o saber de que formalmente estão investidos todas as massas cinzentas que queimaram os neurónios no exterior para beneficiar o país do seu conhecimento.
Mas enquanto estivermos terrivelmente obcecados por títulos académicos, pelas siglas prefixas com que enfeitamos os nomes de família em folhas de papel com timbres oficiais, nem o orgónio, nem a revolução verde vão ter respostas tão cedo.
A internet não serve apenas para o trote lunático dos guerreiros etéricos. Há muito boa gente que ali contratualizou vistosos diplomas de ciências avulsas a partir de um cheque em moeda convertível.
( Fernando Lima, no Savana de 15/05/09 )
1 comment:
Canudos ou Phds nem sempre sao sinonimo de inteligencia ou bom senso (common sense), um pouco de humildade ou modestia nunca caiu mal a ninguem. Se sabemos que somos bons em algo que de alguma forma possa servir os outros ou a comunidade, entao, deveriamos de usar a nossa sabedoria para servir e ajudar os menos privilegiados, isto e, fazer uma diferenca na comunidade em particular e no mundo em geral. Maria Helena
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