Thursday 21 May 2009

DIALOGANDO - Maldita pobreza!

É NOSSA convicção ou pensamento que a partidarização excessiva do discurso político e o combate à pobreza absoluta em Moçambique já atingiram níveis que atingiram, aparentando que existe muita vontade por parte do poder instituído em eliminar este grande problema, mas este mal continua a fustigar a maioria dos cidadãos deste país.

Maputo, Quinta-Feira, 21 de Maio de 2009:: Notícias

Mesmo com muito “paleio” político, sobretudo nos comícios populares ou noutros fóruns, o mal continua a aprofundar as desigualdades sociais no nosso país e espera-se que aprofunde ainda mais, nos próximos tempos, com a crise financeira mundial que já está a afectar alguns sectores de actividade económica em Moçambique.
Os discursos políticos continuam a dizer que o combate à pobreza é uma das prioridades do presente Executivo, mas ela igualmente continua a ser o motivo para que muitas vezes se cometam ofensas a quem passa tão grandes dificuldades de falta, por exemplo, de alimentos, dinheiro, água e mais outras coisas para satisfazer as suas necessidades básicas.Tal é a cena triste e vergonhosa que se assistiu na tarde da sexta-feira passada, na cidade portuária de Nacala, na província de Nampula, em que muitos idosos pobres e carenciados que normalmente recebem esmola dada por alguns agentes económicos da urbe foram violentamente empurrados e por pouco não foram espancados por um elemento da segurança privada quando tentavam exigir num estabelecimento hoteleiro a distribuição de dois sacos de arroz que lhes haviam sido oferecidos por um comerciante local.
A brutalidade protagonizada por esse segurança chocou não só aos idosos pobres e carenciados e um dos seus colegas de trabalho como também aos transeuntes que chegaram a pedir a intervenção rápida da Polícia da República de Moçambique. Alguns disseram que nunca tinham assistido situação do género desde que aquela camada da sociedade começou a organizar marchas ou concentrações de pedido de esmola na cidade de Nacala-Porto.
É verdade que a maior parte das famílias moçambicanas já de si depauperadas pela degradação do nível de rendimento e pelo constante aumento do custo de vida despende todos os dias os seus esforços para poder sobreviver, mas isso não poderia fazer com que qualquer um que se acha alguém num determinado sector, como aquele agente da segurança privada em Nacala-Porto, faça o que entender no meio de dezenas de idosos pobres, alguns dos quais já sem forças para trabalhar.
Muito se podia dizer ou comentar sobre esse facto, mas é preciso sublinhar que foi um acontecimento que não terá feito sentido, não terá tido lógica e mesmo ou sobretudo moral, ainda num momento de crise grave, de tanta pobreza, de tanto desemprego e de tanta miséria, como o que vivemos. Sendo assim, acredito que não haverá quem não pareça ter entendido ainda que o combate à pobreza absoluta em Moçambique só terá resultados que se desejam se for encarado com seriedade, tanto pelo poder político instituído, como por outros intervenientes no processo.
No entanto, vai sendo tempo de as estruturas da Delegação do Instituto Nacional de Acção Social - INAS de Nacala-Porto perceberem que as marchas de pedido de esmolas que os idosos e outras pessoas carenciadas realizam nas sextas-feiras já são motivo mais que suficiente para se começar a pensar em medidas de correcção, pelo menos na organização das pessoas num determinado lugar, onde cada agente económico que tiver alguma coisa para dar aos pobres possa fazê-lo nesse local. Isso pode evitar cenas de violência que se têm visto, de forma continuada, nas estradas ou portas de alguns estabelecimentos comerciais daquela cidade.
O futuro da nossa pátria terá que ser construído com a sensibilidade suficiente para compreender a responsabilidade de todos nós em relação às gerações vindouras, lutando por lhes deixar um país melhor do que aquele que encontrámos. Para isso precisamos de acções concretas no combate à maldita pobreza.
Vamos combater a maldita pobreza também na perspectiva de que os caprichos da ostentação de riqueza não criem novas dificuldades na prossecução dos objectivos desse combate. Para o efeito, necessitamos de novas estratégias consistentes para os eliminar, contando com a coragem política, pois quanto mais tarde intervirmos, mais difícil ou complexo será “pôr-lhes um travão”.Juntos por uma mesma causa, que é o duro e longo combate à pobreza, venceremos, investindo fundamentalmente na mudança de mentalidade e que o “slogan” não seja só para mudar tudo para tudo ficar na mesma. Por conseguinte, sejamos conscientes de que é altura de apostarmos no combate à pobreza como um desígnio nacional para o desenvolvimento global.

Mouzinho de Albuquerque

1 comment:

Anonymous said...

Choca-me qualquer abuso de autoridade ou poder. Nao posso ver idosos, criancas, animais, etc a serem vitimas de qualquer tipo de abuso. Cabe ao governo fazer algo para combater o flagelo da pobreza que assola o pais. Os mais privilegiados deveriam de apoiar os carenciados. Maria Helena