Sunday 25 October 2009

Um ambicioso nunca muda, mas sim muda de táctica

Já vai ao fim a campanha eleitoral. No dia 28 de Outubro os moçambicanos vão às urnas. Vão decidir quem serão os próximos deputados e membros das assembleias provinciais. Vão indicar quem será o próximo Garante da Nossa Constituição.

Formalmente somos o povo protagonista do nosso próprio destino. Mas quando aparecem altas figuras do partido no poder a afirmarem que mesmo com a dita democracia, o partido no poder dele não sairá. O que nos obrigam a pensar? Nada mais que concordarmos com Samora Machel quando dizia” Um ambicioso nunca muda, mas sim muda de táctica”.

Todos somos ambiciosos, porque um homem sem ambição é um ser morto. Mas uma ambição desmedida é aquela que matou Urias Simango, Lázaro Nkavandame, Filipe Samuel Magaia, Joana Simeão, Jorge Abreu, Eduardo Mondlane. Uma ambição desmedida é aquela que levou Adelino Guambe, Lourenço Mutaka, Fanuel Mahluza entre tantos a abandonarem a Frelimo da Luta Armada de Libertação Nacional e posteriormente serem perseguidos por esses algozes.

São esses que hoje mudaram de cor, tiraram a pele e nos cobram uma dívida que eles acreditam que nunca terminará. Os moçambicanos pagaram essa dívida com o seu sangue em M’tetela, pelos fuzilamentos públicos em campos de futebol ontem. Não bastou? E hoje mudaram? Desde quando nossos libertadores? Não acham que é com a dita democracia que nós nos consolamos? Se com a dita democracia nos fazem mostrar que nada faremos, o que querem que nós façamos para que reconheçam que o poder vos basta? Não acham que é com essa dita democracia que podem esconder a capa do comunismo stalinista?

Ontem mataram com Samora, depois o trairam porque havia deixado de albelgar os seus interesses, criaram o “acidente” de Mbuzini e hoje servem-se dele para promover a sua imagem. Anteontem mataram Mondlane porque era anticomunista, mesmo sem que ele tenha mostrado claramente isso. Depois eliminaram o seu Vice- Presidente Urias Simango. Hoje perseguem incansavelmente o seu sangue, a única recordação que podemos ter do Reverendo. Dos seus restos mortais nunca saberemos.

São eles que nos fazem acreditar que nunca irão deixar o poder, como se eles nele tivessem nascido, com ele tivessem crescido e com ele tivessem de morrer. Esqueceram-se o que Salazar dizia quando estavam nas matas. Esqueceram-se que Marcello Caetano não queria ouvir falar da Independência das colónias. Mas num dia hastearam a bandeira no Estádio da Machava depois de Caetano ter sido exilado para o Brasil. Esqueceram que o poder não é eterno, ele acaba de várias maneiras. Esqueceram-se que os que ficaram apegues ao poder por muito tempo perderam-no de forma desastrosa, ora por golpes, ora por derrota nas urnas (por cansaço dos eleitores), ora por imposição de outros dentro do mesmo partido.

Sei que por causa desse texto alguns me chamarão de saudosista ou ambicioso, mas não se esqueçam que é essa forma de pensar que queremos todos, eu e você, combater.

Acredito que um história bem contada para os meus futuros filhos lhes ajudará a discernirem melhor sobre quem votar. Eu que fui tantos anos enganado por essa “história oficial” (história lava cérebros) levou-me anos a pensar diferente. Mas tenho a missão de, no mínimo, transmitir aos meus filhos essa verdade, para que estejam sempre atentos à esses “arquitectos do bem estar dos moçambicanos”.

(Leovigildo Novidades Juliasse, em www.leoiuris.blogspot.com)

1 comment:

ministerio emmanuel said...

Leovegldo.
Concordo plenamente com o seu comentario...
Chegou a hora de se cumprir o que diz APOCALIPSE 22:11