Chegados aqui, a escassas horas da votação, exortamos a todos os cidadãos recenseados para que afluam, em massa, às urnas, esta quarta feira, e votem nos candidatos e partidos de sua livre escolha.
Livre escolha significa que o cidadão, nesta hora de reflexão, deve abstrair-se dos aspectos materiais e folclóricos das campanhas eleitorais e pensar, seriamente, na construção de um país melhor, na construção de um país verdadeiramente democrático, um país respeitador dos direitos e liberdades dos cidadãos, um país inclusivo, um país que combate a exclusão social, económica e política, enfim, um país de que todos nos possamos orgulhar de a ele pertencermos.
O objectivo essencial de uma campanha eleitoral é a exposição do cidadão a várias mensagens e projectos políticos, apresentados por diferentes candidatos e partidos concorrentes, para que, uma vez bem informado, o cidadão possa escolher, em liberdade e confidencialidade, aquele partido e candidato que lhe pareçam mais sérios e mais capazes de implementar o que dizem.
O cidadão viu, durante a campanha eleitoral, como alguns “dirigentes” de partidos duvidosos se venderam, a troco de migalhas, para pronunciar hipotéticos apoios a este ou àquele candidato presidencial, o que, só por si, demonstra a dimensão do vazio político e etico-moral existente nas cabeças e corações daqueles aventureiros.
Vezes sem conta, escrevemos, neste espaço, que a política não é uma actividade própria para desempregados, analfabetos, assaltantes e vendedores de viaturas roubadas. A política não é actividade para desocupados, negligentes e preguiçosos mentais. A política é uma actividade nobre, que exige talento, estratégia e astúcia. A política exige estudo aprofundado de situações e cenários, exige conhecimentos, exige competências, habilidades e atitudes.
Não se faz boa política com incompetentes e preguiçosos mentais. Não se faz boa política com políticos famintos, desempregados e sem educação escolar conhecida.
Ora, estava à vista que alguns dos que, publicamente, desertaram de cumprir com os seus objectivos eleitorais, para passarem a apoiar objectivos eleitorais dos seus ex-adversários, não queriam ganhar eleições nenhumas; tão simplesmente queriam ganhar pão, para irem comer em casa, queriam ganhar algum dinheiro para pagar dívidas e realizarem os seus negócios pendentes, enfim, são políticos com sérios problemas de sobrevivência estomacal. Não são sérios! Apelamos ao povo moçambicano a que os risque do mapa dos partidos políticos registados em Moçambique, por muito sofisticada que venha a ser a desculpa que apresentarem. Não valem nada, nem acrescentam nenhuma mais-valia a ninguém. Não possuem nenhuma agenda política, não possuem nenhum projecto de sociedade, são mercenários políticos, são o refugo da política nacional, pelo que devem ser imediatamente descartados, sob pena de se descredibilizar as eleições em Moçambique.
Neste contexto, apelamos aos cidadãos moçambicanos para que se esqueçam dos aventureiros políticos e façam destas eleições uma oportunidade ímpar para o exercício da cidadania, para o exercício da liberdade de escolha, escolhendo pessoas e partidos do gosto de cada moçambicano recenseado, independentemente de tudo o que os cidadãos ouviram ao longo dos 45 dias de campanha eleitoral.
É, pois, chegada a hora da verdade, a hora de cada um escolher a quem quer, independentemente de toda a pressão recebida durante a campanha eleitoral.
Nenhum cidadão está obrigado a votar num certo partido ou candidato. O voto é secreto, precisamente, para que ninguém saiba em quem é que o cidadão votou. O voto é secreto para evitar que o cidadão seja coagido a votar neste ou naquele candidato ou partido, só porque, durante a campanha, disse que votaria neles, ou porque, como queria combustível ou algum outro suporte material, prometeu votar num determinado partido e candidato. O cidadão é livre, dentro da cabine de voto, de mudar a sua opinião e votar como quiser, votar de acordo com a sua consciência, votar na pessoa e partido que lhe pareçam capazes de implementar um projecto de sociedade melhor para Moçambique.
Portanto, caro cidadão, esqueça a fanfarra da campanha eleitoral, esqueça as camisetes e capulanas coloridas, esqueça a agitação, o barulho, as agressões protagonizadas por determinados vândalos, verificadas na campanha e, caro eleitor, exerça o seu direito cívico de escolher, secreta e livremente, o futuro de Moçambique!
Se, ao longo dos 45 dias, foram os políticos os principais oradores, em comícios populares, tempos de antena, entre vários outros pódios, agora é a vez do cidadão usar da palavra, na cabine de voto. É a vez de o cidadão eleitor falar bem alto, seleccionando, de acordo com a sua consciência, aqueles que os achar mais capazes de fazer a diferença na vida dos moçambicanos.
É que, do seu, aparentemente, simples gesto de votar, depende, em grande medida, o futuro de todo um país.
Por isso mesmo, caro cidadão, o futuro de Moçambique está nas suas mãos!
(Salomão Moyana, no Magazine Independente, citado em www.oficinadesociologia.blogspot.com)
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