Friday 16 October 2009

SERÁ PRECISO APELIDAR OU DENOMINAR A PRM DE APARTIDÁRIA


Para quem já experimentou o peso da sua acção decerto que não...

Para os asfixiados de Montepuez decerto que não faz diferença nenhuma chamar ou dar este ou aquele nome. Eles pagaram co a vida para saberem que a PRM obedece a voz de quem manda e quem manda é a Frelimo. Quando os seus agentes atiram a matar contra civis ou quando por causa de sua acção cidadãos alegadamente perturbadores da ordem pública acabam morrendo por uma razão ou outra, nas mãos da polícia e isso não tem consequência nenhuma, estamos perante uma situação anómala tratada de ânimo leve porque interessa a quem manda, que assim seja.
Essa de um comandante geral vir a público afirmar que a sua polícia é apartidária é caricata e mais uma daquelas tentativas pouco felizes que algumas figuras por vezes tem no seu percurso politico discursivo.
Agradar aos seus chefes está decerto na ordem do dia neste momento de fim de mandato e renovar a confiança do chefe tem mais peso do que posicionamentos equidistantes dignos de figuras que ocupam cargos públicos.
Ministros e directores se esquecem facilmente de que o país não pertence a Frelimo mas sim aos moçambicanos. De uma maneira autenticamente canibal assaltam-se todos os valores democráticos em construção e avança-se para a destruição do pouco que foi construído.
Rapidamente se esqueceu de que tivemos uma guerra de 16 anos. Esqueceu-se que foram razões bem endógenas que provocaram aquela guerra fratricida. Uns usando o apoio de alegados “socialistas solidários” e outros usando o apoio de “forças de direita” no quadro de uma guerra fria contribuiram para destruir o país.
Quando aparece a oportunidade reconstruir e de fazer algo que engrandeça e dignifique todos surge a tendência de apropriação individual de tudo o que é público.
Numa situação que começa a ficar a claro, de que o acordo de Roma foi o possível mas essencialmente um grande fiasco porque não resolveu os problemas essenciais da soberania. Quem manda hoje controla através da maneira como se assinou aquele acordo a Polícia e as Forças Armadas.
E em África isso é o que conta. Todo o sistema empresarial montado após acordo de Paz mostra como foram definidas as coisas e o que é importante salvaguardar neste momento. A factura de se ter negociado o acordo de cessar fogo em Roma como se fez está sendo muito cara para os moçambicanos.
Estamos pagando caro o facto de facilmente sermos enganados com rebuçados ou dólares.
De libertadores, tanto os de “25 de Setembro” como os da “luta pela democracia”, guardamos respeito e admiração mas não muitas saudades porque na actualidade vive-se cruelmente, diferente daquilo que nos diziam que seria. Ao fim ao cabo libertaram-se a eles próprios, resolveram os seus próprios problemas e não conseguem positivamente afectar pela positiva a vida da população que repetidamente dizem defender, amar e quejandos.
É preciso dar tempo ao tempo mas é preciso ajudar o tempo, cada fazendo o que lhe compete para mudar efectivamente este Moçambique.
Cabe a actual geração fazer a sua parte para que os destinos deste país não fiquem eternamente confinados ao que uma ninoria essencialmente parasita quer e deseja.

(Noé Nhanthumbo,Diário da Zambézia,15/10/09. O jornal está disponível em http://www.oficinadesociologia.blogspot.com/ )

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