Estatísticas oficiais moçambicanas revelam que o crescimento económico
acelerou no segundo trimestre, para 8 por cento, mais 1,7 pontos percentuais do
que no período homólogo, apesar da conjuntura global de abrandamento, que afecta
alguns importantes parceiros comerciais.
O Fundo Monetário Internacional elevou a sua previsão de crescimento para
este ano, de 6,7 para 7,5 por cento, ficando agora em linha agora com os números
do governo e de 7,2 para 8,4 por cento no próximo ano.
O desempenho “robusto” de Moçambique no primeiro semestre e o “aparentemente
limitado impacto do abrandamento económico global na sua economia” levam também
a EIU, no seu mais recente relatório sobre Moçambique, a elevar a sua previsão
de crescimento para 7,4 contra os 7,2 por cento anteriores.
“Os dados mais recentes do PIB sublinham a robustez da economia de Moçambique
e até que ponto o crescimento é impulsionado pela expansão do novo sector
emergente de extracção de recursos e pelo forte desempenho numa gama diversa de
sectores”, incluindo a indústria, transportes, serviços e agricultura, refere a
EIU.
O sector secundário, que inclui a indústria, cresceu 10,2 por cento no
período e o sector primário, que inclui a mineração, 7,4 por cento.
Graças à entrada em funcionamento de instalações mineiras de “nível mundial”,
caso da operada pela brasileira Vale, o sector mineiro cresceu 54 por cento,
apesar de representar por agora apenas 3 por cento do PIB.
A agricultura cresceu 6,8 por cento, um desempenho forte de um sector com “o
maior impacto no emprego, rendimento dos lares e redução da pobreza”, apesar da
continuação de preocupações em relação ao fosso crescente de produtividade entre
as explorações tradicionais e grandes projectos de capital intensivo.
Quanto ao sector dos serviços, refere a EIU, expandiu-se a uns robustos 7,7
por cento, com os transportes e comunicações a registarem um impulso de 14,8 por
cento, mostrando “que o fluxo esperado entre mineração e transportes está a
acontecer”.
No relatório, a EIU realça ainda a publicação de uma estratégia de gestão de
dívida pelo governo, corroborando a visão “de que Moçambique vai aplicar com
sucesso as reformas políticas acordadas com o FMI”.
Isto, refere, embora “permaneça incerto se isto se vai traduzir em políticas
orçamentais e de dívida prudentes, dadas as expectativas de rápido aumento de
receitas”.
A receita fiscal excepcional de 175 milhões de dólares, arrecadada com a
operação de venda da empresa irlandesa Cove Energy ao grupo tailandês PTT levou
a EIU a rever marginalmente em baixa as suas previsões para o défice orçamental
deste ano, embora a política fiscal em operações similares no futuro permaneça
“incerta”.
No seu mais recente relatório sobre Moçambique, após uma visita ao país,
intitulado “Um Novo Lugar no Xadrez Internacional”, os analistas do banco
português BPI afirmam que 2011 foi “um ponto de viragem importante para
Moçambique”, com o início de actividade dos grandes projectos de investimento no
sector mineiro e em particular da exportação de carvão.
“As recentes descobertas de gás natural colocam o país no centro das atenções
de grandes empresas internacionais na área de energia, pois tudo indica que
possua reservas à escala mundial”, adianta.
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