Thursday 11 November 2010

Chuvas colocam à superfície problemas de escoamento de águas pluviais


Em plena festividade do 123º aniversário da capital do país

Crateras, deslizamento de terra, charcos de água, etc. são o saldo das chuvas na nossa capital. Os bairros periféricos são a face mais evidente, mas a baixa de Maputo é também um local preocupante.
A cidade de Maputo celebrou, ontem, o 123º aniversário da sua elevação à categoria da cidade, um aniversário marcado pela queda de chuvas torrenciais que, uma vez mais, trouxeram à superfície o deficiente sistema de escoamento das águas pluviais, com destaque para a zona baixa da capital, onde sempre que as precipitações são acima do normal, há inundações.
As cerimónias centrais da passagem do 123º aniversário foram marcadas pela deposição de uma coroa de flores na praça dos Heróis moçambicanos, uma cerimónia que contou com a presença de várias figuras da arena política nacional.
O presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, David Simango, foi quem orientou as cerimónias centrais. Durante a sua comunicação, destacou os avanços registados ao longo dos anos nesta urbe, mas não deixou de reconhecer os problemas que afligem a sua edilidade. Simango aponta o saneamento do meio como um dos principais desafios do seu município.
Os problemas relacionados com o sistema de saneamento e drenagem na cidade de maputo tornam-se uma mancha visível e incontornável nos dias de chuva. Aliás, um dia antes da celebração das festividades do dia da Cidade, a mesma foi fustigada por uma chuva que, tendo durado apenas 15 minutos, deixou parte da cidade de Maputo, concretamente a zona da baixa, inundada.
Trata-se de um problema secular que, aos olhos de Simango, não passa despercebido. O edil diz que enquanto o município não tiver uma pujança financeira considerável, será difícil ultrapassar este dilema. Refere que o município investiu muito na abertura de valas de drenagem a nível da cidade, porém, a sua função é quase invisível nos dias de chuva intensa.
As enchentes na cidade de Maputo não são apenas provocadas pelo fraco sistema de drenagem e saneamento, mas também se devem à estrutura da própria cidade. Simango diz que muitos bairros da cidade de Maputo, incluindo o centro da cidade, encontram-se localizados muito próximo do lençol freático, o que propicia as inundações. Os bairros periféricos de Maputo, com destaque para Maxaquene, Mafalala, Chamanculo, Xipamanine, entre outros, são a face mais evidente dos problemas de saneamento do meio, particularmente nos dias de chuva.
Nestes bairros, as ruas tornam-se intransitáveis e, em alguns casos, a água invade o interior de algumas residências.

Sistema de drenagem

Por seu turno, a vereadora do distrito municipal Ka mpfumo”, Despedida Bento, aponta a actividade humana como sendo a responsável pelo problema de drenagem na cidade. “Não se trata do fraco sistema de saneamento. O problema é causado pelas pessoas que não sabem gerir nem conservar os resíduos sólidos”, afirma, acrescentado que os munícipes deixam o lixo de qualquer maneira, o qual depois entope as valas de drenagem.
os “gestores” do município de Maputo fizeram estas declarações durante a celebração das festividades do dia da cidade, na praça dos heróis, quando, ao mesmo tempo, alguns munícipes dos bairros periféricos considerados históricos evacuavam a água que se havia introduzido no interior das suas residências.Esse drama causado pelas águas das chuvas não lhes permitiu que comemorassem como devia o dia da sua cidade.
Adelaide Ubisse, residente do bairro Indígena, visivelmente emocionada e a tentar drenar a água da chuva que havia inundado a sua residência - que sempre que chove se vê obrigada a dormir em cima da mesa -, contou ao nosso jornal que o problema que se vive no seu bairro é causado pela falta de uma vala de drenagem que possa escoar águas pluviais até à vala principal, na avenida de Angola.
Por outro lado, ainda na cidade de Maputo, na zona do Museu, a fúria das águas da chuva provocou o desabamento parcial de uma casa. Trata-se de uma residência próxima de uma obra que está a ser executada pela Construtora do Mondego, cujos operários disseram ao nosso jornal que tudo fizeram para evitar o pior.

Tiago Valoi e Orlando Henriques, O País

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