Dhlakama diz que Guebuza está à procura de pretexto para não haver eleições e manter-se no poder

“A Frelimo quer adiar eleições para Guebuza continuar no poder. Será inaceitável. Nós queremos eleições para o dia 15 de Outubro. Sabemos que a Frelimo tem medo de perder eleições”

Maputo (Canalmoz) – O presidente da Renamo, Afonso Dhlakma, acusou, na quinta-feira, 10 de Julho, o presidente Armando Guebuza e o seu partido, a Frelimo, de estarem a arranjar pretextos para adiarem as eleições, com o propósito de se manterem no poder.
“A Frelimo quer adiar eleições para Guebuza continuar no poder”, disse Dhlakama em conferência de imprensa por via de telefone, e que serviu para reagir à detenção do seu porta-voz e membro do Conselho de Estado, António Muchanga, na passada segunda-feira, na Presidência da República, a mando de Armando Guebuza.
“Ele [Guebuza] quer adiar eleições. Será inaceitável. Nós queremos eleições para o dia 15 de Outubro”, afirmou o presidente da Renamo, acrescentando que “a Frelimo tem medo de perder eleições, porque sabe que, desta vez, não poderá conseguir encher as urnas, nem intimidar as pessoas”.
Afonso Dhlakama disse que actuação de Guebuza em relação ao “rapto” de António Muchanga revelou abuso de poder, violação da Constituição da República, provocação e falta de respeito.
“Muchanga é porta-voz da presidência da Renamo. É membro do Conselho de Estado indicado pela Assembleia da República no âmbito dos resultados eleitorais que obtivemos nas eleições de 2009”, explicitou Dhlakama.
O presidente da Renamo lembrou que não é a primeira vez que Guebuza viola a Constituição e retira a soberania aos órgãos do Estado.
“Porquê Muchanga foi levado para a B.O.? O que fez? Matou a quem? Onde andou a disparar? Só porque é porta-voz da Renamo e falou à imprensa?”, perguntou o presidente da Renamo.
Dhlakama perguntou também: “Quantas vezes o porta-voz da Frelimo, Damião José, insultou o Dhlakama e a Renamo? Só porque nós não temos FIR, não temos esquadra e não temos B.O. para o levar [para lá]?”.
Para o presidente da Renamo, o que aconteceu na segunda-feira é uma intimidação directa à imprensa, porque António Muchanga era um interlocutor da imprensa.
“O que aconteceu a Muchanga assusta a todos. É uma intimidação directa à imprensa. É uma pouca-vergonha para o país”, alertou o presidente da Renamo, e advertiu: “Já não podemos admitir que isso esteja a acontecer no nosso país”.
“Se a Frelimo não aceita que a oposição se pronuncie, é outra coisa. Mas isso tem que acabar.”


Guebuza pobre


Afonso Dhlakama afirmou que nenhum moçambicano beneficiou da democracia e das liberdades pelas quais a Renamo lutou durante 16 anos e continua a lutar.
“Mesmo ele, Guebuza, que anda a prender pessoas ilegalmente, era pobre antes do Acordo Geral de Paz, porque no regime de partido único não lhe era permitido ser rico. Hoje é muito rico, embora de forma duvidosa, graças à luta da Renamo”, afirmou.


Dhlakama promete não retaliar, mas adverte que não vai permitir abusos


Apesar de tudo, no final, Afonso Dhlakama prometeu que não vai retaliar “as provocações de Guebuza”.
“Não vamos retaliar, não vamos vingar-nos dessas provocações. Sabemos que a Frelimo e Guebuza estão a arranjar pretextos para não termos eleições, e continuar no poder. Mas repito, será inaceitável não termos eleições. Nós queremos eleições, é por isso que eu me recenseei. Nós não queremos a guerra, mas sim a paz e a democracia. Nós condenamos a guerra” garantiu, lamentando contudo o tempo que passa sem as partes chegarem a acordo sobre o fim das hostilidades e da unificação das forças.
Afonso Dhlakama informou que a sua candidatura, pela Renamo, para Presidente da República, será formalizada na tarde desta sexta-feira, 11 de Julho, junto do Conselho Constitucional.


Guebuza é que provocou esta guerra – Dhlakama


“Eu, Dhlakama, ainda não morri, por isso, enquanto continuar vivo, não vamos permitir abusos nem violações”, prometeu, e sublinhou: “Quem provocou esta guerra é Guebuza, por isso é mentira, quando ele quer imputar responsabilidades à Renamo”.
“Quem provocou esta guerra é Guebuza. O conflito continua por interesse da Frelimo. Quem sai de Maputo com jovens armados, blindados, canhões, para nos aniquilar?”, disse Dhlakama.



(Bernardo Álvaro, Canalmoz)