Assassinos de carácter pouco diferem dos assassinos políticos
Beira (Canalmoz) – Contenção, razoabilidade, moçambicanidade são ingredientes de hoje, são de facto os ingredientes que deveriam estar todos os dias na mesa de diálogo no Centro de Conferências “Joaquim Chissano”.
A imprensa, num momento crítico como este, não deveria estar “regando a fogueira com gasolina”, escondendo a verdade e propagando o ódio entre concidadãos, seja em defesa do que seja.
O país não precisa de exibição de suposta pureza ideológica, ou de procedimentos, de quem quer que seja.
Em momentos de crise é que se descobrem os líderes pela sua visão estratégica e cometimento com a causa nacional.
Também é nos momentos de crise aguda que se descobre quem é o “ministro de informação do regime de Bagdad”… Gritar aos quatro ventos que está tudo bem pode ser catastrófico e de consequências irreversíveis, como se tem visto ao logo da história humana.
O prolongamento duma crise e o seu desfecho muitas vezes dependem do tipo e da idoneidade dos conselheiros dos líderes.
Quando se retira o peso e significado de fazedores de opinião veteranos das partes em conflito, perde-se um determinado capital de experiência, insubstituível, no que se refere à importância e qualidade das opiniões emitidas.
Refrescar conselheiros ou membros de proa dum partido não pode ser feito ao sabor dos interesses privados do líder, pois muitas vezes esses podem não coincidir com os verdadeiros interesses da organização que ele dirige. Quando alguém defende e define que sua agenda precisa de espaço vital também deve ter em conta que o horizonte dos seus interesses não pode subestimar a agenda colectiva.
A pressão e o “forcing” que manifestamente se fazem para continuar a ignorar que temos um conflito político-militar com bases sólidas é como as avestruzes fazem face ao perigo eminente.
Armar e financiar batalhões de escribas convenientes e subservientes, como parece estar acontecendo, é uma via barata, mas com resultados dispendiosos para o país. Optar pela aquisição de meios de informação e por reviravoltas editoriais são como fermento e fertilizante para a asfixia da liberdade de expressão e da democracia.
Olhando um pouco para o passado, veremos que os proponentes da via da acomodação material e financeira da oposição de hoje são os mesmos que esconderam a verdade eleitoral ao povo e ao mundo.
Se a máquina eleitoral está inquinada e manietada, se as forças de segurança não actuam de forma constitucional, protegendo a soberania as liberdades democráticas, obedecendo a um comando legal credível, acabamos desenvolvendo suspeitas de favorecimento e a emergência de situações de conflito de interesses.
O paradigma da governação no país tem de ser reabilitado, aproximando governados dos governantes e promovendo uma cultura de Estado que falta em todos os escalões.
Quando se deixa que prolifere um discurso que se consubstancia em assassinato de carácter nos meios da comunicação social pública, fica patente que existem interesses obscuros comandando a acção político-governamental.
“Quem não deve, não teme” diz o ditado, e quando a opção é encobrir e defender posições adquiridas de modo dúbio e ilícito, arvorar-se duma superioridade de todo não comprovada, estamos em terrenos movediços e inconsistentes.
Há um “deficit” enorme de cidadania e de cultura política que só serão confrontados com êxito se da parte dos partidos políticos houver vontade de crescer e melhorar.
A proliferação da mediocridade tanto académica como política tem consequências no diálogo nacional. Uma nação é um corpo vivo em permanente diálogo entre os seus integrantes.
É inútil e nefasto que apareça alguém pretendendo-se superior aos demais em virtude de cargos exercidos ou de história de participação na luta independentista ou pela democracia.
É por demais perigoso que as pessoas se calem, mesmo quando observam e concluem que o “barco”, nação, está sendo dirigido para penhascos ou para um banco de areia.
Pode não parecer, mas foi a pobre opção de transformar a governação numa máquina de promoção e distribuição de favores que trouxe a crise como hoje conhecemos.
Gente que conhecia a verdade se coibiu de trazê-la para o domínio público, e nesse processo houve participação plena de chancelarias internacionais e da ONU, que queriam a todo o custo ver um cessar-fogo nas hostilidades da guerra civil passada. Também outro tipo de conjecturas pode ter sido feito e ter determinado decisões que afectam o nosso presente e o futuro próximo.
Não nos enganemos quanto ao brilho e exuberância que dão ao facto de o país estar a descobrir recursos minerais de grande valor comercial e estratégico. Na verdade e para dizer a verdade, tais recursos já há muito eram conhecidos tanto na sua magnitude como na sua natureza. As petrolíferas do Texas há muito sabem e rastrearam as bacias de hidrocarbonetos de Moçambique. Convêm que ninguém se engane ou consuma mentiras. Se amanhã aparecer alguém a anunciar a descoberta de urânio no país, convém que se saiba que os portugueses, já na década de 1950, sabiam onde se encontravam jazidas desse mineral estratégico.
Quem acendeu a fogueira de hoje foi quem quis considerar que só um determinado grupo muito restrito de pessoas tinha direitos políticos e económicos.
A fineza e o apuro discursivo não significam superioridade nem conferem direitos especiais.
Só com humildade e honestidade entre os interlocutores, participando sem artimanhas no processo negocial encetado, se poderá enterrar as causas da guerra e partir-se para um novo começo.
Isso exige coragem e persistência que não coadunam com ofensivas de assassinato político nem de carácter.
Baixem as armas e escondam as baionetas. Emitam sinais concretos dum alinhamento com a causa da PAZ e retirem do vosso pacote de instruções a violação dos direitos políticos e humanos dos vossos compatriotas.
Os escribas que se tornam fiéis seguidores e propagandistas duma linha que afasta os moçambicanos da concórdia são como charlatães ou curandeiros que, depois de descoberta a sua incapacidade de curar algo, são enxotados da aldeia como moscas.
Sejam dignos de vós próprios enquanto pessoas, enquanto moçambicanos, enquanto líderes.
Tenhais em mente que a acumulação privada, até criminosa, do que é comum não constrói muralhas de protecção nem de impunidade.
Queremos este Moçambique em PAZ e isso é vossa responsabilidade inalienável.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
2 comments:
Criam formas para prolongar suas governacoes para continuar a oprimir a população inocente, se soubesse o que acontece quando está vida põe fim não estaria querendo nunca mais continuar a governar, as prisões onde colocam os outros como punição não acontece nada relativamente o que esperam quando está vida terminar, vão pedir para voltar a terra e não lhes será permitido. Façam tudo menos pensarem que fizeram algo melhor do que criar condições para queimar sem cessar no inferno.
A vida de Guebuza não tem valor à mais relativamente a do medido que aos olhos impuros parece sem valor, diante de Jeova, Deus vivo não existe escolha entre o pobre e rico, todos serão julgados segundo o que fizeram em vida.
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