“Vendedores de interesses nacionais” continuam a apadrinhar chineses no contrabando da madeira
– Moçambique perdeu, desde 2007, cerca de 146 milhões de dólares norte-americanos em impostos
Maputo (Canalmoz) – Os recursos florestais moçambicanos, nomeadamente a madeira, continuam a saque por parte de madeireiros ilegais chineses em conivência com altos funcionários do Governo.
Devido a esta pilhagem e ao contrabando ilegal da madeira, que vêm sendo praticados pela insaciável procura chinesa, os recursos florestais estão ameaçados de se esgotarem dentro dos próximos 15 anos.
Um novo relatório divulgado na passada terça-feira, 22 de Julho, pela Agência de Investigação Ambiental (EIA, sigla inglesa) com sede em Londres, no Reino Unido da Grã-Bretanha, revela que 93% da madeira extraída em 2013 em Moçambique foi ilegal e de forma “espantosa”.
As investigações e pesquisas conduzidas pela EIA entre 2013 e 2014 demonstram que o factor principal do crime florestal em Moçambique é a procura de madeira pela China.
Segundo o estudo, 76% das exportações globais de Moçambique, em 2013, foram extraídas em excesso do registo de extracção de madeira, sendo ilegais. A maioria, uma média de 96% de 2007 a 2013, foi para a China.
Um activista florestal identificado como Jago Wadley foi citado no relatório como tendo dito que “este nível espantoso de extracção e contrabando de madeira ilegal para o mercado chinês resultou em volumes de extracção muito além dos níveis sustentáveis, apesar das afirmações em contrário que têm sido feitas por funcionários moçambicanos”, muitos dos quais envolvidos no esquema de contrabando.
Epidemia de crimes e má gestão ambiental, duas grandes ameaças
“Se a concentração excessiva em apenas um punhado de espécies de madeira comercial continua, as reservas comerciais serão quase esgotadas durante os próximos 15 anos”, disse o activista, acrescentando que “esta verdadeira epidemia de crimes e má gestão ambiental privou o segundo país menos desenvolvido do mundo de 146 milhões de dólares norte-americanos em impostos perdidos desde 2007. Sem grandes reformas, as florestas de Moçambique e a economia florestal estão a enfrentar um futuro muito sombrio.”
Em consequência, a EIA recomenda que todas as exportações de
madeira de Moçambique sejam suspensas imediatamente, até que o país possa garantir que a extracção, consumo e comércio de madeira possa ser feito de forma sustentável e conforme os recursos florestais que restem.
Contrabando para a China cada vez mais consistente, com as mesmas empresas de sempre
Ainda segundo o documento, Moçambique tornou-se o maior fornecedor africano de madeira para a China. Em termos de valor económico, em 2013, 46% dos 516.296 metros cúbicos das importações chinesas de madeira de Moçambique (235.500 m3) também foram contrabandeados para fora do país.
“Este volume é equivalente a 11.750 contentores, os quais se estenderiam por uma distância de 72 km”, refere o relatório, explicando, por outro lado, que “o padrão e a escala do crime por empresas chinesas é, infelizmente, consistente com as descobertas do primeiro relatório do EIA [intitulado] ‘Conexões de Primeira Classe’, publicado em Fevereiro de 2013, com as mesmas empresas e outras continuando a contrabandear madeira de Moçambique para a China”.
Jago Wadley acrescentou que “as comunidades rurais pobres estão a sentir o peso da crise de extracção ilegal de madeira de Moçambique, uma crise que não vai acabar sem uma acção imediata e coordenada por todas as partes envolvidas”.
Na quarta-feira, o Canalmoz procurou ouvir o primeiro-ministro moçambicano, Alberto Vaquina, e o ministro da Agricultura, José Pacheco, sobre o relatório, mas ficámos a saber que os dois governantes estão fora do país.
Uma outra fonte do Governo recusou-se a falar do assunto, afirmando que é melindroso e que não é da sua competência. Mas uma outra fonte do Ministério Para Coordenação da Acção Ambiental assegurou que os níveis de devastação, tanto florestais como de animais de grande porte e dos ecossistemas em geral, é bastante preocupante, precisando de medidas urgentes para travar o cenário que ameaça extinguir algumas espécies.
Numerosas empresas chinesas continuam a desflorestar o país, exportando madeira em toros, legal ou ilegalmente.
Mas o relatório da Environment Investigation Agency (EIA), que dedica um capítulo à actuação de várias empresas chinesas em Moçambique, diz que daqui a cinco anos poderão estar esgotadas as reservas de madeiras preciosas.
Com a conivência de moçambicanos altamente colocados e de “vendedores do interesse nacional”, estão a ser derrubadas árvores grandes e cada vez mais raras – como por exemplo o pau-rosa, pau-ferro, jambirre, pau-preto, mondzo, umbila –, para construir mobiliário na China. A reposição dessas árvores poderá ser impossível.
Em 2103, um outro relatório da EIA, intitulado “Conexões de Primeira Classe”, revelou que no contrabando de madeira para a China estavam envolvidos o actual ministro da Agricultura, José Pacheco, e um ex-ministro do mesmo sector, Tomás Frederico Mandlate, que eram acusados de estarem metidos em esquemas de corrupção na concessão de licenças.
(Bernardo Álvaro, Canalmoz)
– Moçambique perdeu, desde 2007, cerca de 146 milhões de dólares norte-americanos em impostos
Maputo (Canalmoz) – Os recursos florestais moçambicanos, nomeadamente a madeira, continuam a saque por parte de madeireiros ilegais chineses em conivência com altos funcionários do Governo.
Devido a esta pilhagem e ao contrabando ilegal da madeira, que vêm sendo praticados pela insaciável procura chinesa, os recursos florestais estão ameaçados de se esgotarem dentro dos próximos 15 anos.
Um novo relatório divulgado na passada terça-feira, 22 de Julho, pela Agência de Investigação Ambiental (EIA, sigla inglesa) com sede em Londres, no Reino Unido da Grã-Bretanha, revela que 93% da madeira extraída em 2013 em Moçambique foi ilegal e de forma “espantosa”.
As investigações e pesquisas conduzidas pela EIA entre 2013 e 2014 demonstram que o factor principal do crime florestal em Moçambique é a procura de madeira pela China.
Segundo o estudo, 76% das exportações globais de Moçambique, em 2013, foram extraídas em excesso do registo de extracção de madeira, sendo ilegais. A maioria, uma média de 96% de 2007 a 2013, foi para a China.
Um activista florestal identificado como Jago Wadley foi citado no relatório como tendo dito que “este nível espantoso de extracção e contrabando de madeira ilegal para o mercado chinês resultou em volumes de extracção muito além dos níveis sustentáveis, apesar das afirmações em contrário que têm sido feitas por funcionários moçambicanos”, muitos dos quais envolvidos no esquema de contrabando.
Epidemia de crimes e má gestão ambiental, duas grandes ameaças
“Se a concentração excessiva em apenas um punhado de espécies de madeira comercial continua, as reservas comerciais serão quase esgotadas durante os próximos 15 anos”, disse o activista, acrescentando que “esta verdadeira epidemia de crimes e má gestão ambiental privou o segundo país menos desenvolvido do mundo de 146 milhões de dólares norte-americanos em impostos perdidos desde 2007. Sem grandes reformas, as florestas de Moçambique e a economia florestal estão a enfrentar um futuro muito sombrio.”
Em consequência, a EIA recomenda que todas as exportações de
madeira de Moçambique sejam suspensas imediatamente, até que o país possa garantir que a extracção, consumo e comércio de madeira possa ser feito de forma sustentável e conforme os recursos florestais que restem.
Contrabando para a China cada vez mais consistente, com as mesmas empresas de sempre
Ainda segundo o documento, Moçambique tornou-se o maior fornecedor africano de madeira para a China. Em termos de valor económico, em 2013, 46% dos 516.296 metros cúbicos das importações chinesas de madeira de Moçambique (235.500 m3) também foram contrabandeados para fora do país.
“Este volume é equivalente a 11.750 contentores, os quais se estenderiam por uma distância de 72 km”, refere o relatório, explicando, por outro lado, que “o padrão e a escala do crime por empresas chinesas é, infelizmente, consistente com as descobertas do primeiro relatório do EIA [intitulado] ‘Conexões de Primeira Classe’, publicado em Fevereiro de 2013, com as mesmas empresas e outras continuando a contrabandear madeira de Moçambique para a China”.
Jago Wadley acrescentou que “as comunidades rurais pobres estão a sentir o peso da crise de extracção ilegal de madeira de Moçambique, uma crise que não vai acabar sem uma acção imediata e coordenada por todas as partes envolvidas”.
Na quarta-feira, o Canalmoz procurou ouvir o primeiro-ministro moçambicano, Alberto Vaquina, e o ministro da Agricultura, José Pacheco, sobre o relatório, mas ficámos a saber que os dois governantes estão fora do país.
Uma outra fonte do Governo recusou-se a falar do assunto, afirmando que é melindroso e que não é da sua competência. Mas uma outra fonte do Ministério Para Coordenação da Acção Ambiental assegurou que os níveis de devastação, tanto florestais como de animais de grande porte e dos ecossistemas em geral, é bastante preocupante, precisando de medidas urgentes para travar o cenário que ameaça extinguir algumas espécies.
Numerosas empresas chinesas continuam a desflorestar o país, exportando madeira em toros, legal ou ilegalmente.
Mas o relatório da Environment Investigation Agency (EIA), que dedica um capítulo à actuação de várias empresas chinesas em Moçambique, diz que daqui a cinco anos poderão estar esgotadas as reservas de madeiras preciosas.
Com a conivência de moçambicanos altamente colocados e de “vendedores do interesse nacional”, estão a ser derrubadas árvores grandes e cada vez mais raras – como por exemplo o pau-rosa, pau-ferro, jambirre, pau-preto, mondzo, umbila –, para construir mobiliário na China. A reposição dessas árvores poderá ser impossível.
Em 2103, um outro relatório da EIA, intitulado “Conexões de Primeira Classe”, revelou que no contrabando de madeira para a China estavam envolvidos o actual ministro da Agricultura, José Pacheco, e um ex-ministro do mesmo sector, Tomás Frederico Mandlate, que eram acusados de estarem metidos em esquemas de corrupção na concessão de licenças.
(Bernardo Álvaro, Canalmoz)
1 comment:
Chineses continuam se manifestando como analfabetos, entra para vender bonequinhos e ao fim está em todo lado a procurar roubar nossos recursos, com ajuda de grupo Pacheco Moçambique vai ficar nú num futuro breve. Até quando pensar desta maneira, excluindo a sustentabilidade nas vossas definições? Parem e pensem um poucochinho.
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