Tuesday 3 March 2009

PM entra no mato

A Primeira-ministra, PM, Luísa Diogo, apareceu a fazer papel que compromete sua imagem. A MOZAL despediu, de forma ilegal, 80 trabalhadores moçambicanos, alegando crise financeira internacional e problemas de energia eléctrica que se abatem sobre África do Sul. Nos finais do ano passado, a PM disse que a crise internacional não haveria de atingir Moçambique. De que maneira o País evitaria a crise financeira internacional? A União Europeia, os Estados Unidos e os tradicionais doadores de Moçambique são fustigados pela crise. A Primeira-ministra não sabe ler os sinais dos tempos.
A PM não deixou que a MOZAL justificasse as ilegalidades que fez. Ela virou sua advogada, ao invés de, como governante, procurar saber o que está a acontecer e se todos os passos legais foram seguidos. O Estado é sócio da MOZAL, portanto, ela tem a legitimidade de questionar e não tapar buracos com as mãos. Os cidadãos dos países desenvolvidos estão protegidos quando desempregados. Nós caímos, com toda a violência imprimida pela força da aceleração. Não há amortecedores para abrandar o impacto. Diogo tem que escolher a quem deseja servir: ou a MOZAL ou o povo. O capital quer o maior lucro possível. O governo deve defender os interesses do povo.
Os moçambicanos ficarão constrangidos ao tomarem conhecimento que o Governo, em caso de dúvidas, num conflito laboral, fica do lado do patrão, em detrimento dos trabalhadores. A teoria da mão estranha usada por governantes do reinado de Joaquim Chissano servia para driblar trabalhadores. A mão estranha era o Governo que, sempre, dizia “yes” aos desígnios do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. Assim, o País ficou desindustrializado e não apoia actividades agropecuárias, alegando ser um sector de alto risco. A mão estranha aldrabou as populações para produzirem jatropha e, agora, fala, a brincar, da revolução verde.
Em tempo de chuvas, as águas dos rios correm para o mar. Pouco tempo depois, o Governo queixa-se da estiagem e, às pressas, organiza peditórios internacionais de comida. Não quer erguer represas e diques para regar machambas. A mão estranha faz a PM defender os patrões, mesmo sem razão.
Porém, uma postura totalmente oposta, corajosa e frontal foi tomada, pela ministra do Trabalho, Helena Taipo, que obrigou a administração da MOZAL a recuar, na sua decisão, e avisou que, no seu sector, não se brinca.
A PM nomeou o jornalista Bernardo Mavaga, advogado do seu marido, Albano Silva, para o cargo de Presidente do Conselho de Administração, PCA, da Televisão de Moçambique, TVM. O povo diz: uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. Como garantir que a indicação de Mavaga nada tenha a ver com a relação, aparentemente, amistosa que mantém com Albano Silva? Isso a ser verdade, seria nepotismo que sempre caracterizou a PM. Noutros tempos, favoreceu a sua irmã, Vitória Diogo, deixando o Chefe de Estado, Armando Guebuza, sem alternativas, tendo acabado por indicá-la para o cargo de ministra da Função Pública.
A PM entrou, mais uma vez, no mato.


( Edwin Hounnou, ATribunaFax, Maputo, 23 de Fevereiro de 2009 )

3 comments:

Anonymous said...

Nepotismo por parte da PM, Luisa Diogo, ja nao surpreende ninguem, o contrario é que seria surpreendente. Ela deveria de aprender algo com a conduta da Ministra do Trabalho; sabemos que a recessao ou crise financeira chegou aos quatro cantos do mundo, mas vamos ver o desenrolar do caso MOZAL com atençao redobrada. Maria Helena

JOSÉ said...
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JOSÉ said...

A PM ja nos acostumou ao nepotismo e arrogancia, mais uma vez Luisa Diogo nao serviu os interesses do Povo!