Friday 20 March 2009

PARA UNS É CLARO QUE SÓ ELES MERECEM CONTINUAR A GOVERNAR…

mas porque não experimentar outra maneira de governar, com outros?

Beira (Canal de Moçambique) - É evidente que da boca de certas figuras do regime do dia é inconcebível que o país seja governado por outros que não eles. Outra coisa também não seria de esperar…
Mas quem disse que existe um determinado grupo que nasceu destinado a ser perpetuamente governo em Moçambique? Nascemos todos iguais e somos iguais perante a lei. É o que a Constituição em suma estabelece. Porque não entender e aceitar que outros também podem governar?
Porque não aceitar que num processo democrático, outros possam ser escolhidos pelos moçambicanos, para serem o governo de Moçambique? Porque é tão difícil certas pessoas entenderem que Moçambique é um País para todos e não apenas de um punhado de famílias que se julgam donas de todos nós?
Porque razão haverá quem não consegue ver-se como oposição? Porquê um bom número deles tem mostrado, não consegue viver fora dos limites do parasitismo institucional e do tráfico de influências?
Porque nunca trabalharam na vida e mesmo quando pretendem exibir a capa de combatentes da libertação nacional sabe-se que muitos deles passaram o tempo nos escritórios da Frelimo em Argel, ou no Cairo e agora se armam em grandes obreiros da liberdade?
São sobretudo estes que tem o medo feroz da possibilidade de passarem para o lado da oposição… Pensam que estão predestinados a serem eternamente poder porquê? Quem lhes deu esse direito? Quem lhes dá o direito de andarem eternamente a contar-nos histórias mal contadas?
A questão que se coloca aos moçambicanos é terem a coragem de escolher o que querem e como querem que sejam os que lhes governarão nos próximos anos.
Há que escolher de maneira cada vez mais madura e consequente entre aqueles que têm até aqui prometido o futuro melhor e coisas tais que só chega para os mesmos.
A escolha tem sido apenas entre aqueles que a coberto de um manifesto desenhado tendo em conta o que são as carências e os problemas dos moçambicanos, não conseguem traduzir esses manifestos em realidades vividas, e os que se declaram dispostos a inverter os termos em que as coisas se fazem neste país e que tardam a mudar.
Já não se pode basear as escolhas naquela corrente ou ideia cultivada e até promovida pelos que exercem o poder. Mais vale confiar naqueles que querem definitivamente que as coisas mudem. Mais vale confiar em quem estará preocupado em quem quer resolver contribuir para a resolução progressiva dos problemas dos moçambicanos. Não vale a pena tentar mais com os mesmos. Não vale a pena esperar pelos mesmos. Não vale a pena esperar mais por quem anda há décadas a prometer o que só consegue converter em benefícios para si próprio à custa dos votos de quem tem andado distraído.
A maneira simplista como quem tem dado o voto a um poder cada vez mais corrupto serve exactamente os detentores do poder. E serve para que os mesmos continuem a coberto de seus postos no governo a fazer de nós bobos da corte.
O que até aqui quem está há anos no poder tem feito é de facto e apenas servirem-se do poder para enriquencerem a si, seus amigos e familiares.
A governação de Moçambique tem de passar a ser um assunto que incorpora em cada momento a vontade e as aspirações dos moçambicanos.
A economia não pode ser gerida em função dos interesses que a equipa governamental tenha nos diferentes pelouros ou dossiers. Não se pode limitar a realização de projectos no país àquilo que o poder do dia entenda que deve ser feito, sobretudo quando isso se limita aos projectos em que concorram os seus interesses particulares. Basta de nos enganarem!
Tem de haver campo para o exercício aberto de uma democracia que se estenda ao campo da economia e que de facto sirva a todos.
Moçambique não pode pretender combater seriamente a pobreza e simultaneamente permitir que uns procedam de maneira abertamente ílicita traficando influência e promovendo a prática de actos corruptos e lesivos dos interesses públicos.
Não se pode combater a pobreza fechando os olhos às falcatruas de camaradas que agem sob a alegação de que não se pode prejudicar o partido Frelimo que se tornou no mal maior dos tempos que correm apesar de muitos continuarem iludidos a crentes do contrário.
Não se pode combater a pobreza sem começar pelo topo da pirâmide. Não se pode mudar nada sem se começar por mudar o comportamento altamente anti-ético e imoral que continua a prevalecer apesar de alguns pensarem que ainda somos os campónios ceguinhos do costume.
A disciplina orçamental tem de ser escrupulosamente aplicada e controlada pelos dispositivos governamentais existentes. Mas estes não estão a ser capazes de respeitar práticas que se recomendam a qualquer Estado que se preze. Não se pode combater a pobreza sem haver uma obrigação verificável de apresentação em tempo útil do património dos candidatos a cargos públicos antes de assumirem suas pastas. Não se pode esconder aos moçambicanos o que potencialmenmte constituiria um conflito de interesses entre os governantes e a coisa pública. Não se pode continuar a enganar os moçambicanos sem eles reagirem.
Sem ética e moral, sem separação efectiva dos poderes democráticos, qualquer proclamação de combate contra a pobreza absoluta ou parcial, está condenada ao fracasso. Porque não permite que os executantes respondam pelos seus actos. Nem permite que a responsabilização se realize em tempo útil.
Andamos agora em processos judiciais que jamais teriam acontecido se quem governa ouvisse e respeitasse o que continuamente tem sido manifestado pelo Tribunal Administrativo. Se houvessse uma pitada de ética e sentido de solidariedade, muitos que actualmente governam ter-se-iam demitido ao verem seus colegas do governo anterior acusados de desvios de fundos públicos quando exerciam cargos que tinham à sua responsabilidade o controle da utilização dos dinheiros públicos.
É em coisas destas que todo um processo de construção de um Moçambique diferente emperra e derrapa. Por isso é preciso começar-se pela grande aposta de um Moçambique para todos. É preciso que cada moçambicano entende que cheou a hora de se por fim a tudo o que apenas tem beneficiado uma minoria de gente aproveitadora do suor alheio.
Os discursos dos que insistem em governar-nos, por mais bem estruurados que sejam e por mais profunda que pretenda ser a sua mensagem, não tem dado resultado. A realidade é sempre a mesma e somos vítimas da mentira, permanentemente.
A dinâmica que se procura implantar no governo do país fica no papel e nos elogios que a imprensa domingueira e servil apresenta regularmente aos moçambicanos.
Qualquer pessoa que queira ser fiel à realidade sabe que a vida dos moçambicanos em geral é extremamente difícil. A maioria vive de esquemas nas cidades. Os funcionários públicos fingem que trabalham. Tudo é mais complicado de fazer e conseguir do que no tempo em que o país era uma colónia.
Quem ignora as dificuldades? Quem ignora que sendo a terra do Estado, conseguir um terreno e construir uma casa numa vila ou cidade moçambicana é mais complicado do que no tempo colonial? Quem não sabe disso?
Este país pode ser viável mas a opção tem de ser outra. O modelo destes governos que temos tido não conseguiu resolver os problemas deste país.. Há que fazer renascer o sentido de coisa pública e sobretudo uma abordagem de governação que ultrapassa a esfera dos interesses particulares do chefe de tal governo e seus colaboradores.
Moçambique e os moçambicanos tem de ter a coragem de optar democraticamente, pelo que consideram ser a alternativa que levará à concretização de suas aspirações sem medo ou receio de que os tradicionais partidos militarizados do país impeçam que a democracia triunfe. Os partidos do regime não são nenhuns monstros invencíveis.
A história é daqueles com coragem. Escolher melhor, votar melhor. Lutar por direitos e não votar para se perpetuar os abusos identificados é um imperativo nacional.
A hora é dos moçambicanos. Quem irá optar por se continuar a acobardar e a vender o seu voto por uma capulana ou meia dúzia de meticais ou mesquinhas benesses?
Quando é que os moçambicanos se deixarão de vender por ninharias em eleições para depois passarem cinco anos a chorar?

(Noé Nhantumbo, Canal de Moçambique, 19/03/09 )

2 comments:

Anonymous said...

Mais parece o caso, "de um brinquedo ou um rebucado a uma crianca" para a cativar e se tornar sua amiga... O povo precisa de ser educado para conseguir votar conscientemente no partido que defende os seus interesses. Para isso, deveria de haver uma disciplina obrigatoria nos liceus que explicasse estas materias, e este assunto tambem deveria de ser debatido com os Pais e familiares mais proximos. Mocambique tem de continuar a apostar na alfabetizacao de todos os adultos, introduzir uma cultura de leitura e aprendizagem nos jovens e adultos. Maria Helena

JOSÉ said...

O Noe Nhantumbo foi brilhante nesta sua abordagem.
O problema é que muita gente pensa que só eles tem o direito de governar, os outros não tem capacidade.
A Maria Helena aponta o caminho mas acima de tudo o Povo tem de saber que em democracia nenhum Partido pode monopolizar a vida politica, tem de haver alternancia politica.
Chegaremos la!