Tuesday, 24 March 2009

Governo “lança poeira” aos olhos do povo

A prisão, no dia 22.09.2008, do ex-ministro do Interior, Almerino Manhenje e oito seus amigos, acusados de desfalque de 220 milhões de meticais, incluindo o PCA do Instituto Nacional de Segurança Social, Armando Pedro, é visto como resultado da pressão da comunidade doadora e de consubstanciar o discurso de combate à corrupção. Os governos da Suécia e Noruega anunciaram cortes substanciais do seu apoio ao orçamento do Estado, por falta de avanços no combate à corrupção.
A ministra da Função Pública, Vitória Diogo, revelou, em entrevista à TVM, que, no ano passado, expulsou quase 900 funcionários, por indisciplina, mau comportamento, absentismo. Em nenhum momento disse ter encaminhado à Procuradoria casos de roubos de fundos públicos, apesar de estarem a ocorrer todos os dias. Diogo lança poeira aos olhos do povo para impressionar alguém. A TVM, por razões ainda por descortinar, voltou a pôr no ar esta publicidade enganosa. Sugerimos, oportunamente, ao PCA da TVM, para poupar os telespectadores com brincadeiras.
O governo combate o polícia de trânsito que pede refresco ao automobilista, para anular a multa. Ao professor primário que quer matabicho, para deixar o menino transitar de classe. Castiga ao enfermeiro que solicita oriento ao paciente para não bichar. A detenção de funcionários da primeira linha é um sinal de que o aviso dos doadores vai continuar a fechar as torneiras que jorram leite e mel que engordam os novos ricos. Se medidas enérgicas de combate à corrupção não forem tomadas, os momentos mais difíceis estarão próximos e o governo sairá derrotado da sua pena com gente corrupta.
Ficou mal a defesa pública, na TVM, proporcionada pelo antigo chefe do Estado, Joaquim Chissano, a favor dos detidos, sugerindo que aguardassem julgamento em liberdade, comparando a situação com a do líder do ANC, da África do Sul, Jacob Zuma. Esta comparação é absurda e inoportuna. Siba-Siba Macuácua foi morto por cobrar dinheiros roubados ao Estado. O governo de Joaquim Chissano fingiu perseguir os assassinos, quando, de facto, enganava o povo. Até ensaiou ajuda de peritos sul-africanos.
Recentemente, foram absolvidos, pelo tribunal, oito cidadãos indiciados no suposto atentado à vida do marido da Primeira-Ministra, depois de oito anos de reclusão. Ninguém ouviu Chissano a solicitar que aqueles cidadãos aguardassem julgamento em liberdade. Gostaríamos que todos os corruptos, com provas documentadas, fossem encarcerados, julgados e condenados. A prisão de Manhenje e seus comparsas na suposta roubalheira dos fundos do Aparelho do Estado, no Ministério do Interior, é uma amostra não significativa dos roedores do bem comum.
Continuamos insatisfeitos com a Procuradoria Geral da República devido ao seu fraco desempenho no combate à gatunagem nas instituições públicas. Empresas fantasmas de dirigentes são infiltradas nas instituições do Estado para sugarem fundos. Foi assim como roubaram no Ministério do Interior. Vimos isso, recentemente, no INSS.


( Edwin Hounnou, em ATribunaFax de 17 de Março de 2009 )


2 comments:

Anonymous said...

A corrupcao comeca mesmo no topo e vai descendo a escada ate chegar ao chao. Precisamos de votar num partido que promete a mudanca e o fim da corrupcao; brevemente todos terao esta oportunidade. Maria Helena

JOSÉ said...

Concordo plenamente, penso que e altura de dizermos:
Enough is enough!