Saturday 23 June 2012

Taipo mete os pés pelas mãos

@Verdade aplaudiu, na semana passada, o facto de a ministra Helena Taipo ter cancelado o concurso do INSS do qual misteriosamente uma empresa ligada a Almerino Manhendje saiu vencedora. Porém, agora não podemos ficar indiferentes ao cancelamento das contas do INSS.
Não podemos ficar indiferentes porque isso coloca em risco a sobrevivência de milhões de moçambicanos. É o dinheiro para o medicamento dos idosos que ficou comprometido.
É o dinheiro dos cadernos dos filhos dependentes que ficou por comprar. É a comida que ficou nas prateleiras dos contentores e mercearias porque o INSS ficou com as contas congeladas. Em suma: é a vida dos pensionistas que está por um fio.
Longe, portanto, da sacanice do concurso e das reabilitações escandalosas de uma casa T2 por 350 mil dólares americanos estão 99.756 pensionistas - os quais deram o melhor da sua vida ao país - privados do seu único meio de subsistência: o dinheiro que descontaram durante longos anos.
Não é segredo para ninguém que a consulta de saldo acarreta custos para o detentor do cartão de crédito. Não deverá, portanto, espantar ao mais distraído dos moçambicanos que alguns pensionistas (os que recebem via banco) estão, neste momento a dever aos bancos.
Ou seja, as necessidades de uma residência e as contas por pagar levam-lhes todos os dias a consultar as caixas multibanco. Resultado: as contas andam com saldo negativo porque o INSS não informou de que as contas foram congeladas e os pensionistas perdem quatro meticais em casa consulta.
Como que a dizer que os pensionistas não têm valor e, por isso, desmerecem o mínimo respeito. Ou seja, estão ansiosamente à espera de que eles morram para que deixem de pagar.
Helena Taipo não se pode esquecer de que vive principescamente. Os subsídios que aufere, pelo cargo que exerce, não lhe dão uma vida folgada. Dão-lhe, isso sim, uma vida abastada e de fartura.
Ao tomar, portanto, medidas do género não fica, em nenhum momento, privada da sua vida doce. Aliás, é no conforto de uma casa protocolar e no ar-condicionado do seu carro topo de gama que toma medidas macabras, ridículas e assassinas.
Se Taipo quer dar mostras de que é preciso sacrifício para arrumar o INSS, que o exemplo parta dela. Que seja ela a primeira no sacrifício e a última no benefício. Que abdique da sua comodidade e do conforto para que as suas medidas tenham o rosto da justiça.
Com os vidros fumados fechados e um carro 4x4, Taipo desconhece completamente o drama dos pensionistas. Não pode, por isso, julgar que eles podem viver dias sem dinheiro. Se até ela pediu a paupérrima quantia de, pasme-se, 17 mil dólares do fundo do INSS para cobrir um capricho qualquer...

Edotorial, A Verdade

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