Saturday 16 June 2012

COISAS QUE NÃO ESTRANHAMOS - Sete milhões só para uma moradia



PELO muito que tem sido divulgado pelo Governo, um dos maiores desafios que se colocam ao nosso país é a contenção de gastos, para permitir que os poucos recursos de que o país dispõe possam cobrir um leque maior de necessidades.

Maputo, Sábado, 16 de Junho de 2012:: Notícias

Nós assumimos esse desafio, até porque em diversos momentos sentimos o impacto disso no nosso dia-a-dia, sobretudo quando nos são impostos limites na satisfação de alguns dos nossos desejos, até como humanos.
Paradoxalmente, há no país pessoas e instituições que se esforçam por fazer uma vida “paralela”, fazendo o coro da contenção com as massas mas, ao mesmo tempo, que promovem o luxo e o fausto, numa clara afronta ao compromisso colectivo.
Um dos exemplo disso chega-nos do INSS, instituição que esta semana “andou na boca de todos”, pela maneira estranha como parece estar a ser feita a gestão da coisa pública à ele confiada, nomeadamente as contribuições descontadas por força de lei a todos os trabalhadores.
De entre as várias façanhas reportado a-propósito, há uma que nos parece demasiado ousada para passar despercebida: a aprovação de um orçamento de sete milhões de meticais para financiar a reabilitação da residência oficial da Directora geral da instituição… Sim! Até porque, mais exactamente, são 7,6 milhões de Meticais!
Na verdade, esta soma faz-nos lembrar o orçamento que o Estado destina, anualmente, para financiar projectos de desenvolvimento nos distritos!
E as obras começaram e até avançaram o suficiente para acreditarmos que esse dinheiro “já saiu”… Para testemunhar, basta passar pela Rua Alberto Machavele, no bairro Fomento-Sial na cidade da Matola.
Não estamos contra a comodidade dos gestores do nosso INSS, até porque somos dos que defendem o seu conforto, “moral, espiritual e até material”, para poderem se concentrar melhor na solução dos muitos problemas que preocupam os contribuintes. O que definitivamente não concordamos é o exagero, porque nos lembramos sempre do apelo à contenção…
Ao que nos parece, não há como explicar, eticamente, que o INSS esteja a “nadar”em tanto dinheiro a ponto de aprovar tamanho esbanjamento, sobretudo se considerarmos que os seus pensionistas continuam a auferir pensões que atentam frontalmente contra o reconhecimento que lhes é devido por todo esforço de trabalho que fizeram ao longo da sua vida activa. Não é justo!
Não pretendemos com isto dizer que os sete milhões de meticais em causa sejam suficientes para resolver os problemas dos milhares de contribuintes existentes pelo país fora, mas há que respeitar o esforço que os mesmos fazem enquanto estiverem no activo. È imoral e vergonhoso fazer gastos desta forma, num país onde pensionistas não ganham quase nada, limitando-se a ir buscar, mensalmente, valores que não ascendem os 500 meticais.
Para que não nos acusem de estarmos a entrar para o sub-mundo da bisbilhotice, trazemos, na imagem, a placa ilustrativa da obra, onde o leitor pode, enfim, confirmar o que dissemos e tirar as suas ilações.

Para nós, não deixa de ser estranho!

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