IMUNDICE e marginais tomaram conta, nos últimos tempos, do Jardim Tunduro, o mais importante “pulmão verde” da cidade de Maputo. É uma das consequências decorrentes dos sucessivos adiamentos do lançamento do concurso público para seleccionar o empreiteiro que se encarregará de mudar para melhor a “face” daquela infra-estrutura.
Ontem a nossa Reportagem voltou a percorrer o local que, durante longos anos, posicionou-se como um espaço privilegiado para lazer, desporto, meditação e sessões de fotografias por parte de nubentes, turistas e cidadãos no geral.
Tudo porque, desde sempre, aquele espaço foi um local especial numa cidade que anualmente perde os seus espaços verdes.
Nos últimos anos, o ambiente aprazível do Jardim Tunduro mudou para o pior. E o mal começa mesmo à chegada. As paredes do muro de vedação estão excessivamente degradadas, havendo locais em que cederam, desabando. Assim sendo, esses pontos são utilizados como portões de entrada e saída de pessoas de conduta duvidosa que estão na lista dos principais visitantes da actualidade do Jardim Tunduro.
A uns passos do interior do Jardim Tunduro vive-se um cenário interessante. Tudo porque mais adiante se vêem árvores e plantas raras, enquanto no chão o piso é repelente para quem queira caminhar e conhecer o local.
É o corolário da situação criada pela água que escorre pelas vias de acesso. Porque ininterrupta, ela provocou o surgimento de plantas aquáticas que se misturam com o lixo, aceleram a danificação das ruelas, gerando, ao mesmo tempo, cheiro nauseabundo e mau aspecto.
O aquário ali existente perdeu parte do peixe que ali crescia, além de que exala um cheiro desagradável. Ninguém se atreve a encostar as paredes.
Devido à água que escorre pelas ruelas, algumas vias são intransitáveis. As plantas, embora sobrevivam, já não atraem atenção para observação e fotografias.
Joaquim Sequene, um dos funcionários do município desde 1987 e que se ocupa da limpeza, contou que é difícil garantir o saneamento do meio devido ao nível avançado de degradação das infra-estruturas.
“Queríamos aproveitar esta oportunidade para solicitar ao município botas e luvas de modo a podermos trabalhar com normalidade”, palavras de Sequene.
Simione Matusse, fotógrafo ali desde 1972, é uma das pessoas que “fervem” de tristeza pelo estado em que se encontra hoje o Jardim Tunduro. Além de ter perdido sua oportunidade de negócio, preocupa-lhe a podridão em que ali se vive.
“No passado fazíamos aqui muitas sessões de fotografia, mas hoje isso já não acontece. Ninguém quer ser fotografado num lugar degradado. A solução é reabilitação”, disse ele.
Empreiteiro apurado dentro de semanas
NÃO fosse o atraso na disponibilização de fundos pelos parceiros da edilidade para a necessária reabilitação, o Jardim Tunduru teria uma nova imagem, já há algum tempo.
Baseando-se no seu conhecimento, técnicos do Conselho Municipal da Cidade de Maputo estimaram o valor que seria necessário para reabilitar a infra-estrutura. Com base nisso, perspectivou-se o lançamento concurso público para a selecção do empreiteiro para reabilitar o Jardim Tunduro.
Só que depois da feitura de um projecto executivo mostrou-se que os valores necessários estão acima das previsões iniciais. Consequentemente adiou-se o lançamento do concurso que devia ter sido realizado em Junho passado.
“Neste momento estamos a trabalhar com a Unidade Gestora Executora das Aquisições (UGEA), pensando em lançar o concurso público antes da segunda quinzena de Novembro. Por isso, as pessoas interessadas devem estar atentas”, garantiu João Munguambe, vereador para a área de Actividades Económicas no Conselho Municipal.
As obras serão suportadas pelas empresas Vale Moçambique e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), e outras que deverão ser anunciadas nos próximos tempos.
De acordo com Munguambe, a reabilitação poderá ser feita em duas fases. A primeira consistirá na reabilitação do sistema de distribuição de água potável, de drenagem, rede eléctrica, de saneamento, entre outros aspectos.
Durante esta fase será lançado um concurso público, em paralelo, para seleccionar as empresas que vão montar pelo menos dois restaurantes que servirão de fonte de angariação de receitas para a manutenção do Jardim Tunduro.
Na segunda e última fase será montada a relva, plantas e melhoradas as infra-estruturas que estão degradadas. Este trabalho poderá durar um ano. Caso tal se concretize, Jardim Tunduru voltará a atrair gentes idas de vários cantos, incluindo alunos e pesquisadores.
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