Olá,Julião
Como vais, meu bom amigo?
Do meu lado está tudo bem, felizmente.
E tive a sorte de não ter tido nenhum problema de saúde durante o tempo que durou a greve dos médicos, que agora terminou. Ao que me parece com grande vantagem para a classe médica.
E que decorreu dentro do maior civismo, por parte dos médicos. Do lado das estruturas da Saúde, e outras, houve tentativas de coacção e mesmo a utilização da força policial para obrigar médicos a interromper a greve. Houve ameaças de processos disciplinares e de chumbos para os médicos estagiários.
Mas tudo isso as autoridades foram obrigadas a engolir, como se de sapos se tratasse, perante a firmeza demonstrada pelos médicos em todo o país.
Falei acima do civismo porque, como já escrevi várias vezes, a palavra greve tem sido associada, com demasiada frequência, a desordem, violência e destruição. Nas notícias dos primeiros dias da greve, as autoridades salientavam sempre que, nos hospitais, estava tudo calmo, como se estivessem à espera de ver uma multidão de médicos a entrar pelas enfermarias destruindo equipamento e vandalisando as instalações.
E é bom que essa ideia vá sendo combatida por atitudes como, agora, a dos médicos e, antes, dos trabalhadores do Shoprite.
Até onde vai o meu conhecimento, nenhuma das partes deu grandes pormenores sobre os acordos que foram alcançados, mas deu para perceber que os médicos conseguiram o seu Estatuto e vão conseguir uma substancial subida dos salários. Acima de outras classes com posições similares. É verdade que será apenas a partir de 1 de Abril, mas Abril está já ali ao virar da esquina.
E conseguiram que se calassem as trombetas da propaganda governamental. Que se calassem os comentadores/papagaios, que terminasse a tentativa de diabolizar os grevistas e de afirmar que a greve era ilegal.
Mas, neste último aspecto, há que a sociedade estar atenta. Os vários juristas que se referiram ao assunto argumentaram que a greve era legal porque prevista na Constituição. O facto de não estar regulamentada era por falta de acção do Governo e não anulava o direito. O vazio legal era por culpa do Governo.
Ora não nos admiremos se o Governo se apressar, agora, a regulamentar o direito à greve dos funcionários, como forma de a tornar o mais difícil possível.
De qualquer forma dou os meus parabéns à classe médica pelo que fez, pelo modo como o fez e pelo que conseguiu.
Quanto aos senhores do Poder, espero que tenham aprendido esta importante lição para se tiverem que lidar com situações semelhantes no futuro.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 18.01.2013, no Moçambique para todos.
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