Friday, 18 January 2013

Imprensa privada queixa-se a Alberto Vaquina de dificuldades de vária ordem


Os órgãos de informação privados que o Primeiro-Ministro (PM), Alberto Vaquina, visitou na semana corrente aproveitaram a oportunidade para apresentar as dificuldades que enfrentam o exercício da sua actividade em Moçambique.
Destacam-se, entre as várias dificuldades, o acesso às fontes (oficiais), altos custos do papel usado para a impressão dos jornais, exclusão no acesso aos anúncios de instituições públicas e na participação das viagens oficiais dos governantes moçambicanos.
Falando durante a visita do PM ao “Zambeze”, o editor deste semanário Ângelo Munguambe, disse que a dificuldade no acesso às fontes “mutila as nossas agendas” e essa é a principal razão de “haver grandes títulos, cujos textos não são muito aprofundados devido a falta de fontes”.
Sobre os elevados custos de papel, os gestores de empresas jornalísticas referem que, apesar de os jornais gozarem de isenção no pagamento do Imposto do Valor Acrescentado (IVA), o mesmo não sucede com a importação do papel usado na produção do jornal.
Essa foi a mesma preocupação apresentada pelos gestores da Sociedade do Notícias – empresa participada pelo Estado que é considerada como das mais privilegiadas no mercado – durante a visita do PM a esta empresa na Quarta-feira última.
Segundo o administrador delegado do Notícias, Jorge Matine, uma tonelada de papel custa cerca de mil dólares, e só pode ser importado da Europa ou da Ásia.
O director editorial do “Canal de Moçambique”, Fernando Veloso, disse que os custos de produção do jornal são comparativamente mais baixos na vizinha África do Sul, com graves consequências para a indústria gráfica nacional.
“Há muitos colegas da área de gráfica que ficaram desempregados por causa da importação do livro e do jornal”, disse Veloso, falando durante a visita do PM efectuada ao “Canal de Moçambique”.
Para Veloso, este problema também dificulta o enquadramento profissional dos estudantes formados pela Escola de Artes Visuais, no curso de Gráfica, que muitas vezes encontravam emprego na indústria gráfica nacional.
Sobre a alegada exclusão no acesso aos anúncios de instituições públicas, os gestores das empresas privadas reivindicam um tratamento igual e fim do favoritismo atribuído ao jornal “Notícias” no acesso a publicidade proveniente de instituições do Estado.
Os privados alegam que algumas empresas dizem ter sido instruídas no sentido de colocar anúncios exclusivamente no jornal “Noticias”. Outros afirmam que a sua decisão deriva do facto da imprensa privada ter uma linha editorial hostil ao governo.
Por isso, o director do jornal “Magazine Independente”, Salomão Moyana, sugere que, a semelhança do que acontece noutros países, Moçambique deveria ter uma lei que regula a publicação de anúncios publicitários de instituições do Estado.
“Isso (o favoritismo do jornal Notícias) pode matar e já matou muitos jornais porque é muito difícil conseguir publicidade”, disse Moyana, anotando que “isso limita bastante a capacidade de sobrevivência dos órgãos privados e também limita a possibilidade do seu crescimento”.
Em resposta a estas preocupações, o PM disse que as questões apresentadas serão analisadas pelo governo e em função das várias respostas as duas partes (governo e empresas jornalísticas) irão manter o diálogo.
Alberto Vaquina disse que as mensagens encontradas nessas instituições – tanto na imprensa privada e na pública - são encorajadoras para a aceleração do processo da libertação do país da pobreza em que se encontra.
“Há um grande elo para a transmissão da unidade nacional, para a transmissão das mensagens sobre o desenvolvimento do nosso país e também de consolidação da nossa experiência democrática em Moçambique”, disse Vaquina.
“O que estamos a ver é que existem órgãos tanto públicos como privados determinados a continuar a levar avante a sua tarefa de comunicar o melhor possível, assim como a levar avante a sua tarefa de, como empresas, empregando pessoas, participando no desenvolvimento através da promoção do bem-estar das famílias dessas mesmos trabalhadores”, acrescentou.
Na sua intervenção na sede da Mediacoop – a mais antiga empresa privada de comunicação proprietária dos jornais Mediafax e Savana - Alberto Vaquina sublinhou a necessidade de se acabar com a percepção de que na imprensa “existem duas trincheiras opostas”.
“Podem até usar armas diferentes, mas todos disparam contra um inimigo comum”, disse ele, sublinhando que “esta visita surge para abrirmos o debate e haver maior aproximação. As diferenças devem existir para que juntos possamos construir um Moçambique forte, onde existe a auto-estima e respeito comum”.
Refira-se que Vaquina encontra-se, desde terça-feira, a efectuar uma visita aos órgãos de informação públicos e privados para inteirar do seu funcionamento e dos desafios que enfrentam.
A visita abrange todos os órgãos de informação com instalações físicas e que operam na cidade de Maputo.
Para a maioria destas empresas – incluindo as do sector público – esta é a primeira vez que tem a oportunidade de receber uma visita de um Primeiro-Ministro, algo que constitui um momento de grande encorajamento e indicador de possível solução para as suas preocupações.



(RM/AIM)

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