UMA boa lição do bem servir ao público, em momentos de pressão devido a
enchentes, acaba de ser dada nas fronteiras moçambicanas no contexto da
“Operação Karibu” iniciada à escala nacional no dia 28 de Novembro e com término
no próximo dia 10. Pois é.
Num país em que quase é normal os dirigentes sentar-se à mesa, em
reuniões/conferências ou em outro tipo de eventos a definir metas que no fim
ninguém toma conta e, por causa disso tudo falha, é surpreendente e confortante
quando surgem instituições que pautam pela diferença.
A “Operação Karibu”, ou por outras “Operação Bem-Vindo”, lançada e executada
de forma conjunta pelas Alfândegas de Moçambique e pela Polícia da República de
Moçambique, com as suas congéneres sul-africanas, veio mostrar que, com o plano
e pessoas comprometidas com os propósitos definidos, é possível cumprir sim
senhor, independentemente das dificuldades que possam surgir pela frente.
Tudo vem a propósito da forma célere como, desta vez, os mineiros, turistas,
comerciantes e outros viajantes foram atendidos à sua saída de Moçambique, rumo
à África do Sul, pela histórica fronteira de Ressano Garcia, província de
Maputo, por sinal a mais movimentada do país relativamente as demais.
Ao longo dos anos, os factos acostumaram-nos a concluir que quando chega o
dia 1 e 2 de Janeiro, a fronteira de Ressano Garcia vira um autêntico campo de
castigo, transtornos, corrupção e desrespeito ao público utente, transparecendo
até certa medida que não havia plano e, se houvesse, a coordenação era
inexistente.
Além de se perder tempo, bens e sujeitar-se às investidas dos “marheanas”,
jovens nativos que facilitam a migração ilegal, Ressano chegava a ser um local
de tortura psicológica aos que por ai passassem. São os “marheanas”, nalgumas
vezes sob protecção dos agentes migratórios, alfandegários e da guarda
fronteira, que protagonizavam actos desonrosos e criminais.
Porém, desta vez o cenário foi outro, ou seja, os que estavam habituados a
esquemas de corrupção e de oportunismo barato saíram cabisbaixos. Valeu a
partilha de tarefas por parte das forças ali posicionadas, sem olhar à categoria
profissional de cada um, muito menos sem pensar em tirar algum rendimento extra.
Naturalmente, egoístas ou oficiais que se apartam para alimentar os seus egos
não faltaram. Todavia, acreditamos que essas pessoas notaram que trabalhar em
equipa e em prol do público é o melhor que um servidor público pode fazer.
Foi muito bom notar, quase que sempre, a forte presença das lideranças das
diversas instituições como por exemplo, Domingos Tivane, director-geral das
Alfândegas, António Pelembe, chefe de Operações de Comando-Geral da PRM, Armando
Seitines, director nacional de Migração e Adelino Espanha, delegado do
Ministério de Trabalho na RAS.
Mas o mérito mesmo vai para os vários agentes migratórios e aduaneiros
anónimos que, desde cedo, souberam implementar as estratégias definidas ao mais
alto nível para que houvesse celeridade no atendimento aos utentes na fronteira.
São eles que, debaixo de sol intenso e chuva não arredaram o pé para que as
filas de veículos e gente fossem ordeiras. Graças a eles o posto fronteiriço
esteve aliviado com bastante brevidade, embora milhares de utentes tivessem ido
àquele local à mesma hora, sobretudo pela manhã do dia 2 de Janeiro. A esses
honrosos vai a nossa palavra de apreço e encorajamento pois são os verdadeiros
heróis e revolucionaram a fronteira de Ressano Garcia.
Nas próximas quadras
festivas, estamos certos que, mais uma vez estarão lá para manter o ritmo e,
quiçá, da melhor maneira possível. Ainda bem que informação que nos chega dá
conta que, pelas diversas fronteiras o cenário foi o mesmo, o que reforça o
entendimento segundo o qual nada foi ao acaso. Tudo seguiu um plano previamente
definido. Oxalá que mais instituições sigam o mesmo exemplo, organizando-se para
que o público utente tenha os melhores serviços possíveis. Afinal de contas é
possível.
- ARSÉNIO MANHICE, Notícias
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