Os engraxadores assaltaram a Rádio Moçambique, RM e transformaram-na na voz do partido no poder – a Frelimo -, como vem acontecendo com a Televisão de Moçambique, TVM, que serve de órgão de propaganda da do partido governamental. Os que, em geral, desfilam pelos principais programas, por exemplo, Café da Manhã, são conotados como simpatizantes do partido no poder. Os ouvintes que tentam interagir, se exprimirem ideias ou opiniões contrárias ao pensamento oficial, portanto, inconvenientes, o moderador corta-lhes a palavra, de imediato enquanto os que glorificam a Frelimo e o seu líder têm todo o tempo para enjoarem o auditório.
Esta Semana Aconteceu, um programa de referência, em que diferentes opiniões se convergiam, agora é fastidioso. Perdeu interesse para um ouvinte exigente que gostaria, com os analistas, perseguir a solução dos problemas. Hoje, todos os pontos terminam na exaltação da Frelimo, devido ao espírito partidário dos comentaristas. O pluralismo de ideias não pressupõe apenas a existência de partidos, mas, à capacidade de ouvir o outro. O debate de opiniões foi, na prática, retirado dos programas da RM e TVM. As vozes contundentes de Salomão Moyana, Fe rnando Lima, Machado da Graça, etc., foram afastadas e substituídas por escovadores.
A RM era, até há bem pouco tempo, um órgão equilibrado, onde todas as sensibilidades políticas tinham espaço, diferentemente da TVM que não tem memória de, alguma vez, o ter sido. Tal facto conferia-lhe um inestimável valor acrescentado e granjeava-lhe um reconhecimento internacional, o que lhe permitiu coleccionar prémios de vários quadrantes do mundo. A missão de difundir a ideologia do partido no poder é reservada aos media públicos nos regimes totalitários. Assim acontecia com a Rádio Mos covo, Pequim, Rádio Portuguesa, no tempo de Oliveira Salazar/Marcelo Caetano, e entre nós, os media eram considerados destacamentos avançados da revolução.
Os lambe-botas chegaram a desviar a transmissão dos debates da Assembleia da República para cobrir uma reunião dos antigos combatentes, dirigida pelo presidente da Frelimo, Armando Guebuza. É preciso que os órgãos públicos de comunicação social – RM, TVM, o Notícias e o Domingo – sejam independentes, de facto, em relação ao partido no governo.
A imparcialidade dos meios públicos de informação, a separação do judiciário, executivo e legislativo, eleições periódicas, livres e transparentes constituem elementos essenciais para que o País tenha um Estado de Direito e Democrático. Isso tudo está sendo violado.
RM virou um altar onde os intelectuais agregados ao regime e gente como António Manjate e Gabriel Mufundisse adoram a Frelimo e baralham a opinião pública. A Frelimo pode ter, querendo, sua radiotelevisão, jornais, bastando, para tal, promover jantares, vender cachimbos, canetas e camisetas, a fim de deixar de subjugar os órgãos públicos – RM, TVM, Notícias e Domingo - por serem do povo, como tem sido sua prática.
Edwin Hounnou, Diário Independente, edição nr 464 - 11.01.2010
Esta Semana Aconteceu, um programa de referência, em que diferentes opiniões se convergiam, agora é fastidioso. Perdeu interesse para um ouvinte exigente que gostaria, com os analistas, perseguir a solução dos problemas. Hoje, todos os pontos terminam na exaltação da Frelimo, devido ao espírito partidário dos comentaristas. O pluralismo de ideias não pressupõe apenas a existência de partidos, mas, à capacidade de ouvir o outro. O debate de opiniões foi, na prática, retirado dos programas da RM e TVM. As vozes contundentes de Salomão Moyana, Fe rnando Lima, Machado da Graça, etc., foram afastadas e substituídas por escovadores.
A RM era, até há bem pouco tempo, um órgão equilibrado, onde todas as sensibilidades políticas tinham espaço, diferentemente da TVM que não tem memória de, alguma vez, o ter sido. Tal facto conferia-lhe um inestimável valor acrescentado e granjeava-lhe um reconhecimento internacional, o que lhe permitiu coleccionar prémios de vários quadrantes do mundo. A missão de difundir a ideologia do partido no poder é reservada aos media públicos nos regimes totalitários. Assim acontecia com a Rádio Mos covo, Pequim, Rádio Portuguesa, no tempo de Oliveira Salazar/Marcelo Caetano, e entre nós, os media eram considerados destacamentos avançados da revolução.
Os lambe-botas chegaram a desviar a transmissão dos debates da Assembleia da República para cobrir uma reunião dos antigos combatentes, dirigida pelo presidente da Frelimo, Armando Guebuza. É preciso que os órgãos públicos de comunicação social – RM, TVM, o Notícias e o Domingo – sejam independentes, de facto, em relação ao partido no governo.
A imparcialidade dos meios públicos de informação, a separação do judiciário, executivo e legislativo, eleições periódicas, livres e transparentes constituem elementos essenciais para que o País tenha um Estado de Direito e Democrático. Isso tudo está sendo violado.
RM virou um altar onde os intelectuais agregados ao regime e gente como António Manjate e Gabriel Mufundisse adoram a Frelimo e baralham a opinião pública. A Frelimo pode ter, querendo, sua radiotelevisão, jornais, bastando, para tal, promover jantares, vender cachimbos, canetas e camisetas, a fim de deixar de subjugar os órgãos públicos – RM, TVM, Notícias e Domingo - por serem do povo, como tem sido sua prática.
Edwin Hounnou, Diário Independente, edição nr 464 - 11.01.2010
No comments:
Post a Comment