Thursday 4 February 2010

Há que parar com mentiras sobre a história dos heróis nacionais

As novas gerações têm o direito de saber a verdade
- segundo deputados da Assembleia da República

Maputo (Canalmoz) – Contrariamente às declarações do chefe do Estado Armando Guebuza, segundo as quais as escolas devem continuar a ser o lugar privilegiado para a transmissão do legado histórico dos heróis nacionais para as novas gerações, assim taxativamente como vem escrito nos manuais escolares, há quem diga que o imperioso é reformar o currículo e trazer ao conhecimento dos alunos a face verdadeira da história.
O deputado do Movimento Democrático de Moçambique, Lutero Simango, filho do Reverendo Urias Simango ex-vice-presidente da Frente de Libertação de Moçambique, (FRELIMO), disse que o Governo tem a obrigação de fazer conhecer a verdadeira história dos heróis nacionais às presentes gerações, assim como, o papel de cada um na luta de libertação nacional. Simango disse ainda que há necessidade de se parar com toda uma série de mentiras que estão sendo ensinadas às crianças nas escolas.
Acrescentou também que a escola como principal veículo de transmissão dos ideais dos heróis nacionais, deve antes de mais buscar a autenticidade daquilo que ensina para evitar que a verdade chegue de forma informal.
Questionado sobre em que se funda a verdade por ele referida, o deputado afirmou que “há uma série de histórias ou coisas que não existiram, não aconteceram, mas no entanto estão sendo transmitidas às crianças como se tivessem acontecido”. Referiu por exemplo a história do próprio Eduardo Mondlane, o arquitecto da unidade nacional, que está sendo mal transmitida através do currículo escolar nacional, estando agora as crianças a aprenderem coisas que não existiram”.
“A verdade sobre os heróis nacionais, em particular a de Mondlane está fora dos livros, e cabe ao Governo, trazer a verdade” acrescentou Lutero Simango filho também ele de um herói nacional não reconhecido pelo grupo político que se apoderou da história e a tem vindo a contar à sua maneira e feição.

O “clube” de heróis nacionais é restrito

Por seu turno, Ismael Mussa também deputado da AR pelo MDM disse que o seu partido defende a não restrição do grupo de heróis nacionais. Isso porque segundo disse o grupo dos considerados heróis nacionais é bastante restrito e favorecedor apenas do partido no poder. Mas ainda assim, segundo Mussa, o seu partido tem uma nova postura, contrariamente àquela por que a oposição se tem pautado. Disse que o MDM reconhece os órgãos do Estado por isso participa das cerimónias do Estado.

Não sei se é restrito o grupo de heróis nacionais

Já Eduardo Mulémbwè, antigo presidente da AR, disse diz que “a data é para exaltar todos aqueles que deram as suas vidas para um Moçambique melhor e a estes todos os moçambicanos devem render-lhes homenagem”. “Todos que tombaram por um Moçambique soberano merecem ser homenageados não só hoje, mas sim todos os dias”. Questionado sobre a alegada restrição do grupo dos heróis nacionais aos da Frelimo. “Não sei se o grupo dos heróis nacionais é restrito ou não”, disse o ex-presidente da Assembleia da República.

Está sendo cumprido o sonho do meu Pai

Por sua vez, Eduardo Mondlane Júnior, filho de Eduardo Mondlane, disse que todo o País deve render homenagem a todos os heróis nacionais, aqueles que deram suas vidas para um Moçambique mais unido, autónomo e desenvolvido. Questionado se está sendo cumprido o sonho do seu Pai, que era de um Moçambique unido em que os moçambicanos fossem donos do seu próprio destino, Mondlane Júnior disse o seguinte “Logicamente que sim, o povo está unido do Rovuma ao Maputo, e o desenvolvimento está sendo gradual. Está sendo cumprido parte do sonho do meu pai.”

Temos que exaltar os heróis nacionais

Já o Presidente do Conselho Nacional Da Juventude (CNJ), Osvaldo Pitersburgo disse que “os legados históricos da geração de 1962 devem nortear a forma de agir da nova geração”. Acrescentou que “os desafios são diferentes, mas a causa é a mesma: o desenvolvimento do País, a autonomia dos moçambicanos”. Pitersburgo disse ainda que “é necessário que seja difundida a história dos heróis nacionais, de modo a valorizar e popularizar a nossa história”.
A verdade porém é que os heróis nacionais ainda só são os que a Frelimo quer. Os muitos outros heróis que forçaram a Frelimo a aceitar a democracia pluralista ainda não são reconhecidos.
Os jovens, esses, parecem estar alheios a tudo isso e com outras preocupações mais práticas.

(Matias Guente)

Défice no conhecimento da História de Moçambique

Escolas devem divulgar legado histórico dos heróis moçambicanos

Maputo (Canalmoz) – Comemorou-se ontem o dia 3 de Fevereiro, uma data que exalta sem distinção todos os Heróis Moçambicanos, sobretudo aqueles que combateram pela libertação da pátria. Em Maputo as cerimónias centrais decorreram na Praça dos Heróis, onde o estadista moçambicano, Armando Guebuza, depositou uma coroa de flores. Várias figuras, entre elas, ministros do executivo moçambicano, representantes do Movimento Democrático de Moçambique, (MDM) e o corpo diplomático acreditado em Moçambique estiveram no local. A Renamo manteve a sua tradição de não participar ao lado da Frelimo em cerimónias deste tipo por, como tem alegado, os seus heróis não estarem considerados.
A data foi comemorada com euforia pelas autoridades, alegadamente porque coincidiu com a passagem do 41º ano após a morte daquele que é considerado oficialmente como o fundador e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Dr. Eduardo Chivambo Mondlane.
De referir que Eduardo Mondlane foi assassinado a 3 de Fevereiro de 1969, e segundo a história escrita e difundida pela própria Frelimo, no seu escritório em Dar-es-Salaam, capital da Tanzania. Mas outros testemunhos, incluindo o do Boletim da Frelimo da época, editado pelo jornalista Ian Christie, indicam que o verdadeiro local da morte de Eduardo Mondlane foi em casa de uma americana, Betty King, que exercia funções de secretária de Janete Mondlane. O ex-estadista moçambicano, Joaquim Alberto Chissano e o antigo ministro dos Assuntos dos Antigos Combatentes (agora Ministério dos Combatentes e com outra direcção), Feliciano Gundana, Óscar Monteiro, ex-membro do Bureau Político do Comité Central da Frelimo e muitos outros são apenas alguns exemplos de figuras que já confirmaram publicamente esta última versão e assim comprovaram a mentira que oficialmente se tem estado a propalar da história do assassinato de Eduardo Mondlane.

A propósito do dia dos Heróis moçambicanos

Falta a verdade na História de Moçambique

Maputo (Canalmoz) – O advogado e político moçambicano, Máximo Dias, diz que as autoridades moçambicanas devem divulgar a real História nacional, pois, segundo ele, no que actualmente é sabido, muita coisa está omitida passando por isso o povo a não conhecer a Historia real do país.
Máximo Dias adianta que a verdade precisa de ser dita “para que todos fiquemos claros quando, como e onde morreram Eduardo Mondlane e Samora Machel”, figuras que no seu entender reúnem consenso de heróis nacionais.
“Não tenhamos medo da verdade. O povo precisa de saber da real História do nosso país, como Eduardo Mondlane, Samora Machel foram assassinados porque eles são grandes símbolos do heroísmo nacional”.
Num outro desenvolvimento, Máximo Dias diz lamentar a atitudes de outros partidos da oposição que não se fazem presentes, como de costume, nas cerimónias de Estado.
“É de lamentar mas cada um sabe como age e quais são as suas intenções. Mas como povo ninguém pode contestar o heroísmo de Eduardo Mondlane”, disse Máximo Dias, presidente de MONAMO. Acrescentou ainda que Eduardo Mondlane, arquitecto da Unidade Nacional, “não morreu pelo partido Frelimo porque naquela altura não havia partido político mas sim, uma ampla frente política moçambicana. Por isso ninguém devia estar fora pelo menos neste dia”.

(Egídio Plácido)


CANALMOZ, 04/02/10

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