Tuesday 9 February 2010

Lançado projecto de construção da cidadela da Matola

Velho terreno da Rádio Moçambique vai desaparecer

Maputo (Canalmoz) - Sexta-feira última, a Matola celebrou o 38º aniversário da sua elevação ao estatuto de cidade e foi lançado o projecto de construção da cidadela da Matola na vasta área que durante décadas serviu de parque de antenas do Rádio Clube de Moçambique, que depois da Independência Nacional passou a emissora nacional sob a designação de Rádio Moçambique, hoje Empresa Pública. No referido espaço estava o principal centro emissor da estação.
O projecto envolverá um investimento de 11 mil milhões de randes, segundo revelado na ocasião. Trata-se de investimento se um grupo sul-africano alegadamente ancorado num “fundo destinado a desenvolvimento de África”.
As infra estruturas serão erguidas na Matola, na antiga área de transmissão da rádio Moçambique (RM).
Desconhece-se qualquer acção pública de reversão do terreno da Rádio Moçambique, E.P. para os novos concessionários.
Também não foi anunciada a identidade do novo titular do espaço, apesar do acto ter contado com destacadas figuras ligadas ao projecto e do próprio presidente do Município da Matola, Arão Nhacale.
Foi anunciado o arranque das obras até fins de Março próximo. Foi ainda dito que “até daqui a 18 meses já estará a ser inaugurada a cidadela”.
Segundo o projecto anunciado o espaço será preenchido com um centro comercial de 46 mil metros quadrados, com lojas de marcas reconhecidas, restaurantes, centro desportivo, ginásio, centro de saúde, SPA, zona residencial, hotel, centro de conferências, edifícios do governo local, parque de estacionamento e escritórios.
Desconhece-se também quem são os sócios nacionais envolvidos no empreendimento.
Falando na ocasião Arão Nhancale, presidente do conselho municipal, louvou a África de Sul pela iniciativa, mas não referiu que entidade sul-africana está a empreender o projecto.
Nhancale disse apenas que o projecto vai ficar para história do crescimento da Matola e que vai mudar a sua face pela beleza que vai trazer.
O presidente do Município disse ainda que esse projecto será um campo de luta pelo desenvolvimento não só da Matola como do país pelo facto de ter sido considerado de dimensão africana.
De acordo com Nhancale, o projecto para além de angariar fundos vai também constituir um local de lazer e acolhimento.
A fonte disse que se pretende com este projecto facilitar o acesso a certos produtos e serviços importados e vai acabar com a dependência a que os moçambicanos estão sujeitos quando vão ao estrangeiro à procura de produtos.
Tentando explicar facto destes investidores sul-africanos terem decidido implementar o projecto em Moçambique, Nhancale disse que “é pela irmandade que liga os dois países”.
Por sua vez a governadora da província de Maputo, Maria Jonas, disse que “o projecto apresentado revela o reconhecimento pela Africa de Sul, dos laços históricos com Moçambique”. A governante referiu também que “o projecto representa a recompensa pelo acolhimento que Moçambique deu aos sul africanos perseguidos na altura pelo regime de apartheid.
A governadora disse ainda que é para ela “um privilégio” que este o projecto esteja na província por ela tutelada. E prometeu fazer de tudo para garantir que não haja burocracia na tramitação dos documentos necessários para qualquer tipo de trabalho.

O projecto é para demonstrar a outros continentes que África também pode

Intervindo na cerimónia, Jason McCormick, representante dos investidores sul-africanos disse que o projecto conta com o financiamento apenas de investidores sul-africanos.
Este projecto é para demonstrar aos outros continentes que a África não depende apenas deles para se desenvolver. Chegou a altura de África mostrar que também pode, disse McCormick.
McCornick acrescentou que “África tem recursos suficientes para garantir o desenvolvimento”. “Tudo depende de uma cooperação entre os estados e principalmente os investidores”, frisou.

Zona residencial para juventude

A referida zona residencial que vai constar do projecto estará prioritariamente virada para a juventude garantiu o presidente do Conselho Municipal da Matola, Arão Nhancale.
Segundo o Edil, de acordo com os investidores as casas estarão a preços acessíveis de modo a garantir que a maioria dos jovens possa adquiri-las.

O projecto vai criar cerca de 8 mil empregos

De acordo com a face visível do projecto, Jason McCormick este “vai criar cerca de 8 mil empregos para os moçambicanos”.
Mas, segundo a fonte, uma fase inicial serão criados apenas 2 mil empregos. Só quando as infra-estruturas já estiveram prontas esse número, poderá crescer para os 8 mil.
A fonte disse que se pretende ainda levar este tipo de projecto a vários outros pontos do país. Não disse quais.

Sobre o velho Edifício da RM

O edifício histórico da Rádio Moçambique, que se encontra no vastíssimo terreno para onde foi anunciado o projecto, será transformado em “Museu da Comunicação Social”.
Foi revelado na apresentação do projecto, que o museu será designado por Museu Samora Machel, em homenagem ao primeiro presidente do País, fundador da República Popular de Moçambique.

(António Frades, CANALMOZ, 08/02/10)

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