Tuesday 9 February 2010

Deputados acumulam taxo!

O Presidente da República promulgou a Lei nº 30/2009, de 29 de Setembro, que, no seu nº2 do artigo 7, diz: a função do Deputado é incompatível com o exercício de qualquer cargo de direcção nos poderes executivo e judicial. Se esta lei não tinha objectivos meramente eleitoralistas, é tempo dos visados largarem os seus taxos nas empresas em que se encontram agachados. A lei deve ser cega e universal. Não se deve olhar a quem se deve aplicar. Lei é lei. É assim como deve ser. Se os atingidos fossem deputados da Renamo ou do MDM, há muito que teriam sido desmamados, mas como pertencem ao partidão, pondera-se a sua aplicação. Olha-se para as cores políticas das pessoas que poderão sofrer com o seu rigor da lei.
Os parlamentares já tomaram posse, porém, os deputados Mateus Katupa, Presidente do Conselho de Administração, PCA, da PETROMOC, continuam em pedra e cal no seu posto.
Casimiro Wate – que, na véspera da campanha eleitoral foi à stv mentir que o partido Frelimo desencoraja o uso de meios públicos, é, ainda, PCA do Fundo Nacional do Ambiente; está numa boa.
Verónica Macamo, a nova Presidente da Assembleia da República, ainda não renunciou o seu lugar de PCA do Fundo Nacional do Turismo. Sobre Manuel Tomé, administrador da HCB, não há qualquer notícia que tenha renunciado o seu posto. Isaú Menezes, assessor da ministra da Acção da Mulher e Social, também não comunicou se já deixou a função. Margarida Talapa, a nova chefe da bancada da Frelimo, continua administradora da Mcel. Para quê produzir leis se não serão aplicadas? Serve para satisfazer os doadores.
Era previsível que o partido Frelimo não havia de desmamados os seus deputados que, sem nada fazerem, comem, à grande e à francesa, nos ministérios, institutos do Estado e empresas públicas, auferindo salários invejáveis e mordomias sem limites, em detrimento de milhares de técnicos nacionais marginalizados, a receber salários de miséria, alguns, até desempregados, por não professarem a ideologia do partido que tudo ganha, apesar de possuírem conhecimentos bastantes e competência e capacidade comprovadas. Esta lei é uma farsa para enganar os mais distraídos.
Os dirigentes do partido Frelimo continuam a amealhar muito dinheiro empoleirando-se em postos fictícios de trabalho nas empresas públicas, institutos do Estado e ministérios enquanto o País tem milhares de quadros, de todas as especialidades e níveis, a minguarem. É urgente e é uma necessidade descongestionar postos de trabalho acumulados em mãos de algumas pessoas e mola que engordam as contas de um punhado de frelimistas.
Desde a introdução do capitalismo, os únicos que enriquecem são os dirigentes da Frelimo, seus familiares e a eles associados, pela facilidade de acesso aos cofres públicos. Guebuza não vai ter coragem suficiente para mandar que seus camaradas parem de amealhar dinheiros das empresas? Eles comem tudo e não deixam nada, cantava o músico luso Zeca Afonso.


Edwin Hounnou, Diário Independente de 08/02/10, citado no Moçambique para todos

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