Wednesday, 10 February 2010

Polícia interroga jornalistas que vão à residência de Afonso Dhlakama


Vigia ao líder da Renamo estende-se agora à imprensa

Jornalistas de diversos órgãos de comunicação social que nos últimos dias têm escalado a residência do líder da Renamo, na tentativa de fazer reportagens face ao ambiente que se vive naquele partido, têm sido vítimas de intimidação e ameaças por parte dos diversos agentes da polícia moçambicana estacionados defronte da casa de Afonso Dhlakama, aliás, o cenário verifica-se em todas as ruas que dão acesso à residência de Dhlakama.

O caso mais recente registou-se na última quinta-feira, onde a vítima foi o correspondente do semanário Savana, em Nampula, Nelson Carvalho, que esteve mantido sob custódia da Força de Intervenção Rápida, durante duas horas, depois da polícia o ter interceptado a sair da residência do líder da Renamo.

Em declarações ao nosso matutino, Nelson Carvalho, visivelmente agastado, disse não ter compreendido a atitude e as reais intenções da polícia, porque, para além de o conhecerem como jornalista, exibiu a sua identificação quando lhe foi exigida, nomeadamente, Bilhete de Identidade e o crachá que o identifica como jornalista. Mesmo assim, segundo Carvalho, foi retido e obrigado a revelar o que ia fazer à casa de Dhlakama.

Agastado com a situação, Nelson Carvalho diz ter contactado telefonicamente o porta-voz da polícia em Nampula, Orlando Mudumane, para explicar a situação e solicitar a sua intervenção. Em resposta, Mudumane aconselhou-o a obedecer às exigências dos agentes da Lei e Ordem, tendo, inclusive, dito que “se não fizeste nada de errado, vão soltar-te”.

Inconformado, Nelson Carvalho diz ter contactado o chefe das Operações da Primeira esquadra, localizada nas proximidades da casa de Dhlakama, facto que não resultou em nada, pois, só por volta das 14h00 é que viria a ser solto, sem nenhuma explicação. No dia 7 de Janeiro, a polícia fez outra vítima: o correspondente do Canal de Moçambique em Nampula, Aunício da Silva, também mantido sob custódia policial das 19h00 às 21h00, praticamente nas mesmas circunstâncias. Da Silva conta que saía da casa de Dhlakama às 19h00, onde se encontrava desde as 16h00, para uma entrevista que acabou não acontecendo.

Aunício diz ter apresentado toda a identificação pessoal, incluindo a de trabalho, ainda assim foi revistado e forçado a dizer se Dhlakama se encontrava ou não em casa. O mesmo foi restituído à liberdade por volta das 21h00, depois de mais de três horas de interrogatório.

O porta-voz da polícia em Nampula confirma ter recebido telefonemas dos jornalistas acima referidos, no entanto, diz que até agora não tem informações oficiais sobre o assunto.

O País, 10/02/10

Nota do José - O líder da Renamo continua acantonado em Nampula numa espécie de prisão domiciliária num exercício policial que desafia toda a lógica. Para agravar esta situação, as autoridades agora também interferem com as visitas dos jornalistas.
Em democracia, isto é simplesmente inaceitável e vergonhoso!

2 comments:

Anonymous said...

Temos a democracia que a MAIORIA escolheu.
Um motivo para reflectirmos nas nossas escolhas futuras....
Os outros, embora não tivessem feito a mesma escolha, que comam, engulam, digiram e se calem. (que remédio!!!)
Maria Helena

JOSÉ said...

Isso mesmo, mas dá uma imagem má, isto é unaceitável em democracia.