A Renamo anunciou esta quinta-feira, dia 11 de Junho, que vai forçar a criação das autarquias provinciais no centro e norte do país, através da criação de uma polícia e da redistribuição do seu efectivo militar.
José Manteigas, porta-voz da V sessão do Conselho Nacional da Resistência Nacional Moçambicana, disse que o quórum reunido na cidade da Beira aprovou a criação, "a bem ou a mal", das autarquias provinciais, incluindo o uso da ala militar do partido, que será redistribuída para responder a eventuais ataques do Governo.
"Todos nós sabemos que a Frelimo tem usado a polícia para impor a sua vontade, por via disso a Renamo, porque não pode desaparecer e não deve, irá também criar as suas forças, para autodefender-se nas situações em que for atacada", declarou José Manteigas, recusando a ideia de que estas decisões sejam lidas como uma declaração de guerra.
O Conselho Nacional da Renamo decidiu também estender os trabalhos por mais um dia, até sexta-feira, para aprofundar o debate sobre a estrutura das autarquias provinciais que pretende criar em Manica, Sofala, Tete, Zambézia (centro) e Niassa e Nampula (norte), como forma de ultrapassar o que alega ter sido uma fraude nas eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado.
A Renamo submeteu um ante-projecto de lei ao parlamento, preconizando a criação desta nova figura administrativa, mas a proposta foi rejeitada pela maioria da Frelimo.
José Manteigas assegurou que o efectivo militar da Renamo não será aumentado, porque "já demonstrou nos últimos dois anos em Sadjundjira [Gorongosa] que os homens que tem são muito mais valentes do que o exército que a Frelimo manipula".
A Renamo, prosseguiu, não vai usar um canal próprio para fazer chegar a sua deliberação à Frelimo, referindo que o diálogo com o Governo se esfriou com "diversão e manobras dilatórias".
Sem avançar datas, José Manteigas disse que o movimento vai evacuar os edifícios estatais onde funcionam os actuais governos provinciais e aos dirigentes da Frelimo ser-lhe-á dada a oportunidade de escolha, de se filiarem na Renamo para se manterem nos cargos ou transferirem o poder para o partido de oposição.
"O Conselho Nacional deliberou que o partido devia prosseguir com a implementação das províncias autónomas e governe à força onde ganhou as eleições porque temos legitimidade para dirigir as províncias", insistiu José Manteigas.
Segundo o porta-voz do Conselho Nacional, a reprovação do projecto baseou-se na arrogância e negação da partilha de poder, e "não por falta de mérito e inconstitucionalidade" da proposta.
Manteigas acusou o partido no poder de não querer implementar o acordo de cessação das hostilidades militares, assinado a 05 de Setembro pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e pelo ex-Presidente Armando Guebuza, "porque a Frelimo quer continuar a usar as forças armadas e a polícia para impor a sua vontade e reprimir a população".
"Face a isso, o Conselho Nacional decidiu criar as suas forças armadas e uma polícia de modo a defender-se dos ataques da Frelimo, que pretende eliminar a Renamo e o seu presidente, Afonso Dhlakama", declarou José Manteigas.
Ainda segundo o porta-voz da reunião, durante o debate hoje do relatório do gabinete central eleitoral da Renamo, foram mostradas situações "anacrónicas e chocantes" de fraudes, que o Conselho Constitucional preferiu ignorar para validar os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro de 2014 a favor da Frelimo.
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